Para tornar possível a datação de estratos e associação/correlação entre estratos espacialmente distantes, foram formulados princípios básicos sob os quais a estratigrafia se rege:

Princípio do uniformitarismo (actualismo) – este princípio pode resumir-se à frase “O presente é a chave do passado” (adaptada de Matthews, 1974). Assume-se que os processos que têm vindo a ocorrer na Terra são uniformes (uniformitarismo) e semelhantes aos observáveis na actualidade (actualismo).

No entanto, este princípio acarreta uma problemática. A sua aplicação na Terra é, por vezes, incorrecta, tendo em conta que o planeta está em constante alteração. Por exemplo, a composição dos mares e da atmosfera, há milhões de anos atrás, era diferente da actual, factor que pode influenciar o comportamento da formação das estruturas geológicas e, assim, impossibilitar a interpretação linear das estruturas observáveis hoje em dia à luz das condições actuais.

Princípio da sobreposição – numa sequência estratigráfica, não deformada, qualquer estrato é mais recente do que os estratos que estão abaixo dele e mais antigo do que os estratos que a ele se sobrepõem.

Existem, no entanto, algumas excepções, como é o caso dos terraços formados em rios, filões de camadas, depósitos que preenchem cavidades cársicas, deformações tectónicas, etc. Nestes casos, existe necessidade de recorrer a critérios de polaridade:

-organismos em posição de vida

-marcas de raízes (p.e., se estiverem orientadas de baixo para cima é porque ocorreu inversão da camada)

-icnofósseis

-granotriagem

-figuras geopéticas

-figuras sedimentares

-análise microtectónica

Princípio da continuidade lateral – uma camada possui a mesma idade em todos os seus pontos, o que implica que os limites inferior e superior de uma camada representem superfícies isócronas.

Superfícies isócronas – que ocorreram ao mesmo tempo ou em intervalos de tempo iguais.

Princípio da indentidade paleontológica – estratos que possuam o mesmo conteúdo fossilífero (da mesma época) são da mesma idade. Os fósseis estratigráficos, para serem considerados “bons fósseis”, devem ser caracterizados por:

– rápida evolução e curta longevidade

– vasta expansão geográfica

– ocorrência frequente

– identificação simples

No entanto, podem ainda ocorrer distribuições anti-equatoriais (por exemplo, distribuição descontínua de organismos marinhos próprios de águas frias de cada um dos lados da zona equatorial por impossibilidade de atravessarem as águas quentes) ou anfitropicais (distribuição descontínua dos organismos por diferentes regiões climáticas).

Princípio da intersecção – qualquer unidade geológica que intersecte outra é mais recente do que a intersectada. Ex.: filões.

Princípio da inclusão – qualquer unidade geológica que seja incluída por outra é mais antiga do que a inclusora. Ex.: um clasto A, que tenha sido incluído numa rocha B, é mais antigo do que a rocha onde foi incluído.