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A alma de Sara Correia no Coliseu de Lisboa: o fado que é punk sem deixar de ser de Chelas

Sara Correia no Coliseu dos Recreios, Lisboa
Sara Correia no Coliseu dos Recreios, Lisboa
Rita Carmo

No último de três concertos no Coliseu de Lisboa, esta segunda-feira, Sara Correia mostrou uma voz soberba que já é mais que um “valor seguro” e dispôs-se a apresentar a sua vida, com a crueza que só o fado conhece. É uma estrela de outra classe

A alma de Sara Correia no Coliseu de Lisboa: o fado que é punk sem deixar de ser de Chelas

Rita Carmo

Fotojornalista

Quão longe cresceu o fado! Dantes, era uma canção de vencidos, uma música “ouvida no seu próprio ambiente, uma sórdida e escura taverna com a sua frequência de gente pobre e sem educação”, como escreveu Luiz Moita; hoje, enche três Coliseus de seguida, e o seu cariz popular não afasta as classes capazes de pagar pelos lugares mais caros. Quão longe cresceu e quão longe foi assimilado. Hoje, dizemos “fado” e o termo não assusta, por tão diversas razões, como assustava no século XIX, nos anos 30, na década de 70. Ser fadista é uma coisa nobre; é preciso ter classe para se ser fadista. E, no meio disto, surge Sara Correia, que torna impossível não fazer uma leitura de classe em relação a este espetáculo no Coliseu dos Recreios, sobretudo ao irromper em ‘Chelas’, canção sobre o seu bairro e a sua vida no bairro, protesto veemente contra a moral que lhe queriam impor: “Fala bom português, larga o calão/ Não fales da pobreza, da noite escura/ Ganha quem tem poder e não coração.”

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