Sitio de Alburrica Moinhos

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10- Moinho Pequeno

A primeira notícia data de 1652, tendo sido arrendado por Dª Antónia de Morais a João Carvalho. No século XVIII entrou na posse dos multi- fundiários Costa que, nos ano 80 do século passado, tentam, junto da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, gizar um plano para recuperação museológica do mesmo. Este processo levou à celebração, em 1992, de um contrato de promessa de compra e venda entre a família e a Câmara Municipal do Barreiro, o que se veio a concretizar em 2002, bastantes anos depois, dadas as dificuldades de partilha dos bens entre os muitos herdeiros. Em 1985, num artigo na revista Um Olhar Sobre o Barreiro, o Arquitecto Cabeça Padrão referia-se do seguinte modo a este moinho “Este poderia ser um excelentíssimo espaço museológico industrial (…) Trata-se de um moinho de maré de pequeno volume (3 moendas) (…) fácil de recuperar, com bom volume arquitectónico na paisagem do rio, dispõe de espaços para exposição (…) em condições excepcionais de acessibilidade dada a sua intimidade” urbana, à ilharga de uma das principais artérias do Barreiro. (…) A recuperação integral e o seu funcionamento implica a recuperação da correspondente “caldeira”, das suas máquinas de moer, e dos seus acessos pelo rio. QUE GRANDE SALA DE INSTRUÇÃO PARA ESCOLAS, E POPULAÇÃO EM GERAL.”

11-Moinho do Braamcamp Reedificado depois do terramoto de 1755 por Vasco Lourenço, vendido pelos seus herdeiros, em 1804, a Geraldo Wenceslau Braamcamp, 1º Barão do Sobral, que amplia o moinho de 7 casais de mós para 10. Mais tarde, veio a pertencer a um negociante inglês de nome Abraham Wheelhouse. É vendido, em 1884, aos herdeiros de Robert Hunter Reynolds, que vieram habitar a quinta e fundar a Sociedade Nacional de Cortiças.

JORNADAS DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO BARREIRO Alburrica, Ponta do Mexilhoeiro, Quinta do Braamcamp, Zona Classificada como Sítio de Interesse Municipal

12- Quinta do Braamcamp O primeiro proprietário que se lhe conhece em meados do século XVIII, dava pelo nome de Vasco Lourenço e reedificou o moinho de maré existente, por ter sido danificado pelo terramoto de 1755. No início do século XIX, os seus herdeiros vendem a propriedade a Geraldes Venceslau Braamcamp que, nesta quinta, inicia a criação de bichos da seda para produção têxtil. Venceslau Braamcamp, 1º Barão do Sobral, edifica nesta quinta o célebre Moinho do Barão do Sobral. O seu filho permuta esta propriedade com outra possuída por Abraham Wheelhouse e o filho deste vende-a, em 1884, aos herdeiros de Robert Hanter Reynolds, cidadão inglês, que abrem, nesta quinta, em 1897, a Sociedade Nacional de Cortiças.

Ano Europeu do Património Cultural http://associacaobarreiropatrimonio.pt/ser-socio email: abpmf.patrimonio@gmail.com

A Câmara Municipal do Barreiro decidiu aprovar, por deliberação de 6/7/2017, a classificação da zona de Alburrica, Ponta do Mexilhoeiro e Quinta do Braamcamp, compreendida no mapa (fig.1), como Sítio de Interesse Municipal (SIM), tendo em consideração questões de ordem ambiental, paisagística e moageira. Esta decisão está publicada no Diário da República de 20/7/2017.


1-Estaleiros de Construção Naval Em Alburrica, entre 1911 e 1954, funcionou o Estaleiro de Mestre Francisco Ferreira. Para além doutros vestígios, existe uma estrutura em betão que é a plataforma de apoio à cábrea. Junto ao Moinho Pequeno funcionavam em 1860 o estaleiro de João Esteves e em 1870 o de José Elias Ligorne.

Toda esta zona é constituída por duas pe-

quenas penínsulas, formadas por aluviões e consolidadas sobre ostreiro, com ocupação provável desde o neolítico, de acordo com os achados em pedra, recolhidos nos anos 60 (pesos, machados, furadores), e compreendendo duas praias, um antigo sapal, onde marinhas de sal deram origem a 4 caldeiras , servindo 4 moinhos de maré. Os moinhos de maré eram pequenos complexos que compreendiam a casa da moagem, o armazém, a casa do moleiro, o cais de embarque, o barco do moinho e a caldeira. No seu todo cada moinho era um pequeno complexo industrial, povoado por gente especializada em diferentes ocupações: moleiro, ajudante de moleiro, feitor, rendeiro, carregador, arrais e companheiro do barco do moinho... Neste sítio encontramos, mais precisamente na Ponta do Mexilhoeiro, os vestígios da primeira e da segunda pontes de embarque dos Vapores do Tejo e Sado. Em Alburrica para além dos 3 moinhos de vento, existem vestígios patrimoniais ligados à construção naval, que se manteve em laboração até meados do século XX. Na Quinta do Braamcamp há uma história a preservar e contar ligada a diversas actividades, todas elas de extrema importância, em diferentes épocas do nosso desenvolvimento: a agricultura, a pesca, os viveiros de peixe, a cortiça, a actividade moageira.

2- Cais dos Vapores do Tejo e do Sado e Ponte Fluvial dos Caminhos-de-ferro do Sul A erosão provocada pelos catamarans colocou a descoberto, na Ponta do Mexilhoeiro, restos dos 1º e 2º cais de embarque dos Vapores do Tejo e do Sado, local a partir do qual se fazia a travessia do Tejo, em Fevereiro de 1860, a Companhia dos Vapores anuncia que passa a haver só uma carreira, por dia, de manhã. Também a descoberto, no alinhamento da 1ª Estação de Caminhos-de-ferro, encontramos um conjunto de estacas de apoio ao tabuleiro da ponte do Caminho-de-ferro do Sul, 3º cais de embarque construído antes da entrada em funcionamento da Estação Barreiro-Mar. Moinhos de Vento 3- Moinho Nascente Moinho de tipologia tradicional portuguesa, com velas triangulares em pano, com dois pisos, duas mós e torre fixa cilíndrica e cobertura móvel. Foi construído por José Pedro Costa, em 1852.

4- Moinho Poente Segue integralmente a tipologia anteriormente descrita. Foi construído por José Francisco da Costa, em 1852. Possui azulejo votivo, dedicado a Nossa Senhora do Rosário. 5- Moinho Gigante De tipologia holandesa/inglesa, com 3 pisos, torre troncocónica, velas de madeira encapadas a lona, torre fixa e cobertura móvel, com capelo orientável, por volante e corrente, junto ao solo. Possuía 2 pares de mós. Foi construído por José Pedro Costa, em 1852 e desactivado em 1919. Possuía uma nova tecnologia que permitia, com muito menos pessoal, farinhar muito mais do que os outros dois seus vizinhos. Poucos moinhos havia em Portugal semelhantes a este. A sua rápida recuperação é urgente dada a subida do nível médio da água e a erosão provocada pelos catamarans nos seus alicerces. 6- Moinho do Jim Com tipologia Inglesa, foi construído por James Harteley, em 1827. Este moinho e o Gigante são, segundo Jorge Custódio, exemplares únicos em Portugal e, por isso mesmo, casos de interesse para a Arqueologia Industrial do Barreiro. 7- Moinho do Barão do Sobral É referido, num documento, de 1817, que o Barão andava a construir um moinho na Vila do Barreiro, cuja planta foi encon-

trada e divulgada pelo professor Jorge Custódio. Em 1820, noutro documento refere-se que é “um moinho de vento que não tem semelhante neste reino, e talvez que não haja nas outras nações.” Terá ardido completamente e situava-se nos terrenos da Quinta do Braamcamp. Moinhos de Maré 8 - Moinho do Cabo de Pero Moço É, hoje, uma ruína, anterior a 1534 e possuía, na época 4 casais de mós. Há notícia da designação de Cabo de Pero Moço desde 1487. Posteriormente veio a ser edificado um segundo moinho , que veio duplicar o nº de casais de mós. Em 1884, parte do moinho moía cereais para José Pedro da Costa. A outra parte descascava arroz para Joaquim Rosário Costa. Depois de 1913, foi adaptado para fábrica de cortiça de Francisco Gameiro e Irmãos . Ardeu completamente no ano de 1933. 9- Moinho Grande Possuía 7 casais de mós, existia antes de 1652 e, nessa altura, era propriedade de Manuel da Cunha, fidalgo da Casa d`El -Rei. Pertenceu ao 1º Visconde da Lançada e ao seu filho que o vende, em 1892, a Rui de Albuquerque d`Orey, funcionando como Companhia da Fábrica da Serração de Orey Antunes. No século XX, a Câmara Municipal concedeu licença à Firma Henry Burnay para a instalação de uma fábrica de moer e triturar diversos produtos de origem animal e vegetal. A sua caldeira, por escoamento residual da actividade do antigo Matadouro, ficou conhecida como caldeira do sangue.


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