Por Reinvente-se

Há 35 anos atuando no mercado da moda, as Lojas M.Huntt tiveram que se reinventar durante o período da pandemia do novo coronavírus. Com três lojas físicas na região da Grande Florianópolis, a empresa teve a receita drasticamente reduzida devido às medidas de isolamento social e chegou até a demitir funcionários. Para reverter essa situação, a administradora Marina Huntt, uma das proprietárias da loja, promoveu lives no Instagram para fazer vendas online de peças com preços promocionais e sorteio de brindes.

"Colocamos uns descontos relâmpagos, que só valiam enquanto a live estivesse no ar e as entregas seriam feitas em dois dias. Também fizemos um quiz com perguntas e respostas e quem acertasse ganhava brindes”, explica Marina.

O primeiro passo foi movimentar o perfil do Instagram da loja, que já existia, mas que era usado até então com o propósito apenas de divulgar as peças. Marina conta que começou postando dicas, como sobre organizar um closet, por exemplo, e que isso aos poucos foi chamando a atenção dos clientes.

"Vendo que o pessoal tava se interessando devagarzinho pelos produtos, eu resolvi fazer umas fotos para montar um lookbook da coleção de inverno. Depois, nossas gerentes de vendas, que estavam em casa, começaram a mandar para as clientes. A repercussão foi super legal e assim começamos a vender online” relembra.

Foi então que surgiu a ideia de fazer as live com vendas pelo Instagram da loja. Na primeira delas, Marina conta que não sabia direito como iria funcionar e que aos poucos foi adaptando os pedidos dos clientes ao serviço que era oferecido.

"Estávamos meio desorganizadas, não tínhamos o preço do produto calculado com desconto e nem os tamanhos disponíveis, mas deu tudo certo! Já na segunda live fomos um pouco mais preparadas. Tudo anotado: preços, tamanhos disponíveis, etc. Foi um sucesso novamente!", comemora a empresária.

Segundo Marina, o diferencial foi promover a interação com as clientes e levar o ambiente descontraído que elas têm na loja física para os encontros online.

"Eu passei a provar praticamente tudo que chega na loja, para que as clientes entendam como veste, qual tamanho me serve e, assim, elas usam como parâmetro para saber o que serve nelas. A primeira compra online é mais difícil, mas depois que elas pegam o jeito, e confiança no nosso trabalho, passa a ser mais fácil", explica.

Desafios das vendas online

Ajustar a logística das entregas das vendas que eram feitas online também foi um desafio. Visando uma maior aproximação do início ao fim da compra com as clientes, a empresa se comprometeu a fazer todas as entregas presencialmente.

"Eu e minha irmã fizemos todas as entregas, e isso acredito que fez uma diferença muito grande na impressão causada ao cliente”, pondera Marina.

Hoje, com as medidas de isolamento social flexibilizadas e as lojas abertas, o cliente tem a opção de retirar o produto em uma das lojas.

Além disso, o sistema de pagamentos também foi adaptado à nova realidade. No começo as vendas online até podiam ser parceladas, mas, devido aos juros, as clientes não compravam tanto. Percebendo isso, a loja implantou um sistema de parcelamento sem juros e as clientes passaram a comprar mais.

M. Huntt — Foto: Divulgação

Reinventar é necessário

Em época de crise é importante que o empresário mantenha a mente aberta às mudanças, pois caso contrário a empresa pode ficar desatualizada e até mesmo falir.

"Trabalhamos sempre muito focadas em superar adversidades ao invés de sentar, reclamar e esperar a crise passar. Toda crise tem oportunidades e o que nós pudermos enxergar de oportunidades iremos nos agarrar e trabalhar nelas", destaca.

Mesmo com a volta do atendimento presencial nas lojas físicas, Marina conta que continuará com as lives no Instagram devido ao bom resultado e que sua visão sobre as vendas mudou.

"Hoje estamos muito mais focadas nas redes sociais, nas divulgações online e nas vendas delivery, já que provar as roupas em loja física ainda não é uma opção", acrescenta.

Floripa Fique em Casa

Além disso, as Lojas M.Huntt procurou divulgar seus serviços durante o período de pandemia e atualmente parte da comunidade Floripa Fique em Casa. A página, criada no Instagram pela empreendedora Nina Rosa Cruz Gerges, tem a finalidade de promover e divulgar as ações de pequenas empresas locais nesta época de pandemia.

O perfil Floripa Fique em Casa já conta com mais de 380 publicações no feed, tem mais de 5 mil seguidores e cerca de 700 empresas cadastradas. As divulgações estão divididas por atividades, como pets, cafeterias, serviços gerais, contabilidade, gestão de pessoas, consultoria de negócios e designers.

Nina Rosa conta que a ideia para a criação da página Floripa Fique em Casa surgiu em uma conversa de um grupo de amigas do doutorado de Engenharia e Gestão do Conhecimento, que ela faz na Universidade Federal de Santa Catarina, quando elas estavam discutindo os impactos que o lockdown da primeira semana de isolamento social iria causar nos pequenos negócios locais.

"Uma amiga, que trabalha com produtores rurais, comentou que eles não estavam conseguindo entregar alimentos para o Ceasa, que está fechado, e que esses alimentos iriam estragar, então eles estavam desesperados. Foi aí que decidi criar o perfil” relembra Nina Rosa.

Para ela, reinventar-se neste momento de crise é mais do que recomendável, é necessário.

"Muitos desses pequenos comércios não faziam tele-entrega e estão tendo que se adaptar, criar cardápio virtual e disponibilizar pedidos pelo whatsapp ou por outro aplicativo, como ifood, por exemplo. Então, não tem muita saída, porque sem vendas, eles fecham. Mas apesar das perdas, tivemos feedbacks positivos também, de alguns inclusive que conseguiram vender até mais do que imaginavam", acrescenta Nina Rosa.

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