UPorto Alumni #15

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Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto, Nº 15, II Série, Dezembro de 2011, 2.5 Euros

UMA UNIVERSIDADE PARA O SÉCULO XXI, Pág 18 1.º PORTUGUÊS A LIDERAR A FEDERAÇÃO DENTÁRIA INTERNACIONAL, Pág 08 CENTRO DE COMPETÊNCIAS EM CIDADES DO FUTURO, Pág 12 INVESTIGAÇÃO EM DOR, Pág 16 CINCO SÉCULOS DE DESENHO NA FBAUP, Pág 24 ENTREVISTA A D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA, Pág 32 A HILARIANTE QUEIMA DE 1946, Pág 46



José Carlos Marques dos Santos

Reitor da Universidade do Porto

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o momento em que se comemora o primeiro centenário da U.Porto, é com regozijo e orgulho acrescidos que damos conta, nesta edição, das novas valências da Universidade. A U.Porto prepara-se para inaugurar as instalações partilhadas entre o ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e a Faculdade de Farmácia, um novo edifício na Faculdade de Medicina, a Unidade de Sistemas de Energia da FEUP/INESC – Porto, o Centro de Inovação e o Centro de Incubação de Base Tecnológica do UPTEC (este último já em funcionamento), além de infraestruturas de desporto e lazer, como um pavilhão gimnodesportivo na Asprela. Todas estas obras inserem-se no processo em curso de requalificação e expansão das infraestruturas físicas, equipamentos científicos e meios tecnológicos da U.Porto. Com este processo, a nossa Universidade vai proporcionar à sua comunidade académica melhores condições de ensino, estudo, investigação e empreendedorismo. Sendo que esta evolução qualitativa decorre, não só da sofisticação das novas infraestruturas e equipamentos, mas também de uma organização mais racional das diferentes unidades orgânicas, de investigação e de inovação nos três polos universitários: Asprela, Baixa e Campo Alegre. Neste sentido, estamos convictos de que as novas valências vão proporcionar maior coesão interna e mais sinergias ao nível da docência, da investigação e da inovação entre recursos humanos com diferentes especializações. Desta forma, estar-se-á a potenciar a inter e a multidisciplinaridade do conhecimento, fator crucial ao avanço científico em qualquer área. Por outro lado, a renovação das infraestruturas irá certamente promover ganhos de eficiência na utilização dos recursos da Universidade, quer através de uma gestão mais integrada, quer através de uma maior partilha de serviços, equipamentos e instalações. Ora este último desiderato é fundamental tanto para a evolução das performances académicas da U.Porto como para a racionalização da sua gestão financeira, num contexto de forte contração dos recursos disponibilizados pelo Estado.

No atual cenário de crise, que se prevê longa, a U.Porto vê-se assim dotada de um parque infraestrutural capaz de reforçar a atratividade da instituição, de aumentar o seu capital de prestígio e de maximizar a sua capacidade de interface com a comunidade. No fundo, a U.Porto fica mais capacitada para construir autonomamente o seu futuro, agora que a concorrência entre universidades é global e as vias de financiamento tradicionais sofreram uma forte erosão. O conjunto de infraestruturas físicas, equipamentos científicos e meios tecnológicos que hoje dispomos é sem dúvida um fator de competitividade, por um lado, e uma janela aberta a novas formas de criação de receitas, por outro. Um fator de competitividade, desde logo, porque tem reflexos positivos nos principais critérios de avaliação de uma universidade moderna: qualidade de ensino, produção científica, inovação e internacionalização. Uma janela aberta a novas formas de criação de receitas porque, com melhores condições para a formação avançada e para a investigação aplicada, a Universidade pode mais facilmente ir ao encontro dos setores mais dinâmicos das sociedades contemporâneas, em particular as empresas inovadoras (nacionais e internacionais). Em resumo, a U.Porto passa a ter, do ponto de vista infraestrutural, as condições necessárias ao cumprimento dos seus grandes objetivos estratégicos: assumir-se como uma verdadeira universidade de investigação, oferecer formação reconhecidamente de excelência pelos padrões internacionais e promover o desenvolvimento socioeconómico do país. É, pois, com esperança que encaramos o futuro, apesar das nuvens negras que teimam em não se dissipar. É nos momentos difíceis que se abrem oportunidades de afirmação aos que acreditam, se prepararam e estão disponíveis para, trabalhando com afinco, transformarem os obstáculos em realizações concretas. Acreditamos que a U.Porto está nesta situação, a qual se reforça com a disponibilização destas novas infraestruturas. Aproveito a ocasião para desejar Boas Festas aos nossos leitores, em especial aos antigos estudantes da U.Porto e demais membros da nossa comunidade académica.

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EDITORIAL


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4 REDACÇÃO Anabela Santos (AS) Pedro Rocha (PR) Raul Santos (RS) Tiago Reis (TR) DIRECTOR José Carlos Marques dos Santos

PORTO, CIDADE, REGIÃO

PERCURSO Orlando Monteiro da Silva desde cedo que parece fadado ao protagonismo público. Aprendeu a ler e a escrever precocemente, foi aluno de boas notas, viveu no estrangeiro, domina várias línguas, envolveu-se em movimentos políticos estudantis e ganhou o gosto pela liderança. Aos 37 anos tornou-se o mais jovem bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. Mas não ficou por aqui: em 2006, assumiu a presidência do

Conselho Europeu dos Dentistas e, em 2011, passou a liderar a Federação Dentária Internacional.

O centro de competências ancorado no projeto Polaris conta iniciar a sua atividade em 2012, tendo como intuito congregar o conhecimento multidisciplinar que a U.Porto produz sobre cidades do futuro. Isto significa que a Universidade passará a dispor de uma plataforma capaz de coordenar recursos e competências numa área científica de vanguarda, com grande potencial de valorização económica e essencial para garantir qualidade de vida num contexto de crescimento exponencial da população urbana.

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Notícias que marcaram a actualidade da comunidade académica, como as exposições de Armanda Passos, a inauguração do busto de Sophia de Mello Breyner Andresen no Jardim Botânico, a apresentação do livro “Os Reitores da Universidade do Porto: Retratos e Notas Biográficas”, a subida de 100 posições da U.Porto no Academic Ranking of World Universities ou a incubação de mais 100 empresas no UPTEC.

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DEPÓSITO LEGAL 149487/00

PERIODICIDADE Trimestral IMPRESSÃO MultiPonto

TIRAGEM 60.000 DESIGN Rui Guimarães SUPERVISÃO REDACTORIAL Ricardo Miguel Gomes (RMG)

EDIÇÃO E PROPRIEDADE Universidade do Porto Gabinete do Antigo Estudante Serviço de Comunicação e Imagem Praça Gomes Teixeira 4099-345 Porto Tel: 220408178 Fax: 223401568 ci@reit.up.pt UPorto Alumni Revista dos Antigos Estudantes da Universidade do Porto Nº 15, II Série

COORDENAÇÃO EDITORIAL Assunção Costa Lima (G-AAUP) Raul Santos (SCI)

COLABORAÇÃO REDACTORIAL Conselho Coordenador de Comunicação: Beatriz Casais (FEP) Carlos Oliveira (FEUP) Cristina Claro (FADEUP) Elisabete Rodrigues (FCUP) Fátima Lisboa (FLUP) Felicidade Lourenço (FMDUP) Joana Cunha (FBAUP) Luís Violante (FPCEUP) Mafalda Ferreira (EGP) Maria Manuela Santos (FDUP) Mariana Pizarro (ICBAS) Sara Ponte (FAUP) Teresa Duarte (FMUP)

FOTOGRAFIA Ana Roncha António Chaves Egídio Santos

ICS 5691/100

NO CAMPUS

INVESTIGAR Nos laboratórios da U.Porto jogam-se as peças da investigação de ponta que se faz atualmente em dor crónica. Entre os cérebros da Academia e a cama do hospital pode estar a solução para um dos mais graves problemas de saúde pública em Portugal. Um esforço que, em 2012, será reforçado com o inovador Centro Pluridisciplinar de Investigação em Dor.


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18 EM FOCO

MÉRITO

ALMA MATER

No início de 2012, o ICBAS e a Faculdade de Farmácia vão inovar o ensino em Portugal quando passarem a partilhar casa nova com vista para o Douro. Na Asprela, um novo edifício vai reforçar a Faculdade de Medicina. Ali ao lado, o UPTEC, a FEUP e o INESC Porto alargam-se no espaço e nas ambições. E os planos não se ficam por aí. Na viragem do primeiro Centenário da U.Porto, traçamos o mapa da Universidade para o futuro.

CULTURA

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“Cinco Séculos de Desenho na Coleção da Faculdade de Belas Artes da U.Porto”. Esta será a maior e mais valiosa coleção de desenho alguma vez reunida por uma Escola portuguesa. A partir de fevereiro de 2012, cerca de 250 peças vão ser expostas em salas do Museu Nacional Soares dos Reis, do Museu e Galerias da Faculdade de Belas Artes e do Edifício da Reitoria da U.Porto. A proposta é tão ambiciosa quanto simples: dar a conhecer, através do desenho, toda a História do pensamento.

Prémios, distinções e descobertas que valorizam a comunidade académica da U.Porto. Destaque para a nomeação de Carlos Melo Brito como pró-reitor da Universidade, para a conquista do Prémio Amadeo de Souza Cardoso por Pedro Tudela, para a distinção de Elsa Logarinho e Helder Maiato (IBMC) com o Prémio de Investigação Básica da Pfizer e para os doutoramentos “Honoris Causa” do químico Carl Djerassi e dos historiadores Patrick Le Roux e Alain Tranoy.

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Foto-reportagem do Edifício da Reitoria, o qual resultou de vários projetos arquitectónicos e foi sendo construído ao longo tempo. O imponente imóvel da Praça Gomes Teixeira acolheu as várias academias e escolas que antecederam a Universidade, funcionou como hospital de sangue durante o Cerco do Porto, albergou a Faculdade de Ciências (que integrava também uma Escola de Engenharia) e passou a concentrar, em exclusivo, a partir de 2006, os serviços da Reitoria.

FACE-A-FACE

VIDAS E VOLTAS

Em entrevista, D. Januário Torgal Ferreira critica o conservadorismo da Igreja Católica em matéria de costumes, a relação da instituição com os cidadãos e uma certa sumptuosidade que ainda prevalece nos

Em 1946, os estudantes da Faculdade de Medicina lideraram uma das mais inovadoras edições da Queima das Fitas do Porto. A bordo de “carros dos serviços de limpeza e pequenas carroças puxadas por solípedes mal alimentados”, a “fina flor da academia portuense” transformou a Praça Parada Leitão no epicentro de uma epidemia com sintomas de hilaridade. A U.Porto Alumni falou com os protagonistas e deixou-se contagiar pela alegria da “Febre Amarela”.

rituais clericais. O bispo das Forças Armadas verbera, igualmente, os decisores políticos portugueses e europeus. Para o antigo estudante e professor da FLUP, a distribuição dos sacrifícios em Portugal não está a ser equitativa e a solidariedade europeia é um mito.


Era uma vez um pintor que tinha um aquário com um peixe vermelho. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor vermelha até que principiou a tornar‑se negro a partir de dentro, um nó preto atrás da cor encarnada. O nó desenvolvia‑se alastrando e tomando conta de todo o peixe. Por fora do aquário o pintor assistia surpreendido ao aparecimento do novo peixe.

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Herberto Helder, “Os Passos em Volta”


RICARDO MIGUEL GOMES

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“Uma mulher que nos dá estas coisas!”, exclamou a historiadora de arte Raquel Henriques da Silva, ao concluir a visita guiada que orientou durante a inauguração da exposição “Reservas”, que reúne a obra a óleo sobre tela de Armanda Passos (Peso da Régua, 1944) e é comissariada por Fabíola Valença. O arrebatamento de uma das maiores especialistas em arte portuguesa justifica-se pelo cortejo de imagens poderosas, interpeladoras e até desconcertantes que, numa perfeita imbricação, se espraiam pelas paredes da Galeria da Biodiversidade da Casa Andresen (Jardim Botânico do Porto) – um edifício, também ele, assombrado pelas reminiscências literárias de quem lá viveu uma infância encantatória: Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruben A. A inauguração da exposição “Reservas” ocorreu a 22 de setembro, no âmbito das comemorações do Centenário da U.Porto. Na ocasião, Raquel Henriques da Silva salientou, à guisa de apresentação da obra e da sua autora, “a importância do bestiário” na cosmogonia de Armanda Passos. Esse “lugar central dos outros animais, que não nós, no lugar original da arte” é, para a professora catedrática da Universidade Nova de Lisboa, uma “das marcas mais fortes da obra” da pintora. Isto porque, nos seus trabalhos, “os animais são sempre animais enigmáticos: uns identificando-se, outros não; uns parecem-nos humanos ou, então, são os humanos que já se parecem animais e nós sentimos que há ali um mundo partilhado”. As mulheres, invariavelmente de silhuetas bojudas e carnação colorida, são outro objeto pictórico de grande relevância na obra de Armanda Passos. A este propósito, Raquel Henriques da Silva afirma, num texto de reflexão sobre a pintora (“Armanda Passos: reservas de sonho”), que “o eficaz dispositivo cromático da pintura de Armanda dá corpo aos corpos rotundos

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de mulheres que, quase todas, transportam, nos gestos e no vestuário, um tempo remoto, impossível de datar na História, sugerindo um poder matricial que é essencialmente pungente. As mulheres que o detêm, hesitam em usá-lo ou usam-no com parcimónia, ajudando-se entre si, e apoiando-se em misteriosos animais. Elas sabem ou intuem que transportam um mistério: ele é fonte de vida mas pode instaurar a morte”.

Pintar o silêncio Durante a visita guiada, Raquel Henriques da Silva ancorou a obra de Armanda Passos em dois conceitos: o artista enquanto fazedor e a pintura enquanto materialização do silêncio. Para a historiadora de arte, Armanda Passos “não dispensa a dimensão do fazer”. E é “essa dimensão do fazer” que afilia a pintora, não entre os artistas contemporâneos da “geração do demolir”, mas sim entre os da “geração do construir”. Na opinião de Raquel Henriques da Silva, há na pintura de Armanda Passos “quase a luxúria do gosto de pintar”. O que se repercute no próprio “ofício da pintora: minucioso, tecnicamente seguríssimo, confiante na criatividade da mão que, no tempo da criação, funciona, em canal aberto, com a reflexão e a inteligência”, escreveu a historiadora no texto já aqui aludido. Por outro lado, “aquilo que ela [Armanda Passos] pinta, podemos dizer, é o silêncio”, afirmou Raquel Henriques da Silva ainda durante a visita guiada. “Há aqui uma ânsia de fala e, no entanto, a gente sente o silêncio”, acrescentou. No texto de reflexão, a historiadora concretiza melhor esta premissa: “O que mais aprecio nas mulheres de Armanda Passos é a sumptuosidade do seu silêncio. Num mundo tão cheio de ruído, de palavras tão gastas, de vitórias e de fracassos, esse silêncio é um repto provocatório. Se pararmos, sem pressa de entender e de explicar, se nos deixarmos envolver pelo ritmo das cores e pela inventividade de cada composição, se acompanharmos a autonomia das formas e dos seus entrosamentos, ouviremos esse silêncio como uma espécie de canto primordial, melodioso, cheio de compaixão que se oferece como partilha”.

Ainda na intervenção proferida durante a inauguração, Raquel Henriques da Silva rebateu a ideia – defendida, por exemplo, pelo historiador e crítico de arte José-Augusto França – de que as pinturas de Armanda Passos têm uma única figura multiplicada. “De facto, a figura não é nada a mesma. São figuras distintas que são unificadas por uma ideia. A intensidade do olhar, o regime cromático, a atenção aos pormenores, as orientações e a relação com os animais distinguem completamente umas figuras das outras”. Aliás, “um quadro da Armanda não se confunde com um quadro de outra pessoa. Ela tem uma estilistica determinada”, salientou ainda Raquel Henriques da Silva na inauguração de uma exposição que, devido ao elevado número de visitantes (mais de 3.000), vai permanecer aberta ao público até 8 de janeiro de 2012 (a data de encerramento prevista era 6 de novembro). Também integrada no programa do Centenário da U.Porto, está em exibição na Reitoria da Universidade, desde 24 de outubro e até 31 de dezembro, a exposição de Armanda Passos “Obra Gráfica”. Dividida em duas salas, a exposição reúne cerca de 90 trabalhos (gravuras, serigrafias e matrizes a tinta da China) inventariados, com rigor metodológico, pela comissária Fabíola Valença, no âmbito do seu mestrado em História da Arte Portuguesa na FLUP. Na primeira sala da exposição estão patentes trabalhos em gravura e serigrafia concluídos por Armanda Passos entre 1976 e 1979, enquanto estudante da ESBAP, antecessora da FBAUP. A segunda sala acolhe a obra gráfica produzida no primeiro atelier da pintora, ao longo da década de 80. São cerca de 40 serigrafias de tiragem reduzida (aproximadamente 30 exemplares), entre as quais se encontram aquelas que representaram Portugal nas exposições internacionais de gravura e nas bienais europeias de arte seriada. Estão assim reunidas, nesta exposição, todas as serigrafias executadas pela artista, uma vez que, a partir de 1990, quando muda de atelier, Armanda Passos abandona esta técnica de reprodução de imagens. Também um conjunto de atividades pedagógicas (workshops e visitas guiadas) foi programado para dar a conhecer o universo artístico de Armanda Passos.

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NO CAMPUS

Raquel Henriques da Silva


NO CAMPUS

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SOPHIA TEM BUSTO NO JARDIM BOTÂNICO No dia 6 de novembro foi descerrado um busto de Sophia de Mello Breyner Andresen no Jardim Botânico do Porto, antiga Quinta do Campo Alegre, residência dos avós da poetisa, João e Joana Andresen. O jardim povoou as memórias de infância de Sophia, tendo essas reminiscências servido de matéria literária para alguns dos seus poemas e livros infantis. Na cerimónia de inauguração do busto estiveram presentes os filhos da poetisa e de Francisco Sousa Tavares, o reitor da U.Porto, Marques dos Santos, e o presidente da Fundação Eng. António de Almeida, Fernando Aguiar-Branco. Este último representava a instituição que, no âmbito das suas ações de promoção da cultura, custeou a produção e instalação do busto. Sete anos depois da morte de Sophia (1919-2004), a U.Porto distinguiu assim um dos maiores vultos da cultura portuguesa do século XX. Segundo Ruben A., primo de Sophia que já se encontra imortalizado em forma de busto no mesmo jardim, foi no Campo Alegre que a poetisa terá tido um primeiro contacto com a poesia, quando numa festa de Natal uma criada dos Andresen lhe ensinou a recitar “A Nau Catrineta”. “Conforme nos revelou no poema ‘Carta a Ruben A.’, Sophia descobriu aqui [no atual Jardim Botânico] a ‘transbordância’ da natureza, em que as ‘tílias eram como catedrais’ e as ‘rosas eram vermelhas e profundas’. Descobriu o assombro da ‘casa enorme vermelha e desmedida’, ‘com os seus átrios de pasmo e ressonância’. Descobriu um ambiente prodigioso, onde o ar era ‘brilhante e perfumado’, ‘saturado de apelos e de esperas’”, lembrou, na ocasião, o reitor da U.Porto. PR / RMG

REITORES RECORDADOS EM LIVRO E RETRATOS

No dia 4 de novembro, na Reitoria, foi apresentado o livro “Os Reitores da Universidade do Porto: Retratos e Notas Biográficas”. Trata-se de uma edição da Fundação Eng. António de Almeida, na qual se incluem as biografias resumidas de cada um dos 18 reitores da U.Porto, acompanhadas pelos respetivos retratos oficiais. A coordenação desta obra publicada no âmbito do Centenário da Universidade coube ao historiador Francisco Ribeiro da Silva, que contou com a colaboração de diferentes autores com experiência na investigação e escrita historiográfica. Para o reitor Marques dos Santos, “ao conhecermos a biografia de cada um dos reitores, é possível compreender melhor como a Universidade do Porto se comportou em diferentes momentos históricos e daí retirar ensinamentos sobre como enfrentar os desafios contemporâneos”. Durante a cerimónia procedeu-se ainda ao descerramento, na Sala do Conselho, dos retratos oficiais dos reitores Manuel da Silva Pinto e Marques dos Santos. Ficou assim completa a Galeria de Retratos dos reitores e, nas palavras de Marques dos Santos, foi possível “corrigir uma injustiça que se foi arrastando no tempo. Reitor da Universidade do Porto de novembro de 1976 a maio de 1978, o Professor Manuel da Silva Pinto nunca teve o seu retrato na galeria de quadros desta sala, talvez por ter exercido o cargo interinamente. Havia portanto que colmatar esta lacuna, o que fazemos hoje”, salientou então o atual reitor. Também esta iniciativa contou com o apoio da Fundação Eng. António de Almeida.

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PR / RMG

MAIS DE 1.000 NOVOS ESTUDANTES ESTRANGEIROS

A U.Porto recebeu, no primeiro semestre do ano letivo de 2011-12, 1.023 novos estudantes estrangeiros, que se encontram a frequentar a Universidade ao abrigo de programas internacionais de mobilidade estudantil. São originários de 63 países, alguns tão distantes e inesperados como o Cazaquistão, o Quirguistão, as Fiji, a Somália ou o Vietname. De resto, neste ano letivo, a Universidade alargou consideravelmente o número de nacionalidades dos seus estudantes estrangeiros. A U.Porto atraiu ainda estudantes da Guatemala, Honduras, Irão, Jamaica, Malawi, Maurícias, Quénia, Uzbequistão ou Zimbabué. No entanto, Brasil e Espanha continuam a ser os países de origem da maioria dos estudantes estrangeiros (365 e 196, respetivamente), seguidos por Itália (82), Polónia (57), Turquia (32), Alemanha (26) e República Checa (24). Estes números são, no entanto, provisórios, uma vez que ainda não estão contabilizados os estudantes que vão chegar no segundo semestre. Contudo, as perspetivas são de que, no final do ano letivo, o número de estudantes estrangeiros ascenda a 1.500. A este contingente juntam-se os outros 1.500 estudantes estrangeiros que, anualmente, se matriculam na U.Porto para frequentar cursos completos (licenciatura, mestrado ou doutoramento), o que eleva para cerca de 3.000 os cidadãos de outras nacionalidades a estudar na Universidade. RS


A U.Porto subiu este ano 100 posições no Academic Ranking of World Universities, ocupando agora o patamar das 301 a 400 melhores universidades do mundo. É, de resto, a primeira vez que uma instituição portuguesa do ensino superior atinge o top 400 deste ranking internacional elaborado pela Shangai Jiao Tong University. Depois de nos últimos quatro anos ter sido sempre classificada no intervalo das 401 a 500 melhores universidade do mundo, a U.Porto conseguiu este ano ascender ao patamar das instituições avaliadas ex aequo entre a 301.ª e a 400.ª posições, graças à evolução ao nível da quantidade e qualidade de artigos científicos publicados pelos seus docentes e investigadores, nas melhores revistas científicas internacionais. O Academic Ranking of World Universities tem por metodologia de classificação a quantidade de artigos científicos publicados nas revistas Nature e Science, os artigos publicados nas restantes revistas científicas reconhecidas internacionalmente, o número de docentes e investigadores classificados entre os mais citados de 21 áreas de estudo e o número de prémios Nobel ou de medalhas Fields atribuídos a docentes ou antigos estudantes de cada instituição. Entretanto, a U.Porto subiu oito posições na classificação mundial do Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities, o qual é elaborado pelo Higher Education Evaluation & Accreditation Council of Taiwan e avalia os índices de produção científica das universidades. No top 500 das melhores universidades, a U.Porto surge na 320.ª posição mundial (32.ª, em 2010), na 141.ª posição europeia (141.ª), na 8.ª posição ibero-americana (9.ª) e na 1.ª posição nacional (1.ª). RS / RMG

A UNIVERSIDADE MAIS PROCURADA A U.Porto foi novamente a universidade portuguesa mais procurada pelos candidatos ao ensino superior. Num ano marcado pela quebra do número de estudantes colocados no ensino superior, a U.Porto logrou preencher praticamente todas as suas vagas (4130 de 4160, ou seja, cerca de 99%) logo na primeira fase do concurso nacional, apesar de ser a instituição com o maior número de vagas disponibilizadas. Depois da U.Porto, as instituições mais procuradas foram a Universidade de Coimbra, o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (ambos com 97% das vagas preenchidas) e a Universidade Nova de Lisboa (96%). Na verdade, apenas quatro dos 53 cursos de licenciatura e mestrado integrado lecionados pela U.Porto não preencheram por completo as vagas disponíveis na primeira fase do concurso nacional. Mais significativo é o facto de três dos cinco cursos com as mais altas notas de entrada do país pertencerem à U.Porto. O mestrado integrado de Medicina da Faculdade de Medicina é o que regista a nota mais alta, com 186.3 valores; Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) surge na segunda posição nacional, com 185.5 valores, e Bioengenharia da Faculdade de Engenharia encontra-se no quinto lugar nacional (e no primeiro dos não relacionados com a prática médica), com 182.4 valores. Se alargarmos esta análise aos 25 cursos com as mais altas notas de entrada, verificamos que oito pertencem à U.Porto. O que significa que 32% dos 25 cursos com os estudantes com melhores notas de acesso ao ensino superior pertencem a uma única instituição: a U.Porto. RS

UPTEC ULTRAPASSA AS 100 EMPRESAS Criado em fevereiro de 2007, o UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto já acolhe mais de 100 empresas de base tecnológica, cobrindo áreas de negócio tão variadas como as TIC, a automação e robótica, a monitorização de estruturas, os dispositivos para diagnóstico humano e veterinário, a ecoeficiência energética, os compósitos, as indústrias criativas ou a biotecnologia aplicada ao mar. Isto representa um número de postos de trabalho diretos superior a 250. A esmagadora maioria das empresas permanece incubada, mas cinco delas encontram-se já numa fase de desenvolvimento avançado. De salientar ainda que, nos três pólos do UPTEC – Asprela, P.INC – Polo de Indústrias Criativas (Pr. Coronel Pacheco) e Polo do Mar (Terminal de Leixões) –, há alguns projetos em processo de interna-

cionalização, nomeadamente na América Latina (com o apoio do Governo chileno), no Brasil, em Inglaterra e noutros países da Europa Central. O UPTEC vai continuar a expandir e a melhorar as suas atividades, estando em curso um investimento de 22 milhões de euros em projetos, com conclusão prevista para o final de 2013. Em causa está o alargamento da área de incubação e a conclusão do Centro de Inovação da Asprela (para projetos desenvolvidos em parceria com centros de investigação da U.Porto), a finalização da totalidade dos espaços na Praça Coronel Pacheco e o lançamento de um concurso para ampliação da área de incubação do Polo do Mar. Todos os projetos são financiados pelo QREN, estando já em fase de execução ou de adjudicação. AS / RMG

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SUBIDA DE 100 LUGARES EM RANKING MUNDIAL


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II, onde sentiria uma espécie de choque frontal. “Era um ambiente quase assustador. Havia uma diferença de idades muito grande entre alunos”, lembra. Mas Orlando Monteiro da Silva rapidamente se adaptou ao turbilhão liceal. Porém, poucos anos depois, nova mudança drástica se insinua na sua vida. É forçado a abandonar temporariamente a cidade do Porto, onde nasceu em 1963, uma vez que os seus pais tinham sido destacados, em comissão de serviço, para dar aulas na Alemanha, perto de Estugarda. Ingressa então numa escola alemã, o que lhe criou “grandes dificuldades” de comunicação. Falava com a professora em francês, língua que havia aprendido com a sua mãe, mas viu-se “obrigado, por força das circunstâncias, a rapidamente aprender alemão”. Um poliglota estava a nascer.

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RICARDO MIGUEL GOMES

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esde cedo que parece fadado ao protagonismo público. Aprendeu a ler e a escrever precocemente, foi aluno de boas notas, viveu no estrangeiro, domina várias línguas, envolveu-se em movimentos políticos estudantis e ganhou o gosto pela liderança. Não é por isso de estranhar que, aos 37 anos, se tenha tornado no mais jovem bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. Argumenta, a propósito, que o baixo nível etário da profissão explica a rápida escalada. Talvez. Mas, na verdade, Orlando Monteiro da Silva não confinou as suas ambições aos estreitos limites do retângulo pátrio. Com um arrojo inusual no país dos diminutivos, soube conquistar o seu espaço nas organizações socio profissionais internacionais. Em 2006 assumiu a presidência do Conselho Europeu dos Dentistas e, mais recentemente, em 2011, tornou-se o primeiro português a liderar a Federação Dentária Internacional. Filho de professores primários, Orlando Monteiro da Silva entrou para a escola já instruído nos mistérios do alfabeto. “Os meus pais puxavam um bocado por mim”, confessa, por isso “já sabia ler e escrever” antes de iniciar a primária. Estudou na Escola Básica dos Castelos, em Ramalde, no Porto, onde os seus pais lecionavam, tendo concluiu dois anos curriculares num só. Estugou assim o passo rumo ao Liceu Dom Manuel

Ser de direita no PREC Passados dois anos, regressa a Portugal e ao Liceu Dom Manuel II. Novo choque. “Cheguei cá e o ambiente estava totalmente efervescente. Viviase o PREC. Lembro-me de ter cruzado a fronteira e um guarda ter dito ao meu pai: ‘Isto agora é a República Popular de Portugal’”, conta Orlando Monteiro da Silva entre risos. No liceu conheceu “uma experiência muito rica a vários níveis, politicamente com muita participação”. Colega de Carlos Abreu Amorim, Manuel Pizarro e Rui Sá, todos eles com carreiras políticas, Orlando Monteiro da Silva também se deixou envolver pela vertigem da intervenção. Participou em movimentos estudantis, sendo eleito para associações de estudantes ou como delegado de turma. Contrariando o espírito do tempo, Orlando Monteiro da Silva acantonou-se nos setores mais à direita. “Os liceus estavam politicamente muito ligados à esquerda e à extrema-esquerda, mas havia já uma mudança. O Dom Manuel II foi pioneiro no questionar da politização partidária. Eu estava mais ligado à direita, mas fui sobretudo independente das máquinas partidárias, que eram muita ativas nos liceus nessa altura”. Todavia, muito mais tarde, já nos anos 90, Orlando Monteiro da Silva desenvolveu atividade partidária no CDSPP. Pertenceu à Concelhia e à Distrital do Porto nos consulados de Manuel Monteiro e também de Paulo Portas, tendo representado o partido na mediação do conflito com os dentistas brasileiros a exercer em Portugal. Foi companheiro político

FOTOS: EGÍDIO SANTOS

PERCURS0


Da Ordem para o mundo Concluído o curso em 1987, Orlando Monteiro da Silva teve então a oportunidade de praticar a medicina dentária como profissional liberal. Antes, porém, prestou serviço militar na Força Aérea (1988 a 1990), o que lhe permitiu exercer em consultórios e clínicas das localidades onde estão estabelecidas as principais bases do país: Ota, Montijo e Tancos. Terminada a vida militar, estabeleceu-se em Matosinhos, onde ainda hoje tem o seu consultório.

[A medicina] parecia-me um percurso demasiado condicionado nos primeiros anos.

A intervenção de Orlando Monteiro da Silva no conflito com os dentistas brasileiros, durante passagem pelo CDS-PP, despertou a atenção da direção da Associação Profissional dos Médicos Dentistas, que antecedeu a Ordem. E, cerca de dois anos depois, no final dos anos 90, Orlando Monteiro da Silva é convidado a integrar a direção da Ordem dos Médicos Dentistas. Esteve dois anos como membro da direção e, em 2000, perante a decisão de não recandidatura do então bastonário, encabeçou uma lista para os órgãos sociais da Ordem. Foi eleito bastonário, com apenas 37 anos. Dos dez anos que leva como bastonário, Orlando Monteiro da Silva faz um balanço positivo. Assegura que a Ordem é hoje encarada como um “parceiro credível”, acrescentando ainda que a entidade que lidera foi responsável “pela mudança de uma visão da medicina dentária quase grotesca, em que a dor surgia associada à profissão”. Contudo, reconhece que, em Portugal, “ainda falta fazer o percurso da acessibilidade da população à medicina dentária. O Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral [conhecido por “cheque-dentista”] foi um avanço bastante grande, mas apenas para alguns grupos especiais da população e não para a generalidade dos cidadãos”. Como bastonário, Orlando Monteiro da Silva passou a participar em reuniões das ordens e associações socioprofissionais europeias. E daí surgiu a vontade de uma intervenção ao mais alto nível nas organizações corporativas internacionais, acabando por ser eleito, em 2006, presidente do Conselho Europeu dos Dentistas. Essa vontade de intervenção à escala global levou-o ainda mais longe: à Federação Dentária Internacional, cuja presidência assumiu em 2011. “Gostei muito de ter consciência de que alguns dos nossos problemas não são só nossos – são transversais. A abordagem internacional permite contactar realidades diferentes e trazer algumas coisas para Portugal. Ajuda-me imenso no cargo que exerço cá”, assegura o bastonário. Para esta meteórica ascensão internacional foram determinantes o “domínio de várias línguas” e o “prestígio de Portugal”, que “é muito maior do que nós temos consciência”, explica Orlando Monteiro da Silva. Nas organizações internacionais, o bastonário procura “sempre promover o país” e tem, como “segunda preocupação”, “dar visibilidade ao mundo lusófono”. 9

de Diogo Feyo e Sílvio Cervan, por exemplo. Depois do liceu, a intervenção política conheceu um parêntesis. Aluno de notas elevadas, Orlando Monteiro da Silva fez o usual nestas circunstâncias: seguiu Medicina. E uma vez na Faculdade de Medicina da U.Porto, o atual bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas viveu “um período politicamente letárgico”. “Envolvi-me mais na boémia e no estudo”, confessa. À época, Orlando Monteiro da Silva gozou a estroinice estudantil mas também penou bastante para memorizar os cartapácios de Medicina. E a Medicina nem era, como admite, uma inclinação vocacional categórica. Hesitou muito antes de ingressar no curso. Até porque, no mesmo ano, Orlando Monteiro da Silva foi admitido na Academia da Força Aérea como piloto-aviador. Posteriormente, também se deixou tentar pela Comunicação Social e pela Gestão, tendo-se inscrito na Escola Superior de Jornalismo e no curso de Gestão da Universidade Portucalense. Nunca chegou a frequentar estas instituições de ensino, mas, concluídos os três primeiros anos do curso de Medicina, enveredou pela Medicina Dentária (de resto, os três primeiros anos eram comuns aos dois cursos). “Não foi uma questão de vocação. Acabou por me seduzir mais o aspeto da autonomia da profissão”, explica Orlando Monteiro da Silva, a propósito da mudança de curso. “Vi o funcionamento do Hospital de S. João e aquilo não me agradava particularmente. [A medicina] parecia-me um percurso demasiado condicionado nos primeiros anos. Agradou-me muito mais o exercício autónomo da medicina dentária, sem ter de prestar contas a uma hierarquia”. E, assim, acabou por se transferir para a Escola Superior de Medicina Dentária (hoje Faculdade de Medicina Dentária da U.Porto).


VINTAGE

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Livros raros e belos reunidos num espólio único

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PEDRO ROCHA

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livro, eterno e intemporal veículo de conhecimento, foi o ator principal da exposição “Tesouros Bibliográficos”. Estiveram expostas duas centenas mas poderiam ter sido muitas mais as obras escolhidas por Isabel Pereira Leite, João Leite e Maria Clara Macedo, o trio de comissários da exposição. Do incunábulo alemão “Liber Chronicarum”, de Hartmann Schedel, impresso em Nuremberga em 1493, até ao controverso e-book do século XXI, “Tesouros Bibliográficos” reuniu algumas das mais importantes obras da História que a Universidade conserva e guarda com afinco nas suas bibliotecas. Integrada no programa de comemorações do Centenário da U.Porto, “Tesouros Bibliográficos” reuniu apenas um pedaço do universo de um milhão de livros que compõem as bibliotecas da Universidade. Hartmann Schedel (1440-1514), um dos primeiros cartógrafos a fazer uso da impressão desenvolvida por Johannes Gutenberg, é autor do mais antigo exemplar conservado pela U.Porto, o já referido “Liber Chronicarum”. Destaque também para a versão em inglês dos “Lusíadas” – “The Lusiad of Lewis Camoens” –, impressa em 1655, na catedral de São Paulo (Londres), que confirma a precoce universalidade da nossa cultura. Já o estudo da anatomia do século XVII traz-nos uma obra de Oxford, “The Anatomy of Human Bodies”, de William Cooper, 1698, que surpreende pela monumentalidade da impressão e pelas ilustrações fabulosas. A fechar, um exemplar da primeira edição de “Todos os Nomes”, autografada por José Saramago, Prémio Nobel da Literatura. Os cem anos da U.Porto foram apenas uma justificação para reunir tão preciosa coleção. Constituída por obras valiosas, quer pela sua raridade, quer pela sua importância histórica, quer ainda pela própria beleza do objeto em si, a exposição


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trouxe-nos um pouco do conhecimento humano ao longo dos últimos séculos, realçando a importância do livro. Conforme escreveu o reitor da U.Porto, Marques dos Santos, no catálogo da exposição, “o livro, seja qual for a sua configuração futura, é inerente à condição humana e, por isso, não irá ser rasurado das nossas existências. Muito menos numa época em que tanto se celebra o conhecimento, alcandorado hoje a fator essencial, não só do crescimento intelectual do homem, mas também do próprio desenvolvimento material das sociedades contemporâneas”.


PORTO, CIDADE, REGIÃO

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Centro de competências em

cidades do futuro

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RICARDO MIGUEL GOMES

O centro de competências ancorado no projeto Polaris conta iniciar a sua atividade em 2012, tendo como intuito congregar o conhecimento multidisciplinar que a U.Porto produz sobre cidades do futuro. Isto significa que a Universidade passará a dispor de uma plataforma capaz de coordenar recursos e competências numa área científica de vanguarda, com grande potencial de valorização económica e essencial para garantir qualidade de vida num contexto de crescimento exponencial da população urbana.

ILUSTRAÇÃO: DIANA MOTA

deverá arrancar em 2012

A

tualmente, mais de 60% da população mundial vive em cidades e estas são responsáveis por 80% do PIB do planeta. A população urbana atingiu um bilião em 1960, dois biliões em 1985 e três biliões em 2002, prevendo-se que cresça para quatro biliões em 2017 e para cinco biliões em 2030. Um pouco por todo o mundo, mas em particular nos países em vias de desenvolvimento, assiste-se à urbanização apressada e caótica de largas faixas do território, com tudo o que isso significa em termos de degradação da qualidade de vida das populações. Neste cenário, o urbanismo sustentável apresenta-se como um dos grandes desafios do século XXI e, consequentemente, está a concitar a atenção dos principais centros de produção de conhecimento avançado, como são as universidades. A U.Porto não foge a esta tendência. Nas várias faculdades e centros de investigação da Universidade é produzido conhecimento multidisciplinar que, apesar da sua diferente natureza, se afigura

relevante para as áreas do urbanismo sustentável e do ordenamento do território. Tornou-se, por isso, pertinente encontrar uma estrutura capaz de catalizar recursos (humanos, físicos e financeiros), de promover o cruzamento de competências e de expandir, divulgar e valorizar economicamente o conhecimento produzido nestas áreas. Tudo isto sob o chapéu de um conceito vasto e interdisciplinar: as cidades do futuro. São estes, em traços gerais, os propósitos do projeto Polaris. Envolvendo a Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e a Living PlanIT – empresa suíça responsável pela construção de uma smart city no concelho de Paredes, a PlanIT Valley – o projeto Polaris propõe-se ajudar a criar, na e para a U.Porto, um centro de competências em cidades do futuro. Nas palavras do responsável pelo projeto, o docente e investigador da FEUP João Barros, “o objetivo principal é juntar, numa plataforma de investigação leve e dinâmica, investigadores das várias faculdades e unidades de



PORTO, CIDADE, REGIÃO

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02 01

Estudo do LAVA

02 Urban Library of the Future / UNStudio

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03 Oásis do Futuro, LAVA - Laboratory for Visionary Architecture

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investigação da U.Porto, centrando a atenção em problemas relevantes para as cidades do futuro – desde o planeamento urbano às TIC, passando pelos serviços aos cidadãos, pela mobilidade sustentável, pelos sistemas de energia... A ideia é garantir que a cidade é sustentável do ponto de vista ambiental e, ao mesmo tempo, oferece qualidade de vida aos seus cidadãos”. Ainda segundo João Barros, o futuro centro de competências da U.Porto vai caracterizar-se por uma “abordagem sistémica” à problemática das cidades do futuro. “Olhamos para a cidade como um sistema de sistemas, em que todas redes (rede de comunicação, elétrica, de controlo dos semáforos, etc.) convergem numa única plataforma de serviços para os cidadãos e para quem opera os vários sistemas”. Nessa medida, “o que se pretende é um trabalho muito interdisciplinar, que combine não só as competências de engenheiros eletrotécnicos, civis, químicos, informáticos e por aí em diante, mas também de psicólogos, economistas, cientistas das mais diversas áreas, engenheiros ambientais, arquitetos, de modo a que os problemas sejam resolvidos de forma holística”. Para o mesmo responsável,

“qualquer universidade que queira ter um papel importante a desempenhar não pode descurar um tema tão relevante para as sociedades do futuro, tanto mais que temos na U.Porto massa crítica e competências necessárias para o fazer”. Elo de ligação de competências João Barros assegura que o centro “não pretende substituir as unidades de investigação [da U.Porto], mas sim funcionar como um elo de ligação entre as várias competências que, neste momento, estão um pouco fragmentadas por diversos institutos e departamentos”. Neste sentido, acrescenta o também diretor do Instituto de Telecomunicações (Porto) e do Programa Carnegie Mellon – Portugal, o centro vai funcionar como uma “plataforma de colaboração”, permitindo à U.Porto “apresentar recursos, talentos e competências de uma forma coesa e coerente junto dos principais interessados”. E entre os interessados estão, garante João Barros, empresas e instituições privadas, devendo o centro servir, justamente, de interface entre a Universidade e o tecido empresarial. Refira-se, a propósito, que o projeto Polaris nasceu da parceria estratégica estabelecida entre a


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02 01 02 03 Projeto PlanIt Valley

O diretor do Programa Carnegie Mellon – Portugal reconhece, porém, que “o projeto [PlanIT Valley] tem trazido à nossa região decisores muito importantes de grandes empresas, como a Cisco, a Microsoft ou a Deutsche Telekom, e especialistas das melhores universidades mundiais, como Harvard e Berkeley, por exemplo. Ao colaborar com o projeto, a U.Porto tem acesso a parceiros muito relevantes num mercado que todos os analistas indicam como de enorme crescimento. Portanto, a Universidade tem tudo a ganhar em continuar essa colaboração [com a Living PlanIT] também no âmbito do centro de competências”, conclui João Barros. Resta dizer que, no início do próximo ano, o centro já deverá ter a sua estrutura administrativa definida, a qual, de acordo com a primeira proposta, vai incluir um coordenador e mais dez docentes. Neste momento, “estamos a captar manifestações de interesse e ideias concretas, do ponto de vista científico, daquilo que o centro deve cobrir e que atividades deve realizar”, adianta João Barros. Por conseguinte, há a expectativa de que as atividades do centro arranquem no primeiro trimestre de 2012.

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FEUP e a empresa Living PlanIT, tendo em vista a concretização da já aqui referida comunidade inteligente PlanIT Valley. A construção desta cidade da nova geração pressupõe o desenvolvimento de tecnologia sustentável para espaços urbanos, algo que está em parte a ser realizado na FEUP. Aliás, nesta fase de arranque, o projeto Polaris é financiado por verbas proveniente da Living PlanIT. Contudo, ressalva João Barros, o futuro centro de competências é independente do projeto PlanIT Valley e pretende envolver a U.Porto como um todo. “O centro de competências para as cidades do futuro é uma iniciativa muito promissora, independentemente do risco associado ao projeto PlanIT Valley”, sublinha João Barros. O mesmo responsável garante, inclusivamente, que “não há risco de o centro se gorar caso a cidade PlanIT Valley não vá para a frente, desde logo porque temos projetos com outras cidades que se podem enquadrar nesta temática”. João Barros refere-se, por exemplo, a projetos de mobilidade sustentável com a STCP, de tecnologias de informação com corporações de bombeiros e de planeamento urbano com várias autarquias.


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FOTOS: EGÍDIO SANTOS

INVESTIGAR

Nos laboratórios da U.Porto jogamse as peças da investigação de ponta que se faz atualmente em dor crónica. Entre os cérebros da Academia e a cama do hospital pode estar a solução para um dos mais graves problemas de saúde pública em Portugal. Um esforço que, em 2012, será reforçado com o inovador Centro Pluridisciplinar de Investigação em Dor.

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acto. Um em cada três portugueses sofre de dor crónica. Facto. Um em cada cinco desses doentes refere não ter prazer em viver e 17% sofrem de depressão. Facto. A dor crónica custa ao Estado português mais de 3 mil milhões de euros por ano, mais de um terço da despesa prevista no orçamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para 2012. Facto. Mesmo assim, 40% das pessoas que sofrem de dor crónica estão insatisfeitas com o tratamento que recebem*. Facto. Os ratinhos da equipa de Vasco Galhardo ignoram que estão a trabalhar contra as estatísticas quando se aventuram nos circuitos homemade que habitam o laboratório do Grupo de Morfofisiologia do Sistema Somatosensitivo do Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC) da U.Porto. Se falassem, talvez começassem por dizer que a dor não é necessariamente má. “É das coisas melhores que temos para aprender o que nos é prejudicial. O problema é quando entra em curto-circuito e se transforma em dor crónica”, traduz Vasco Galhardo, pioneiro em Portugal na aplicação da eletrofisiologia ao estudo dos efeitos cognitivos da dor.

Se a imaginação lhe sugere um cenário povoado de ratinhos com fios ligados à cabeça, então... acertou. “O que fazemos é avaliar como é que a dor crónica influencia áreas do cérebro importantes para a criação de memórias e para a tomada de decisão. Para isso implantamos elétrodos nos ratinhos e seguimos a atividade dos neurónios, tentando perceber como o comportamento de aprendizagem é prejudicado num processo de dor prolongada”, explica o investigador. Do cérebro para os computadores do IBMC, com passagem por labirintos de plástico e pastilhas gourmet, os testes têm mostrado que a dor crónica provoca alterações cognitivas como perda de memória, falhas na tomada de decisão e perturbações ao nível da codificação do espaço. Com os “neuro-ratinhos” de Vasco Galhardo também há mitos que caem: “Ao contrário do que se pensou durante muito tempo, as perturbações psicológicas provocadas pela dor são tão fisiológicas como a perceção de dor”. Para desenvolver o estudo que a Fundação Grünenthal distinguiu com o Prémio de Investigação Básica 2010, Isabel Martins também recorre às técnicas mais avançadas no estudo do cérebro. Aprendeu-as na Holanda e nos Estados Unidos, para onde levou o fascínio pelo sistema nervoso, o trabalho de doutoramento e um paradoxo. Facto. Os medicamentos para a dor crónica são eficazes em menos de metade dos doentes. “Isso acontece porque não se conhecem bem os processos fisiológicos que controlam a dor”, revela a investigadora sobre o desafio que enfrenta diariamente no Departamento de Biologia Experimental (DBE) da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). Mais uma vez são os ratinhos a abrir caminho pelos enigmas do sistema nervoso. “Para além dos circuitos inibitórios, sabemos hoje que o cérebro tem processos que facilitam a dor para proteger o organismo”, adianta Isabel Martins, introduzindo o trajeto que conduziu à descoberta de um circuito neuronal que aumenta a dor através da libertação de noradrenalina, um neurotransmissor responsável por “alertar” o cérebro face a estímulos agressivos. Uma descoberta que, para a cientista, “põe em causa a eficácia de alguns fármacos usados no tratamento da dor neuropática [dor crónica causada por lesão no sistema nervoso] que aumentam a quantidade de noradrenalina no cérebro. O problema é que, se há áreas


CPID-UP: Juntar as peças do puzzle

Isabel Martins

* Dados resultantes de estudos realizados pela Faculdade de Medicina da U.Porto

Do laboratório para a clínica Se a produção científica certifica a qualidade da investigação em dor desenvolvida na U.Porto, a grande batalha dos investigadores cumpre-se hoje na translação entre o laboratório e o meio clínico/hospitalar. “Tem havido uma grande mudança na forma como os clínicos abordam a dor crónica e isso tem sido uma consequência do nosso grupo, não só por todo o trabalho básico, como através de formações pós-graduadas dirigidas a médicos”, nota Vasco Galhardo. Os resultados saltam à vista. Segundo Deolinda Lima, “já há trabalho básico que está a ser aproveitado para aplicações clínicas na área da urologia”, estando em curso o “prolongamento para a clínica” de estudos sobre a dor decorrente de neuropatia diabética e a dor oncológica. Os progressos estendem-se também à prática médica. “Hoje em dia o médico tem obrigação de avaliar a dor que o doente está a sentir. Portugal foi pioneiro nessa prática e isso nasce da investigação e do reconhecimento da dor crónica como um problema de saúde pública muito sério”, realça a cientista. O futuro parece sorrir aos investigadores da dor. Em mudanças para o novo edifício da FMUP, o DBE prepara-se para liderar o ambicioso CPIDUP – Centro Pluridisciplinar de Investigação em Dor (ver caixa). Em 2011 arrancou também a primeira Cátedra em Medicina da Dor em Portugal, uma iniciativa da FMUP e da Fundação Grünenthal destinada a apoiar a formação e a investigação na área. Estamos mais perto da “cura” para a dor crónica? “Estamos a dar os passos todos para lá chegar”, afirma Deolinda Lima. Para quando? “Gostaríamos de, dentro de 10 a 15 anos, ter propostas claras em termos de intervenção terapêutica em alguns tipos de dor”. Os ratinhos de Vasco Galhardo dão o mote. “Ainda nos faltam sugestões que funcionem para o puzzle todo mas, quanto mais se sabe sobre cada peça, mais esperança há”.

TIAGO REIS

Cruzar conhecimentos Os estudos de Vasco Galhardo e Isabel Martins personificam uma parte do trabalho que move os 38 cérebros ligados ao Pain Research Group do DBE. Só em 2010, saíram dali mais de 15 artigos científicos relacionados com a investigação em dor, fruto de um investimento de mais de 600 mil euros. “A nossa ideia é que, para abordar o problema da dor crónica, temos de construir um puzzle e só entrecruzando as peças do puzzle é que chegaremos a respostas que permitam transferir o conhecimento para o lado clínico”, diz Deolinda Lima, diretora do departamento. Nos corredores da FMUP e do IBMC há hoje quem esteja a perceber como é que a dor e a depressão se relacionam, recorrendo à biologia molecular. Em curso estão também estudos em torno do desenvolvimento embrionário do sistema doloroso. Mais recentemente, outra peça do puzzle deu origem aos primeiros estudos epidemiológicos sobre a dor crónica em Portugal. “É um levantamento que está ainda muito mal feito”, alerta Deolinda Lima. Não é caso único. “Como toda a investigação em neurociências, estamos longe de saber como é que as coisas acontecem em dor”. A complexidade do cérebro humano e as “múltiplas expressões” da dor servem de justificação mas não são os únicos obstáculos no caminho dos cientistas da U.Porto. “Em modelos animais reproduzimos as várias facetas da dor mas nenhum reproduz o humano a 100%”, lança Isabel Martins, para Deolinda Lima completar: “As pessoas, mesmo os profissionais, têm a tendência para encarar a dor crónica como um castigo ou uma redenção, e não como algo que é preciso tratar”. Facto. Apenas 1% dos doentes com dor crónica são seguidos em Unidades de Dor. Facto. O cenário está a mudar.

A equipa de Vasco Galhardo (à esq.)

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como a medula espinhal em que ela diminui a dor, noutras contribui para que haja mais dor”. Recorrendo à terapia génica, a equipa da FMUP conseguiu “enganar” o cérebro ao “manipular geneticamente a libertação da noradrenalina sem interferir com o resto do sistema de controlo da dor”, feito que, diz Isabel Martins, “pode indicar o caminho para tratar um tipo de dor muito difícil” e que [facto] afeta 10% da população portuguesa.

O projeto não passa por enquanto de uma folha de papel multicolorida mas, dentro de três anos, Deolinda Lima quer transformar o Centro Pluridisciplinar de Investigação em Dor (CPID-UP) na maior estrutura dedicada à investigação em dor em Portugal. “Na região norte temos capacidade para ligar toda a investigação básica que fazemos à estrutura clínica e industrial. Mas essa ligação só é feita se apostarmos na investigação em frentes que nos permitam dar o salto qualitativo nas várias peças do puzzle”, lança a investigadora. É para dar esse salto que o CPID-UP vai “estender”, a partir de 2012, o trabalho desenvolvido pelo Pain Research Group do DBE a outras estruturas da FMUP, bem como a grupos do IBMC, INEB e IPATIMUP que fazem investigação em dor. A ligação à indústria farmacêutica e a estruturas de assistência dedicadas à dor completa a missão de uma superestrutura que, para Vasco Galhardo, vai permitir “coordenar toda a investigação básica com a aplicação cada vez maior em humanos”.


EM FOCO

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TIAGO REIS

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o Anfiteatro Prof. Nuno Grande do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) há um ponto em que a acústica é perfeita. Tão perfeita que o “fenómeno” já atraiu a curiosidade de engenheiros e arquitetos. “É matemática pura”, sentencia João Carvalheiro, apontando para o pequeno semicírculo milagroso a partir do qual a sala se ergue numa simetria imaculada. Fala com a autoridade de quem conhece como poucos os cantos da casa aonde chegou em 1976, um ano após a criação do Instituto. Em 35 anos, desafiou o estômago no laboratório de Anatomia, especializou-se em fotografia médica num estúdio improvisado numa casa de banho de 2 m2, fez-se ao mar para trazer colheitas para o laboratório de Biologia e até andou “de secretárias às costas” durante o incêndio que destruiu parte do edifício em 1993. “Nesta casa acho que já fiz de tudo, sempre por amor à camisola”, diz. O mesmo pode dizer Filomena Bernardino. Chegou à Faculdade de Farmácia (FFUP) em 1967 como estudante e não mais saiu. Conheceu vários laboratórios como monitora e técnica experimentadora, passou pela biblioteca, até chegar à coordenação do Gabinete de Apoio ao Conselho Diretivo, onde continua a sentir o “ótimo ambiente que sempre existiu na Faculdade”. Mesmo quando viu ruir e renascer o edifício após o incêndio de 1975, “o episódio mais triste” que diz ter vivido em 44 anos. O que têm João e Filomena em comum? A partir de Janeiro de 2012, serão duas das estórias que vão cruzar-se nos corredores do novo

edifício do ICBAS e da FFUP, o mais arrojado dos projetos que se preparam para reforçar o edificado da U.Porto e um dos mais inovadores na história do ensino em Portugal. Comece-se por retirar 250 mil m3 de terra. Juntese 26 mil de betão, 2.400 toneladas de aço, 53 mil m2 de parede edificada, 100 quilómetros de cabos elétricos e doses industriais de tinta branca. Misture-se tudo numa área de mais de 35 mil m2, acrescente-se uma vista “de postal” para o rio Douro e para o Palácio de Cristal e fica-se com uma ideia do que as faculdades vão encontrar no moderno complexo que está a nascer nas traseiras do antigo edifício da Reitoria da U.Porto, na Rua D. Manuel II. “As pessoas sonharam com isto durante tanto tempo que ainda não acreditam que é verdade. Está tudo meio anestesiado”, revela António Sousa Pereira, diretor do ICBAS. Esperou mais de dez anos e quase 40 milhões de euros para diagnosticar o que o Governo e a Universidade perspetivaram pela primeira vez em dezembro de 2001, quando assinaram o “Programa para o Desenvolvimento do Ensino de Medicina em Portugal”, e que começaria a ganhar forma em 2008. Para o instituto, a espera foi ainda maior. “Nós nunca tivemos um edifício próprio, pelo que isto representa a ambição de termos uma casa com condições apropriadas ao desenvolvimento da nossa missão”. Da falta de salas e dos laboratórios “sem condições de segurança” no edifício histórico no Largo Abel Salazar para as “salas e

FOTOS: EGÍDIO SANTOS

No início de 2012, o ICBAS e a Faculdade de Farmácia vão inovar o ensino em Portugal quando passarem a partilhar casa nova com vista para o Douro. Na Asprela, um novo edifício vai reforçar a Faculdade de Medicina. Ali ao lado, o UPTEC, a FEUP e o INESC/Porto alargam-se no espaço e nas ambições. E os planos não se ficam por aí. Na viragem do primeiro Centenário da U.Porto, traçamos o mapa da Universidade para o futuro.


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EM FOCO

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01 02 Novo complexo FFUP/ICBAS

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Projeto do complexo FFUP/ICBAS

02 Novo complexo da FMUP 03 Centro de Incubação do UPTEC vai acolher 57 empresas de base tecnológica

03 Novo complexo FFUP/ICBAS 04 Projeto do novo complexo da FMUP

04 Novo complexo FFUP/ICBAS

05 Anfiteatro no complexo FFUP/ICBAS

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laboratórios multifuncionais” do novo complexo projetado por José Manuel Soares, “tudo vai mudar” na vida do ICBAS, na visão do diretor. No ensino, “vamos poder diversificar a oferta formativa na área das Ciências da Saúde”. Já ao nível da investigação, o acesso a “laboratórios de qualidade” será complementado com “o regresso de quadros do instituto que estão dispersos por vários pontos da cidade por falta de espaço”. Outra aposta incide nos serviços prestados à comunidade, que incluem uma clínica veterinária e um serviço de exames laboratoriais. “Queremos que sejam serviços de referência”, ambiciona Sousa Pereira. De ideias e “grande expetativa” se vive também por estes dias na Rua Aníbal Cunha, (ainda) morada da mais antiga faculdade de Farmácia portuguesa. “Sempre fomos uma instituição de referência no ensino farmacêutico. Acontece que estávamos a ficar estrangulados pela falta de espaço e de condições. As aulas teóricas já eram todas na Faculdade de Direito, pelo que era urgente um novo edifício para podermos crescer”, lança o vice-diretor José Fernandes, numa visita ao edifício que marca a “nova vida” da FFUP. “Estamos no top da produtividade científica na U.Porto mas começava a ser difícil manter o ritmo. Nesse aspeto teremos maior capacidade de resposta. Por outro lado, podemos avançar para a criação de novos ciclos de estudos e atrair mais estudantes estrangeiros. No fundo, vamos modernizar-nos”, traça o responsável. As palavras fundem-se nos quatro edifícios (três construídos de raiz e o da antiga Reitoria, totalmente requalificado) que vão receber os mais de 4.000 estudantes e quase 400 docentes, investigadores e funcionários do ICBAS e da FFUP.

Com eles inicia-se uma das mais inovadoras experiências de colaboração geradas no seio da U.Porto. Apesar de cada escola ocupar espaços próprios, “há serviços partilhados que terão uma gestão comum”, explica José Fernandes sobre um processo que abrange equipamentos, serviços de informática, a biblioteca, o salão nobre, um foyer, uma cantina e um bar. Mas a partilha vai mais longe no jogo de polígonos e pontes suspensas que traçam a geometria do edifício. “Todas as instalações estão interligadas. Ou seja, as pessoas, queiram ou não, vão passar a conviver no mesmo espaço, o que pode potenciar colaborações interessantes”, refere António Sousa Pereira, “convencido de que, daqui a alguns anos, não existirá o ICBAS nem Farmácia. Existirá o ICBAS/Farmácia, sem prejuízo para as autonomias”. Do lado da FFUP, José Fernandes mostra abertura “a tudo o que significar aumentar as sinergias, mas preservando a diversidade e a identidade das escolas”. Outra inovação do complexo passa pela forte ligação ao Centro Hospitalar do Porto (que engloba o HSA – Hospital de Santo António, o Centro de Ambulatório e o Centro Materno-Infantil do Norte), terceiro vértice do que se pretende vir a ser um polo de excelência de Ciências da Vida e da Saúde. Em termos físicos, a parceria envolveu a construção de parte do edifício em terrenos (do antigo CICAP) do HSA. No lugar do que é hoje uma parede vai ainda nascer o acesso a instalações do hospital. “Tudo foi concebido para assentar numa articulação estreita entre as faculdades e o Centro Hospitalar”, confirma António Sousa Pereira. Para o ICBAS, significará o reforço de uma ligação “nuclear” ao HSA, que permitirá


Que futuro para os edifícios históricos? Falou-se num museu, avançou-se um centro de congressos, decretou-se a venda mas, afinal, o futuro da ainda casa do ICBAS deverá passar pelo... ICBAS. Aproveitando a proximidade ao Hospital Santo António, o instituto vai continuar a ocupar a parte clássica do edifício (entrada pelo Largo Abel Salazar), onde serão mantidos auditórios para o apoio ao ensino clínico, um centro de simulação e 01

um centro de cirurgia ex-

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perimental. “É um edifício ligado a toda a história do ensino da Medicina no Porto. Dar-lhe outra utilidade seria desvirtuar a sua natureza”, defende António Sousa Pereira sobre o edifício inaugurado em 1935 sobre as fundações da Escola MédicoCirúrgica do Porto (1883) e que foi casa da FMUP até 1950. Uma história que passará a ser partilhada por um novo inquilino: “Parte do edifício deve ser

Um “passo em frente” para Medicina O entusiasmo vivido no centro da cidade é plasmado alguns quilómetros a norte, em pleno coração do polo da Asprela. É ali que, nas traseiras do Hospital de São João e de olhos nos olhos com a Faculdade de Desporto, estão prestes a inaugurar os três edifícios que compõem o novo complexo da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP). Por ele também se esperaram “dez anos de idas e vindas a Lisboa. Até à assinatura do compromisso de financiamento por parte do Ministério, houve sempre razões para duvidarmos”, recorda o diretor da FMUP, Agostinho Marques. Três anos após o arranque das obras, com ele começa também uma nova era para a escola. “O nosso edifício foi inaugurado há 50 anos e na altura correspondia às exigências do curso de Medicina e à investigação que se fazia. Mas a faculdade cresceu e isso fez-se à custa de um aproveitamento de espaço que exigiu ocupar corredores, vãos de escada e casas de banho para laboratórios. Com a ampliação, vamos dar um passo em frente em

aproveitada para a instalação do Centro de Recursos Comuns da U.Porto”, diz António Cardoso. Já o edifício da FFUP (fundado em 1937) enquadra-se, segundo o vice-reitor, num “conjunto de instalações que já não têm uma missão a desempenhar, dada a evolução do edificado da Universidade”. A Reitoria deve assim avançar para a alienação, solução que satisfaz parcialmente a direção da escola. “Temos lá 90 anos de história e seria triste que o edifício fosse demolido. Deve ser preservado, idealmente no seio da Universidade. Mas se vier a ser um hotel de charme, ótimo”, conclui José Fernandes.

termos de condições de trabalho e de estudo”, antecipa o responsável. Orçada em mais de 23 milhões de euros, a obra imaginada pelo arquiteto Manuel Gonçalves tem como ponto agregador um edifício central onde não faltam salas convertíveis, uma biblioteca com mais de 1.000 m2, um átrio para eventos e um auditório com capacidade para mais de 300 pessoas. O destaque centra-se, contudo, nos dois edifícios vocacionados para o apoio a atividades de investigação, cujos dez andares vão acolher alguns dos mais produtivos cientistas nacionais. “Já somos líderes na produção científica mas não queremos só artigos publicados. Precisamos de elevar a atividade científica clínica e de translação, intensificando o intercâmbio entre a investigação básica e a clínica”, ressalva Agostinho Marques. Para isso, a FMUP também espera potenciar a “relação umbilical” com o Hospital de São João, ao qual o novo complexo está ligado por um túnel. Com as novas estruturas, Medicina chuta para o passado as aulas repetidas por falta de espaço para todos os estudantes, o aluguer de salas em dia de exames, entre outros obstáculos vividos pela faculdade nos últimos anos. “Temos um bom curso mas agora podemos fazer melhor”, lança o líder da FMUP, apontando como meta o reforço “considerável” da oferta de pós-graduações. A ampliação da faculdade implicará ainda o reordenamento do atual edifício, que será aproveitado para “instalar gabinetes para áreas pedagógicas que não os tinham e fazer crescer serviços de investigação que estão muito apertados”. Contas feitas, Agostinho Marques espera “ficar com uma faculdade à altura da investigação e do

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FMUP: átrio principal, biblioteca e anfiteatro

02 Novo complexo da FMUP, especialmente vocacionado para atividades de I&D

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ao instituto “fazer investigação que seja rapidamente transferida para a cabeceira do doente”. Já na FFUP, a proximidade ao CHP é encarada como uma oportunidade de crescimento. “Já temos investigadores que trabalham com pessoas do hospital mas haverá tendência a aumentar a colaboração”, diz José Fernandes, numa das varandas que vão receber a direção do ICBAS, com vista para os jardins do Palácio de Cristal. No tiki taka entre as duas escolas, é a FFUP a última a rir. “Eles podem ter mais algum espaço mas nós vamos ficar com a vista para o Douro”. Em breve, poderá dizê-lo na cara.


EM FOCO

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ensino que se faz a nível internacional”. Mesmo quando a crise bate à porta: “Este é o pior momento possível, mas se a situação económica é dramática, ao nível da vitalidade da faculdade, o momento é ótimo”, remata.

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A “Terceira Missão” Se a conclusão dos edifícios do ICBAS, da FFUP e da FMUP coloca praticamente um fim ao processo de modernização das faculdades da U.Porto [“a exceção é a situação da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação – a funcionar em instalações da FEUP – que, com o fim destas obras, contamos resolver a curto prazo”, aponta António Cardoso, vice-reitor para o Património Edificado], não se esgota nas escolas a dinâmica de crescimento evidenciada pela Universidade, reflexo no espaço do desenvolvimento da instituição nos últimos anos. Numa era em que as fronteiras do conhecimento se esbatem, a produção de mais-valias para o exterior assume mais do que nunca um cariz estratégico na vida da U.Porto. “Isto tem a ver com a terceira missão da Universidade, que passa pelo envolvimento das relações com a comunidade, através da transferência de conhecimento para a sociedade”, traduz António Cardoso. É esse o caminho que, permanecendo no Polo da Asprela, encontra paradigma nas sete empresas que já habitam o novo Centro de Incubação de Base Tecnológica do Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto (UPTEC), situado junto à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Ainda por inaugurar, o moderno edifício de seis andares constitui a “primeira vida” de um complexo com mais de 24 mil m2 (15 mil de área

Instalações do novo complexo da FMUP (2 primeiras imagens) e salas e laboratórios multifuncionais do novo complexo FFUP/ ICBAS

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construída), que combinará a incubação de 57 empresas de base tecnológica e os serviços centrais do UPTEC. Concluído o primeiro edifício, a segunda fase – Edifício Central – arrancará no início de 2012 e deve estar pronta no primeiro trimestre de 2013. A “resposta muito positiva das empresas” pode conduzir, entretanto, a novas metas. “Ainda que com os dois edifícios se atinja uma exploração equilibrada do Parque, há sondagens que apontam no sentido de que uma terceira fase venha a ser necessária”, sublinha José Novais Barbosa, presidente do UPTEC. Até porque “é opinião generalizada dos responsáveis pelas empresas que a instalação de estruturas de I&D+I na vizinhança das faculdades e centros de investigação da U.Porto é uma mais-valia para o desenvolvimento de ideias e de novos produtos”, justifica. O Centro de Incubação é, de resto, apenas uma das vertentes da expansão que o berço empresarial da U.Porto se prepara para conhecer, cinco anos após a sua criação. Com uma “carteira de clientes” que conta mais de 100 empresas voltadas para a tecnologia, criatividade e inovação, o UPTEC será reforçado, já em janeiro de 2012, com o Centro de Inovação da Asprela, a nascer junto à Faculdade de Engenharia. Trata-se de uma estrutura inovadora que vai incubar projetos desenvolvidos por investigadores da U.Porto, em parceria com empresas como a CIN, a EFACEC e a Sonae Indústria. Até 2013 está também prevista a conclusão dos espaços do Polo das Indústrias Criativas (ver UPorto Alumni n0 11) e a instalação da incubadora do Polo do Mar em Leça da Palmeira, num conjunto de investimentos que ultrapassa os 23 milhões de euros.


Unir esforços nas Ciências da Saúde

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ponsável acredita que a “experiência muito boa” vivida pelo ICBAS e pela FFUP pode ser exemplo na Universidade: “Podemos avançar na missão das faculdades, potenciando uma melhor colaboração ao nível do ensino e da investigação”. Mais de dez anos e 60 milhões de euros de investimento depois, o desafio colhe adeptos entre as “novas” faculdades. “Cada vez mais teremos de criar parcerias dentro e fora da Universidade que permitam diversificar a oferta formativa ao nível da pósgraduação, tornando-a mais atrativa nacional e internacionalmente. Sempre fomos muito travados nisto pela falta de instalações”, avança António Sousa Pereira, pelo ICBAS. Já Agostinho Marques destaca as “muitas parcerias que existem e que podem ser

Asprela: o futuro (também) passa por aqui Se se distribuísse todo o edificado da U.Porto num plano raso, o resultado seria o equivalente a cerca de 500.000 m2 – qualquer coisa como 100 campos de futebol e mais de dez vezes a área em superfície da cidade do Porto – dedicados ao ensino de vanguarda, à investigação de ponta e à inovação ao serviço da comunidade. Ainda há espaço para crescer? “Estamos a chegar ao fim das nossas construções”, assume António Cardoso. Mas ainda “há coisas a fazer”. Num olhar sobre o futuro, as atenções focam-se na Asprela, polo que concentra sete faculdades (Economia, Engenharia, Ciências da Nutrição e da Alimentação, Medicina, Desporto, Psicologia e Ciências da Educação e Medicina Dentária) e mais de metade dos estudantes da Universidade. “Já temos os edifícios, agora é crítico investir nas relações físicas entre as faculdades e os centros de investigação, de forma a possibilitar uma melhor colaboração”, diz António Cardoso. Em curso está já um projeto que visa renovar o espaço urbano/ambiental entre a FEUP e a FEP. A proximidade do novo edifício da FMUP à FEUP, à FEP e à FADEUP motiva por sua vez o desejo da Reitoria de “criar um elemento agregador, uma praça ou uma alameda que dê um sinal significativo de que a Universidade está ali”. As resoluções para 2012 trazem, entretanto, outras novidades para o Polo II. Nas infraestruturas voltadas para a investigação, o ano começa ao ritmo das obras do edifício que vai acolher a Unidade de Sistemas de Energia do INESC/Porto e quatro unidades de investigação da FEUP dedicadas à área da Energia. Voltada para a investigação em áreas como a sustentabilidade e as energias

reforçadas a partir de agora”. E vai mais longe. “Eu sou dos que pensam que não deveríamos ser unidades distintas mas caminhar para uma escola de Ciências da Saúde que rentabilizasse serviços que, nalguns casos, se repetem. Olhando para trás, dir-se-ia até que tinha sido mais inteligente reunir os novos edifícios num só”, desafia o diretor da FMUP, apelando à “abertura para a mudança”. José Fernandes torce o nariz. “A estrutura da U.Porto não é departamental e há limitações em termos físicos. Por outro lado, não sei se é preferível fazer um grupo de investigação numa área, ou ter vários grupos a competir entre si, potenciando mais criatividade”. Uma coisa é certa: “Com mais espaço e mantendo as pessoas, a tendência será para colaborar mais e melhor”.

renováveis, a infraestrutura – situada entre os edifícios do INESC/Porto e do INEGI – alojará cerca de 150 investigadores já a partir de maio. Prioritário em 2012 será também o avanço das futuras instalações do I3S, o “super centro” de investigação que concentrará as atividades do Ipatimup, IBMC e INEB nas imediações do primeiro. “Já garantimos o financiamento do FEDER e deveremos avançar em breve”, projeta o vice-reitor. A criação de espaços para a comunidade académica é outra das apostas no horizonte da U.Porto, merecendo a área desportiva uma atenção especial. Logo nos primeiros meses de 2012 será inaugurado um pavilhão gimnodesportivo junto à cantina de Engenharia, que servirá a prática de várias modalidades. Saindo da Asprela, o novo ano pode ainda trazer novidades sobre o Estádio Universitário, situado no Campo Alegre. De acordo com António Cardoso, pode estar iminente o acordo com o CDUP que permita que o estádio “volte às mãos da Reitoria”, o que conduziria à “renovação das instalações” e à criação de “boas condições para a prática desportiva na Universidade”. Se tudo correr bem, o melhor será reservar um “camarote” na varanda da vizinha e renovada Casa Andresen, no Jardim Botânico do Porto. No espaço que acolheu o arranque das comemorações do Centenário da U.Porto cumprese também a futura Galeria da Biodiversidade, a estrutura que, juntamente com o Edifício Histórico da Reitoria, deverá concentrar os projetos da Universidade na área dos museus.

01 04 Centro de Incubação de Base Tecnológica do UPTEC 02 03 Novo edifício do INESC/ Porto e FEUP, para 150 investigadores da área da energia

Projeto do Centro de Inovação do UPTEC

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Na última década, a FFUP, a FMUP e o ICBAS foram responsáveis por quase metade da produção científica da U.Porto. Em 2011, os cursos de Medicina e de Ciências Farmacêuticas das três faculdades estiveram no top dos mais procurados no Concurso de Acesso ao Ensino Superior, registando ainda as mais altas médias de acesso nas respetivas áreas. Para António Cardoso, o futuro pode reservar ainda mais. “Acredito que os novos edifícios vão ter um papel decisivo no desenvolvimento das escolas, dotando-as de um potencial de que, apesar de tudo, não dispõem atualmente”, projeta o vice-reitor da U.Porto. Admitindo que a área das Ciências da Saúde “ficou um pouco para trás nos últimos anos” no que a infraestruturas diz respeito, o res-


CULTURA

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Não só a filosofia, mas também as belas artes propõem-se, no fundo, a solucionar o problema da existência

A N A B E L A SA N TOS

Schopenhauer

“Cinco Séculos de Desenho na Coleção da Faculdade de Belas Artes da U.Porto”. Esta será a maior e mais valiosa coleção de desenho alguma vez reunida por uma Escola portuguesa. A partir de fevereiro de 2012, cerca de 250 peças vão ser expostas em salas do Museu Nacional Soares dos Reis, do Museu e Galerias da Faculdade de Belas Artes e do Edifício da Reitoria da U.Porto. A proposta é tão ambiciosa quanto simples: dar a conhecer, através do desenho, toda a História do pensamento.

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Francisco Laranjo

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magine um traço que inicia o seu percurso em Florença, pela mão de Leonardo da Vinci, no século XV do Renascimento, atravessa vários países, todas as fases do conhecimento, até chegar ao Porto, ao contemporâneo gesto de Álvaro Lapa (um dos 150 artistas que doaram obras à FBAUP – Faculdade da Belas Artes da U.Porto). Que imagética poderá resultar daqui e com que perceção da História da humanidade podemos emergir desta experiência? Que ruturas, contaminações entre tendências, extrações, intertextualidades se podem extrair? Quanto ao ensino académico, apenas uma promessa: a da não estabilidade. A ideia começou a ganhar forma no pensamento de Francisco Laranjo quando Valente de Oliveira, que preside à Comissão de Comemorações do Centenário da U.Porto, lhe lançou o desafio. A FBAUP iria desenvolver uma iniciativa para se juntar à lista de eventos que têm vindo a assinalar os cem anos da Universidade. O diretor da Faculdade pediu algum tempo para pensar. Era preciso olhar para a história da Escola, que se confunde com a História do ensino da arte em Portugal. Com a tenacidade de uma clarividência surgiu-lhe aquela que é a “disciplina nuclear desde sempre”, conta Francisco Laranjo. A mesma que “atravessou todos os cursos desde a origem: a Aula de Desenho e Debuxo”. Criada em 1780, esta aula nasceu para dar algum apoio às indústrias da cidade. Foi só em 1802 que o pintor Vieira Portuense lhe atribui a designação de Academia, com recurso a estudos teóricos e exemplos artísticos. As aulas de Pintura, Escultura, Arquitetura e um curso preparatório de Desenho surgiriam em 1836, com a já designada Academia Portuense de Belas Artes. No século XIX, a Academia dá origem à Escola Portuense de Belas Artes e, a partir de 1950, ascende a Escola Superior de Belas Artes, com oficinas de cerâmica, vitral, tapeçaria, gravura, pedra, etc. São anos de reconhecido prestígio pedagógico e artístico. Na sua história mais recente, Arquitetura ganha autonomia em 1979, dando origem à Faculdade

de Arquitetura da U.Porto (FAUP). Em 1994, a Escola Superior de Belas Artes do Porto passa a fazer parte da U.Porto e a designar-se por Faculdade de Belas Artes. A exposição dos “Cinco Séculos de Desenho na Coleção da Faculdade de Belas Artes da U.Porto” será dividida em três núcleos. O primeiro é dedicado aos desenhos italianos dos séculos XVI e XVII, incluindo um de Leonardo da Vinci e outros de nomes como Cesare Nebbia, Ludovico Carracci ou Polidoro da Caravaggio. Tem por comissário Eduardo Batarda, antigo professor da Escola de Belas Artes do Porto, que juntamente com Mário Bismarck ficou responsável pela apresentação dos mestres antigos. A Mário Bismarck coube ainda o comissariado do segundo núcleo, que abrange os desenhos da Academia, séculos XVIII e XIX, com trabalhos de Acácio Lino, Domingos António de Sequeira, Francisco Vieira Portuense ou Henrique Pousão, entre outros. Conta com o apoio de Vitor Silva, antigo estudante da FBAUP e atual docente da FAUP. Numa das salas da FBAUP, Mário Bismarck elaborou uma espécie de atlas, a partir de um grande placard onde foi fixando exemplares dos desenhos que vão definir o traço do ensino do desenho. Uma convicção persiste em bussolar este roteiro: “Destruir o estereótipo do desenho académico”, explica Mário Bismarck. As obras selecionadas vão denunciar “tensões e confrontos”. Há crispações para detetar, “muitas guerras e paradigmas que se alteraram”, daí a inclinação ser para a “não estabilidade do ensino”. O seu olhar demora-se nas dobras onde o tempo operou ruturas na inclinação seguida até então. “Há alterações da tipologia construtiva da imagem”, que começa com um registo próximo da idealização passando para “outro tipo de imagem que podemos aproximar da oticidade da fotografia”. Ou seja, “desde os desenhos mais classicizantes do início da Academia” até aos “mais naturalistas do final”, acompanharemos a História do Desenho, com as correspondentes “intromissões e diferentes modos de resolver o particular da imagem”. A primeira parte fará a ponte entre Vieira Portuense e a parte final da Academia, já no início do século XX, com a Sofia de Souza (irmã da Aurélia de Souza), depois articulam-se diferentes núcleos, alguns relacionados com questões técnicas (tipos de material, suportes ou composições), outros com pontos mais singulares da Academia (o caso das composições: há núcleos em que a in-


Henrique Pous達o, Nu Feminino


dividualidade, a presença única do modelo, desaparece para passar a ser integrada dentro de composições). Graças ao espólio da Faculdade, Mário Bismarck sublinha o percurso de aprendizagem cabalmente documentado de Henrique Pousão: “É sempre um paradigma excecional quando se quer mostrar um processo de aprendizagem sedimentado na Academia”. O desenho como disciplina estrutural do pensamento Recorrendo ao pensamento de Sigmund Freud, Theo Van Leeuwen refere, no seu The Language of Colour, an Introduction, que o prazer não existe num vácuo. Nunca está separado da representação, pelo contrário, está sempre associado a representações mentais do mundo (2011: 10). Francisco Laranjo amplia esta imagem ao defender o Desenho como “a disciplina através da qual podemos ver toda a História do pensamento e da humanidade”. Da mesma forma que a formação artística tornaria o ser humano “mais atento à perceção do mundo e com uma eficácia quase sem perdas”. É essa grandeza e essa dimensão do pensamento que esta exposição projeta. Pensemos num desenho de Leonardo da Vinci. O que representa em termos de progresso da humanidade? “Não são necessários grandes meios para mostrar a qualidade de um pensamento”, conclui o diretor da FBAUP. “Basta um lápis, uma folha e o desenho surge como disciplina estrutural do pensamento do homem”. A proposta passará por dar a ver, “em simples registos, a história de um pensamento cósmico”. E isto porque “podemos ver o mundo num desenho do Leonardo, como num desenho do Lanhas, 500 anos mais tarde”. E porque os grandes artistas são grandes desenhadores, Francisco Laranjo considera o desenho o pensamento, a caligrafia e, em simultâneo, a grande franqueza e simplicidade do artista. “É o modo de enunciar a organização do espaço numa superfície, de encontrar a emoção no percurso de uma linha e do cruzamento dessas linhas na reorganização do espaço e do entendimento do momento”. Por ser o “lado mais despojado do pensamento”, há quem receie a exposição. “Expor um desenho, sem artifícios, é um ato de coragem, de nudez total. Estou aqui. Sou assim. Isto é o que eu sei e o que não sei. Expomos o que não sabemos”. É “um ato de fé e de entrega no outro e em si próprio”. A franqueza e a simplicidade

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Desenho de Leonardo da Vinci Não há certezas quanto ao percurso que o trouxe até ao Porto. Pode ter vindo pela mão de bolseiros, como pode ter sido comprado num mercado de antiquários, em Lisboa, e ter dado entrada no núcleo de desenhos do Porto graças à generosidade de um mecenas colecionador, o certo é que, de acordo com o nº 2 da Revista Apontamentos, de 1998, A rapariga lavando os pés a uma criança terá sido exposto pela primeira vez em 1962, integrado numa exposição de desenhos italianos, na ESBAP. Foi, erradamente, atribuído a Raffaellino da Reggio. Através de um artigo publicado em 1978, Philip Pouncey foi o primeiro a atribuir a autoria do quadro a Leonardo da Vinci. Em 1985 foi novamente exposto, no âmbito de uma exposição de homenagem a Philip Pouncey, no Fitzwilliam Museum. Em 1997 o desenho participou numa exposição itinerante (Leonardo da Vinci. Scientist, Inventor, Artist), na altura em que esteve patente no Museum of Science, em Boston. Em 1998 foi peça central da exposição “Leonardo e la pulzella de Camaiore”, em Itália. No seu artigo, Philip Pouncey atribui à “bem humorada e pouco lisonjeira representação de um traseiro de um bebé” a data de 1480. O especialista considera que, “apesar de toda a sua obsessão com as aparências da natureza, raramente Leonardo nos terá dado uma cena doméstica tão tocante como este encantador estudo de mulher que lava o seu filho”.

conferem ao desenho o estatuto de genuinidade do pensamento, mas o Desenho também revela uma faceta inquietante e interventiva perante o mundo. “Essa reflexão é uma proposta. Um desenho é uma intervenção. Esse lado é tão fascinante quanto aparentemente frágil”. A generosidade artística musculou a vontade de superação Sendo a base da formação de pintores, escultores, arquitetos, designers e criadores de todas as áreas que a criação contemporânea reclama, foi no desenho que recaiu a aposta do diretor da FBAUP, que também sabia contar, logo à partida, com um tesouro: o desenho de Leonardo da Vinci “é a nossa preciosidade como marco da História de Arte”. Mas havia uma convicção que o desassossegava: a história de uma Escola não se reduz a uma memória de arquivo, nem a um passado, por muito valioso que este seja. O passado só por si “é uma memória doentia e nada construtiva, porque é o presente que pode vir a justificar e a conferir legitimidade ao passado”. No fundo, pretendia validar a fertilidade do pensamento antigo, conferindo-lhe uma descendência, uma produtividade e a efervescência do agora. Considerar que “não se faz o futuro sem o testemunho de hoje” foi a linha de raciocínio que levou Francisco Laranjo a procurar um modo de “atar um fio condutor para um futuro”. Analisando as provas públicas que existiam (e que ficam em depósito na coleção da Faculdade), percebeu que a capacidade de contar a História do Desenho tinha terminado na primeira metade do século XX. Consciente de que, “se não houver uma criação contemporânea, o passado deixa de fazer sentido”, empenhou-se em resgatar o trabalho de criadores de referência e herdeiros dos ensinamentos da Faculdade. Para que o sublime não fosse apenas nostalgia, aventurou-se no gesto de recolher. Decidiu pedir doações. “Não tinha outro modo de o fazer”. Restava-lhe esperar que houvesse “uma boa compreensão”. Esta exposição será um testemunho da generosidade dos autores contemporâneos para com a U.Porto. Uma coleção que já era valiosa assumirá um fulgor e dimensão capazes de contar a História de uma disciplina estrutural para a humanidade ao longo dos últimos cinco séculos, fortalecer a identidade da Escola e beneficiar o país. Cento e cinquenta artistas foram contactados.


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néres, entre tantos, tantos outros. Mais de 150 obras foram doadas à FBAUP, passando a fazer parte do espólio da Universidade e, assim, do país. Um ato de generosidade que tornará esta a maior e mais valiosa coleção de desenho de todas as escolas de arte a nível nacional. Muitos destes artistas formaram-se na Escola do Porto, de onde saiu grande parte dos docentes do ensino artístico em Portugal. Outros foram cá professores. Estar em comunhão com estas obras é ser testemunha dos muitos desassossegos que confluíram para uma espécie de paz que se diz existir para além do entendimento. A sensação de entrar na sala onde eles se reúnem assemelha-se à de Ruy Belo quando falava de um lugar onde “pássaros nascem na ponta das árvores”. A História da Arte em Portugal passa por aqui, esta exposição comprova-o e, de resto, ressalva Francisco Laranjo: “O Leonardo (da Vinci) não foi nosso aluno porque não viveu cá. Na altura não era Bolonha… era Florença”.

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Júlio Resende, Retalhos da vida de um médico

02 Pedro calapez, Parde #2 03 Justino Alves, Composição 04 Acácio Lino, Nu Masculino 05 Fernando Lanhas, Largo dos Grilos - Porto

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Todos corresponderam. Há uma coleção de arte contemporânea que está a ser construída, “estamos a tentar criar um fio condutor que dê uma escala e dimensão para o futuro”. A esta abrangência irá corresponder um espólio que servirá para ações de intercâmbio com outras escolas e galerias. “Assim podemos enviar os autores da Escola do Porto e receber artistas de outras universidades e outras galerias”. Para além de comissário da exposição, Francisco Laranjo também assumiu a responsabilidade pelo terceiro núcleo expositivo que, em colaboração com as professoras da FBAUP Fátima Lambert, Laura Castro e Ana Paula Machado, se encarregou dos desenhos modernos e contemporâneos, dos séculos XX e XXI, um espólio do qual fazem parte trabalhos de Albuquerque Mendes, Júlio Resende, Fernando Lanhas, Siza Vieira, António Quadros Ferreira, Alcino Soutinho, Francisco Laranjo, Pedro Calapez, Nadir Afonso, Jorge Pinheiro, Justino Alves, Cláudia Ulisses, Clara Me-


FORMAÇÃO

NÃO CONFERENTE DE GRAU – PÓS-GRADUADA E CONTÍNUA

FORMAÇÃO NÃO CONFERENTE DE GRAU – PÓS-GRADUADA E CONTÍNUA­– DA UNIVERSIDADE DO PORTO COM CANDIDATURAS ENTRE JANEIRO E ABRIL DE 2012

Atenção A presente lista não dispensa a consulta do site do Catálogo de Formação Contínua da U.Porto 2011, em http:// formacaocontinua.up.pt, bem como as páginas das unidades orgânicas/ escolas responsáveis pela organização desta oferta. Poderá ainda consultar a listagem das Unidades Curriculares Singulares constantes dos planos de estudos dos cursos e ciclos de estudos das várias unidades orgânicas, em www.up.pt – estudar na U.Porto – Documentos – Unidades Curriculares Singulares.

Faculdade de Belas Artes (FBAUP)

Av. Rodrigues de Freitas, 265 • 4049-021 Porto • Tlf: +351 225 192 400 • Fax: +351 225 367 036 • www.fba.up.pt Formação Contínua Aplicação de Ferramentas Digitais na Criação Plástica Tridimensional Duração: 30 horas • Calendário: 8 de fevereiro a 11 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 31 de janeiro de 2012 • Vagas: 15 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 225 192 411/16 / formcontinua@ fba.up.pt • Propina: 166,80 € (FBAUP/ U.Porto); 196,80 € (Público Geral) Meios e Processos Tradicionais da Escultura na Contemporaneidade Duração: 27 horas • Calendário: 4 de abril a 6 de junho de 2012 • Candidaturas: Até 26 de março de 2012 • Vagas: s/ limites Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 225 192 411/16 / formcontinua@ fba.up.pt • Propina: 126,80 € (FBAUP/ U.Porto); 161,80 € (Público Geral) Práticas Profissionais para Criativos Duração: 16 horas • Calendário: 19 a 23 de março de 2012 • Candidaturas: Até 12 de março de 2012 • Vagas: 15 • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: +351 225 192 411/16 / formcontinua@fba.up.pt Propina: 91,80 € (FBAUP/ U.Porto); 106,80 € (Público Geral)

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Formação Contínua Cosmologia - História e Conceitos Duração: 25 horas • Calendário: Início em fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até atingir o limite máximo de inscrições •

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Interpretação de Análises Microbiológicas Duração: 3 horas • Calendário: 13 janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 6 janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt Propina: 30 € (desconto para Comunidade U.Porto)

Plataformas e Experiências de E-learning em Química Duração: 25 horas • Calendário: 9 janeiro a 3 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até atingir o limite máximo de inscrições Vagas: 250 • Créditos: 1 UC (CCPFC) Mais informações: +351 220 402 082 / formacao.continua@fc.up.pt • Propina: 100 €

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação (FCNAUP) Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto Tlf: +351 225 074 320 • Fax: + 351 225 074 329 • www.fcna.up.pt Formação Contínua Alergias Alimentares Duração: 1,5 horas • Calendário: 16 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 15 € (desconto para Comunidade U.Porto) Atividade e Exercício Físico na Nutrição Clínica Duração: 3,5 horas • Calendário: Janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna. up.pt • Propina: 35 € (desconto para Comunidade U.Porto) Comportamento Alimentar na Obesidade Duração: 3 horas • Calendário: 28 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 31 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@ fcna.up.pt • Propina: 30 € (desconto para Comunidade U.Porto) Doenças Metabólicas Duração: 3 horas • Calendário: 3 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 30 € (desconto para Comunidade U.Porto) Ética em Saúde Duração: 7 horas • Calendário: 2 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 70 € (desconto para Comunidade U.Porto) Gastronomia Molecular Duração: 4 horas • Calendário: Janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 40 € (desconto para Comunidade U.Porto) Interação Fármacos-Nutrientes/Alimentos Duração: 7 horas • Calendário: 27 janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro

Metodologia de Investigação Animal Duração: 6 horas • Calendário: 6 e 13 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@ fcna.up.pt • Propina: 60 € (desconto para Comunidade U.Porto) Nutrição e Doença Renal Duração: 9 horas • Calendário: 16 e 17 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 90 € (desconto para Comunidade U.Porto) Nutrição e Organizações/ Políticas de Saúde Duração: 9 horas • Calendário: 14 e 20 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@ fcna.up.pt • Propina: 90 € (desconto para Comunidade U.Porto) Nutrição e Transplante Reno Pancreático Duração: 3 horas • Calendário: 23 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 30 € (desconto para Comunidade U.Porto) Os Vírus Presentes nos Alimentos Duração: 3 horas Calendário: 6 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 30 € (desconto para Comunidade U.Porto) Perturbações do Comportamento Alimentar Duração: 40,5 horas • Calendário: 13 janeiro a 24 fevereiro de 2012 (pós-laboral) Candidaturas: Até 6 janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 4,5 ECTS • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 300 € (desconto para Comunidade U.Porto) Semiologia Laboratorial e Interpretação de Dados Analíticos em Nutrição Duração: 7 horas • Calendário: 21 janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 8 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna. up.pt • Propina: 70 € (desconto para Comunidade U.Porto)

Curso Livre Culinária Saudável - 24.ª edição Duração: 12 horas • Calendário: 21 de janeiro a 4 de fevereiro de 2012 Candidaturas: Até 12 de janeiro de 2012 Horário: Sábado de manhã • Vagas: 12 • Mais informações: +351 225 074 320 / ceciliamorais@fcna.up.pt • Propina: 140 € (desconto para Comunidade U.Porto)


Faculdade de Engenharia (FEUP)

Formação Contínua A Gestão na Educação Física e no Desporto Escolar. Do Ensino, da Orgânica e do seu Funcionamento ao Estatuto do Professor Duração: 25 horas • Calendário: 2, 3, 9 e 10 de março de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 50 Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 225 074 700 • Propina: 45 €

Formação Contínua Beneficiação – Reabilitação de Estradas Duração: 33 horas • Calendário: 13 de abril a 18 de maio de 2012 • Candidaturas: Até 22 de março de 2012 • Vagas: 20 Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso.ingresso@ fe.up.pt • Propina: 650 €

Rua Dr. Plácido Costa, 91 • 4200-450 Porto • Tlf: +351 225 074 700 • Fax: +351 225 500 689 • www.fade.up.pt

Atividades Desportivas no Contexto das Atividades de Enriquecimento Curricular e da Educação e Expressão Físico-Motora Duração: 50 horas • Calendário: Março e abril de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 2 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 225 074 700 • Propina: 100 € Segurança e Primeiros Socorros na Aula de Educação Física Duração: 25 horas • Calendário: Abril de 2012 • Candidaturas: Até 31 de março de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 225 074 700 / formacao.continua@fade.up.pt Propina: 75 €

Faculdade de Direito (FDUP)

Rua dos Bragas, 223 • 4050-123 Porto Tlf: +351 222 041 609 • Fax: +351 222 041 614 • www.direito.up.pt Formação Contínua Inglês Jurídico (Nível C) Duração: 90 horas • Calendário: 21 de fevereiro a início de maio de 2012 • Candidaturas: Até finais de janeiro de 2012 • Estudantes do 3.º ano dos cursos do 1.º ciclo de estudos • Vagas: 20 (por turma) - 2 turmas • Mais informações: +351 222 041 600 / posgrad@direito.up.pt • Propina: 30 € (redução de 50% da propina para estudantes que comprovem terem-se candidatado a Bolsa)

Rua Dr. Roberto Frias, • s/n 4200-465 Porto • Tlf: +351 225 081 400 • Fax: +351 225 081 440 • www.fe.up.pt

Conceção dos Locais de Trabalho - Prevenção dos Riscos Profissionais Duração: 33 horas • Calendário: 8 a 24 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até 16 de janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 400 € Formação ITED (Instalações de Telecomunicações em Edifícios) Habilitante Duração: 100 horas • Calendário: 6 de fevereiro a 23 de março de 2012 • Candidaturas: Até 16 de janeiro de 2012 • Vagas: 15 • Créditos: 11 ECTS • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 650 € Formação para Peritos Qualificados no Âmbito do SCE - Novo RCCTE Duração: 37 horas • Calendário: 8 a 11 de maio de 2012. Discussão de exercício em 23 de maio de 2012 e exame em 4 de junho de 2012 (2ª edição) • Candidaturas: Até 15 de abril de 2012 (2ª edição) • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 850 € Formação para Peritos Qualificados no Âmbito do SCE - RSECE (Energia e QAI) Duração: 50 horas • Calendário: 2 a 6 de julho de 2012. Discussão de exercício em 23 de julho de 2012, exame em 27 de julho de 2012 (2ª edição) • Candidaturas: Até 11 de junho de 2012 (2ª edição) Vagas: 25 • Créditos: 5 ECTS • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 1000 €

Práticas Processuais Administrativas Duração: 70 horas • Calendário: Finais de janeiro a finais de março de 2012 • Candidaturas: Até meados de janeiro de 2012 • Vagas: 50 • Mais informações: +351 222 041 600 / posgrad@direito.up.pt • Propina: 450 €

Formação para Projetistas - Aplicação do RCCTE Duração: 22,5 horas • Calendário: 8 a 10 de maio de 2012 (2ª edição) • Candidaturas: Até 15 de abril de 2012 (2ª edição) Vagas: 30 • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso.ingresso@fe.up.pt • Propina: 700 €

Práticas Processuais: Direito Civil Duração: 33 horas • Calendário: 23 de fevereiro a início de maio de 2012 Candidaturas: Até finais de janeiro de 2012 • Vagas: 40 • Créditos: 3,5 ECTS Mais informações: +351 222 041 600 / posgrad@direito.up.pt • Propina: 100 €

Hidráulica e Reabilitação Fluvial Duração: 24 horas • Calendário: 25, 26 e 27 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 8 de janeiro de 2012 • Vagas: 30 • Mais informações: +351 225 081 977 / acesso • ingresso@fe.up.pt • Propina: 600 €

Especialização Especialização em Direito Fiscal Duração: 165 horas • Calendário: Início em 17 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até finais de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 60 ECTS • Mais informações: +351 222 041 600 / posgrad@ direito.up.pt • Propina: 1250 € (na totalidade, no ato da inscrição) ou em duas prestações de 675 €

Faculdade de Letras (FLUP) Via Panorâmica, s/n • 4150-564 Porto • Tlf: +351 226 077 100 • Fax: + 351 226 091 610 • www.letras.up.pt

Formação Contínua Análise Avançada de Dados Quantitativos com Recurso ao SPSS Duração: 20 horas • Calendário: 1 a 3 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até 27

de janeiro de 2012 • Vagas: 15 • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 95 € (Comunidade U.Porto); 135 € (Público em geral)

Grandes Livros, Grandes Obras III Duração: 34 horas • Calendário: 1 de fevereiro a 21 de junho de 20120 • Candidaturas: Até 20 de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 3,5 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 135 € (Comunidade U.Porto); 190 € (Público em geral)

Curso Intensivo de Inglês Duração: 60 horas • Calendário: 12 de março a 16 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 20 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 240 € (Comunidade U.Porto); 340 € (Público em geral)

Literatura Infanto-Juvenil: Biblioterapia e Sexualidade na Escola Duração: 27 horas • Calendário: 7 a 28 de janeiro (1ª edição); 3 a 24 de março de 2012 (2ª edição) • Candidaturas: Até 30 de dezembro de 2011 (1ª edição): até 18 de fevereiro de 2012 (2ª edição) • Vagas: 20 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Dar Voz ao Corpo, Dar Corpo à Voz: A Arte na Comunicação Duração: 27 horas • Calendário: 16 de fevereiro a 31 de maio de 2012 • Candidaturas: Até 6 de fevereiro de 2012 Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Lógica - Antiga, Moderna e Contemporânea Duração: 25 horas • Calendário: 10 de março a 7 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 120 € (Comunidade U.Porto); 170 € (Público em geral)

De Pequenino Nasce o Leitor. Lugares do Livro e da Infância no Mundo de Hoje Duração: 27 horas • Calendário: 4 a 25 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até 23 de janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Mulheres e Criação: (In)visibilidades no Fio do Tempo Duração: 27 horas • Calendário: 5 de março a 14 de maio de 2012 • Candidaturas: Até 20 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 Créditos: 1,5 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Diálogo na Sala de Aula Duração: 15 horas • Calendário: 16, 17, 19, 23 e 24 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 9 de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 0,6 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 75 € (Comunidade U.Porto); 105 € (Público em geral)

O Cinema no Ensino da Filosofia Duração: 25 horas • Calendário: 11 de fevereiro a 31 de março de 2012 • Candidaturas: Até 20 de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 1 UC-CCPFC • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 120 € (Comunidade U.Porto); 170 € (Público em geral)

Edição, Transformação e Exploração de Dados Quantitativos: Iniciação ao SPSS Duração: 24 horas • Calendário: 23 a 26 de janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 13 de janeiro de 2012 • Vagas: 15 • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 100 € (Comunidade U.Porto); 140 € (Público em geral)

Pensamento Crítico Contemporâneo: Alguns Representantes Duração: 24 horas • Calendário: 16 de abril a 4 de junho de 2012 • Candidaturas: De 3 de janeiro a 6 de abril de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 25 € (Comunidade U.Porto); 35 € (Público em geral)

Filosofia Prática e Pensamento Crítico Duração: 27 horas • Calendário: 14, 21 e 28 de janeiro; 25 de fevereiro; 3, 10 e 17 de março de 2012 • Candidaturas: Até 6 de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Poderes e Dinâmicas Socioculturais na Época Moderna Duração: 27 horas • Calendário: 2 a 23 de março e 20 e 21 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 23 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt0 • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Geotecnologias Aplicadas ao Ensino 2 Análise de Dados e Cartografia Temática Duração: 28 horas • Calendário: Até 18 de fevereiro a 17 de março de 2012 • Candidaturas: Até 17 de janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 1,1 UC (CCPFC) Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 130 € (Comunidade U.Porto); 195 € (Público em geral) Gestão do Tempo e Organização do Trabalho Duração: 27 horas • Calendário: Início 5 de março de 2012 • Candidaturas: Até 20 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral)

Técnica e Dinâmicas para Motivação de Grupos Duração: 27 horas • Calendário: Início 9 de abril • Candidaturas: Até 24 de março de 2011 • Vagas: 27 • Créditos: 3 ECTS Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@letras.up.pt • Propina: 125 € (Comunidade U.Porto); 175 € (Público em geral) 29

Faculdade de Desporto (FADEUP)


Curso Livre Escritores Africanos de Língua Portuguesa II Duração: 24 horas • Calendário: 5 de março a 23 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 24 de fevereiro de 2012 • Vagas: 25 • Mais informações: +351 226 077 152 / gfec@ letras.up.pt • Propina: 120 € (Comunidade U.Porto); 170 € (Público em geral)

Formação Contínua A Avaliação Psicológica no Âmbito dos Procedimentos Concursais Duração: 18 horas • Calendário: 5 a 21 de março de 2012 • Candidaturas: Até 2 de março de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 120 € Avaliação da Qualidade em Contexto de Creche: A Escala de Avaliação do Ambiente de Creche (ITERS-R; Harms, Cryer, &Clifford, 2006) Duração: 25 horas • Calendário: 20 de janeiro a 10 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até 17 de janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@ fpce.up.pt • Propina: 140 €

Faculdade de Medicina (FMUP) Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200319 Porto • Tlf: +351 225 513 600 • Fax: + 351 225 513 601 • www.med.up.pt servacad@med.up.pt Formação contínua Atualização em Medicina Preventiva - Cuidados Saúde Primários: Apoio Integrado a Idosos Duração: 12 horas • Calendário: 14 de janeiro, 18 de fevereiro e 10 de março de 2012 • Candidaturas: Até ao 1º dia do Curso (inclusive) • Vagas: 50 • Créditos: 1,5 ECTS • Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt Propina: 50 €

Coaching, Empowerment e Liderança de Equipas de Trabalho Duração: 30 horas • Calendário: 1 a 31 de março de 2012 • Candidaturas: Até 29 de fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 3 ECTS / 1,2 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt Propina: 150 €

Coaching para Orientadores de Internos de Especialidade Duração: 32 horas • Calendário: Janeiro de 2012 • Candidaturas: Até 13 de janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 3,5 ECTS Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: Curso co-financiado pelo H.S. João

Como Preparar e Conduzir Entrevista de Avaliação de Competências Duração: 15 horas • Calendário: 13 a 20 de fevereiro de 2012 • Candidaturas: Até 10 de fevereiro de 2012 • Vagas: 200 • Créditos: 1,5 ECTS / 0,6 UC (CCPFC) Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 100 €

Competências de Comunicação para Médicos Internos Duração: 21 horas • Calendário: fevereiro de 2012 • Candidaturas: 16 de janeiro a 10 de fevereiro de 2012 • Vagas: 20 Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: Curso co-financiado pelo H.S. João

Dificuldades de Aprendizagem na Leitura e Escrita Duração: 15 horas • Calendário: 15 de fevereiro a 2 de março de 2012 • Candidaturas: Até 12 de fevereiro de 2012 Vagas: 20 • Créditos: 1 ECTS / 0,6 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 85 €

Curso Básico em Patologia Molecular com Ênfase em Oncologia Duração: 27 horas • Calendário: Fevereiro/ março de 2012 (5 sessões) • Candidaturas: Janeiro e fevereiro de 2012 • Vagas: 8 Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 150 €; 50 € para alunos do Mestrado Integrado em Medicina da FMUP

Educação Sexual em Contexto Escolar Duração: 30 horas • Calendário: 31 de março a 2 de junho de 2012 • Candidaturas: Até 28 de março de 2012 • Vagas: 20 Créditos: 3 ECTS / 1,2 UC (CCPFC) • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@ fpce.up.pt • Propina: 160 €

Medicina de Viagem e Populações Móveis Duração: 24 horas • Calendário: Fevereiro e março de 2012 (7 sessões) • Candidaturas: Até 8 dias antes do início do Curso • Vagas: 40 • Créditos: 3 ECTS • Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt • Propina: 300 €

Gestão da Inteligência Emocional Duração: 25 horas • Calendário: 17 de abril a 11 de maio de 2012 • Candidaturas: Até 15 de abril de 2012 • Vagas: 20 Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 140 € Recrutamento e Seleção de Pessoal Duração: 18 horas • Calendário: 2 a 18 de abril de 2012 • Candidaturas: Até 30 de março de 2012 • Vagas: 20 • Créditos: 2 ECTS • Mais informações: +351 226 061 890 / sec@fpce.up.pt • Propina: 120 €

Medicina Preventiva em Cuidados de Saúde Primários: Fatores de Risco Cardiovascular Duração: 12 horas • Calendário: 28 de janeiro, 25 de fevereiro e 24 de março de 2012 • Candidaturas: Até ao 1º dia do Curso (inclusive) • Vagas: 50 • Créditos: 1,5 ECTS • Mais informações: +351 225 513 659 / educacaocontinua@med.up.pt Propina: 50 €

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) Largo Prof. Abel Salazar, 2 • 4099-003 Porto • Telf: +351 222 062 200 • Fax: +351 222 062 232 • www.icbas.up.pt

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCEUP)

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Rua Alfredo Allen • 4200-135 Porto • Tlf: +351 226 079 700 • Fax: +351 226 079 725 • www.fpce.up.pt

Formação Contínua Ciência em Animais de Laboratório (Categoria B) Duração: 40 horas • Calendário: 30 de janeiro a 10 de fevereiro de 2012 • Candi-

daturas: Até 5 de janeiro de 2012 • Vagas: 23 • Créditos: 2,5 ECTS • Mais informações: +351 220 408 053 / educacao. continua@reit.up.pt • Propina: 325 € (Comunidade U.Porto); 425 € (Externos) II Workshop on Cancer Research: biological and molecular basis Duração: 27 horas • Calendário: 15, 16, 17 e 18 de maio de 2012 • Candidaturas: Até 27 de abril de 2012 • Vagas: 25 Créditos: 1 ECTS • Mais informações: www.ipatimup.pt/Site/Home.aspx • Propina: 100 € (Estudantes inscritos em Prog. Doutorais da U.Porto); 150 € (Geral)

Escola de Gestão do Porto — University of Porto Business School (EGP—UPBS)

Rua de Salazares, 842 (sede) • 4149-002 Porto • Tlf: +351 22 615 32 70 • Fax: +351 22 610 08 61 • www.egp-upbs.up.pt Formação Contínua Comunicação Externa - Crescer com a Reputação Corporativa Duração: 16 horas • Calendário: 9 e 10 de abril de 2012 • Candidaturas: março de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / cext@egp-upbs.up.pt Propina: 1100 € Controlo de Custos para Maximização de Resultados Duração: 15 horas • Calendário: 16, 17 e 19 de abril de 2012 • Candidaturas: Março de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / cc@egp-upbs.up.pt Propina: 1000 € Controlo de Gestão e Avaliação de Performance Duração: 40 horas • Calendário: 5 a 27 de março de 2012 • Candidaturas: fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / cgap@egp-upbs. up.pt • Propina: 1600 € Curso Geral de Gestão (Edição Porto) Duração: 261 horas • Calendário: 12 de março a 19 de julho de 2012 • Candidaturas: fevereiro de 2012 • Vagas: 35 Créditos: 32 ECTS • Mais informações: + 351 226153270 / cgg@egp-upbs.up.pt Propina: 6500 € Curso Geral de Gestão (Edição Lisboa) Duração: 261 horas • Calendário: 19 de março a 5 de julho de 2012 • Candidaturas: Até fevereiro de 2012 • Vagas: 25 Créditos: 32 ECTS • Mais informações: + 351 226 153 270 / cgg@egp-upbs.up.pt Propina: 6500 € Estratégia e Tecnologias de Informação Duração: 8 horas • Calendário: 1 de março de 2012 • Candidaturas: Fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / eti@egp-upbs.up.pt Propina: 1000 € Finanças para não Financeiros Duração: 60 horas • Calendário: 7 a 29 de março; 4 a 12 de abril de 2012 • Candidaturas: Fevereiro de 2012 • Vagas: 20 Mais informações: + 351 226 153 270 / fnf@egp-upbs.up.pt • Propina: 2000 € Fiscalidade Empresarial Internacional Duração: 40 horas • Calendário: 21 e 28 março; 4, 11 e 18 de abril de 2012 • Can-

didaturas: Março de 2012 • Vagas: 20 Mais informações: + 351 226 153 270 / fei@egp-upbs.up.pt • Propina: 1800 € Gestão de Compras (Edição Lisboa) Duração: 40 horas • Calendário: 19 a 27 de março; 2 e 3 de abril de 2012 • Candidaturas: março de 2012 • Vagas: 20 Mais informações: + 351 226 153 270 / cgc@egp-upbs.up.pt • Propina: 1600 € Gestão de Processos Duração: 24 horas • Calendário: 27 de fevereiro; 1, 8, 12 e 15 de março de 2012 • Candidaturas: Fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / gpro@egp-upbs.up.pt • Propina: 1200 € Lobby - Defender Interesses Legítimos Duração: 16 horas • Calendário: 12 e 14 de março de 2012 • Candidaturas: Fevereiro de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / lobby@ egp-upbs.up.pt • Propina: 1200 € Processo Individual de Coaching para a Comunicação Duração: 12 horas • Calendário: Fevereiro a outubro de 2012 • Candidaturas: Janeiro de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / picc@egp-upbs.up.pt Propina: 3500 € Recuperação de Empresas Duração: 100 horas • Calendário: 29 de fevereiro a 4 de julho de 2012 • Candidaturas: Fevereiro de 2012 • Vagas: 20 Mais informações: + 351 226 153 270 / re@egp-upbs.up.pt • Propina: 3000 € Servant Leadership Duração: 8 horas • Calendário: 19 de abril de 2012 • Candidaturas: março de 2012 Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / sls@egp-upbs.up.pt • Propina: 1000 € Smart Negotiation Duração: 8 horas • Calendário: 29 de março de 2012 • Candidaturas: Março de 2012 • Vagas: 20 • Mais informações: + 351 226 153 270 / sneg@egp-upbs.up.pt Propina: 1000 €

Especialização MBA Executivo Calendário: agosto de 2012 a outubro de 2013 • Candidaturas: Até 31 de março de 2012 • Vagas: 70 • Mais informações: + 351 226 153 270 / mbaexec@egp-upbs. up.pt • Propina: 17500 € Pós-Graduação em Análise Financeira Duração: 306 horas • Calendário: Fevereiro a dezembro de 2012 • Candidaturas: Janeiro de 2012 • Vagas: 30 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: + 351 225 571 289 / pgaf@egp-upbs.up.pt • Propina: 6480 € Pós-Graduação em Controlo de Gestão e Avaliação de Desempenho Calendário: Janeiro a dezembro de 2012 Candidaturas: Até 6 de janeiro de 2012 Vagas: 30 • Mais informações: +351 226 153 278/70 / pgcgad@egp-upbs.up.pt Propina: 5400 € Pós-Graduação em Direção de Empresas - Indústria da Construção Duração: 304 horas • Calendário: Janeiro a dezembro de 2012 • Candidaturas: Até


Pós-Graduação em Gestão de Organizações sem Fins Lucrativos Duração: 304 horas • Calendário: Janeiro a dezembro de 2012 • Candidaturas: Até 2 janeiro de 2012 • Vagas: 25 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: + 351 226 153 278/70 / pggosfl@egp-upbs.up.pt • Propina: 5400 € Pós-Graduação em Gestão de Vendas Duração: 302 horas • Calendário: Janeiro a dezembro de 2012 • Candidaturas: Até 2 de janeiro de 2012 • Vagas: 30 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: + 351 226 153 278/70 / pggv@egp-upbs.up.pt Propina: 6480 € The Magellan MBA Calendário: Setembro de 2012 a outubro de 2013 • Candidaturas: Até 31 de março de 2012 • Vagas: 30 • Mais informações: + 351 226 153 270 / magellanmba@egpupbs.up.pt • Propina: 19000 €

FORMAÇÃO

PÓS-GRADUADA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

COM CANDIDATURAS ENTRE JANEIRO E ABRIL DE 2012

Faculdade de Engenharia (FEUP)

Rua Dr. Roberto Frias • 4200-465 Porto Tlf: +351 225 081 400 • Fax: + 351 225 081 440 • www.fe.up.pt 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Civil Duração: 6 semestres • Candidaturas: 1 de fevereiro a 16 de março de 2012 (5.ª fase – apenas aplicável caso se verifiquem vagas sobrantes da 4.ª fase) • Vagas: Vagas sobrantes da 4.ª fase • Horário: Laboral • Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 225 081 977 / acesso. ingresso@fe.up.pt • Propina: 3000 € / ano

Faculdade de Ciências (FCUP)

Rua do Campo Alegre, s/n • 4169-007 Porto • Tlf: +351 220 402 000 • Fax: +351 220 402 009 • www.fc.up.pt 3º Ciclo / Doutoramento em Biodiversidade, Genética e Evolução Duração: 8 semestres • Candidaturas: Até 13 de janeiro de 2012 (2.ª fase) • Vagas: 6 (à data de 09/11/2011) • Horário: Diurno Créditos: 240 ECTS • Mais Informações: +351 220 402 811 / pbalexand@fc.up.pt Propina: 2750 € / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Biologia Duração: 6 semestres • Candidaturas: Abertas em permanência • Vagas: 46 • Horário: Não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 22 040 2009 / pd.bio.director@fc.up.pt • Propina: 2750 € / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Ciência de Computadores Duração: 6 semestres • Candidaturas: 27 de fevereiro a 16 de março de 2012 (2.ª fase) • Vagas: 30 • Horário: Não aplicável Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 220 402 912 / pd.cc.director@fc.up. pt • Propina: 2750 € / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Agrárias Duração: 6 semestres • Candidaturas: Abertas em permanência • Vagas: 8 • Horário: Não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 252 660 402 / enunes@fc.up.pt • Propina: 2750 € / ano

Faculdade de Farmácia (FFUP) R. Aníbal Cunha, 164 • 4050-047 Porto Tlf: +351 222 078 901 • Fax: +351 222 003 977 • www.ff.up.pt

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências Farmacêuticas Duração: 8 semestres • Candidaturas: 5 de dezembro de 2011 a 24 de fevereiro de 2012 (3.ª fase). Candidaturas on line. Matrículas e inscrições: 12 a 16 de março de 2012 • Vagas: 14 (à data de recolha da informação a 2ª fase ainda se encontra a decorrer, pelo que para a 3.ª fase aplicarse-ão as vagas sobrantes) • Horário: Não aplicável • Créditos: 240 ECTS • Mais Informações: +351 222 078 901 / expediente@ff.up.pt • Propina: 2750 € / ano

Faculdade de Medicina (FMUP) Rua Prof. Hernâni Monteiro, s/n • 4200319 Porto • Tlf: +351 225 513 604 • Fax: + 351 225 513 605 • www.med.up.pt

3º Ciclo / Doutoramento em Medicina Duração: 6 semestres • Candidaturas: Até 3 de março de 2012 (2.ª fase) • Vagas: Não aplicável • Horário: Não aplicável Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: ipg@med.up.pt • telefone: +351 225 513 676 • Propina: 2.750 € / ano

3º Ciclo / Doutoramento em Ciências e Tecnologia do Ambiente Duração: 6 semestres • Candidaturas: Abertas em permanência Vagas: 9 • Horário: Não aplicável Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 220 402 468 / dflores@fc.up.pt Propina: 2750 € / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Engenharia Geográfica Duração: 6 semestres • Candidaturas: Abertas em permanência • Vagas: 10 • Horário: Não aplicável • Créditos: 180 ECTS • Mais Informações: +351 220 402 452 / mjfernan@fc.up.pt • Propina: 2750 € / ano 3º Ciclo / Doutoramento em Química Duração: 6 semestres • Candidaturas: até 3 de janeiro de 2012 (2.ª fase) • Vagas: 13 Horário: Diurno • Créditos: 180 ECTS Mais Informações: +351 220 402 030/32/31/ pos.graduacao@fc.up.pt Propina: 2750 € / ano

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2 de janeiro de 2012 • Vagas: 30 • Créditos: 45 ECTS • Mais informações: + 351 225 571 288 / pgdeic@egp-upbs.up.pt • Propina: 5400 €


FACE-A-FACE

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Há uma poeira de séculos que trava o passo da Igreja No seu modo desassombrado, D. Januário Torgal Ferreira (Porto, 1938) critica o conservadorismo da Igreja Católica em matéria de costumes, a relação da instituição com os cidadãos e uma certa sumptuosidade que ainda prevalece nos rituais clericais. Com o mesmo à-vontade (e bom-humor), o bispo das Forças Armadas verbera os decisores políticos portugueses e europeus. Para o antigo estudante e professor da Faculdade de Letras da U.Porto (curso de Filosofia), a distribuição dos sacrifícios em Portugal não está a ser equitativa e a solidariedade europeia é um mito. A situação afigura-se-lhe “intranquilizadora”, mas o povo português é “meigamente revoltado”.

Em entrevista, D. Januário disse que “ser patriótico não é estar de joelhos e aceitar tudo o que nos dizem”. À luz destas declarações, que avaliação faz da recente greve geral? Foi um exercício democrático. Mas ao mesmo tempo notava-se, quer por parte do Governo, quer por parte de outros setores da sociedade portuguesa, [a tentativa de passar a ideia de] que era uma atitude irresponsável. No sentido em que, se se perde mais um conjunto de horas, a economia do país fica mais debilitada.

distribuir – usando o adjetivo que Cavaco Silva usou – com equidade e justiça social os frutos do trabalho; e tratar as pessoas e as instituições como sujeitos, e não como objetos. Começo a ficar um bocado inquieto quando se diz: “fulano foi patriota”. Porquê? Porque defendeu os cortes no Orçamento. Esse é que é o patriota? Aquele que fabrica pobres, miseráveis e oprimidos é que tem amor à pátria? Eu acho que o patriota é o solidário. E a solidariedade começa pelos mais aflitos e pelos mais doentes.

Não concorda com esta visão? Não concordo, não. Nota-se que essas pessoas não têm o realismo de escutar os outros e as notas que algumas instituições, que foram as organizadoras da greve, publicaram. A saber, foi dito que a greve, entendida como último recurso da comunidade trabalhadora, deverá significar que a situação do país é perfeitamente intranquilizadora. Além de intranquila, é intranquilizadora.

Considera, portanto, que não está a haver equidade na distribuição dos sacrifícios? Eu acho que não! As zonas mais vulneráveis, mais abandonadas e mais debilitadas económica e socialmente não têm sido zeladas com uma proporcionalidade monetária justa e compensadora. Uma malga de sopa mata a fome. Mas uma malga de sopa significa, tantas vezes, o mais pro-

Acha que o povo português deve vir para a rua manifestar a sua discordância em relação às políticas de austeridade? Com certeza. Fico sempre admirado com o espírito de disciplina e de civismo [do povo português]. Com certeza que há veemência, com certeza que há vozes demasiadamente inflamadas, com certeza que há ditos que ferem qualquer dicionário... Mas o que nós não assistimos foi à arruaça, à violência e à injustiça. Apesar dos comentários infelizes do perigo de tumultos e de anarquias...

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Não teme um agravamento da conflitualidade social, porventura com os níveis de violência e de desobediência civil que se verificam na Grécia? Poderá haver, de facto, esse problema. Se este clima continuar, não excluo uma situação semelhante à da Grécia. Há aqui dois problemas:

Fico sempre admirado com o espírito de disciplina e de civismo [do povo português].

RICARDO MIGUEL GOMES

D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas


fundo desrespeito pelo ser humano: “Toma lá!”. É o olhar de cima. E, como diz o García Márquez, “só se pode olhar de cima como se olha para uma criança: para a ajudar a crescer”. Aí é que o olhar de cima não é uma afronta! Nós ficamos muito satisfeitos, e isso são restos do salazarismo, com a solidariedade que engana a fome. O que eu queria era justiça que matasse a fome! As pessoas têm direito, como homens, a ter um trabalho com um salário justo. Não um salário precário, um salário por favor ou um salário que equivalha à malga de sopa. Isto significa que a coesão social e o crescimento económico estão a ser esquecidos pelo Governo? A parte produtiva e social está a ser esquecida. Tudo isto vem, a meu ver, da inclemência, do medo e do pânico. Já com o último Governo chegou-se à conclusão de que não havia dinheiro. E, então, sob a pressão do medo, do perigo e da desonra nacional foi possível assinar um acordo [com a troika]. Mas a inclemência e o medo não lhes deu tempo, nem lucidez, para pensar que o que foi prometido ser pago em três anos devia ser

FOTOS: EGÍDIO SANTOS

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pago em seis ou sete anos. Que a dívida deve ser paga, com certeza! Devemos dar o testemunho cívico de que somos honestos, retos e patriotas. Agora, fazer pedidos de dinheiro para ficarmos de joelhos diante da Europa... Neste momento, por muito que isto pareça radical, não sei se será possível mantermo-nos na Europa. Aí é que eu tenho medo que haja tumultos e levantamentos. Porque isto da Alemanha e da França estarem a comandar os destinos do dinheiro, com buscas lucrativas que para mim têm sabor autêntico a agiotas, pode criar uma crise terrível.

O que eu queria era justiça que matasse a fome!


FACE-A-FACE

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Amanhã, ainda vão chamar Pinóquio à Merkel e ao Sarkozy. Eles mentiram. “Doença ética” na Europa

A atual crise económica e financeira da Europa decorre de uma falta de solidariedade entre Estadosmembros? Eu acho. Não vejo nenhuma solidariedade. Os grandes criadores da Europa não quiseram criar a solidariedade do aço, do petróleo ou do carvão. O que queriam era a liberdade, a igualdade, a solidariedade e a entreajuda. Hoje, um tipo ajuda para dominar o outro. “Eu empresto-te dinheiro mas tu ficas a meus pés”. Tenho um certo receio de que a democracia, não que acabe, mas que seja fraturada. Tenho escutado um certo vocabulário de antagonismo repulsivo [na Europa]. Estamos a criar rivalidades e desconfianças entre países e a alienar as suas soberanias. A solidariedade é um mito. Amanhã, ainda vão chamar Pinóquio à Merkel e ao Sarkozy. Eles mentiram. Eles só estendem a mão se ela vier mais cheia.

Hoje, um tipo ajuda para dominar o outro. “Eu empresto-te dinheiro mas tu ficas a meus pés”.

Mas é um problema de lideranças ou tem que ver com o próprio sentimento dos países? Não direi que são defeitos rácicos ou idolátricos de cada país. Nem de lideranças. Nós estamos a assistir a uma doença ética na alma europeia. Andou-se para aí a pregar a cidadania, mas a lição foi muito mal aprendida. Há uma rivalidade surda, um orgulho, um imperialismo. Os psicólogos, os sociólogos, os cientistas políticos têm que estudar tudo isto melhor. Mas que estamos diante de moléstias de valores éticos, eu não tenho qualquer receio de o dizer. E a Europa não nasceu para ser isto: nasceu para ser uma família. Há uma crise de valores na Europa? Eu acho que há uma crise de valores. O mundo ocidental é profundamente egoísta. Vive para si; o outro não conta na balança. Só conta quando pode ser fonte de riqueza e de exploração. Nós estamos, de facto, na exploração do homem pelo homem.

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Está pessimista em relação ao futuro da Europa? Estou um bocado pessimista, querendo ser otimista. Sempre sonhei com esta troca de valores. Nós [europeus] temos muito a dar uns aos outros. O meu grande sonho, como cidadão português, era que se construísse uma Europa para todos. Não uma Europa para alguns. E quando esses alguns querem ser os donos e os senhores, então temos o imperialismo. Não estaremos à porta de uma sublevação?

Voltando a Portugal, havia capacidade para negociar o acordo com a troika de outra forma? Eu acho que havia, ainda que o Governo anterior estivesse na opinião pública extremamente debilitado. E estes que estão neste momento no Governo tiveram muito tempo para estudar a lição, mas pelos vistos foram maus alunos. Porque o que temos vindo a assistir são medidas avulsas. Não há um estudo abrangente da situação. Compreendo que tem havido pouco tempo para esse exercício, mas escandaliza-me alunos que tiveram dois anos para se debruçarem sobre as soluções. Eu tenho a impressão de que a conclusão a que chegaram é: “Vamos agora encontrar soluções para o fartar vilanagem”. Mas não encontram soluções nenhumas para o crescimento económico. Há neste momento margem para introduzir políticas de crescimento económico? Acho que haveria margem relativamente ao pagamento da dívida. Porque o pagamento da dívida está assente nos nossos bolsos. Por isso mesmo eles dizem: “Não há dinheiro”. Portanto, eles fizeram as contas e começaram a cortar. E agora o senhor primeiro-ministro já diz ser possível renegociar algumas coisas. O bem nacional devia ser o bem daqueles que não têm acesso ao que é fundamental na vida de um cidadão. Repare, só se tem falado nos mais vulneráveis para dizer: “Nós não estamos contra os pobres”. Nunca é dito: “Os pobres estão em primeiro lugar”.


Há muita gente em Portugal que nunca teve possibilidades, como é que agora vivem acima daquilo que nunca tiveram?

Não é dada prioridade aos mais desfavorecidos, é isso? Não, não há equidade naquilo que se pede aos vários níveis sociais que estruturam o país. Quando dizem que estamos a viver acima das nossas possibilidades, eu fico escandalizado. Mas quem é que tem vivido [acima das possibilidades]? Há muita gente em Portugal que nunca teve possibilidades, como é que agora vivem acima daquilo que nunca tiveram? Isso é que é preciso dizer a muitos senhores. As pessoas vão aguentar mais ou já chegámos ao limite dos sacrifícios? Miguel Torga disse nos seus diários que nós somos “um povo meigamente revoltado”. Dizemos que vamos para a rua, que vamos protestar, que vamos mudar o regime... mas ao fim ficamos comodamente em casa a ver o Benfica-Sporting, a fumar um cigarro e a beber um copo de vinho. O português, infelizmente, é “meigamente revoltado”. E pode ser embalado por certas formas de esperança. Há uma réstia de autocomplacência e de otimismo. Igreja “não deve impor: deve propor”

Que papel é que tem a Igreja Católica num contexto de emergência social? A Igreja deve colocar os pobres em primeiro lugar. E tem-lo feito? Nas suas várias instâncias, a Igreja está a fazer o máximo. Só que esse trabalho não é apenas dar euros. O importante, neste momento, é que a Igreja clame por justiça social. Nós estamos numa altura em que é preciso fazer reformas. Em que é preciso muita gente despir-se proporcionalmente, contribuir com generosidade, que é uma forma de pagar direitos à sociedade que nos construiu. E nisso a Igreja devia ir o mais longe possível. Até na sua própria pobreza. Se um dia houver um cataclismo, em que as pessoas não tenham onde dormir, uma igreja deve ser um porto de abrigo.

A minha consciência diz-me que é muito melhor viver num simples andar. É muito mais natural.

Essa mentalidade não decorre da própria postura do Vaticano? Sim. O Vaticano é a expressão de uma história. Mas de uma história que devia ser relida e contemporizada. No período renascentista fez-se isto, mas isto pode dar a impressão de que nós [Igreja] somos fidalgos. Só que nós somos filhos de um carpinteiro... “Se queres ver o vilão, metelhe a vara na mão”, diz o povo português. Isto é, às vezes os maiores ditadores e os maiores capitalistas, no pior sentido do termo, são aqueles que um dia nada tiveram mas que passaram a ter um espaço de poder. Mas a Igreja também funciona como um espaço de exercício do poder... Aquilo a que chama poder devia, na Igreja, ser serviço. A minha responsabilidade é servir. E aquele que serve considera os outros, antes de mais, como irmãos no diálogo. Não deve impor nada: deve propor. A quem é crente e a quem é descrente eu faço uma proposta! E devo ser isento nessa proposta. É esta mudança que a Igreja ainda não fez. Vão ao Evangelho, está lá: a pobreza, a simplicidade, a coragem, a liberdade...

A Igreja está a ser esse porto de abrigo? Nunca devemos ficar satisfeitos com o que fazemos. E a Igreja devia ser modelo na forma humana de estar próxima das pessoas. No explicar, no traduzir da mensagem, no bom-humor – à Igreja falta-lhe, por vezes, o bom-humor –, no àvontade.... Não é natural construírem-se palácios, quando Nosso Senhor nasceu num presépio. 35

Se um dia houver um cataclismo, em que as pessoas não tenham onde dormir, uma igreja deve ser um porto de abrigo.

Há sinais de sumptuosidade na Igreja que contrastam com as dificuldades atuais? Eu nunca concordaria com a grandeza e monumentalidade de uma casa de um bispo. Tenho grande respeito pelo atual bispo [do Porto] e por bispos anteriores, mas eu não me via a habitar uma casa daquelas [Paço Episcopal]. A minha consciência diz-me que é muito melhor viver num simples andar. É muito mais natural. São esses aspetos exteriores que herdámos da História que não nos dão a naturalidade, como as vestimentas, esses uniformes palacianos... Parecemos mais homens da super grandeza do que cidadãos normais; e é isso que se espera da Igreja! Mas há também uma mentalidade portuguesa, de um conservadorismo atroz, que acha que é preciso manter um determinado tipo de elevação.


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“Explicar melhor os aspetos positivos da sexualidade”

Há liberdade no seio da Igreja? Lembro que o Senhor Bispo disse, em entrevista, que os “homens da Igreja são educados no medo e nunca no à-vontade”. Isso acontece na Igreja como acontece na sociedade. No nosso país há muito pouca descontração, muito pouco à-vontade. Há uma postura excessivamente respeitadora perante quem tem o poder, como um aluno diante do catedrático. Mas, quando vira as costas, [o aluno] chama ao catedrático os nomes mais incorretos e inimagináveis. Não seria muito melhor nós termos um colóquio aberto com a gente do poder, cuja importância não nos esmaga, do que vivermos ao gato e ao rato?

No nosso país há muito pouca descontração, muito pouco à-vontade.

Essa postura excessivamente respeitadora inibe a crítica dentro da Igreja? Como noutras sociedades, é preciso [na Igreja] conquistar a liberdade. Eu sei que a Igreja tem avançado muito, mas há uma poeira de séculos que nos trava o passo. Não sei se é a batina, que eu raramente uso [risos]. Acho que a Igreja, no seu todo, não tem o à-vontade de reformar ou de alterar situações muito sérias. Há um receio muito grande, uma obediência, uma fidelidade a convicções... Mas algumas dessas convicções deviam ser precisadas ao longo das épocas e dos ambientes.

gos jornalísticos na ida à África, disse: “Num ou noutro caso” [é legítimo o uso do preservativo]. É uma questão de respeito pela inteligência e pelo bem.

Não me sinto uma voz incómoda, [mas] sinto que algumas pessoas se incomodam.

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Ou seja, a Igreja devia acompanhar a evolução da sociedade? A sociedade é muito sensível a determinados temas. Perante tudo o que cheira a sexo, a sociedade tem uma atitude de flexibilidade exagerada, de extremismo até. Nestes temas, a Igreja tem de facto de saber explicar-se diante do mundo. Tem de ter um outro à-vontade e saber explicar muito melhor os aspetos positivos da sexualidade; e nunca aparecer como uma barreira ou como uma emissora de interditos: “Não faças isto e aquilo e aqueloutro”. Estou a pensar no planeamento conjugal, na utilização de métodos artificiais de conceção, na forma como a Igreja olha para certas ruturas da vida matrimonial, como a separação e o divórcio... Depois de ouvir tanta gente no plano nacional e internacional, eu tive alguma dúvida de que, em certas situações, era moralmente obrigatório usar o preservativo? Não tive dúvida nenhuma! E quantos vitupérios eu ouvi... Até que o Papa, depois de vários diálo-

A Igreja continua, contudo, bastante inflexível em várias matérias, como a ordenação de mulheres ou o celibato sarcedotal. Esta postura é necessária para manter um determinado padrão moral na Igreja? É também o respeito pela tradição. Mas estou convencido de que, nalguns desses temas, vai haver mudanças. No sacerdócio das mulheres, o Papa falou e a noção de magistério ordinário é de forma definitiva. Mas, por exemplo, no caso do celibato, não tenho quaisquer dúvidas de que um dia a Igreja, com o mesmo respeito pelas razões da fé e sem ceder a pressões, vai mudar. Não tenho dúvidas nenhumas. Agora, ao dizer que isto vai ser possível, eu não alieno a cabeça. Às vezes dizem-me: “Você devia ser mais ponderado, mais prudente”. E eu sou! O que eu quero dizer a católicos e a não católicos é que determinadas posições [da Igreja] não são o que parecem. Sente-se uma voz incómoda dentro da Igreja? Não me sinto uma voz incómoda, [mas] sinto que algumas pessoas se incomodam. E uma das formas de se sentirem incomodadas é pensarem: “Eu já tentei humilhá-lo e não consegui. Eu já tentei retorquir e não consegui. O melhor é eu não publicitá-lo”. E então essas pessoas, quando nos encontramos, falam-me pouco. Não é não me falarem, é falarem-me pouco. A pessoa mantém a sua convicção e a única forma de mostrar ressentimento é o silêncio. Isto acontece num ou noutro caso; não é generalizado.


MEETING POINT

Era vê-los de olhares vidrados pela nostalgia, sorrisos rasgados pelos reencontros, vozes desinibidas pelas conversas, trejeitos desassossegados por tantos e tantos cumprimentos... Várias centenas de alumni responderam ao repto de se reunirem no Encontro/Festa de Antigos Estudantes da U.Porto, organizado no âmbito das comemorações do Centenário da Universidade. E por isso, no passado dia 30 de setembro, o Edifício da Reitoria encheu-se de gente ávida de reavivar memórias e, sobretudo, de homenagear a instituição que se insinuou nas suas vidas com a força do assombro – a U.Porto. Animados por este estado de espírito, os antigos estudantes desfrutaram de uma série de atividades de convívio, designadamente uma visita ao Edifício da Reitoria, apontamentos musicais com tunas, o Orfeão Universitário do Porto e os Antigos Orfeonistas da Universidade do Porto e um momento de confraternização no café “Piolho”. Neste mítico território de tertúlias e estroinices estudantis foi, de resto, descerrada uma placa de homenagem aos cafés históricos do Porto e ao património académico imaterial que estes perpetuam. O Encontro/Festa de Antigos Estudantes incluiu também um jantar-convívio no restaurante Irene Jardim, junto ao Edifício da Reitoria, durante o qual foi homenageado o professor Aureliano da Fonseca. Com este gesto de reconhecimento ao autor dos “Amores de Estudante”, pretendeu-se igualmente prestar tributo às várias gerações de alumni da U.Porto. É que, para o reitor Marques dos Santos, Aureliano da Fonseca “personifica o amor, a devoção e o sentimento de pertença à U.Porto que desejamos reconhecer em todos os membros da nossa comunidade académica e, em particular, nos nossos antigos estudantes”.

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MONTRA DE LIVROS

ACTAS DO SENADO DA UNIVERSIDADE DO PORTO (OUTUBRO 1911-1931)

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FALÁCIA CARL DJERASSI

HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

U.PORTO EDITORIAL

CÂNDIDO DOS SANTOS

Tradução para português da peça de teatro Phallacy, de Carl Djerassi. A tradução é de Manuel João Monte, professor da Faculdade de Ciências da U.Porto. Nesta obra, Carl Djerassi preocupa-se com as peculiaridades e idiossincrasias do historiador de arte e do cientista, quando examinam a idade de uma obra de arte através das suas perspetivas intrinsecamente diferentes: a de “connoisseur” nos campos da estética e da história de arte versus a fria análise material. Além disso, também quis explorar as ramificações de uma desvirtualização muito conhecida que transcende o fosso entre estudioso de arte e cientista: a paixão por uma hipótese favorita que se defende contra quaisquer novos factos e provas. Carl Djerassi, nascido em Viena mas educado nos Estados Unidos, é escritor e professor de Química na Universidade de Stanford. Autor de 1.200 publicações científicas e de sete monografias, Djerassi é um dos raros cientistas americanos galardoado com a National Medal of Science (em 1973, pela primeira síntese de um esteróide contracetivo oral – a pílula) e com a National Medal of Technology (em 1991, por ter desenvolvido novas estratégias para o controle de insetos). Membro da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos e da Academia Americana das Artes e Ciências, Djerassi foi distinguido, em outubro, com o Doutoramento “Honoris Causa” da U.Porto.

“No âmbito das comemorações do Centenário da Universidade, a U.Porto organizou uma série de edições especiais de livros versando diferentes aspetos da vida da instituição. Pretende-se desta forma evocar factos e acontecimentos, ideias e realizações, pessoas e meios, vontades e decisões que contribuíram para que a U.Porto seja hoje uma universidade de referência“, explica o reitor Marques dos Santos, na nota de introdução ao livro “A História da Universidade do Porto”. Da autoria de Cândido dos Santos, a obra é uma edição revista, atualizada e aumentada do livro publicado com o mesmo título, em 1996, pela Reitoria da U.Porto, com a particularidade de agora surgir em versão paperback. Conhecer os primórdios, o crescimento e a evolução da U.Porto relevando também todo o contexto externo é uma lição de história, que nos ajuda a projetar o futuro da maior instituição de ensino superior do país. Com este livro, a U.Porto dá seguimento às edições do Centenário, uma série de obras que tratam aspetos da vida da instituição ao longo dos últimos 100 anos.

INTRODUÇÃO DE CÂNDIDO DOS SANTOS

U.PORTO EDITORIAL

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PEDRO ROCHA

Um pedaço do início da história da U.Porto. Num ano em que celebra o seu Centenário, a Universidade lança o conjunto dos primeiros vinte anos de atas do Senado da instituição. De 1911 a 1929 encontramos documentos carregados de importância e de simbolismo, como a primeira reunião presidida por Francisco Gomes Teixeira, na qual se elegeu a primeira Junta Administrativa da U.Porto. Com introdução de Cândido dos Santos, este primeiro volume das atas do Senado cobre o período entre 1911 e 1929 e conta-nos a história dos primeiros cinco reitores da U.Porto: de Francisco Gomes Teixeira (1911-1917) a Alexandre Alberto de Sousa Pinto (1929-1931). As atas refletem o período conturbado da história universitária portuguesa e alguns acontecimentos, como a queda da 1.º República, que alteraram por completo o panorama da educação em Portugal. Todos os factos históricos e os marcos que assinalaram os primeiros anos de vida da Universidade estão implícitos nas atas do Senado da U.Porto, centenas de documentos históricos ao dispor do leitor. Segundo o atual reitor da U.Porto, Marques dos Santos, a publicação das Atas do Senado da U.Porto “reveste-se de especial signifi­cado institucional e relevância histórica. Os documentos em causa dão a conhe­cer aprofundadamente o processo de constituição da Universidade, revelando uma série de desafios e vicissitudes que, para lá do inegável interesse histórico, são também lições válidas para o futuro da instituição”.


OS OUTROS. A CASA PIA DE LISBOA COMO ESPAÇO DE INCLUSÃO DA DIFERENÇA.

AVALIAÇÃO EM PLANEAMENTO URBANO

CLÁUDIA PINTO RIBEIRO

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“Os Outros”, de Cláudia Pinto Ribeiro, mostra-nos uma Casa Pia desconhecida até hoje. Uma casa de acolhimento de crianças especiais que no início do século XX deambulavam por Belém, sem se acostumarem às rotinas estabelecidas. Eram corpos estranhos. Por isso, para conhecer os espaços criados para recolher os “anormais” é necessário conhecer esta obra. A visita estende-se, portanto, aos dispositivos de normalização criados na Casa Pia para receber todos aqueles que, pela sua anormalidade física ou mental, se desviavam da vulgaridade e que, por esse motivo, careciam de uma educação mais adequada às suas dificuldades de aprendizagem. Seria, sobretudo, um ensino especial para crianças especiais, uma escola à medida da anormalidade do outro. Este livro apresenta perspectivas históricas inéditas sobre a genealogia do ensino especial, tratando, também, de modo muito particular a questão dos mutilados da I Guerra Mundial, estudo que entre nós ainda não tinha sido realizado. A Casa Pia afigura-se, neste contexto histórico, como o garante do governo de uma população recrutada nas fileiras da miséria, assegurando um futuro diferente e mais digno. Considerados resíduos da sociedade, estes elementos eram recolhidos pela Casa Pia de Lisboa, transformados, aperfeiçoados e lançados novamente na sociedade que os segregara.

Avaliar a atividade de planeamento urbano nas duas principais cidades portuguesas e verificar expectativas e resultados dos planos urbanos de cada uma delas é um dos objetivos de “Avaliação em Planeamento Urbano”, livro de Vítor Oliveira publicado pela U.Porto editorial. Demonstrar que é possível e desejável avaliar de forma sistemática a atividade de planeamento urbano é o propósito da obra deste investigador de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da U.Porto. Depois de uma primeira parte, em que faz um enquadramento teórico e metodológico do tema, o autor propõe uma metodologia de avaliação do Plano Diretor Municipal (PDM), elemento central do sistema de planeamento urbano em Portugal. Aplica a metodologia aos planos diretores atualmente em vigor em Lisboa e no Porto, avaliando cada um destes dois casos em termos de racionalidade do plano, de performance do processo de planeamento e de conformidade dos resultados obtidos. O autor de “Avaliação em Planeamento Urbano” conclui que é possível aplicar uma metodologia de avaliação de planos diretores que permita um juízo de valor sobre os documentos e que contribua, através de um processo de contínua aprendizagem, para melhorar a qualidade desses planos, dos processos de planeamento e do ambiente urbano das cidades em que intervêm.

VÍTOR OLIVEIRA

PORTUGUÊS, LÍNGUA E ENSINO ISABEL DUARTE E OLÍVIA FIGUEIREDO (ORG.) U.PORTO EDITORIAL

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Este livro procura fornecer motivos de reflexão e pistas, umas de cariz mais teórico e outras mais práticas, que auxiliem o professor de Português na sua preparação quer científica quer pedagó­gica, imprescindível para que possa ensinar bem Português. Elaborado com a marca U.Porto editorial, é um forte sinal do sentido de responsabilidade social da Universidade perante a sociedade em que se insere. O esforço no sentido de melhorar a qualidade do ensino do Português e da Matemática, que se vem fazendo sentir nos últimos anos em Portugal, teve uma resposta da U.Porto. “Português, língua e ensino” apresentase como a segunda etapa dessa resposta. Para a organização deste volume, Isabel Duarte e Olívia Figueiredo procuraram envolver-se não só com docentes de outras instituições de ensino superior mas também com alguns douto­randos, além dos professores da U.Porto. Este livro junta-se à obra “Treze Viagens pelo Mundo da Matemática”, organizado por Carlos Correia de Sá e Jorge Rocha, professores do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciências da U.Porto. Esta obra lançada em novembro de 2010 reúne o pensamento de mais de uma dezena de matemáticos portugueses que procuram transformar o ensino da Matemática em Portugal.


EMPREENDER

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PRÉMIO ACP_DIOGO VASCONCELOS DISTINGUE EMPREENDEDORES DA U.PORTO

Um projeto de investigação que visa melhorar a eficiência das células fotovoltaicas e uma spin-off dedicada ao desenvolvimento de software foram os vencedores da primeira edição dos Prémios ACP_ Diogo Vasconcelos, um galardão de incentivo ao empreendedorismo e inovação universitários promovido pela Associação Comercial do Porto e pela U.Porto.

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nstituído no âmbito de uma renovada parceria entre as duas instituições que confere aos professores, investigadores e gestores de empresas criadas no seio da U.Porto condições especiais de adesão à Associação Comercial do Porto (ACP), o Prémio ACP_DiogoVasconcelos tem por objetivo distinguir anualmente o melhor projeto de investigação desenvolvido na Universidade em cooperação com empresas portuguesas, bem como spin-offs ou start-ups com grande potencial de internacionalização criadas no campus universitário. Cada um dos vencedores anuais das duas categorias do galardão – Applied Research e Technology Export – é contemplado com um prémio pecuniário de 7.500 euros, oferecido pela ACP. Como notou o presidente da associação, Rui Moreira, este galardão visa “reconhecer o trabalho de investigação e o empreendedorismo desenvolvidos na Universidade do Porto que, numa altura de crise, mostram o potencial de criação e os valores latentes que existem em Portugal e na região Norte, em particular”. Os mesmos valores que sempre foram exaltados pelo recentemente falecido gestor portuense Diogo Vasconcelos, o primeiro presidente da Federação Académica do Porto e um dos mais ativos promotores do espírito empreendedor na sociedade portuguesa, que acabaria por ter o seu nome associado a este galardão como forma de

homenagem ao seu esforço de criação de condições para uma maior cooperação entre universidades e indústria no capítulo da inovação. Um júri de responsáveis da ACP e da U.Porto acabou por conceder ao projeto SolarSel e à empresa Sysnovare a honra de serem os primeiros galardoados com o prémio que recebe o nome de Diogo Vasconcelos, nas categorias Applied Research e Technology Export, respetivamente. Aproveitar melhor a luz solar O projeto SolarSel reúne investigadores dos departamentos de Engenharia Química e de Mecânica da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e das empresas EFACEC, CIN e CUFQI em torno de um problema fundamental no desenvolvimento das novas Dye-Sensitised Solar Cells (DSC) – células fotovoltaicas de terceira geração, que imitam o mecanismo de fotossíntese das plantas e prometem alterar radicalmente o mercado dos painéis solares pelo seu baixo custo de produção e melhor eficácia em condições de luz difusa. O que liga esta equipa liderada pelo investigador da FEUP Adélio Mendes é a resposta ao problema de selagem destas novas células fotovoltaicas, que impede a sua estabilidade a longo prazo em condições de temperatura elevada e, consequentemente, põe em perigo a viabilidade económica desta nova tecnologia. O projeto SolarSel tem exatamente por objetivo desenvolver um sistema totalmente inovador de selagem e montagem das DSC, que permitirá assegurar a estanquidade e estabilidade dos mó-


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Software do Porto para o mundo O primeiro galardoado com o Prémio ACP_Diogo Vasconcelos – Technology Export é uma empresa spin-off da FEUP que tem por missão o desenvolvimento de soluções de software de gestão para empresas e entidades públicas, com o objetivo específico de sistematizar e simplificar os processos diários destas organizações. A Sysnovare – Innovative Solutions, SA foi criada em 2009 pelo então investigador e docente Manuel Machado, que decidiu trocar os bancos da

Universidade pelas responsabilidades de gestor de empresas com o propósito de testar comercialmente os programas informáticos desenvolvidos pela sua equipa na FEUP, para consumo interno da U.Porto. Responsável durante vários anos pelo desenvolvimento do SIGARRA, o sistema de informação que está por detrás da gestão de todas as informações e processos académicos e administrativos realizados pela U.Porto, Manuel Machado percebeu as potencialidades económicas do seu trabalho quando o mesmo sistema foi adotado por outros estabelecimentos de ensino superior do país. Com a autorização dos responsáveis da Faculdade e o capital de alguns investidores, Manuel Machado criou uma empresa que, em dois anos de funcionamento, dispõe de uma carteira de clientes que ultrapassa já as três dezenas e de um conjunto de soluções de software com alto potencial de exportação, em especial para os PALOP. Atualmente, a Sysnovare oferece, para além de um vasto leque de aplicações informáticas nas áreas do ERP (Entrepise Resource Planning), da gestão integrada de contraordenações, da gestão de recursos humanos e da gestão académica, formação especializada e desenvolvimento de soluções personalizadas à medida de cada cliente. Um portfólio de serviços que tem ganho cada vez mais adeptos no mercado nacional e que, no futuro próximo, estará também disponível no mercado internacional.

RAU L SA N TOS

dulos fotovoltaicos a longo prazo, viabilizando e potenciando a sua utilização prática, com claras vantagens face a outras tecnologias. Ao melhorar o desempenho das DSC, o sistema SolarSel permite, entre outros benefícios, um melhor aproveitamento da radiação solar, uma maior redução de custos de produção e um maior potencial de aplicação das células, já que estas, sendo compostas por uma película fina semitransparente, podem ser utilizadas como substitutos de vidros de janela ou como elementos decorativos das fachadas de edifícios. Assim, não é de estranhar a parceria estabelecida entre universidade e indústria neste projeto. Da mesma forma que a solução para o problema de selagem das células DSC representa um desafio académico que tem proponentes de soluções a desenvolver em universidades de todo o mundo, também o domínio de formas sustentadas de produção deste novo tipo de células fotovoltaicas pode significar importantes vantagens competitivas para as empresas nacionais.


ALMA MATER

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Visto do exterior, é difícil imaginar que um edifício tão imponente e compacto tenha resultado de vários projetos e sido construído ao longo tempo, conforme as necessidades imediatas. Mas, percorrendo os seus labirínticos espaços interiores, fica uma sensação de descontinuidade, que denuncia a inconstância presente no longo do processo de edificação. O atual Edifício da Reitoria teve um primeiro esboço da autoria de Costa e Silva, datado de 1803. E foi com base nesse esboço que o engenheiro Carlos Amarante apresentou, em 1807, dois projetos para a Academia Real da Marinha e Comércio, tendo o segundo sido aprovado em 26 de setembro do mesmo ano. Contudo, a construção do edifício obedeceu apenas parcialmente ao projeto selecionado. Acresce que, devido a dificuldades financeiras e à instabilidade política que antecedeu as lutas liberais, as obras avançaram muito lentamente, com as diferentes alas do edifício a serem construídas de forma espaçada no tempo. Durante o Cerco do Porto (1832-1833), a Academia acolheu um hospital de sangue para apoio às tropas liberais. Esta circunstância obrigou, uma vez terminada a guerra civil, a realizar profundas obras de recuperação do edifício, passando as aulas a

decorrer, transitoriamente, na residência do 2.º visconde de Balsemão, na Praça Carlos Alberto. Entretanto, a construção do edifício é interrompida em 1934 e só em 1882 seria elaborado novo projeto, da autoria de Gustavo de Sousa, que incluía a Biblioteca, a Escola Industrial, a Academia das Belas Artes e a Academia Politécnica (que, em 1873, tinha substituído a Academia Real da Marinha e Comércio). Mas os traços arquitetónicos que perduraram até aos nossos dias foram gizados pelo engenheiro António Ferreira de Araújo e Silva, em 1889, num novo projeto que já contemplava a Escola Médico-Cirúrgica. Com a criação da U.Porto, em 1911, o edifício acolheu a Faculdade de Ciências (FCUP) que, nessa altura, integrava também uma Escola de Engenharia. Anos mais tarde, em 1974, um incêndio destrói parte do edifício da Praça Gomes Teixeira. O infortúnio obrigou a dispersar a Faculdade pela cidade, a iniciar obras de recuperação dos estragos e a mudar a Reitoria, que entretanto ali se instalara, para um imóvel antigo na Rua de D. Manuel II. A reconstrução estendeu-se até à década de 80, tendo-se iniciado a transferência da FCUP para o Campo Alegre (Polo 3) apenas no ano letivo de 1996-97. A Reitoria só regressaria ao edifício em 2006. RMG

FOTOS: EGÍDIO SANTOS

O CORAÇÃO DA UNIVERSIDADE


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FMUP vence prémio europeu de Medicina Sexual

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Um grupo de investigadores da FMUP vai dar início a um projeto pioneiro para testar se as células da medula óssea podem regenerar os vasos sanguíneos do pénis. O projeto, a desenvolver em colaboração com o IBMC, entusiasmou a Sociedade Europeia da Medicina Sexual, que atribuiu um prémio de 30 mil euros à equipa do FMUP. O objetivo dos cientistas Carla Costa, Ângela Castela e Pedro Vendeira é avaliar uma nova abordagem que permita a regeneração do tecido vascular no pénis diabético. Isto porque os diabéticos têm uma probabilidade acrescida de sofrer de disfunção erétil, devido aos efeitos da doença sobre os vasos sanguíneos. No projeto, os investigadores vão usar ratos de laboratório diabéticos, aos quais vão destruir a medula óssea. Depois vão transplantar células da medula óssea das suas irmãs e vão verificar se estas células regeneraram o tecido dos vasos do pénis nos ratos diabéticos. Numa segunda fase do estudo, a mesma equipa pretende avaliar se certos medicamentos utilizados para tratar a disfunção erétil melhoram a função vascular do pénis diabético.

Carlos Melo Brito é o novo pró-reitor Carlos Melo Brito é o novo pró-reitor da U.Porto, em substituição de Emídio Gomes que, por razões pessoais, solicitou a exoneração do cargo que exercia desde novembro de 2009. Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia (FEP) e com MBA pela Universidade Nova de Lisboa, Carlos Melo Brito é Professor Associado com Agregação da FEP, onde leciona as disciplinas de Marketing e Estratégia Empresarial. É doutorado em Marketing pela Universidade de Lancaster (Reino Unido), tendo como interesses de investigação as redes de empresas e o marketing relacional. Desenvolve igualmente a atividade de consultor de gestão e é autor de várias obras nas áreas do marketing, estratégia e organização. O convite para o cargo de pró-reitor decorre da crescente valorização económica das atividades de I&D da Universidade, o que passa, em boa medida, pela promoção do empreendedorismo e da inovação nas estruturas de incubação empresarial da Universidade.

“Honoris Causa” para o inventor da pílula A 28 de outubro, o químico norteamericano Carl Djerassi (na foto) foi distinguido pela U.Porto com o título de Doutor “Honoris Causa”, tendo Manuel João Monte (FCUP) sido o padrinho do doutorado e Alexandre Quintanilha seu elogiador. O criador da pílula contracetiva foi doutorado por proposta da FCUP, que homenageou, assim, a carreira ímpar do cientista, dramaturgo e romancista. Nascido em Viena mas educado nos EUA, Carl Djerassi é Professor Emérito de Química da Universidade de Stanford. Ao longo da sua carreira, Djerassi assinou mais de 1.200 publicações científicas, para além de dezenas de romances, peças teatrais, novelas, poemas e contos. Por proposta da FLUP, a U.Porto atribuiu ainda, no dia 10 de outubro, o grau de Doutor “Honoris Causa” a Patrick Le Roux e Alain Tranoy, especialistas de História Antiga com excecionais estudos sobre o Norte de Portugal. Roux e Tranoy estudaram a romanização e a epigrafia do Noroeste Peninsular, contribuindo para várias descobertas importantes na Península Ibérica. José d´Encarnação (Universidade de Coimbra) e Armando Coelho (FLUP) foram os padrinhos da cerimónia.


Prémio Pfizer para investigadores do IBMC

Prémio Secil distingue Souto de Moura

O artista plástico Pedro Tudela, formado em pintura pela FBAUP, onde hoje leciona, venceu a 8.ª edição do Prémio Amadeo de Souza Cardoso, com a obra sem título, série “RE...”. O prémio foi entregue no passado dia 22 de outubro, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Amarante. Após a cerimónia foi inaugurada uma exposição, no Museu Municipal de Amarante, composta por uma seleção de 92 obras assinadas por 55 artistas concorrentes. O Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, no valor de 7.500 euros, tem periodicidade bienal e é organizado pela autarquia de Amarante e pelo Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso. À edição deste ano concorreram 323 artistas, com 563 obras. Tendo como objetivo homenagear a carreira de um artista consagrado, este prémio distinguiu anteriormente vários nomes ligados ao ensino artístico na U.Porto, casos de Fernando Lanhas (1997), Júlio Pomar (2003) e Ângelo de Sousa (2007). Pedro Tudela nasceu em Viseu, em 1962. Desde 1982 que expõe regularmente no país e fora dele. Para além das artes plásticas/instalações e da música eletrónica, foi responsável pela cenografia de diferentes espetáculos do TNSJ.

Elsa Logarinho e Helder Maiato, ambos do IBMC, venceram o Prémio de Investigação Básica da Pfizer, com o projeto “As CLASPs asseguram a fidelidade da transmissão do material genético ao impedir a multipolaridade irreversível do fuso mitótico em resposta a forças de tração de alinhamento cromossómico”. O trabalho destes investigadores versa a divisão celular e preconiza a ideia de que a “fidelidade da distribuição do material genético pelas duas células filhas depende da formação de uma estrutura bipolar – o fuso mitótico”. No projeto foi, aliás, identificado “um novo mecanismo molecular necessário à estabilidade do fuso mitótico que envolve um tipo de proteínas designadas CLASPs”. Os investigadores concluíram que a “perturbação funcional destas moléculas conduz à formação de fusos anormais multipolares que resultam numa distribuição desigual do material genético, situação que compromete a viabilidade das células filhas”. Um mecanismo que pode vir a ser explorado na terapia do cancro, patologia que se caracteriza pela divisão descontrolada das células.

Eduardo Souto de Moura foi distinguido com o Prémio Secil de Arquitetura 2010 pelo projeto Casa das Histórias – Paula Rego, em Cascais. O antigo estudante da FAUP e seu atual Professor Catedrático Convidado arrecadou assim mais um importante galardão, escassos meses depois de ter sido laureado com o Prémio Pritzker. De resto, Souto de Moura já tinha vencido o Prémio Secil Arquitetura com a Casa das Artes, no Porto, em 1992, e com o Estádio Municipal de Braga, em 2004. De acordo com o comunicado apresentado pelo júri do prémio, a Casa das Histórias foi pensada tendo em consideração “os elementos fundamentais já existentes: o terreno e as árvores”. Diz-se ainda que a “natureza envolvente ajudou a decidir o material exterior, betão pigmentado a vermelho, em contraste com o verde do bosque”. Desde 1992 que o Prémio Secil de Arquitetura, no valor de 50 mil euros, é atribuído bianualmente. Visa promover o reconhecimento público de autores de obras que, incorporando o material primordial da atividade da SECIL – o cimento –, constituam peças significativas no enriquecimento da arquitetura portuguesa.

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Tudela vence Prémio Amadeo de Souza-Cardoso


VIDAS E VOLTAS

N Das muitas Queimas das Fitas que o Porto já viveu, poucas terão sido tão marcantes como a que os quartanistas da Faculdade de Medicina organizaram em 1946. A bordo de “carros dos serviços de limpeza e pequenas carroças puxadas por solípedes mal alimentados”, a “fina flor da academia portuense” transformou a Praça Parada Leitão no epicentro de uma “Febre Amarela” com sintomas de hilaridade. Mais de 65 anos depois, reunimos os protagonistas, recuperamos as imagens e deixámo-nos contagiar...

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ão se pode dizer que a cidade não estivesse de sobreaviso, quando o primeiro foco da “Febre Amarela” atingiu o Porto naquela noite de 15 de Abril de 1946. Dois dias antes já O Comércio do Porto alertara para o “acontecimento de vulto” que teria como epicentro o Cinema “Júlio Deniz”. Nas ruas, grupos de “profetas” engravatados anunciavam-no em cartazes pintados a maiúsculas parangonas. Mais de 65 anos depois, surpreendemo-los nos primeiros minutos do filme que se projeta numa tela à meia luz. À volta da mesa, contam-se os 441 anos partilhados por Albino Aroso, Paulo Santos, António Rodrigues, João Milheiro e Myriam Camélier. Nas próximas linhas, os cinco voltam a vestir a pele dos estudantes da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) que, em meados do século passado, espalharam uma das mais alegres “epidemias” que a cidade já conheceu.

Para se perceber a originalidade da Queima das Fitas de 1946 há que fazer rewind até 1934, quando Albino Aroso se tornou, aos 7 anos, o primeiro habitante de Canidelo (Vila do Conde) a concluir o exame de instrução primária. “Sempre tive isto da inovação dentro de mim”, diz aquele que ficaria conhecido como “pai” do planeamento familiar em Portugal. A esse dom juntava a “memória fenomenal” que transformou em arma a partir de 1942, nas salas da FMUP, então situada no Largo do Carmo. “Eu não precisava de estudar. Assistia às aulas todas na primeira fila e fixava tudo, às vezes até a dormir”. Mesmo que nas ruas remoesse o “rom-rom dos eléctricos” em sobe-e-desce no coração do Porto. Mesmo que, em tempos de ditadura, o rádio sussurrasse as marcas da guerra global. “Os carros só podiam andar ao domingo e à segunda. Nos outros dias, só médicos e polícias. Não eram tempos fáceis”, recorda Albino Aroso.

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Os primeiros sintomas... Política e estudo eram por isso temas non gratos à mesa de bilhar do café “Piolho”, onde era comum encontrar os rapazes da geração de 42. “Corríamos sempre para lá. Era a nossa terra”, recorda Albino Aroso. “Era a sede”, reforça António Rodrigues. Foi também ali, entre um cigarro e um olhar furtivo às raparigas que passavam na esplanada, que o “vírus” da Queima das Fitas começou a infetar os então quartanistas de Medicina, nos primeiros meses de 1946.


“Já havia alguma coisa noutros anos mas pouco se notava”, nota João Malheiro. Uns planos mais à frente será ele a D. Sulfamida. Mas, por agora, é mais um dos que conspiram na operação “Febre Amarela”, título da récita que, recuperando uma antiga tradição dos estudantes do Porto, antecipou o programa oficial da Queima de Medicina, em meados de Abril. Estava lançado o primeiro passo para o “contágio”. Damo-lo nos bastidores do Cinema “Júlio Deniz” (Rua de Costa Cabral), em noite de casa cheia. Até aí, tudo fora preparado ao pormenor nos ensaios orientados pelo ator Athayde Perry no Teatro dos Modestos e no Centro Universitário do Porto. “Convidámos o Vasco Santana mas ele nunca apareceu”, lamenta Paulo Santos. Revemo-lo em cima do burrico que o levou ao centro do palco na pele do “João Semana”. Regressaria mais seis vezes num serão onde não faltaram

Ao “googlarmos” o nome de Joaquim Sampaio Maia, os resultados apontam inevitavelmente para o avô, João Augusto Sampaio Maia, 1.º conde de São João de Ver. Ou então o primo António, ilustre médico e fundador do Opheon de Sta. Maria da Feira. Mas Joaquim era só… Joaquim. “Foi estudante de Medicina mas não tirou curso nenhum. Era muito alegre, um bon vivant. Só que não estudava nada”, lembra Arménio Carvalho, antigo estudante da FMUP e companheiro

A epidemia Instalado o foco febril, faltava contagiar a cidade. Um mês depois, a 17 de Maio, a oportunidade surgiu por ocasião do cortejo académico, ponto alto dos programas da Queima das Fitas das quatro faculdades da Universidade. De 1944 vinham as memórias do primeiro cortejo que uniu as cores de Ciências, Engenharia, Farmácia e Medicina. A tradição de Coimbra também dava algumas ideias. Mas, “sobretudo, tínhamos uma inovação brutal”, recorda Albino Aroso. Mais uma vez, coube-lhe lançar o desafio nos bancos

imitações de professores, homenagens ao ensino médico e sátiras à cidade. “Lembro-me dos ‘Três Fantasmas’, que gozava com as obras inacabadas [a torre da Câmara Municipal, a estátua da rotunda da Boavista – “a dos sportinguistas” – e a estação da Trindade]. A certa altura, perguntavam: Quem está aí?” Eu aparecia de traje, abria a capa e tinha lá escrito ‘Câmara Municipal de Pina’!” Na plateia, o presidente da Câmara, Luís Pina, sorriu com a assombração. No dia seguinte, O Comércio do Porto elogiava o “humor refinado”

de Joaquim nas incursões pelo “Piolho”. Em vez do bisturi, Sampaio Maia preferia a câmara de filmar. Foi com ela que, em 1946, eternizou a Queima das Fitas do Porto nas imagens que ilustram estas páginas. De Joaquim sabe-se que nunca deixou de viver depressa demais. Tanto que o coração o traiu aos 44 anos (1918 – 1962). Não deixou descendência. O tesouro, esse, permanece.

do “Piolho”, onde “estávamos sempre juntos”. À cumplicidade dos colegas das faculdades juntavase a dos professores. “Pedimos 50 paus a cada um, que era muito dinheiro. Todos deram. Foi com esse dinheiro que preparámos tudo”. Estava por isso tudo a postos quando, às 18h00 daquela terça-feira, a “fina flor da academia portuense” chegou à Praça Parada Leitão (a do “Piolho”, pois então) a bordo de “carros dos serviços de limpeza e pequenas carroças puxadas por solípedes mal alimentados” [O Comercio do Porto, 18-05-1946]. Na tela, um “quixotesco arauto

TIAGO REIS

de sátiras como o – actual, ou atual… – “Doido do Acordo (ortográfico, já se vê)” e rendia-se às “girls (ou boys)” que preenchiam cada intervalo ao som dos coros femininos. “Uma fábrica deu o tecido para os nossos vestidos... e para os deles”, sorri Myriam Camélier.

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O homem da câmara de filmar


VIDAS E VOLTAS

U . P O RT O A L U M N I 1 5

António Rodrigues, Paulo Santos, Albino Aroso e João Milheiro

A infecção de riso chegou à Praça da Liberdade e ainda teve forças para o regresso a Parada Leitão. Para ajudar à subida, “ia tudo mais ou menos com um copito”, confessa António Rodrigues. Remissão Quando o projector se desliga, muito fica por contar sobre a “Febre Amarela” que atingiu o Porto naqueles dias de 1946, a começar pelas quadras

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montado a cavalo” dá o sinal de partida ao som de foguetes e zés p’reiras. Na frente, os estudantes de Engenharia agitam as fitas cor de tijolo à multidão que enche ruas e janelas. Mas, no caminho até aos Clérigos, já as atenções estão centradas no “João Semana refastelado no lazarento cavalicoque” que lidera o ataque de Medicina. À cabeça do “exército de estudantes em travesti”, a D. Sulfamida e a D. Penicilina prestam homenagem às descobertas científicas da época. Numa segunda linha, seguem as “seringas prontas a injectarem o público com um pó perfumado”. E se havia resistentes, logo soçobram ao charme das raparigas que acenam dos únicos automóveis que integram o cortejo. Resultado: “Foi uma alegria! Interrompemos o trânsito dos eléctricos!”, recorda Albino Aroso.

vencedoras dos Jogos Florais, trauteadas na memória imaculada de Albino Aroso; passando pelo terapêutico chá dançante no Palácio de Cristal; e culminando no baile que, a 20 de Maio de 1946, encerrou a Queima dos estudantes de Medicina. Outras estórias perderam-se nas saudades de Albino Aroso e companhia. “Do nosso ano hoje somos só dez. A maioria já se esqueceu de respirar. Era um curso especial...”. Se restam dúvidas, pegue nesta revista, apanhe o elétrico, saia em Parada Leitão e deixe-se contagiar pelo “latinório” que, um ano após a “Febre Amarela” ter atacado a cidade, o “ESCULAPIUS CURSUS MCMXLII – XLVII” esculpiu nas então virgens paredes do “Piolho”. Mais de 65 anos e 30 placas depois, a febre continua... “AD GLORIAM AETERNAM”.


Universidade do Porto A maior instituição de ensino e investigação científica de Portugal e uma das 100 melhores universidades da Europa. 3 14 1 2 366 1 654 30 898 22 405 5 406 258 2 829 3 550 1 488 576 535 524 61 427 91 701 35 18 135 36 85 392 4 050 4 052 155 61 31 14 2 122 52 32 30 663 216 53 321 2 647 633 9 1 220 18 2 270 3 495

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