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Platelmintos

FRENTE A

MÓDULO A09

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ASSUNTOS ABORDADOS

n Platelmintos

n Características morfológicas n Classificação dos platelmintos n Doenças causadas por platelmintos

BIOLOGIA

PLATELMINTOS

Os platelmintos são acelomados e representam os primeiros animais triblásticos da escala zoológica, isso é, possuem três folhetos embrionários e simetria bilateral (podem ser divididos, hipoteticamente, em duas metades iguais). Esse tipo de simetria está relacionado diretamente com a evolução do sistema nervoso em centros nervosos anteriores (gânglios nervosos). Dessa maneira, o animal ganha em eficiência no deslocamento, pois a parte do corpo que primeiro entra em contato com o ambiente é a extremidade anterior que contém a maioria das estruturas sensoriais e difere da extremidade posterior.

O filo Platyhelminthes (do grego, platy = achatado; helminthes = verme) contém os animais conhecidos como vermes achatados (justamente por serem acelomados), por terem o corpo lembrando uma fita, apresentando face dorsal e face ventral, região anterior e posterior.

Os representantes de vida livre podem ser encontrados na água doce ou salgada, assim como também em solos úmidos. Entre os organismos de água doce e terrestres, há representantes grandes e de cores brilhantes. São conhecidos popularmente como planárias, com destaque para a aquática Dugesia e a terrestre Geoplana. Há representantes parasitas, encontrados aderidos à superfície exterior do corpo do hospedeiro (ectoparasitas), ou habitando o interior de seu organismo (endoparasitas). Alguns são causadores de sérias doenças ao homem, como o Schistosoma, causador da esquistossomose ou barriga-d’água e Taenia ou solitária, que causa a teníase.

Características morfológicas

As planárias, como representantes típicos do filo, apresentam tamanho reduzido, raramente ultrapassando 2 cm de comprimento e 5 mm de largura. Entretanto, as planárias terrestres são os gigantes entre os platelmintos, podendo chegar a mais de 60 cm de comprimento.

Esses seres possuem uma face dorsal (oposta ao substrato) e outra ventral (em contato com o substrato). Na face ventral, estão duas aberturas: a boca, situada no meio do corpo e o poro genital, usado na reprodução, que fica abaixo da boca, mais próxima da extremidade final do corpo.

Boca

Região dorsal Poro genital

Fonte: Wikimedia commons

Figura 02 - Planária aquática.

Ocelo Faringe protraída

Aurícula Região ventral

Figura 03 - Face ventral e dorsal da Planária.

São os primeiros animais a apresentarem um sistema nervoso mais centralizado, constituído por dois gânglios cerebroides (demonstrando uma tendência à cefalização), de onde partem dois cordões longitudinais, que ocupam toda a extensão ventral do corpo, ligados entre si por comissuras nervosas, formando o Sistema Nervoso Ganglionar Ventral. Essa disposição dos gânglios cerebroides próximos às estruturas facilita a exploração do ambiente durante o deslocamento do animal. Percebem-se, na região anterior − expansões laterais − as aurículas, que são estruturas sensoriais quimiorreceptoras. Dorsalmente, há um par de ocelos, estruturas sensoriais fotorreceptoras, mas que não formam imagens.

Gânglios cerebroides

Cordões nervosos ventrais

A planária é revestida externamente por uma camada de células que forma a epiderme. A epiderme ventral é rica em cílios e, no interior do corpo, há glândulas que secretam uma espécie de muco útil no deslizamento e na locomoção.

Possui um sistema muscular originado da mesoderme, com fibras contráteis que podem estar orientadas no sentido do comprimento do corpo, formando a musculatura longitudinal, ou orientadas circularmente, formando a musculatura circular. Assim, o animal pode alongar-se, encurtar-se ou voltar-se para qualquer direção, conforme os estímulos que recebe. A mesoderme também forma o mesênquima, um tecido esponjoso constituído por células indiferenciadas, com grande capacidade de regeneração, que preenche o interior do corpo, não havendo uma cavidade interna.

A planária é carnívora e apresenta um intestino bastante ramificado, que facilita a distribuição e aumenta a absorção dos nutrientes, uma vez que não possui sistema circulatório. Observa-se também uma faringe protrátil (exteriorizada), o que facilita a captação de alimento, que é sugado em pequenas quantidades. O sistema digestório é incompleto, como no filo Cnidária.

Sistema digestório

Face dorsal

Aurícula Cordão nervoso ventral

Ocelos

Protonefrídios (Estruturas excretoras) Face ventral

Extremidade anterior

Gânglio cerebroide

Figura 05 - Sistema digestório da planária. Faringe protá l

Boca

Extremidade posterior

Fonte: Wikimedia commons

Não existem órgãos especializados para a respiração. As trocas gasosas são feitas por difusão direta entre a epiderme e o meio, nos vermes de vida livre. Em parasitas que vivem em meio desprovido ou pobre em oxigênio, a obtenção de energia ocorre pelo processo de fermentação.

A estrutura excretora é denominada célula-flama ou solenócito, sendo reconhecida como protonefrídeo, que elimina amônia (excreta nitrogenada) para o meio externo.

Os platelmintos geralmente são animais hermafroditas. Contudo, existem representantes dioicos, como o Schistosoma, que são os primeiros a apresentarem gônadas definitivas.

Classificação dos platelmintos

Figura 06 - Fecundação cruzada entre planárias (reprodução sexuada).

Turbellaria

São todos os vermes de vida livre, conhecidos como planárias. Podem ser aquáticos, dulcícolas ou marinhos, vivendo também em ambientes terrestres úmidos. Como vimos, as planárias são hermafroditas. Assim, reproduzem-se sexuadamente por fecundação cruzada, alinhando os poros genitais e trocando gametas masculinos. A fecundação é, portanto, interna e o desenvolvimento é direto.

Observa-se também, nesses animais, reprodução assexuada por laceração ou fragmentação, graças à alta capacidade de regeneração. São representantes desse grupo: Dugesia tigrina – planária de água doce; Geoplana carinata – planária terrestre e Convoluta henseni – planária marinha.

Figura 07 - Cortes incompletos em uma planária podem produzir várias outras planárias que se separam posteriormente.

Fonte: Wikimedia commons

Trematodas

Esses animais são ecto ou endoparasitas de vertebrados. A epiderme é desprovida de cílios, sendo revestida por uma fina cutícula protetora, secretada pela própria epiderme, e apresenta uma ou mais ventosas para a fixação. Exemplos de vermes trematódios: n Schistosoma mansoni – parasita do sangue do homem, que causa a esquistossomose ou barriga d’agua; n Fasciola hepatica – parasita de carneiros que tem o caramujo como hospedeiro intermediário, mas o homem pode ser hospedeiro acidental quando ingere larvas junto à água e às verduras. A larva parasita o fígado e os ductos biliares do homem, causando a fasciolose.

Cestoda

Essa classe reúne vermes endoparasitas, popularmente conhecidos como tênias (do grego “taenia” = fita, tira) ou solitária. A epiderme é desprovida de cílios e também é revestida por uma cutícula protetora. O corpo dos cestódios é dividido em três partes distintas: o escólex, o colo e o estróbilo (formado por proglotes). Eles não possuem sistema digestório e absorvem, por difusão, o alimento já digerido pelo hospedeiro, demonstrando extrema adaptação à vida parasitária. Exemplos de vermes cestódios: n Taenia solium – verme responsável por causar teníase nos humanos, tendo o homem como hospedeiro definitivo e o porco como hospedeiro intermediário; n Taenia saginata – também pode causar teníase nos seres humanos. O homem é o hospedeiro definitivo e o boi é o hospedeiro intermediário; n Diphyllobothrium latum – conhecida como “tênia de peixe”, tem o homem como hospedeiro definitivo e peixes e crustáceos copépodes (Cyclops) como hospedeiros intermediários. Esse verme é responsável pela difilobotriose; n Echinococcus granulosus – tem o cão como hospedeiro definitivo e o homem é hospedeiro acidental ao ingerir o ovo do verme. A forma larvária desse parasita fixa em órgãos como o fígado e o pulmão humanos, dando início à formação do cisto hidático, produzindo a hidatidose.

Doenças causadas por platelmintos

Apesar de esse grupo ter representantes de vida livre, algumas espécies são parasitas de seres humanos e de outros animais, que podem provocar doenças. A principal forma de contaminação é pela ingestão de tais parasitas, geralmente por meio da água e alimentos que não receberam o devido tratamento, como é o caso da carne contaminada. Os sintomas são variados e dependem bastante do local em que o verme se alojará.

Teníase

Verminose causada pela presença de vermes adultos, conhecidos como tênia ou solitária, que parasitam o intestino delgado do homem. O porco é o hospedeiro intermediário da T. solium, enquanto o boi é hospedeiro intermediário da T. saginata. A carne suína ou bovina quando mal-assada ou malcozida (semicrua), contaminada pelas respectivas larvas, denominadas cisticerco, popularmente conhecidas como “canjiquinha”, são responsáveis pela contaminação do homem. Como a carne não foi submetida tempo suficeinte ao calor, essas larvas são ingeridas ainda vivas e se desenvolvem, transformando-se em vermes adultos, que provocam a doença.

Figura 08 - Corte de carne contendo cisticercos (popularmente chamados de “canjiquinha”)

Ganchos

Ventosas

Taenia solium Ventosas

Figura 01 - Escólex de Taenia solium e Taenia saginata Taenia saginata

SAIBA MAIS

Os parasitas podem ser classificados segundo vários critérios. Quanto ao número de hospedeiros são classificados em monóxenos e heteróxenos. Monóxenos ou monogenéticos são os parasitas que realizam seu ciclo evolutivo em um único hospedeiro. Heteróxenos ou digenéticos são os parasitas que só completam seu ciclo evolutivo passando pelo menos em dois hospedeiros.

Agente etiológico

Como vimos, os vermes causadores da teníase são os platelmintos Taenia solium e Taenia saginata, ambos heteróxenos. Eles são hermafroditas, reproduzindo-se sexuadamente por autofecundação e, portanto, não necessitam de outro parceiro. O corpo das tênias é longo e achatado. Na região anterior, existe o escólex, com quatro ventosas fixadoras e, apenas em T. solium, há um rostro com ganchos quitinosos. Abaixo do escólex está o colo, região de contínua divisão celular e que promove o crescimento do verme. O corpo é formado pela união de gomos, denominados proglótides, cujo número pode variar entre 800 e 1 000, levando a um tamanho médio de 3 metros em T. solium e 8 metros em T. saginata, embora formas maiores já tenham sido encontradas. Cada proglótide apresenta aparelhos reprodutores masculinos e femininos completos. As proglótides mais próximas do escólex são chamadas de jovens e são imaturas sexualmente. Já as mais distantes são maduras e estão aptas para a fecundação. As chamadas proglótides gravídicas são as que já foram autofecundadas e estão repletas de ovos.

Ciclo de vida da Taenia

O homem doente elimina as proglótides gravídicas cheias de ovos para o meio exterior, por meio das fezes. Após seu rompimento, os ovos são liberados para o solo e para a água, sendo ingeridos pelo hospedeiro intermediário (porco ou boi, dependendo da espécie). No intestino do animal, os ovos eclodem, liberando pequenas larvas, com seis pequenos ganchos (chamado de oncosfera ou embrião hexacanto), que penetram na mucosa intestinal, atingem o sistema circulatório e se deslocam para outras regiões, sobretudo músculos. Ali se encistam, originando os cisticercos, formas larvais imóveis que podem atingir até doze milímetros de comprimento após quatro meses de infestação. O homem ingere os cisticercos ao comer a carne (suína ou bovina) contaminada. Por ação dos sucos digestivos, o cisticerco deixa a forma encistada no intestino humano e everte-se, formando um pequeno escólex que se prende à mucosa do intestino delgado e cresce, produzindo uma tênia adulta. A T. solium vive cerca de 3 anos no hospedeiro e a T. saginata aproximadamente 10 anos, ambas desprendendo proglótides gravídicas durante sua vida. Como o colo produz novas proglótides continuamente, o tamanho do verme aumenta progressivamente.

Porco ingere os ovos contendo as larvas.

Ovo (eliminado junto com as fezes humanas) Larva

Parede intes nal humana

Verme adulto Progló des maduros

Progló des jovens

Oescólex prende-se àparededo intes no ecomeçaa formaçãodeprogló des.Ocorrea auto fecundação, originando ovos. Estesouasprogló dessão eliminados juntamente comas fezes humanas.

No intes no, o escólex de cada cis cerco sofre evaginação. No intes no do porco as larvas são liberadas. CICLO NO PORCO

Espinhos

Larva oncosfera ouhexacanta (hexa= seis; canthus =espinho) As larvasperfuram aparede do intes no einstalam-se na musculaturaestriadado porco,formando cis cerco, que contémemseu interior um escólexinver do. Escólex inver do

Cis cerco (na musculatura do porco)

O quadro clínico, geralmente, caracteriza-se por cólicas intestinais, diarreia, perda de apetite, apatia, fraqueza, vômitos e perda de peso. O diagnóstico é baseado na identificação de ovos de Taenia nas fezes de pacientes (exame de fezes). As principais medidas profiláticas são: n Promover o tratamento dos doentes e implementar o saneamento básico, a fim de contribuir para que não haja ovos no ambiente peridomiciliar; n Evitar a ingestão de carne crua ou malcozida; n Promover a fiscalização sanitária das carnes abatidas para comercialização; n Promover melhorias nas condições sanitárias para a criação de animais em regime de confinamento, evitando o contato com ovos que podem ter sido eliminados nas fezes humanas.

Cisticercose

A cisticercose é uma doença grave causada pela ingestão de ovos de Taenia solium. Nesse caso, o homem substitui o porco no ciclo tradicional da teníase, fazendo o papel de hospedeiro intermediário. Os ovos estão, normalmente, contaminando a água, verduras, frutas ou depositados sob as unhas. Quando ingeridos, eclodem no intestino e liberam a larva cisticerco. Esta atravessa a parede intestinal e migra para o tecido muscular ou nervoso (cérebro e medula raquidiana). Nesses tecidos sofre calcificação. Quando a larva se encista no sistema nervoso central, o quadro é denominado neurocisticercose. O diagnóstico é feito, principalmente, por exames de imagem como a tomografia computadorizada e pesquisa da presença de anticorpos no sangue. Cabe salientar que, nesse caso, é muito frequente a autocontaminação, ou seja, o indivíduo portador de teníase engole ovos eliminados junto às suas próprias fezes.

Os sintomas típicos da neurocisticercose são: dores de cabeça, vômitos, tonteira, perda do equilíbrio, ataques convulsivos, perda de consciência, distúrbio de comportamento, hipertensão intracraniana e demais sintomas neurológicos e oftálmicos. A cura é improvável. Quase sempre, o cisticerco encistado tem localização não cirúrgica. O tratamento é baseado em minimizar os sintomas.

A profilaxia consiste em tratamento de pessoas contaminadas pela teníase para que ovos da Taenia solium não contaminem o ambiente e o saneamento básico, que consiste na captação e tratamento do esgoto sanitário.

Esquistossomose

Também conhecida como “xistose”, “barriga d’água” ou “mal do caramujo”, essa verminose é endêmica em certas áreas do País, como os estados da região Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. Entretanto, a possibilidade de expansão das áreas endêmicas é grande devido a uma série de fatores, como: frequentes migrações populacionais inter-regionais, crescimento populacional não acompanhado de expansão dos serviços de tratamento de água e esgoto e ausência de educação sanitária para as populações humanas. Percebe-se, portanto, que é uma doença dependente das condições socioeconômicas.

Figura 10 - Paciente acometido por esquistossomose apresentando ascite (barriga d’água)

Agente etiológico

O causador da esquistossomose é o platelminto Schistosoma mansoni, parasita sanguíneo humano, verme heteróxeno de infestação ativa, pois suas larvas penetram ativamente pela pele humana. Os vermes adultos são dioicos, com claro dimorfismo sexual: o macho, medindo cerca de 1,0 cm de comprimento, tem o corpo alongado, com duas ventosas na região anterior para fixação na parede dos vasos sanguíneos do hospedeiro e um canal ginecóforo, dobras das laterais do corpo no sentido longitudinal para abrigar a fêmea e fecundá-la. Esta tem cerca de 1,5 cm, corpo também alongado e ventosas na extremidade anterior. Os vermes adultos consomem ferro das hemoglobinas, glicose e outros nutrientes do sangue do homem que é o hospedeiro definitivo do verme.

Ventosa Oral

Ventosa Ventral

Ventosa

Macho

Fêmea

Canal Ginecóforo

Figura 11 - Representação esquemática de casal de vermes Schistosoma mansoni. A fêmea frequentemente está abrigada no canal ginecóforo do macho.

Vetor

Os hospedeiros intermediários e, ao mesmo tempo, transmissores da esquistossomose, são caramujos da família dos planorbídeos, comuns em ambientes de água doce, parada ou de pouca correnteza, como lagos, lagoas e riachos tropicais. Pertencem ao gênero Biomphalaria, com destaque para a espécie Biomphalaria glabrata.

Figura 12 - Caramujo Biomphalaria glabrata

Fonte: Wikimedia Commons

Ciclo de vida do Schistosoma mansoni

No homem, os vermes adultos vivem no sistema porta hepático (veia porta hepática e capilares hepáticos), um conjunto de vasos sanguíneos que irrigam o fígado. Esses vermes também parasitam os vasos sanguíneos da parede intestinal (vasos sanguíneos mesentéricos), onde é feita a postura dos ovos. Alguns dos ovos atingem a luz do intestino, empurrados pela grande pressão do fluido circulatório e pela ação perfurante da espícula do ovo. Menos frequente, mas particularmente grave, é a presença de ovos no sistema nervoso central humano, que pode ocasionar paraplegia.

Fonte: Wikimedia Commons

Os ovos que atingem a luz intestinal são eliminados juntamente com a massa fecal e acabam por alcançar a água, onde se abrem, liberando larvas denominadas miracídios. Estas têm um formato oval e são ciliadas. Além disso, nadam ativamente à procura dos caramujos que lhes servem de hospedeiros e perdem a capacidade de penetração em 8 horas se não encontrá-los. Os miracídios que encontram os caramujos penetram pelas partes moles, perdem os cílios e transformam-se em esporocistos, em cujo interior existem células reprodutivas que se desenvolverão em formas larvais chamadas cercárias. A partir de um único miracídio, podem ser reproduzidas mais de 300 mil cercárias. Essas larvas são dotadas de cauda bifurcada, duas ventosas para fixação e glândulas produtoras de enzimas proteolíticas que atuam na fragilização da pele humana para facilitar a penetração ativa.

1

2

Figura 14 - 1 – miracídio; 2 – cercária.

As larvas cercárias medem cerca de 0,5 mm de comprimento e têm uma sobrevida de 36 a 48 horas após a liberação do caramujo. Podem penetrar através da pele e da mucosa oral de pessoas que entram em contato com a água contaminada, provocando uma coceira característica (dermatite cercariana). As cercárias caem na corrente sanguínea, perdem a cauda e formam os esquistossômulos, que são levados até o fígado. Os esquistossômulos tornam-se adultos, entre 25 e 28 dias, em média, após a contaminação nas lagoas e deslocam-se para os vasos do intestino, veia porta hepática e capilares do fígado, onde permanecem por muitos anos.

Fêmea Macho

Intestino Schistosoma mansoni durante a cópula

Vasos

Nos vasos do mesentério do intes no do ser humano, os vermes adultos copulam, formando os ovos

Ser humano (hospedeiro defini vo - nele o parasita reproduz-se sexuadamente)

Penetração ativa na pele, provocando coceira Larvas cercárias

(medem cerca de 0,5 mm de comprimento)

Figura 15 - Esquema do ciclo de vida do Schistosoma mansoni Pessoa doente

Ovo nas fezes (o ovo tem cerca de 140 mm de comprimento)

Larva aquá ca ciliada: miracídio (cerca de 150 mm de comprimento)

ÁGUA

Caramujo planorbídeo Miracídio

(hospedeiro intermediário nele o parasita reproduz-se assexuadamente)

Na fase aguda, o paciente pode apresentar febre, sudorese, calafrios, emagrecimento, diarreias, hepatoesplenomegalia (aumento do tamanho do fígado e baço) e cólica. Na fase crônica, o paciente apresenta diarreia muco sanguinolento, dor abdominal, alterações hepáticas, anemia, esplenomegalia e ascite (edema abdominal ou barriga d’água). Este último sintoma decorre dos depósitos de ovos do verme dentro dos vasos sanguíneos que podem produzir um quadro inflamatório e obstruções do fluxo. Essas obstruções aumentam a pressão hidrostática, por exemplo, na veia porta (hipertensão portal), causando extravasamento do plasma para a cavidade abdominal.

As principais medidas profiláticas são:

n Tratar os doentes com medicamentos específicos, de modo a eliminar os focos de dispersão dos ovos; n Implementar medidas de saneamento básico, com a instalação de fossas e rede de esgoto na tentativa de evitar que fezes contaminadas com ovos atinjam diretamente a água; n Combater os caramujos, por meio de técnicas de controle biológico, por exemplo: o uso de peixes que consomem larvas do vetor; n Promover educação sanitária, com informações às populações sobre a importância da utilização de fossas sépticas e rede sanitárias; n Evitar o contato com ambientes aquáticos onde existam caramujos e, consequentemente, chances de contaminação (lagoas de coceira).

Exercícios de Fixação

01. (IF PE) A vacina brasileira contra a esquistossomose está entrando na fase final de teste em humanos em áreas endêmicas. Causada por um verme, a doença está presente em 19 estados brasileiros, com maior quantidade de casos nos estados do Nordeste, Espírito Santo e Minas Gerais.

DANTAS, Carolina. Vacina brasileira de esquistossomose inicia fase final de testes após 30 anos. Disponível em: <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/08.html>. Acesso: 03 out. 2016.

Com relação à esquistossomose, podemos afirmar que esta doença é causada a) pelo Schistosoma mansoni e nos contaminamos tomando banho de rio em áreas infectadas. b) pela Taeniasolium e nos contaminamos ingerindo carne de porco crua ou malpassada. c) pela Entamoebahistolytica e nos contaminamos ingerindo água ou alimentos contaminados. d) pelo Aedes aegypti e nos contaminamos tomando banho de rio em áreas infectadas. e) pela Giardialamblia e nos contaminamos ingerindo água ou alimentos contaminados.

02. (IF CE) Analise as assertivas a seguir.

I. O agente causador é um animal platelminto sem sistema digestório.

II. Educação sanitária e saneamento ambiental são medidas profiláticas contra ela.

III. É adquirida quando o ser humano ingere ovos do agente causador.

É correto afirmar que se referem à verminose a) teníase. b) cisticercose. c) ancilostomose. d) esquistossomose. e) filariose.

03. (Unisinos RS) Os platelmintos (Filo Platyhelmintes) são animais invertebrados que possuem o corpo achatado. As características que os diferenciam dos outros invertebrados são: sistema circulatório __________; sistema digestivo __________; e excreção realizada através de __________.

Sobre as características diferenciais dos platelmintos descritas acima, qual das alternativas abaixo preenche correta e respectivamente as lacunas? a) presente; incompleto; metanefrídeos. b) ausente; incompleto; túbulos de Malpighi. c) ausente; incompleto; células-flama. d) presente; completo; túbulos de Malpighi. e) presente; incompleto; células-flama. 04. (Uerj RJ) A simetria também é observada na estrutura corporal dos animais, influenciando, por exemplo, a distribuição interna dos órgãos.

Uma característica associada à simetria bilateral, presente em todos os animais com esse padrão corporal, é: a) grande cefalização. b) organização metamérica. c) sistema circulatório aberto. d) sistema digestório incompleto.

05. Investir em saneamento básico é investir em saúde. O esgoto encanado é importante para melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), porque a ausência de tratamento de esgoto possibilita a contaminação da água, do solo e de alimentos com diversos organismos causadores de doenças.

Entre essas doenças, pode-se citar corretamente, a) gripe, hepatite C e AIDS. b) diarreias, cólera e verminoses. c) leptospirose, dengue e varíola. d) verminoses, gripe e elefantíase. e) febre amarela, dengue e AIDS.

06. (Enem MEC) Euphor biamili é uma planta ornamental amplamente disseminada no Brasil e conhecida como coroa-de-cristo. O estudo químico do látex dessa espécie forneceu o mais potente produto natural moluscicida, a miliamina L.

MOREIRA. C. P. s.; ZANI. C. L.; ALVES, T. M. A. Atividade moluscicida do látex de Synadeniumcarinatumboiss. (Euphorbiaceae) sobre Biomphalariaglabrata e isolamento do constituinte majoritário. Revista Eletrônica de Farmácia. n. 3, 2010 (adaptado).

O uso desse látex em água infestada por hospedeiros intermediários tem potencial para atuar no controle da a) dengue. d) ascaridíase. b) malária. e) esquistossomose. c) elefantíase.

07. (UEM PR) Sobre o ciclo evolutivo da Taenia solium, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. A infecção no homem ocorre pela ingestão da carne suína contendo a larva cisticerco. 02. Cisticercose é o nome da doença causada pelo adulto de Taenia solium. 04. A infecção dos suínos ocorre quando esses animais têm acesso a áreas alagadas, contaminadas com as cercárias que penetram ativamente pela pele. 08. Os humanos, ao ingerirem os ovos do parasito, assumem o mesmo papel de hospedeiro, tal qual o suíno. 16. Uma forma de profilaxia para a cisticercose é o uso constante de calçados durante o trabalho agropecuário.

Exercícios Com plem entares

01. (UFU MG) A figura representa, esquematicamente, o ciclo de vida de Schistosoma mansoni.

e originam Vermes Adutos

Homem

que penetram pela pele ou mucosa Ovos

(eliminados pelas fezes) originam

Miracídios

(larva ciliada)

que penetram no

Cercárias

(larva flagelada)

Caramujo Biomphalaria

e originam

A partir da análise do ciclo, considere as afirmativas a seguir. I. A larva do esquistossomo que penetra ativamente pela pele ou pela mucosa das pessoas, infestando-as, é um protozoário flagelado denominado cercária. II. Na profilaxia dessa doença é importante construir redes de água e esgoto, exterminar o caramujo hospedeiro, bem como evitar o contato com águas possivelmente infestadas por cercárias. III. O caramujo Biomphalaria representa o hospedeiro intermediário das larvas ciliadas (miracídios). Estas originam, de modo assexuado, larvas dotadas de cauda (as cercárias). IV. A esquistossomose é ocasionada pela presença da larva do Schistosoma mansoni, e a infestação do homem é ocasionada pela ingestão de ovos do parasita liberados nas fezes de pessoas infectadas. Assinale a alternativa que apresenta, apenas, as afirmativas corretas. a) II e III e IV. c) I, II e III. b) I e IV. d) II, III.

02. (FGV SP) A difilobotríase é uma parasitose adquirida pela ingestão de carne de peixe crua, malcozida, congelada ou defumada em temperaturas inadequadas, contaminada pela forma larval do agente etiológico.

O ciclo do parasita envolve a liberação de proglotes pelas fezes humanas repletas de ovos, que eclodem na água e passam a se hospedar sequencialmente em pequenos crustáceos, em pequenos peixes e, finalmente, em peixes maiores que, ao serem ingeridos nas condições citadas, contaminam os seres humanos.

As informações descritas sobre o ciclo da difilobotríase permitem notar semelhanças com o ciclo da a) teníase, grupo dos platelmintos. b) esquistossomíase, grupo dos moluscos. c) ascaridíase, grupo dos anelídeos. d) tripanossomíase, grupo dos protozoários. e) filaríase, grupo dos nematelmintes.

03. (CFT MG) A figura abaixo representa o ciclo de vida de um determinado verme.

Disponível em: <http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/html>. Acesso em 28 set. 2012.

Uma das principais medidas de controle da doença provocada pelo verme em foco é a) vacinar a população afetada da área ribeirinha. b) impedir a construção de casas de barro ou pau a pique. c) destruir criadouros das fases intermediárias dos barbeiros. d) evitar contato com águas possivelmente infestadas pela larva.

04. (UEL PR) A figura mostra um modelo de organismo com simetria bilateral. Nos grupos animais, o aparecimento da bilateralidade está associado às seguintes características morfofisiológicas: a) Sistema circulatório fechado e digestão extracelular no estômago. b) Sistema digestório completo e cordão nervoso ganglionar dorsal. c) Sistema digestório incompleto e órgãos dos sentidos ocelares. d) Sistema nervoso central e coordenação motora para locomoção. e) Sistema nervoso difuso e sangue com hemácias anucleadas.

05. (Fac. Med. Petrópolis RJ) As verminoses formam um grupo de doenças causadas por vermes parasitas que se instalam

no organismo. São causadas especialmente pela falta de saneamento básico e hábitos de higiene. Os vermes geralmente se alojam nos intestinos, mas podem abrigar-se também em órgãos, como o fígado, pulmões e cérebro. [...] Algumas das verminoses mais comuns são as ancilostomoses, uma infecção intestinal causada por nematódeos e a teníase, provocada pela presença da forma adulta da Taenia solium ou da Taenia saginata no intestino delgado do homem.

Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/57-perguntas-e-respostas/34424-conheca-as-principais-verminoses-que-atingem-o-ser-humano. Acesso em: 17 jul. 2017. Adaptado.

Os vermes citados no texto têm em comum a presença de a) cavidade geral do corpo, durante o desenvolvimento embrionário, totalmente revestido pelo mesoderma. b) três folhetos embrionários, ectoderma, mesoderma e endoderma que surgem no processo de gastrulação. c) tubo digestório incompleto, com a cavidade digestória possuindo uma única abertura. d) sistema circulatório aberto com a hemolinfa circulando dentro e fora de vasos sanguíneos. e) túbulos de Malpighi que excretam cristais sólidos de ácido úrico, substância praticamente insolúvel em água.

06. (Cefet MG) Analise a seguinte ilustração.

A parasitose que pode ter sua incidência reduzida por esse simples hábito é a a) filariose. b) cisticercose. c) toxoplasmose. d) ancilostomose. e) esquistossomose.

07. (UPE PE) Pesquisadores de Pernambuco notificaram um surto de esquistossomose aguda na praia de Porto de Galinhas (PE) em 2 000, quando 662 pessoas tiveram diagnóstico positivo. A infecção humana em massa ocorreu no feriado de 7 de setembro, quando chuvas pesadas provocaram a enchente do rio Ipojuca que invadiu as residências. A maioria dos casos agudos foi em residentes locais que tiveram exposição diária às cercarias durante três semanas, até que as águas baixassem.

(Fonte: BARBOSA, C. S. et al. 2001. Epidemia de esquistossomose aguida na praia de Porto de Galinhas. Pernambuco, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, H(3): 725-728, mai-jun, 2001.)

Após análise dos resultados, os pesquisadores levantaram algumas hipóteses, sendo a mais plausível para explicar o surto a seguinte: a) Caramujos Biomphalaria glabrata foram trazidos pelas enchentes, colonizando as margens do estuário e áreas alagadas das residências. Cercárias presentes no ambiente penetraram no caramujo, desenvolvendo-se até a fase adulta. O consumo de caramujos do mangue levou à contaminação das pessoas. b) As pessoas foram infectadas diretamente pelo platelminto parasita Schistosoma mansoni através da ingestão da água contaminada, durante a enchente. c) O estabelecimento de residências nessas áreas exigiu uma quantidade considerável de areia tanto para aterros como para a preparação das massas utilizadas na construção. Essa areia, procedente de leitos de rios, pode ter sido o veículo que introduziu a espécie Biomphalaria glabrata na localidade. d) Após a enchente, o terreno das casas e a areia da praia foram infestados por Schistosoma mansoni, e o contato com a pele permitiu a contaminação das pessoas. A fase larval da espécie está relacionada, diretamente, à falta de saneamento básico. e) As larvas de Schistosoma mansoni infectaram animais domésticos, como porcos, e as fezes, em contato com a pele humana, permitiram a contaminação das pessoas após a enchente do rio Ipojuca.

08. (UFPE)

A imagem acima representa o ciclo de vida de um parasita que pode causar sérios problemas de saúde em seres humanos. Observando essa imagem, podemos afirmar que: ( ) as proglótides se formam na carne do porco e são ingeridas pelo homem. ( ) nessa parasitose, o porco assume o papel de hospedeiro definitivo. ( ) pelo ciclo apresentado, a ingestão acidental de alimentos contaminados com fezes humanas pode levar à formação de cisticercos no organismo humano. ( ) o amarelão e a ascaridíase são parasitoses que apresentam o mesmo ciclo vital. ( ) o ciclo apresentado é o da teníase.

F – F – V – F – V.