Jardins do Palácio de Cristal

Os Jardins do Palácio de Cristal, no Porto, são um dos lugares mais bonitos da cidade. Espaço verde de excelência, vem do século XIX, época em que o romantismo vivia o seu auge. A exaltação do belo é aqui feita não apenas pelos caminhos por entre a natureza recriada e pontuada por elementos artísticos escultóricos, mas também pelo enorme miradouro que representa, com diversas varandas da cidade à beira do Douro.

As suas origens estão na Exposição Internacional do Porto de 1865. No ano anterior iniciou-se a construção dos jardins e do palácio que, entretanto, em 1951 foi demolido e substituído pela estrutura actual, o Pavilhão Rosa Mota (ex Pavilhão dos Desportos), mas do qual ficou para sempre o nome no nosso imaginário. O Palácio de Cristal durou até esse ano de 1951 e era um edifício em granito, ferro e vidro projectado pelo arquitecto inglês Thomas Dillen Jones, inspirado no Crystal Palace de Londres, também já ido. Mas a sua vida não se esgotou naquela Exposição, tendo ainda servido de palco cultural, com concertos do compositor Viana da Mota ou da violoncelista Guilhermina Suggia, sendo na época famoso pelo seu órgão de tubos, um dos maiores do mundo.

O Palácio e os Jardins foram adquiridos pela Câmara Municipal do Porto em 1933 e em 1951, por ocasião da realização do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins, surgiu o Pavilhão dos Desportos no lugar do anterior Palácio. O seu projecto, que ainda hoje podemos admirar, foi da responsabilidade do arquitecto José Carlos Loureiro e do engenheiro António dos Santos Soares, e é a característica cúpula que nos recebe logo à entrada dos Jardins.

Enquadrado pelo colorido arranjo floral sobre tapete verde, eis a cabeça em forma de semi-esfera deste edifício circular em betão – é possível subir ao topo e admirar toda a cidade do Porto neste miradouro, o Porto 360°.

O projecto dos Jardins teve a responsabilidade de Emílio David, e o primeiro espaço apresenta-nos esculturas sob a temática das Quatro Estações, com uns pequenos lagos por companhia.

Contornando o Pavilhão pela sua esquerda, restos do Palacete Monteiro Moreira, como molduras de janelas em granito e o frontão com a pedra de armas da cidade do Porto, dão um ambiente vetusto ao lugar, enquanto um pequeno lago rectângular encimado por uma fonte e disposto em três patamares acomoda uns nenúfares.

Logo após a Fonte das Ninfas e do Roseiral, surge-nos a primeira vista aberta ao Douro.

A que se segue, desde o labirinto do Jardim dos Sentimentos, é mais um miradouro com panorama semelhante. Cenário sempre belíssimo, literalmente a puxar ao sentimento e, descortinada a Serra do Pilar ao fundo, impossível não cantarolar o “Porto Sentido” de Carlos Té e Rui Veloso.

Vista ainda mais aberta temo-la desde o Miradouro da Marca, com o pequeno mas elegante Torreão medieval com ameias mesmo ali perto.

Atravessado um dos ponto mais luxuriantes dos Jardins, que nos dá acesso a diferentes patamares e a mais uma série de elementos escultóricos, quer clássicos quer contemporâneos, e ainda à Gruta de Camões, desviamos até ao edifício do Museu Romântico, hoje parte do Museu da Cidade. Instalado na Quinta da Macierinha, uma antiga casa de campo do século XVIII, permite-nos perceber o ambiente de casa burguesa, entrando no espírito de uma época. Estamos mesmo por cima do bairro de Massarelos e descobrimos a sua igreja por entre os troncos das árvores. E, pouco mais adiante, nova perspectiva do Douro a correr tranquilamente sob a Ponte da Arrábida.

De volta ao centro dos Jardins do Palácio de Cristal, passamos pela Concha Acústica, mais um elemento clássico ao qual foram acrescentados desenhos e coloridos de hoje.

E, claro, não podíamos deixar os Jardins sem percorrer a Avenida das Tílias e passear ao longo do contorno do seu Lago maior, mais um momento romântico de excelência sob o denso arvoredo espelhado na água.

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