Teixeira dos Santos: “A economia portuguesa saiu reforçada do programa” da troika

Em entrevista ao Expresso, Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, considera que os sacrifícios que os portugueses tiveram de suportar no resgate ao país “valeram a pena”.

Como é ter sido ministro das Finanças quando Portugal pediu ajuda externa?

O pedido da ajuda é uma questão controversa, que divide opiniões. Hoje há uma visão desse pedido de ajuda que é muito influenciada por aquilo que representou o programa de assistência financeira, os sacrifícios que impôs à população portuguesa. O que, necessariamente, não dá boa imagem aos protagonistas. Mas era um programa necessário para restabelecer equilíbrios fundamentais da nossa economia e para a fortalecer. Como de facto, na minha opinião, veio a acontecer. Depois do programa da troika, a nossa economia saiu fortalecida. Penso que os sacrifícios que os portugueses tiveram que suportar não foram em vão. Sem dúvida que foi duro de suportar. Mas acho que valeram a pena, porque a economia portuguesa saiu reforçada. Refiro um indicador. A partir de 2012/2013, passamos a ter uma economia com equilíbrio externo e, em particular, com equilíbrio das trocas comerciais externas. Coisa que nos últimos 150 anos da nossa história só tinha acontecido duas vezes, durante a Segunda Guerra Mundial. Isto quer dizer que o país não tem de se endividar face ao exterior. Fui um dos negociadores do programa de assistência, pus a minha assinatura e, portanto, identifico-me com o programa.

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