Economia

Teixeira dos Santos assegura que teria travado eventuais ingerências de membros do Governo na Caixa

19 junho 2019 19:42

miguel a. lopes/lusa

A experiência própria e o conhecimento que tem do trabalho dos antigos colegas de Governo faz Teixeira dos Santos assegurar que não houve interferências políticas na Caixa durante o seu mandato

19 junho 2019 19:42

Fernando Teixeira dos Santos, antigo ministro das Finanças, assegurou aos deputados que não interferiu em qualquer operação da Caixa Geral de Depósitos. Da mesma forma, também recusou ter tido conhecimento da ingerência de qualquer colega do Executivo, que era liderado por José Sócrates, que está acusado de ter conluiado com um ex-administrador do banco para receber dinheiro de um negócio, Vale do Lobo.

“Se tivesse conhecimento delas [das pressões], nessa altura, certamente teria intervindo. Não tenha dúvidas. Reagiria a esse tipo de interferência. Se é que houve”, comentou Teixeira dos Santos na audição desta quarta-feira, 19 de junho, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco público.

Teixeira dos Santos explicou que, enquanto ministro das Finanças, “procurou nunca interferir na atividade da Caixa”. “Temos o quadro claro segundo o qual a relação entre o acionista e a instituição deve estar enquadrada. Com a passagem da CGD a sociedade anónima, deixou de ser um organismo de administração direta do Estado e passou a gozar de autonomia”. E, aí, deixou de haver interferência.

Questionado diretamente sobre o processo La Seda, que era um projeto com selo PIN (do Governo), Teixeira dos Santos recusou alguma vez ter ouvido falar de interferência.

Irritado com o deputado social-democrata Duarte Marques, Teixeira dos Santos pediu para que este não exigisse das pessoas “aquilo que vai além da capacidade de qualquer ser humano”: “Acha que eu tinha de saber desses contactos? Acha que sou omnipresente, que sou tipo um ‘big brother’?”

“Estou a dizer que não houve [interferência], fundamentado, por um lado, na minha experiência, e relativamente a outros – e o que acabei de dizer é baseado nas declarações dos próprios responsáveis da Caixa, que afirmaram que nunca tiveram pressões”, continuou.

As palavras são ditas apesar de, na semana passada, um ex-presidente do BCP, Filipe Pinhal, ter dito que havia vontade de um conjunto de pessoas - Teixeira dos Santos, José Sócrates e Vítor Constâncio, então governador do Banco de Portugal - de ter influência no BCP e, assim, conseguir controlar não apenas a Caixa.

Teixeira dos Santos foi o protagonista da última audição da segunda comissão de inquérito à gestão do banco público.