Economia

Teixeira dos Santos: “Olho para este nível de dívida pública com preocupação”

Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças
Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças
luís barra

O ex-ministro das Finanças esteve esta semana no podcast Money, Money, Money onde lembrou o resgate português em 2011 e o facto de, desde então, a capacidade de resposta na Europa ter sido reforçada. É isso que impede que o nível de dívida português seja um problema no imediato. Mas é uma preocupação e implicará contenção no futuro. Que não deixará espaço para “a curto prazo para reduzir impostos”

Foi há 10 anos que Portugal pediu um resgate internacional depois de uma escalada dos juros da dívida que tornaram o financiamento nos mercados quase impossível. O pedido, a 6 de abril de 2011, surgiu de forma pouco ortodoxa depois de o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, ter dito publicamente a um jornal – o Jornal de Negócios – que tinha chegado a hora de o fazer. Nessa altura, a dívida pública estava pouco acima de 100% do PIB, agora ultrapassa 130%.

Teixeira dos Santos, que esteve esta semana no podcast Money, Money, Money, confessa não ter sentido um calafrio com o atual nível de dívida pública, “porque as condições são diferentes”, mas diz que olha “para este nível de dívida com preocupação”. O ex-ministro das Finanças admite até que, ao contrário do que está previsto no Orçamento do Estado para 2021, a dívida possa voltar a agravar-se este ano por causa da terceira vaga da pandemia e dos seus efeitos na economia. A grande diferença em relação a 2011, quando a dívida era até inferior, é que hoje a Europa tem instrumentos que não tinha naquela altura.

Isto não significa, no entanto, que devamos estar descansados. Quando a crise pandémica passar será necessário voltar a consolidar as contas públicas. Teixeira dos Santos admite que não será necessário adotar medidas de austeridade, nos termos em que ficaram conhecidas nos anos da troika, mas a contenção orçamental será inevitável. E, nos tempos mais próximos, não lhe parece haver margem para tentar reduzir a carga fiscal: “Tenho dúvidas que haja condições a curto prazo para reduzir impostos.”

O que também distingue a atual crise e a que enfrentou há uma década, é que “os bancos tem hoje uma solidez que não tinham na altura da crise financeira global” quando havia inclusivamente muitas dúvidas e incerteza sobre “a sua real situação.

O 60º episódio de Money, Money, Money estará disponível amanhã, quarta-feira, na página de podcasts do Expresso. Pode ouvi-lo aqui.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: JSilvestre@expresso.impresa.pt

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