Cientistas perfuram 11 mil metros para chegar até crosta terrestre no meio do deserto

A ideia dos cientistas é entender o funcionamento dos vulcões e terremotos explicados pela crosta terrestre

Cientistas chineses estão tentando entender o funcionamento de vulcões e terremotos após começarem a perfurar 11 mil metros. O objetivo é chegar à crosta terrestre. O experimento acontece no deserto de Taklamakan e promete responder algumas respostas sobre os fenômenos.

Cientistas querem estudar vulcões na china Buraco vai estudar vulcões na crosta terrestre – Foto: Reprodução/India News/ND

As obras do poço começaram em maio e devem continuar por no mínimo 457 dias. Quando concluído, a perfuração estará entre os projetos mais ambiciosos já tentados para explorar o mundo sob nossos pés.

O poço mais profundo já cavado pelo ser humano foi o poço Kola Superdeep, no noroeste da Rússia, em um projeto soviético de 20 anos que foi abandonado em 1995.

Buraco gigante

Com 12,5 quilômetros de profundidade, o buraco atinge um terço do caminho através da crosta terrestre de 40 quilômetros de espessura.  Além disso, há um manto de 2.900 quilômetros de profundidade com uma camada amplamente sólida de rocha de silicato.

Em maio, pesquisadores a bordo do JOIDES Resolution , o carro-chefe do Programa Internacional de Descoberta dos Oceanos, finalmente recuperaram um núcleo rochoso de 1.000 metros de comprimento do manto superior da Terra, culminando com sucesso 60 anos de tentativas fracassadas no mesmo assunto.

Os cientistas esperam que com a escavação possam responder a questões persistentes sobre terramotos e erupções vulcânicas – um objetivo partilhado pelos investigadores na China.

No entanto, a exploração permanece praticamente impossível, mas os pesquisadores continuam em sua empreitada.

Segundo a agência chinesa Xinhua, o fundo do buraco atingiria rochas formadas durante o período Cretáceo , entre 66 milhões e 145 milhões de anos atrás.

Presidente se manifesta

Num discurso de 2021, o presidente chinês Xi Jinping nomeou o local como “Terra profunda”, sendo uma das quatro fronteiras estratégicas para a comunidade científica do país.

Presidente da china fala sobre perfuração dos cientistas Presidente chinês fala da importância do local para a comunidade científica do país – Foto: Marcos Corrêa/PR – Foto: Marcos Corrêa/PR/ND

Yigang Xu, da Academia Chinesa de Ciências, disse que o novo foco na exploração geológica foi impulsionado principalmente pela necessidade do país em reduzir a dependência das importações de minerais, metais e petróleo e gás.

O local onde o estudo acontece, contém alguns dos maiores e mais profundos campos petrolíferos da China, e a Sinopec, que explora a matéria-prima no país, desenvolveu outros poços ultraprofundos pelo país. Isto inclui o campo de petróleo e gás de Shunbei, onde a empresa afirma ter perfurado 49 poços com profundidade superior a 8 mil metros.

O projeto de perfuração também poderá oferecer aos investigadores uma visão sobre a geologia única da Bacia do Tarim. A bacia coleta água drenada de três cadeias de montanhas e acredita-se que tenha sido formada durante o fechamento do Oceano Paleo-Asiático, há mais de 200 milhões de anos.

“Os poços de pesquisa geralmente se esforçam muito para não encontrar petróleo e gás”, declara Edward Sobel, da Universidade de Potsdam, na Alemanha.

Ainda assim, ele diz que o projeto de perfuração também poderia oferecer aos pesquisadores uma visão sobre a geologia única da Bacia do Tarim se incluir a coleta de amostras de núcleo e a realização de medições geofísicas.

Sobel diz que a própria bacia tem mais de mil milhões de anos, com rochas estáveis ​​sobrepostas por centenas de milhões de anos de sedimentos.

“Temos uma pilha bastante contínua de sedimentos desde o período Cambriano em diante”, comparável aos estratos visíveis no Grand Canyon, finaliza.

O que é a crosta terrestre?

A crosta terrestre é a camada mais externa ou crosta do planeta Terra. É a parte superior da litosfera, com uma espessura variável de 5 a 70 km. A crosta é constituída principalmente por basalto e granito e fisicamente é menos rígida e mais fria do que o manto e o núcleo da Terra.

Segundo o site Wikipédia, a crosta terrestre é subdividida em crosta oceânica ou marítima, de constituição máfica, composta por minerais ricos em ferro e magnésio, e crosta continental, de constituição félsica, rica em silício, alumínio e potássio.

A crosta oceânica, com espessura de 7 a 10 km, é constituída essencialmente por basalto, enquanto que a crosta continental, com espessura de 20 a 70 km, é constituída majoritariamente por granito. A crosta oceânica é mais densa do que a crosta continental, por conter mais ferro em sua composição.

Estudos mostraram que abaixo da crosta a velocidade das ondas P aumenta bruscamente para 8 km/s, indicando a existência de uma descontinuidade composicional a esta profundidade. Esta fronteira denomina-se descontinuidade de Mohorovičić, e separa a crosta do manto. Este aumento brusco da velocidade das ondas sísmicas sugere que o manto é mais rígido e denso do que a crosta; o que é consistente com diversos dados petrológicos.

O mecanismo que permite que a crosta menos densa flutue sobre o manto, tal como um iceberg flutua no oceano, é descrito pelo princípio da isostasia.

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