Assemblages

The assemblage is a recurring technique in Miguel Silva ‘s artistic practice that allows him to explore the eclecticism, contradiction, and conflict of the elements that he incorporates into it, in an attitude free of categorizations. His works comprise personal narratives, memories, visual journals where the plasticity of objects and the symbolic load of the forms show the lexical value of the artwork.

 

“Two Thursdays ago, in the gallery of the Artists Ateliers of Belleville association on the rue Francis Picabia, I had the chance to chat with Miguel Moreira e Silva, who by his profile might also merit the contempt of David Geselson and Tiego Rodrigues […]  his work is earnest, without the least touch of post-modern irony or detachment. The open-faced boxes I saw reminded me variously of Joseph Cornell’s treasure boxes, the Surrealist collaborative boxes created  by (justement) Picabia and his colleagues, and even Day of the Dead cigar-box shrines. All of these multi-dimensional works featured door keys among their pot-pourri, evoking the medieval Unicorn tapestries housed at New York’s Cloisters museum. Peering out of sepia photos from most of them were family members; in one, Silva pointed out to me, a lone child is separated from the larger group photo. Skulls and other skeleton parts figure prominently, as do gargoyle-like sculpted heads the artist made himself. Sharp objects like knives add an element of peril which only make the sum more precious. A U.S. quarter even lurks in one. When I spoke to the artist at the opening, he said the religiosity was important to him, but the boxes were so densely packed with other elements that this didn’t alienate me as it usually does”.

 

full article at: https://artsvoyager.wordpress.com/2016/05/30/flash-review-journal-6-2-art-consequence-or-amateurism-from-tiego-rodrigues-authenticity-from-emilia-nogueiro-and-miguel-moreira-e-silva-miro-gives-back/

My deepest locker and other nigthmares
assemblage 2
Music Box  | 50cmx55,3cm
assemblage 17
The Lost Child |  50cmx55,3cm
assemblage 15
assemblage 14
Souvenir of Death Camps | Portugal
assemblage 12
Portugal | 32cmx28cm
assemblage 11
The Tooth Fairy |
assemblage 10
France
assemblage 9
assemblage 8
Ex Voto
assemblage 7
Ex Voto
assemblage 6
The Locker |  50cmx55,3cm
assemblage 5
The front gate

My deepest locker and other nightmares – A assemblage em Miguel Moreira e Silva 

    A assemblage é uma técnica artística que consiste em reunir objectos sob a forma de colagem de objetos tridimensionais.  Constitui-se sob o princípio estético de que qualquer material pode ser incorporado numa obra de arte, criando um novo conjunto sem que esta perca o seu sentido original. 

     A história da assemblage remonta a 1912, às construções cubistas tridimensionais de Picasso. Desde então, vários são os artistas que se têm vindo a dedicar a esta técnica cujo auge foi atingido nas décadas de 1950 e 60, com Jasper Johns e Robert Rauschenberg. Ambos adoptaram uma abordagem considerada “anti-estética”, usando desperdícios e objectos encontrados, rudemente pintados, para, dessa forma, criar relevos expressionistas e esculturas que ficaram conhecidas como expressões neo-dadaístas. O seu objectivo consistia em desafiar os valores de comercialização em galerias de arte contemporânea e romper com o sistema de produção artística.     

    Enquanto técnica, a assemblage tem vindo a ser extensivamente usada e Miguel Moreira e Silva é um dos seus propulsores em Portugal, uma das vertentes menos conhecidas da sua obra artística. Nesta técnica onde amplamente o artista trabalha sobre texturas e ambientes diversos do real são contadas narrativas visuais, através da reunião de objetos que fazem parte de um passado histórico e religioso, que parece ter ficado cristalizado em Trás-os-Montes, ao qual Moreira e Silva é particularmente sensível. 

    Desconhecida de muitos e certamente incompreendida nos diversos elementos que o artista plástico nelas integra – os mais comuns: pregos antigos, chaves enferrujadas, pagelas centenárias, santinhos – dão-lhe, não raras vezes, um caráter de morbidez. Não só pelos valores cromáticos em que predomina o tom sanguínea, pelas máscaras em clara expressão de agonia e ex-votos nela integrados, mas também  dada a frequência com que crânios, um elemento que lhe é particularmente caro, são utilizados nas suas obras.  À pergunta “e porquê crânios?” a simplicidade do “porque gosto, porque tem a ver com a vanitas e a ars moriendi“, remete-nos desde logo para um universo artístico do norte da Europa, particularmente dos Países Baixos, nos séculos XVI e XVII, numa época em que  se tentava escapar do inferno ou mesmo do purgatório através de uma penitência genuína e do afastamento da vaidade humana. A palavra em latim significa “vacuidade, futilidade” e, em História de Arte, é interpretada como “vaidade”, como alusão à insignificância da vida terrena e à efemeridade da beleza humana, recorrentemente representada, na pintura da época, através da caveira.

    As peças aqui expostas, sob o título global “My deepest locker and other nightmares” relevam de um universo religioso e de culto de preparação para a morte que passa naturalmente pelo confronto com os nossos próprios medos e mais assustadores pesadelos: o medo primordial da morte, do descarnamento, da perda da beleza física, do afastamento dos bens materiais. 

por Alexandra Dias

Ph.D

Universidade Lusófona do Porto | Escola Superior de Educação Bragança