Receita de poema dadaísta
Pegue um
jornal.
Pegue a
tesoura.
Escolha no
jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o
artigo.
Recorte em
seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite
suavemente.
Tire em
seguida cada pedaço um após o outro.
Copie
conscientemente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se
parecerá com você.
E ei-lo um
escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido do público.
Tristan Tzara
Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, o romeno Tristan
Tzara espanta o mundo com mais uma vanguarda: o Dadaísmo ou Dadá, a mais
radical e a menos compreensível de todas as vanguardas. O Dadá vem para abolir
de vez a lógica, a organização, o olhar racional, dando à arte um caráter de
espontaneidade total. A falta de sentido já é anunciada no nome escolhido para
a vanguarda. Dizia Tzara que dada, palavra que encontrou casualmente num
dicionário, pode significar: rabo de vaca santa, mãe; certamente; ama-de-leite.
Mas acabou afirmando, no movimento dadaísta: DADÁ NÃO SIGNIFICA NADA.
Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso
—Tristan Tzara
Trabalhar movimentos como esses na sala de aula desperta no aluno a curiosidade e consequentemente o prazer no aprendizado poético. As poesias "normativas" com versos alexandrinos passam a ser questionados como única manifestação poética e o discente se descobre também escritor e poeta.
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Seleção das palavras para construção do poema dadaísta |
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Os alunos deveriam escolher palavras dentro de um artigo que mais lhes chamavam atenção
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Segundo Kato, a leitura seria um ato de reconstrução dos processos de produção. Ao contrário das propostas anteriores, que, apesar das diferenças partilhavam entre si um visão formalista da leitura, a concepção reconstrutora se apóia em pressupostos funcionalistas: enquanto aquelas viam o ato da leitura como uma integração entre o conhecimento do leitor e a informação dada pela forma do texto, este modelo vê o ato de ler como uma interação de leitor com próprio autor, em que o texto apenas fornece as pegadas das intenções deste último.
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O fazer poético sob ótica do sujeito |
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Construção do Poema |
O principal problema de todas as manifestações artísticas estava, segundo os dadaístas, em almejar algo que era impossível: explicar o ser humano. Na esteira de todas as outras afirmações retumbantes, Tzara decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".
No seu esforço para expressar a negação de todos os valores estéticos e artísticos correntes, os dadaístas usaram, com frequência, métodos deliberadamente incompreensíveis. Nas pinturas e esculturas, por exemplo, tinham por hábito aproveitar pedaços de materiais encontrados pelas ruas ou objetos que haviam sido jogados fora.
Foi na literatura, porém que a, ilogicidade e o espontaneísmo alcançaram sua expressão máxima. No último manifesto que divulgou, Tzara disse que o grande segredo da poesia é que "o pensamento se faz na boca".
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Momento de interação textual: Compreensão x O fazer poético |
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Resultado Final
Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano.
—Tristan Tzara
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Que trabalho lindo e gratificante!!! Parabéns!
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