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Histórico do Forte Príncipe da Beira
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 Real Forte Príncipe da Beira

"A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um Forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei nosso senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalhoso que isso dê, (...) é serviço de Portugal. E tem que se cumprir." D. LUÍS DE ALBUQUERQUE DE MELO PEREIRA E CÁCERES, junho de 1776.

  "Plano do Forte Príncipe da Beira, Mato Grosso", ca. 1775. Cartografia do Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa.

 Considerado uma das maiores fortificações portuguesas edificadas no Brasil, o Real Forte Príncipe da Beira ou Fortaleza do Príncipe da Beira, assim batizado em homenagem ao príncipe D. José, neto de D. João V (1705-1750) e futuro rei de Portugal (BARRETTO, 1958), foi fruto da política pombalina de limites com a Coroa espanhola na América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas Coroas entre 1750 e 1777.

O 4º governador e Capitão-general da Capitania de Mato Grosso, LUÍS DE ALBUQUERQUE DE MELLO PEREIRA E CÁCERES, em viagem descendo o rio Guaporé ao final de 1773, no desempenho das ordens régias que lhe haviam sido confiadas, inspecionou e aprovou o local na margem direita, para uma construção "de pedra e cal", em substituição à anterior, o Forte de Bragança, então arruinado, e do qual distava cerca de 2 Km.

 

(Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres - Militar português nascido em Sátão, Portugal, em 21 de outubro de 1739 e faleceu em 7 de julho de 1797).

 O termo de lançamento da sua pedra fundamental, reza: "Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1776, aos vinte dias do corrente mês de junho, vindo o Ilmo. e Exmo. Sr. LUIZ DE ALBUQUERQUE DE MELLO PEREIRA E CÁCERES a este lugar, situado na margem oriental ou direita do rio Guaporé, desta Capitania, em distância de mil braças pouco mais ou menos da antiga Fortaleza da Conceição: o qual lugar tinha sido escolhido e aprovado pelo mesmo Senhor, depois de circunspectamente o reconhecer, ouvindo a vários Engenheiros, com particularidade o Ajudante de Infantaria com o dito exercício DOMINGOS SAMBUCETI, a quem pela sua inteligência, tem cometido a direção principal das obras, para nele se fundar outra nova Fortaleza que sua majestade ordenou, assim porque está livre das maiores excrescências do dito rio, como porque o terreno é naturalmente o mais sólido e o mais acomodado em todos os sentidos que podia desejar-se: aí por sua Exa. foi pessoalmente lançada a primeira pedra nos alicerces, depois de se lhe gravar a inscrição seguinte:

'Josepho I / Luzitaniae et Braziliae Rege Fidelissimo / LUDIVICUS ALBUQUERQUIUS A MELLO PARERIUS CACERES / Regiae Majestatis a Concillis / Amplissimae Hujus Matto Grosso Provinciae / Gobernator ac Dux Supremus / Ipsius Fidelissimae Regis Nutu / Sub Augustissimo Beirensis Principis Nomine / Solidum Hujus Arcis Fundamentum Jaciendum / Curavit / Et Primus Lapidem Posuit / ANNO CHRISTI MDCCLXXVI / DIE XX MENSIS JUNII' (Sendo José I, Rei Fidelíssimo de Portugal e do Brasil, Luiz Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, por escolha da Majestade Real, Governador e Capitão-General desta vastíssima Província do Mato Grosso, planejou para ser construída a sólida fundação desta Fortaleza sob o Augustíssimo nome do Príncipe da Beira com o consentimento daquele Rei Fidelíssimo e colocou a primeira pedra no dia 20 do mês de junho do ano de Cristo de 1776).

 Cuja pedra foi com efeito posta no alicerce do ângulo flanqueado no baluarte em que de presente se trabalha, cujo ângulo, com pequena diferença, olha para o Poente; e determinou o dito Sr. que a mesma Fortaleza, de hoje em diante, se denominasse - Real Forte do Príncipe da Beira - consagrando-se os quatro Baluartes em que há de consistir, a saber: a Nossa Senhora da Conceição, o referido em que se trabalha, com direção geral ao Poente; a Santa Bárbara, o outro que vira para o Sul, ambos adjacentes ao rio; e a Santo Antônio de Pádua e Santo André Avelino, os outros dois, que devem corresponder-lhes; o que tudo se faz sendo presentes o Capitão de Dragões da Capitania de GOIÁS JOSÉ DE MELLO CASTRO DE VILHENA E SILVA; o referido Engenheiro DOMINGOS SAMBUCETI; o Tenente de Dragões JOSÉ MANOEL CARDOSO DA CUNHA; o Tenente em segundo de Artilharia TOMÉ JOSÉ DE AZEVEDO; o Alferes de Dragões JOAQUIM PEREIRA DE ALBUQUERQUE; o Capitão JOAQUIM LOPES POUPINO, Intendente das Obras, de que se fez este Auto com mais quatro cópias em que o dito Senhor Governador e Capitão General assinou, e da mesma forma os sobreditos, com as pessoas que abaixo constam; e eu ANTÔNIO FERREIRA COELHO, Escrivão da Fazenda Real que o escrevi. LUIZ DE ALBUQUERQUE DE MELLO PEREIRA E CÁCERES, JOSÉ DE MELLO CASTRO DE VILHENA E SILVA, DOMINGOS SAMBUCETI, JOSÉ MANOEL CARDOSO DA CUNHA, TOMÉ JOSÉ DE AZEVEDO, JOAQUIM PEREIRA DE ALBUQUERQUE, JOAQUIM LOPES POUPINO, INÁCIO PEDRO JÁCOME DE SOUZA MAGALHÃES, BELCHIOR ALZ. PEREIRA, JOÃO MAGALHÃES COUTINHO, JOSÉ DA CUNHA MORAIS, JOAQUIM DE MATOS." (GARRIDO, 1940:8).

 Durante as obras, DOMINGOS SAMBUCETI faleceu vítima de malária, sendo substituído pelo Capitão de Engenheiros RICARDO FRANCO DE ALMEIDA SERRA, responsável mais tarde pela nova fortificação de Coimbra (1797). Entre 1766 e 1776, nela sempre se trabalhou "ao menos com duzentas pessoas e daí para mais." (Informe do governador e Capitã General da Capitania do Mato Grosso, em jan/1786. (GARRIDO, 1940:13).

 

Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra - Patrono do Quadro de Engenheiros Militares (QEM)

(Nascido na cidade do Porto - Portugal em 03 de agosto de 1748, formou-se em Engenharia e Infantaria e em 1780. Combalido por doenças tropicais, faleceu em 21 de janeiro de 1809, aos 61 anos. Português de nascimento conheceu o Brasil como poucos e aprendeu a amá-lo e a defendê-lo (fonte: www.dec.eb.mil.br)).

Nas suas dependências funcionava em 1797 um Armazém Real, depósito de armas, munições, fardamentos, ferramentas, alimentos, equipamentos náuticos, e tudo o mais necessário ao uso das forças militares da Coroa ou mesmo das suas repartições civis. A partir do final do século XVIII, consolidada a presença portuguesa na região, a fortaleza perdeu a importância estratégica. SOUZA informa que, em 1864, a praça estava guarnecida por dez soldados, dos quais efetivamente três em serviço; os demais estavam destacados no Presídio das Pedras e no da foz do rio Itonamas (SOUZA: 1885, p. 138).

Coronel Antônio Leôncio Pereira Ferraz

(Nasceu no dia 17 de dezembro de 1898, ingressando nas fileiras do Exército em abril de 1919, cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, Já reformado no posto de coronel, tornou-se em novembro de 1945 interventor federal no Piauí).

ANTÔNIO LEÔNCIO PEREIRA FERRAZ complementa-nos em Memórias sobre as Fortificações de Mato Grosso (publicação 1930 – Impr Nacional):

"O forte fica em 12o. 36' de Latitude e 21o. 26' 28" de Longitude W do Rio de Janeiro, e a ele voltaria, em 1778, o mesmo Capitão General [Pereira e Cáceres], em inspeção às obras em andamento e ao material de guerra alí chegado.

A cal empregada na construção fora enviada de Corumbá pela via fluvial do [rio] Jaurú e dalí à do [rio] Guaporé; só em 1782 foram conduzidas pedras que deram para o fabrico de 2.000 alqueires [de cal]. As obras de cantaria eram executadas no [rio] Jaurú e o restante do material vinha do Pará, pelo rio Madeira, na época tão movimentado, a ponto de dar melhores resultados que as monções de povoados. (...) A fundação do Forte do Príncipe da Beira [1776], com a de Viseu [1776], obrigaram os espanhóis à assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, cujo ajuste foi terminado em 1777, valendo aquele Capitão General [PEREIRA E CÁCERES] a frase com que o pintaria o dirigente espanhol de Santa Cruz de la Sierra: 'O mais ambicioso dos Governadores portugueses'. (...).

O forte do Príncipe da Beira é abaluartado, sistema Vauban, e construído sobre um quadrado, medindo cada face 118 metros e 50 centímetros e tendo em cada angulo um baluarte de 59 metros sobre 48 na máxima altura.

(Fortificação abaluartada é um estilo de fortificação desenvolvido, inicialmente, na Itália, a partir do final do século XV, para fazer frente ao desenvolvimento da artilharia)

(Sébastien Le Prestre de Vauban, foi um arquitecto militar francês, introdutor do chamado estilo Vauban de fortificação)

Em cada baluarte há 14 canhoneiras, sendo três por flanco e quatro por face. As cortinas, que ligam os baluartes entre si, medem cada uma 92 metros e 40 centímetros , e as golas 22 metros.

O fosso, de largura variavel, entre um metro e 50 centímetros e três metros, atinge a de nove metros em frente ao baluarte da Conceição, tendo em todo o seu desenvolvimento dois metros de profundidade. O portão do forte fica no centro da cortina que se acha voltada para o Norte e dá acesso a um saguão, dividido em dois compartimentos; liga-o ao outro lado do fosso uma ponte de 31 metros de comprimento.

Na praça principal da fortificação há duas ruas de casas, paralelas às cortinas e formando um conjunto de 12 edifícios, todos em ruínas. As muralhas do forte são de alvenaria de pedra, com revestimento de cantaria, e medem da esplanada ao fosso 8 metros e 22 centímetros. Na cortina, voltada para Oeste, há também um portão que dá saída para o rio. O forte se acha assentado numa colina, que dista 180 léguas aproximadamente da atual cidade de Matro Grosso e 14, em linha reta, da foz do [rio] Mamoré.

A Comissão de Limites de 1874 diz que, a sua posição astronômica é a de 12º 17' 19" de longitude W do meridiano do Rio de Janeiro. O principal técnico de que dispôs [o governador] LUIZ DE ALBUQUERQUE, no seu projeto de edificação do forte, foi o Ajudante de Infantaria DOMINGOS SAMBUCETI, conquanto tenha sido ouvido a respeito RICARDO FRANCO [SERRA]. O Diretor de Obras, porém, foi o Capitão JOSÉ PINHEIRO DE LACERDA, que dispendeu na construção 480:000$000 soma essa, sem dúvida alguma, vultosa para aqueles tempos.

As obras ficaram terminadas em 1783 e era o forte destinado a receber 56 canhões, segundo se infere do seu próprio traçado; mas só em 1830 alí aportava a primeira artilharia que lhe era destinada, constante de quatro bocas de fogo de calibre 24, enviadas do Pará desde 1825. Mais tarde ali foram ter mais 14 canhões de ferro, de calibre 12. Foi seu primeiro comandante o Capitão de Dragões [da Capitania de Matro Grosso] JOSÉ DE MELO CASTRO DE VILHENA E SILVA. Em 1864 ainda havia ali uma guarniçào de 10 soldados, dos quais só três ficavam no forte, sendo os demais deslocados para Pedras e Itonamas, segundo o Coronel [AUGUSTO] FAUSTO DE SOUZA.

Alexandre Rodrigues Ferreira – 1756 – 1815

(Considerado um dos maiores naturalistas luso-brasileiros - Viagem Filosófica pelas Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá).

A 9 de junho de 1789 foi aquela fortificação visitada pelo naturalista Dr. ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA, vindo do Pará em missão régia de caráter científico. Em 1831, devido ao abandono em que se achava e o consequente relaxamento da disciplina, houve um levante da guarnição, concomitante com o de outras forças da Província. Cinco anos mais tarde [1836] para ali eram mandados os sentenciados cumprir penas, e dois anos mais tarde [1838] o Dr. FRANCISCO SABINO DA ROCHA VIEIRA, chefe da Sabinada, haveria tido igual sorte, se potentados de Mato Grosso não lhe tivessem ostensivamente dado guarida, salvando-o certamente de perecer em região tão inóspita." (Memória sobre as fortificações em Mato Grosso. apud GARRIDO, 1940:10-12).

Gen-Bda Med João Severiano da Fonseca - Viagem ao Redor do Brasil

O Major de Engenharia GUILHERME CARLOS DE LASSANCE, o 1º Tenente da Marinha FREDERICO DE OLIVEIRA e o médico Dr. JOÃO SEVERIANO DA FONSECA (autor da "Viagem ao Redor do Brasil"), que compunham a Comissão Demarcadora dos Limites do Brasil com a Bolívia [Comissão do Barão de Maracajú], em 1876 encontraram-no guarnecido com 14 praças e um sargento (GARRIDO, 1940:12).

Tenente-coronel José Carlos de Carvalho

(José Carlos de Carvalho, acompanhado por Gastão de Orléans e pela Princesa Isabel, em visita a usina dedicada à fabricação de armamentos militares, 1886. José Carlos de Carvalho, engenheiro naval da Guerra do Paraguai e político brasileiro, mais conhecido pelos registros históricos de o "Barão de Bendegó". José Carlos foi deputado federal).

A Fortaleza foi visitada pelo ALMIRANTE JOSÉ CARLOS DE CARVALHO e outras autoridades (06/jul/1913), que lavraram Ata de sua visita, tendo deliberado:

Confiar o monumento histórico à guarda do Estado de Mato Grosso, até que o Governo Federal resolva sobre sua administraçào definitiva; Remover uma das peças de artilharia ainda encontradas nele para o Museu Nacional no Rio de Janeiro, bem como uma das meias-portas de madeira de lei, onde se acham ainda fixadas ferragens daquela época; O Governo do Estado de Mato Grosso resolveu remover para as dependências do forte arruinado o posto fiscal interino de Lamego e a manter um destacamento de policia incumbido da guarda e conservação do forte.

Entre as canhoneiras, jaziam dez canhões grandes e um pequeno, nas ruínas de um cômodo. A limpeza do mato de capoeira das dependências foi feita por cortesia da "Madeira-Mamoré Railway / Guaporé Rubber Estate".

Constatou-se o furto dos pequenos canhões de bronze, portas, janelas, madeiras de lei que serviam de esteio e grande quantidade de telhas, levados para o outro lado da fronteira, e escolheu-se para remoção uma peça de ferro de calibre doze com a marca monograma GR abaixo de uma Coroa, um 2 entrelaçado e na culatra o número 21-3-26 (GARRIDO, 1940:8-10).


Fonte: Museu do Indio - FUNAI

(Em 1890 o alferes Cândido Mariano da Silva Rondon recebe da Escola Militar do Rio de Janeiro o título de engenheiro militar e o diploma de bacharel em Matemática e Ciências Físicas e Naturais).

Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958) visitou as suas ruínas em 1914, tendo-lhe procedido trabalhos de limpeza da mata que a asfixiara (GARRIDO, 1940:10).

 

Major Cândido Mariano da Silva Rondon e sua comitiva

Demorou, entretanto, até 1930 para que o Exército brasileiro a voltasse a guarnecer, ali instalando o Contingente Especial de Fronteira do Forte Príncipe da Beira, que, em 1954, teve a sua designação mudada para 7º Pelotão de Fronteira, e, em 1977, para 3º Pelotão Especial de Fronteira, subordinado ao 6º Batalhão Especial de Fronteira.

No ano de 1934 foi iniciado junto ao Forte, a construção de novas instalações (em madeira) onde fora sediado durante vários anos o 7° Pelotão de fronteira subordinado à 6° Companhia de Fronteira em Guajará-Mirim

 

Gen Rondon a Comissão de Inspeção de Fronteira de 1930

 Tombada desde 1950 pelo IPHAN, em 08/abr/1983 em solenidade com a presença do Presidente da República do Brasil, General JOÃO BAPTISTA DE FIGUEIREDO, e do embaixador de Portugal, ADRIANO CARVALHO, sob salva de 21 tiros de canhão, foi assinado Termo de Compromisso entre o Ministério da Educação e Cultura, o Ministério do Exército e o Governo de Rondônia visando a restauração, conservação e utilização do forte.

 

(1983 - Forte Príncipe da Beira, o Presidente Gen João Figueiredo e o então Governador de Rondônia Cel. Jorge Teixeira de Oliveira).

Técnicos do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional se responsabilizaram pela pesquisa arqueológica (foi encontrado material lítico pré-colombiano com até 10 mil anos de idade) e pelos levantamentos necessários à elaboração do projeto de restauração, que contou ainda com a participação de consultores portugueses da Fundação Calouste Gulbenkian (Professor VIANA DE LIMA), uma vez que todo o material iconográfico de construção da fortaleza se encontra em Portugal.

O Exército Brasileiro inseriu-se na história regional desde os tempos em que os 237,5 mil quilômetros quadrados da Rondônia de hoje faziam parte do Estado de Mato Grosso. Pelotões e destacamentos de fronteira em Porto Velho, Guajará-Mirim e Forte Príncipe da Beira guarneciam a região na década de 1930, no auge do ciclo da borracha.

A região conhecida por Inferno da América, a mais insalubre da Terra, não impediu essa primeira corrente migratória.

De acordo com o professor MARCO TEIXEIRA (Professor e pesquisador da FGV), a visão crítica do Cel ALUÍZIO FERREIRA assegurou a continuidade do povoamento. “A presença militar se tornou permanente, inteligente e decisiva”.

 

 

PELOTÃO ESPECIAL DE FRONTEIRA (Contingente Especial de Fronteira - 1934)

"Sentinela do Guaporé"

 

 

A história do Pelotão Especial de Fronteira está intimamente ligada com a construção da Fortaleza do Forte Príncipe da Beira, que tem em sua oficialidade, ser a sentinela edificada do Guaporé para assegurar a posse luso-brasleira no oeste amazônico.

 

 

A historiadora LYLIA DA SILVA GUEDES GALETI ressalta a importância estratégica do Guaporé:

A descoberta do Guaporé [...] propiciava à Coroa Portuguesa referência estratégica na luta diplomática que tratava com a Espanha, pela redefinição dos limites de suas colônias no Novo Mundo. Consciente do trunfo político-diplomático que a posse desse rio oferecia, em relação à posse e a defesa da bacia amazônica e embalados pelas esperanças de novos descobrimentos auríferos que reabastecessem os endividados cofres da Coroa, o Governo Colonial inicia de pronto seu reconhecimento. (GALETTI, 2012, p.77)”.

 

Com a proclamação da República, a Fortaleza ficou a própria sorte constantemente sendo saqueada conforme relata MANOEL RODRIGUES FERREIRA:

Os bolivianos da fronteira passaram a atravessar o rio Guaporé e a saquear o glorioso Real Forte Príncipe da Beira, retirando suas telhas, o madeiramento do telhado, as imagens da capela, os sinos, as pesadas portas, piso da construção feita de tijolos, levando tudo que podia saquear (FERREIRA, 1961, p. 245)”.

 

(Foto do Maj Thomaz Reis 1917 Documentário ao Redor do Brasil)

O professor e historiador Lourismar da Silva Barroso relata em seu livro:

A construção da Fortaleza trouxe estabilidade na fronteira durante o século XVIII e XIX com o espaço dominado”.

Logo após a visita da Comissão Rondon (Gen Rondon e a Comissão de Inspeção de Fronteira de 1930), com criação dos Contigentes Especiais de Fronteira, o exército brasileiro ocupa e começa no ano de 1934 junto ao Forte, a construção de instalações militares (em madeira)

Foto Sgt Rocha - Casas dos Sargentos em 1955

 

Os Contingentes Especiais subordinaram-se à Inspetoria dos Contingentes Especiais de Fronteira Guaporé-Mamoré, cujo inspetor era o Cap Aluízio Ferreira, o qual também acumulava a função de Diretor da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré em 1932.

Foto Sgt Rocha - 7º Pel Esp Fron em 1955 – Comandante 1º Ten Rubens da Serra Aranha.

 

 

Foto Sgt Rocha - Em 1956 o Guaporé transbordou e o deslocalmento de casa para o quartel era feito de canoa

Atualmente o 1º Pelotão Especial de Fronteira é composto por Oficiais, Sargentos, Cabos e Soldados, tendo um efetivo total de 65 militares que assumiram a nobre missão de representar o Exercito Brasileiro na faixa de fronteira e em qualquer situação estrarem preparados para cumprir com o seu dever, mesmo que para isso seja necessário o sacrifício da própria vida.

 

 

As ruinas da Fortaleza mantém, ainda hoje, o forte simbolismo do testemunho de uma Nação nascente em construção.

A sua missão abrange o campo militar, a sobrevivência e a execução de serviços em em prol do Pelotão e da comunidade Forte Príncipe da Beira e se resume na tríade vida, combate e trabalho.

Vida e Trabalho assinalam o caráter especial do pelotão e destinam-se à melhoria da qualidade de vida e das condições de trabalho de toda a comunidade Forte Príncipe da Beira. Para isso são realizadas diversas atividades como o atendimento médico odontológico, realização de palestras educativas nas escolas, fornecimento de água e recolhimento de lixo para a comunidade e atividades desportivas e confraternizações para a família militar.

“Árdua é a missão de desenvolver e defender a Amazônia, muito mais difícil, porém, foi a dos nossos antepassados em conquistá-la e mantê-a.”

General Rodrigo Otávio

Atualmente o Comandante do Pelotão Especial de Fronteira é o 1º Tenente Rocha Barbosa.

Transcrição de fragmentos de poesias encontradas impressas nas grossas paredes da prisão no Forte

João Severiano da Fonseca, em seu livro VIAGEM AO REDO REDO BRASIL, quando em 1876 passou pela região do Guaporé, descendo da capitania do Mato Grosso, copiou quase todos os versos e diz que o prisioneiro se referia a uma Firmina e que os versos eram em forma de glossário. Infelizmente, pouca coisa conseguiu-se copiar, depois de tantos anos.

(respeitada a ortografia da época).

"A Deus ingrata prizão De ti me despesso obriozo Tendo suportado gostozo Em ti a mais dura aflição"

Ass Juvino

"Mato Groço me prendeo A fortaleza me cativou Prezo e cativo estou De quem tanto me favoreceo Grande satisfação tevi Quando em liberdade Agradecer a boa vontade Com que alguns senhores Me fazem seus favores Nesta minha adversidade Neste desterro desgraçado Em que a Corte me lançou Muito agradecido estou A tropa e o povo honrado Neste desterro desgraçado Em que a Corte me lançou Muito agradecido estou A tropa e o povo honrado Agradecido e obrigado As esmolas que me tens feito Capitão Cunha em meu peito O teu nome tenho gravado. E nele será conservado Cá ahonde do Brasil O Reino princepia Província de Mato Groço Assim chamada Nesta abobada imunda inabitada O infeliz Pacheco vive Noite e dia Com groça e comprida Corrente fria Tem seu colar Do pescoço pendurada Com dois mantos Escolhidos e emprestados Pelos maiores Que na terra havia"

Obs: não há registro do destino de Pacheco

Fontes

Sargento Rocha (Comunicações) – serviu como Radio Telegrafista do Pelotão entre os anos de 1954/1956 e 1976/1978.

http://www.17bdainfsl.eb.mil.br

http://www.dhmforteprincipe.com.br/obras.html

Revista Labirinto – Ano XIII, no 18 – Junho de 2013

Lourismar da Silva Barroso (Real Forte Príncipe da Beira : ocupação oeste da Capitania de Mato Grosso e seu processo construtivo (1775-1783) - http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/5964

Francismar Alex Lopes de Carvalho (Rivalidade imperial e comércio fronteiriço) - http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses

https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Fausto_de_Sousa

Biblioteca Digital do Senado Federal (Viagem ao Redo do Brasil 1875-1878 Ten Med Dr João Severiano da Fonseca)http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/242429

http://www.rondonia.ro.gov.br/2015/12/97877/

http://portal.iphan.gov.br/

Carlos Miguez Garrido – 1ª Edição (1940) Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil

Augusto Fausto de Sousa - Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro 1885 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Fausto_de_Sousa

http://docsprimus.blogspot.com.br/2013/01/ao-redor-do-brasil-1932.html

http://gehp.com.br/grupos_pesquisa

http://www.apmt.mt.gov.br/site/galerias-exposicao-virtual-educacao-em-mato-grosso

http://datasefatoshistoricos.blogspot.com.br/

https://museu.casadainsua.pt/linkspublicacoes.aspx

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