20/02/2014 08h00 - Atualizado em 20/02/2014 08h00

Cheia histórica do Madeira continua trazendo lixo para ruas de Porto Velho

Elevação do nível do rio traz entulhos, madeira e até lixo doméstico.
Secretaria de Serviços Básicos diz que não há como fazer coleta.

Ivanete DamascenoDo G1 RO

Moradores de Porto Velho atravessam vias alagadas e cheias de lixo (Foto: Assem Neto/G1)Moradores de Porto Velho atravessam vias alagadas e cheias de lixo (Foto: Assem Neto/G1)

A cheia histórica do Rio Madeira chegou a cota de 17,88 metros na tarde de quarta-feira (19), superando em 36 centímetros o nível registrado em 1997, segundo a Defesa Civil de Porto Velho. Com a elevação do nível do rio, as águas avançam pelas ruas da capital e trazem madeira, entulhos e até o lixo doméstico que muitas famílias não acondicionam da forma correta, relata a Secretaria Municipal de Serviços Básicos (Semusb). A cheia do Rio Madeira já afetou mais de 1,3 mil famílias.

"Fiz uma vistoria de barco pelo rio e pude ver que ainda vem muito lixo por aí", afirma Ricardo Fávaro, secretário da Semusb. Ele explica que enquanto o nível do rio continuar subindo não há como fazer a coleta de forma definitiva. Para evitar o acúmulo, a equipe da Semusb retira o que chega na margem do rio. "Nós não temos como coletar tudo o que chega. Tem madeira que só será possível retirar com máquinas, pois são muito pesadas", diz.

O secretário conta ainda que as embarcações que poderiam ser utilizadas pela secretaria para o recolhimento do lixo antes mesmo de chegar à margem, estão sendo usadas para levar donativos a famílias abrigadas. "Como a prioridade é salvar vidas, nós fazemos um serviço para tentar evitar ao máximo que essa situação piore. Já é uma condição muito difícil", enfatiza Fávaro.

No início da enchente, um trabalho de retirada do lixo acumulado nas imediações da Feira do Produtor, na Avenida Rogério Weber, hoje completamente alagada pelo Rio Madeira, e em outros pontos dos bairros Cai N´água, Triângulo e Baixa da União, foi realizado pela Semusb. No entanto, nos últimos dias, com as áreas mais críticas tomadas pela água, o serviço foi suspenso e a rota de coleta reduzida.

Lixo doméstico fica é levado pelas águas do Rio Madeira (Foto: Ivanete Damasceno/G1)Lixo doméstico fica é levado pelas águas do Rio Madeira (Foto: Ivanete Damasceno/G1)

Famílias atingidas
São 1.338 famílias afetas pela cheia do Rio Madeira em Porto Velho e em mais nove distritos, segundo dados atualizados dos Bombeiros. Somente na capital, entre desalojadas e desabrigadas, já são 1.150 famílias fora de suas casas.

Há 108 famílias desalojadas e 80 desabrigadas nos 9 distritos de Porto Velho (região do Baixo Madeira) afetados pela cheia: São Sebastião, São Carlos, Nazaré, Niterói, Curicacas, Papagaios, Lago do Cuniã, Boa fé e Calama, informou o oficial de comunicação da Sala de Gerenciamento de Crise, coronel Beltaeco Maique Alfa Demarglin.

Equipes compostas por médicos, auxiliares, técnicos em enfermagem e enfermeiros iniciaram na terça-feira (18) visitas de rotina nas escolas e igrejas utilizadas como abrigos em Porto Velho. Há ocorrências frequentes de hipertensão arterial entre os desabrigados adultos, e febre, diarreia, verminoses e micoses entre crianças, informou o secretário municipal de Saúde, Domingos Sávio. O caso mais grave envolveu uma mulher que sofreu hemorragia vaginal, nesta terça.

A cheia recorde do Rio Madeira trouxe ainda o aumento de riscos de ataques de animais peçonhentos, em Porto Velho. Entre janeiro e fevereiro, o Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) registrou 43 casos de pacientes que foram picados por cobras, aranhas ou escorpiões. São, pelo menos, 30 casos a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. Somente neste mês, 26 pessoas foram vítimas de ataque de cobras. Por conta disso, equipes médicas foram convocadas para uma reciclagem e capacitação sobre o atendimento aos pacientes.

Toras de madeiras só poderão ser retiradas com auxílio de máquinas, diz Semusb (Foto: Ivanete Damasceno/G1)Toras de madeiras só poderão ser retiradas com auxílio de máquinas, diz Semusb (Foto: Ivanete Damasceno/G1)

 

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