Apresentar canções de várias épocas e celebrar os 50 anos do 25 de Abril: foi desta forma singela que Sérgio Godinho comunicou, no serão de quinta-feira, o propósito do seu espetáculo “Liberdade25”, que em duas noites consecutivas abrilhantou o palco do Coliseu de Lisboa. Só uma mente organizada e límpida como a do poeta que o Porto viu nascer, em agosto de 1945, poderia resumir com tanta brevidade um concerto com a ambição e a riqueza do que passou esta semana pelas Portas de Santo Antão, e que no fim de semana chegará ao Coliseu da Invicta. Com a ajuda dos seus fiéis Assessores, a banda que há coisa de duas décadas contribui para o som ágil em que as suas canções se vêm deitando, e dos talentosos convidados que tornaram dinâmico um espetáculo de quase duas horas e meia, Sérgio Godinho comoveu e mobilizou em iguais doses. Entre clássicos obrigatórios e recuperações mais inesperadas, conseguiu apresentar uma narrativa coerente a partir da matéria-prima praticamente inesgotável que é a sua obra: um caudal de canções gigantes e personagens inesquecíveis, desenhadas de 1971 até ao presente que ainda é seu.
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