Por Barney Campos, G1 — Nova Friburgo


"Professor Pardal" friburguense usa habilidades de inventor para construir máquinas a partir de sucata — Foto: Barney Campos/Inter TV

Quem já assistiu ao desenho animado Duck Tales, da Disney, com certeza vai se lembrar do Professor Pardal. O cientista mas famoso de Patópolis, que sempre ajudava o Tio Patinhas e sua turma com diversas invenções geniais.

E saindo da ficção para a realidade, existe um Professor Pardal da vida em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.

Hélio Braga, mais conhecido como Braguinha, tem 63 anos e mora no bairro de Olaria, onde também fica a sua oficina.

É ele quem cria suas próprias ferramentas, e com sucata. O que geralmente iria para o lixo, nas mãos dele ganha vida.

Inventor de Nova Friburgo transforma sucata em verdadeiras máquinas

Inventor de Nova Friburgo transforma sucata em verdadeiras máquinas

Que tal um compressor feito com motor de geladeira velha? E uma máquina de solda com resistência de micro-ondas? Tem também um carrinho de controle remoto turbinado com motor de serra elétrica.

Com todas essas habilidades, Braguinha desenvolveu uma paixão: restaurar bicicletas antigas.

Depois de pronta, uma bicicleta de época restaurada pode chegar a valer mais de R$ 5 mil.

Bicicletas antigas restauradas por inventor friburguense podem custar mais de R$ 5 mil — Foto: Barney Campos/Inter TV

Nas mãos de um exímio restaurador de bicicletas com habilidades de inventor, não precisou de muito para que as bikes fossem transformadas em veículos motorizados. As "magrelas" se transformam até em patinetes, mini motos e bicicletas adaptadas com motor a gasolina e bateria de carro.

“Eu era motorista de ônibus. Aí eu falei com a minha esposa: poxa, eu tenho minhas folgas... eu vou aprender outras coisas, porque a gente não sabe o dia de amanhã, né?! E hoje eu mexo em motor. Eu nunca fiz Senai (cursos), não sei nem como é lá dentro. Só estudei até a antiga quarta série. As ideias e a inteligência vem tudo de Deus na minha cabeça”, contou Braguinha.

Uma das invenções que ele mais gosta é o elevador de cargas artesanal, feito na casa de seus familiares, no bairro Vilage.

Hélio Braga, inventor de Nova Friburgo, criou elevador na escadaria da casa dos pais — Foto: Barney Campos/Inter TV

A invenção é especial porque, segundo ele, foi uma promessa que fez para o pai, enquanto ainda era vivo.

“Eu falei: 'pai, eu vou fazer um elevador nessa escadaria aí'. Ele disse que não tinha como. Aí eu falei pro meu pai: 'pai, eu não tenho dinheiro, mas eu vou dar meu jeito'. Eu fui lá, arrumei uma caixa de redução, um motorzinho de máquina de lavar antigo... e hoje tá lá o elevador. Meu pai morreu, mas antes conseguiu ver o elevador pronto. Felicidade!!”, relembrou o inventor.

A mãe do Professor Pardal friburguense conta que a força de vontade e o espírito batalhador do filho não são de agora.

“Desde criança o Braguinha sempre foi muito levado, mas um menino muito trabalhador. Com 8 anos eu torrava amendoim pra ele vender na rua”, disse dona Maria Braga, de 88 anos.

Inventor friburguense criou carrinho de controle remoto com motor de moto-serra — Foto: Barney Campos/Inter TV

A irmã do Braguinha também tem recordações da infância.

“Quando ele era pequeno, inventou de fazer um carrinho de rolimã. Mamãe não queria. Ele pegou o martelo escondido do meu pai e foi lá pra rua fazer. Quando a gente viu ele já tinha caído, se quebrado todo... e não adiantava falar”, disse Nadir Braga.

Será que a inspiração vem do amor que recebe da família? Esse segredo Braguinha não revelou, mas garantiu que a felicidade está sempre presente no dia-a-dia.

“E hoje eu tô aí, com uma família maravilhosa. Minha filha e minha esposa, que tá há 40 anos de namoro e casamento comigo. E cada dia é uma alegria... abraçando, beijando”, contou Hélio.

E se depender do Professor Pardal friburguense, as invenções não vão parar por aí.

“Eu sou um homem que já tô com 63 anos. Eu quero é explodir de alegria no coração. Comigo não tem tristeza! Se eu tô no mundo, eu tenho que aproveitar, né? Mas aproveitar a vida trabalhando, porque eu sempre gostei de trabalhar. Foi meu pai que ensinou!”, afirmou o inventor.

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