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O mundo de Hergé contado tim tim por tim tim

Texto e fotos: NUNO GALOPIM, em Louvain La Neuve

A meia hora de Bruxelas, o Musée Hergé convida-nos a uma viagem pelo mundo de Hergé, naturalmente tomando Tintin como protagonista, mas olhando para lá das suas aventuras.

A uma meia hora de viagem de comboio desde o centro de Bruxelas há um destino imperdível para qualquer amante da banda desenhada. A poucos passos da estação de Louvain La Neuve, uma pequena povoação universitária nos arredores da capital belga, o Musée Hergé, inaugurado em 2009, propõe uma viagem bem contada e documentada ao universo criado por Georges Remi, o criador das aventuras de Tintin (e não só) que conhecemos através do seu nome artístico: Hergé. A figura de Tintin é, sem surpresa, protagonista não apenas no percurso da exposição permanente mas também no próprio aspeto do edifício – desenhado pelo arquiteto francês Christian de Portzamparc – que mostra uma imagem do jovem repórter numa das fachadas. Ao visitante fica, desde já, o aviso de que os acessos se fazem atualmente não pela porta que fica ao lado desta imagem, mas sim por entradas nas paredes laterais do edifício.

O percurso está arrumado em oito núcleos bem sequenciados que convém acompanhar com os audioguias (gratuitos) que juntam muita informação e até mesmo gravações audio complementares, aos objetos e imagens em exposição.

Começamos por descobrir a história de vida de Hergé, desde logo acompanhando o rumo da narrativa com algumas pranchas e desenhos originais que recordam etapas diversas da sua obra. A segunda sala mostra o trajeto que Hergé fez tanto na publicidade como na criação de personagens para revistas juvenis no seu início de carreira. A terceira sala é dedicada à família das personagens de Tintin, ao lado havendo uma quarta que explora o impacte que o cinema teve na forma de Hergé contar visualmente as suas histórias, num conjunto de referências que passam quer pelos filmes de capa e espada protagonizados por Errol Flynn ou as comédias dos Three Stooges (ou Três Estarolas em português). Num nicho a meio desta sala há uma cabine para tirar fotos ao visitante, colocando-nos em ambientes dos livros de Tintin… É irresistível!. Toda esta primeira sequência completa o piso 3 do museu.



Ao descer as escadas damos com uma recriação do que era uma estante na casa de Hergé na qual vemos os discos que ouvia e os livros que lia. Há Beatles, (muito) Pink Floyd, Tyranosarus Rex, Harry Belafonte… Ao lado, algumas das pinturas que tinha penduradas nas paredes de sua casa… E passada esta antecâmara mais pessoal, o regresso ao seu universo de ficção faz-se no “Laboratoire”, um segmento da exposição que explora o interesse de Hergé pelas questões da ciência. Há ali em destaque o material que o conduziu à criação dos álbuns “Rumo à Lua” e “Explorando a Lua”, assim como invenções do professor Tournesol (hoje diz-se Girassol, mas sou “antigo”). À ciência segue-se uma galeria que traduz o interesse do criador de Tintin pela geografia. Estão ali imagens e peças que o ajudaram a preparar aventuras que levaram Tintin aos cantos do mundo e, claro, uma montra de objetos que associamos às suas aventuras, de um modelo do Licorne, uma garrafa de Loch Lomond (com copo ao lado), uma lata de caranguejo, os chapéus dos Dupond ou um fetiche Arumbaya, entre muitos outros. O percurso passa ainda por uma secção dedicada aos estúdios Hergé (e aos que ali trabalharam, entre os quais Edgar P. Jacobs) e, a fechar, uma dedicatória visual ao próprio homem que dá nome ao museu. Uma instalação com capas de Tintin em edições nas mais diversas línguas, assinala o fim do circuito da exposição permanente.

Antes de sair vale a pena passar pela loja. Há ali uma incrível seleção de modelos, T-shirts, postais, cartazes e, também livros. Não há admirador das aventuras de Tintin que consiga dali saír com as mãos a abanar.

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