Sexta Selvagem: Planária-amarela-listrada-abundante

por Piter Kehoma Boll

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Hoje nosso Sexta Selvagem é sobre uma espécie quase desconhecida de um grupo quase desconhecido: Luteostriata abundans (antigamente Notogynaphallia abundans) é uma planária terrestre (um platelminto) encontrado no sul do Brasil, principalmente em áreas urbanas. É comum encontrá-la em jardins e parques escondida sob folhas, pedras e troncos.

Duas planárias Luteostriata abundans, chamadas por mim de Pierre e Marie (não se esqueça de que elas são hermafroditas, no entanto). Foto por Piter Kehoma Boll.
Duas planárias Luteostriata abundans, chamadas por mim de Pierre e Marie (não se esqueça de que elas são hermafroditas, no entanto). Foto por Piter Kehoma Boll.

A maioria das planárias terrestres são muito pouco conhecidas, mesmo sendo reconhecidas como bons bioindicadores de conservação. Contudo há um artigo publicado sobre os hábitos alimentares de L. abundans (Prasniski & Leal-Zanchet, 2009). Atualmente só se sabe que se alimenta de tatuzinhos-de-jardim, mas visto que é uma espécie bem comum em áreas perturbadas, sua dieta provavelmente inclui mais alguma coisa. (Estou estudando o comportamento predatório desta e outras espécies, mas não encontrei outra presa para ela ainda…)

Aqui no IPP (Instituto de Pesquisa de Planárias), também estamos fazendo pesquisa sobre a regeneração de L. abundans. Todos sabem como planárias aquáticas se regeneram bem quando cortadas em vários pedaços. Planárias terrestres não parecem ser tão habilidosas, mas muito pouco é conhecido sobre elas também neste assunto!

Outro fato interessante que notamos sobre L. abundans é sua habilidade de escapar de quase qualquer recipiente em que é colocada. Precisamos selar a tampa dos recipientes plásticos com fita adesiva e mesmo assim elas às vezes conseguem escapar.

Ainda há muito para se saber sobre estas planárias. Como predadoras, elas são essenciais para equilibrar o tamanho populacional de suas presas em áreas conservadas e para aquelas espécies conhecidas por viver bem em lugares urbanos, o conhecimento de seus hábitos alimentares é importante para avaliar sua chance de se tornar uma espécie invasora.

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Referências:

Carbayo, F. 2010. A new genus for seven Brazilian land planarian species, split off from Notogynaphallia(Platyhelminthes, Tricladida) Belgian Journal of Zoology, 140 (Suppl.), 91-101

Prasniski, M. E. T. & Leal-Zanchet, A. M. 2009. Predatory behavior of the land flatwormNotogynaphallia abundans (Platyhelminthes: Tricladida) Zoologia, 26, 606-612 DOI: 10.1590/S1984-46702009005000011

3 Comentários

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3 Respostas para “Sexta Selvagem: Planária-amarela-listrada-abundante

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  2. WILMA FLAUSINO

    Apareceu essa espécie na área da minha casa (sexta selvagem) moro em Ubá MG, quero saber se ela é perigoso para os humanos e para cachorros, me incomoda muito porque parece cobra, como faço para acabar com elas?

    • Piter Keo

      Esta espécie não ocorre em Minas Gerais e ela não passa de 8 cm de comprimento, então dificilmente vai parecer uma cobra. Elas não são perigosas. São parte do ecossistema e devem ser mantidas nele.

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