World Press Cartoon 2018

World Press Cartoon 2018

 World Press Cartoon 2018: Ponto de encontro com a liberdade de expressão.

Desde 2017 que o World Press Cartoon se realiza nas Caldas da Rainha, após a sua criação em Sintra e a passagem por Cascais em 2014 e 2015, antes do seu interregno, que durou somente um ano.

A Almedina torna a editar o livro do certame, que reúne os cartoons vencedores e a concurso da 13.ª edição do World Press Cartoon. Refira-se que a exposição dedicada ao WPC 2018 pode ser visitada no Centro Cultural de de Congressos Caldas da Rainha até ao dia 28 de julho de 2018, com entrada livre.

O cartoon Liberdade de Expressão, da autora italiana Marilena Nardi, mereceu a distinção com o Grand Prix. Sendo o primeiro prémio na categoria Cartoon Editorial, o desenho foi publicado no jornal de Barcelona Illegal Times, em Dezembro de 2017. Nardi é a primeira mulher a receber um Grand Prix do World Press Cartoon. Entre os nove premiados desta edição, a cartoonista italiana arrecadou o maior prémio monetário, no valor de 10 mil euros. Ainda nesta categoria, o júri atribuiu o 2.º prémio à obra Utopia, do brasileiro Cau Gomez, publicado na revista brasileira Continente, e o 3.º prémio a um desenho sem título do autor turco Hicabi Demirci, publicado pelo jornal Pazar.

O diretor do salão, o cartoonista português António Antunes, destacou o facto de ser a primeira edição em que foram aceites cartoons publicados em meios online: «Devido à crise generalizada da imprensa escrita, esta é, muitas vezes, a única via disponível para a realização profissional dos cartoonistas de todo o mundo».

O World Press Cartoon distingue ainda trabalhos em duas outras categorias. Em Caricatura, duas obras vencedoras retrataram o presidente dos EUA: um Donald Trump do belga O-Seoker, publicado no website Jyllands-Posten, e outro do holandês Endyck, publicado no website Fenamizah, primeiro e segundo prémios respectivamente. O 3.º prémio, para um Robert Mugabe das páginas do jornal indiano Metro Vartha, foi entregue ao artista indiano Thomas Antony. Na categoria de Desenho de Humor, o 1.º prémio foi atribuído ao sérvio Nedeljko Ubovic, para uma obra sem título, o 2.º prémio foi para Cemitério Paraíso, do brasileiro Silvano Mello, e o 3.º prémio distinguiu Zebra… Deixando a nossa marca na natureza, do autor norueguês Fadi Abou Hassan. Trabalhos realizados para as publicações Vecernje Novosti, Super Notícia e Cartoon Movement, respetivamente.

Todos estes cartoons fazem parte da selecção feita por um júri internacional entre as centenas de obras apresentadas a concurso e vindas de todos os continentes. Essa selecção dos 281 melhores trabalhos concorrentes constitui a exposição que está aberta ao público. São desenhos que compõem um retrato divertido do mundo, publicados em 227 publicações de 54 países.

Clique nas imagens para as visualizar em toda a sua extensão:

Eis a sinopse da editora, da autoria de António Antunes, Rui Paulo da Cruz e Pedro Pereira da Silva:

O Grand Prix World Press Cartoon Caldas da Rainha 2018 é um hino gráfico à liberdade de expressão, numa obra de grande elegância plástica da cartoonista italiana Marilena Nardi.

De Norte a Sul, de Leste a Oeste, os jornalistas e a imprensa internacional atravessam a maior crise de que há memória. É uma crise sistémica e generalizada: precariedade galopante no vínculo dos profissionais com as empresas jornalísticas; perda imparável de circulação e leitores; escassez de recursos para a pesquisa e tratamento das notícias; concorrência desleal de órgãos de informação parasitários, nomeadamente no universo digital, onde prosperam gigantes tecnológicos, tanto quanto pequeníssimos websites unipessoais, à custa da pirataria acrítica de conteúdos produzidos por profissionais e títulos, que desta forma vêem a sua sobrevivência seriamente em risco.

Como se não bastasse este estado de coisas, que dura e se agrava de há duas décadas para cá, um novo vírus atacou recentemente as nossas sociedades, tornando ainda mais sistémica e grave a crise que os media atravessam: a proliferação concertada das fake news, as notícias falsas. São novidade? Claro que não, sempre as houve. O problema, novo, é a sua disseminação estrategicamente programada, servida por ferramentas digitais poderosas, alicerçadas em bases de dados gigantescas em dimensão, rigorosas na minúcia e dantescas na natureza da informação individual que processam. Os mentirosos contemporâneos são «científicos» no ofício de enganar os cidadãos e as novas mentiras são orientadas por gurus dos algoritmos para alvos precisos, mais susceptíveis de as aceitar e converter em vantagem política, ou económica. Armas poderosas, que elegem presidentes e vendem ilusões, contribuindo para concentrar, nas mãos de uns poucos, quase toda a riqueza do mundo.

Neste quadro adverso, que deve deixar apreensivos os que na Terra trilham caminhos de «boa vontade», defender os jornais ? e os que os fazem ? é um dever de cidadania. Parte desse esforço cidadão passa por estarmos atentos ao que se lê e ao que se ouve, premiando com a nossa preferência títulos que respeitam regras de rigor e ética. É bom lembrar que o sensacionalismo e os populismos têm uma matriz comum, enraizada na exploração de sentimentos primários.

Leitores são mais do que consumidores de informação e os jornais, hoje, já não são só os de papel. É assim que o World Press Cartoon abre portas, nas Caldas da Rainha, nesta sua décima terceira edição, com uma inovação importante: a admissibilidade de trabalhos produzidos para publicações online. Na condição de se tratar de publicações profissionalizadas, de reconhecida natureza jornalística.

No encerramento do seu trabalho de avaliação das obras a concurso, os membros do júri quiseram deixar em acta um apelo «à organização para que divulgue amplamente a elegibilidade a concurso de trabalhos publicados online, no momento em que, devido à crise generalizada da imprensa escrita, esta é a única via disponível para a sua realização profissional».

Assim faremos, salientando que este novo passo na trajectória do nosso salão impõe o reforço das exigências de rigor e qualidade que o caracterizam. Só assim cumpriremos o desígnio de fazer do World Press Cartoon o melhor ponto de encontro para cartoons e cartoonistas de todo o mundo.

World Press Cartoon 2018
vários autores
Editora: Almedina
Páginas: 320
Encadernação: capa dura
Formato: 18,5 x 21 cm
ISBN: 9789724075419
PVP: 22,20€

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