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Conheça quatro museus que contam a história do pão pelo mundo

Historiadora portuguesa Ana Roldão dá dicas da Alemanha ao Rio Grande do Sul
Museu do Pão, em Seia, Portugal Foto: Reprodução
Museu do Pão, em Seia, Portugal Foto: Reprodução

RIO - Não há alimento cuja história esteja tão conectada às sociedades humanas como o pão. A receita original, extremamente simples, somente  com farinha e água, foi sendo readaptada por diversas culturas ao longo de seus 14 mil anos de história, ganhando formatos e sabores. E conhecer a história dele é um dos melhores jeitos de se adentrar nos costumes de cada local. É o que acredita a historiadora portuguesa Ana Roldão:

- A gastronomia é um dos melhores jeitos de conhecer uma cultura. E o pão, tão presente há tanto tempo, é fascinante - diz a profissional, radicada no Rio de Janeiro.

O pão une dois grandes interesses de Ana, a História e a gastronomia. Ela também é chef e consultora gastronômica, deixando sua marca em lugares como a Fazenda União, tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional e uma das principais do Circuito do Vale do Café, em Rio das Flores. Foi lá também que assinou o projeto de uma mesa de época em campanha que o app/site de decor Westwing criou em parceria com a fazenda. Vira e mexe, percorre a cidade do Rio e o estado fazendo workshops unindo os dois temas, entre muito outros.

- Todo mundo tem alguma memória afetiva com o pão. E ele é muito importante simbolicamente - explica. - Você tem o pão sem fermento do judaísmo, o pão consagrado no cristianismo, o pão árabe. Aqui no Brasil temos um pão feito de farinha de mandioca. Da Ilha da Madeira, tem o bolo de caco, feito de batata doce. Eu costumava queimar na lareira, com os meus primos, enquanto conversávamos, um pão típico da minha região e, até hoje, quando retorno, repito o ritual. É o poder que o alimento tem de te transportar para uma memória.

Apesar da sua importância, monumentos, museus e outros espaços dedicados à história do pão não costumam atrair muito a atenção do turista. “O que é uma pena”, comenta Roldão. “porque são imperdíveis e podem mostrar características diferentes daquele local, que o turista não encontraria em atrações, digamos, mais tradicionais”.

A especialista e entusiasta do pão indicou três locais, no Brasil, em Portugal e na Áustria, para os que quiserem conhecer um pouco sobre.

1. Museum der Brotkultur, em Ulm, Alemanha

Museum der Brotkultur, em Ulm, Alemanha Foto: Divulgação
Museum der Brotkultur, em Ulm, Alemanha Foto: Divulgação

“É o primeiro e, provavelmente, o mais importante do mundo”, conta Ana Roldão. No local, fundado em 1955 na cidade de Ulm, a cerca de 600km de Berlim, exposições e artefatos contam toda a história do pão, desde o cultivo dos grãos até a moagem, formas de preparo e impactos sociais, religiosos e políticos em diferentes momentos históricos, além de mostrar as novas tecnologias relacionadas ao preparo do pão. O acervo conta com mais de 14 mil objetos. Há exibições temporárias e eventos, como shows e oficinas. “É o principal para quem quer conhecer a história desse alimento”, comenta. Funciona todos os dias, das 10h às 17h. A entrada custa 6 euros.

2. Museu do Pão, em Seia, Portugal

Museu do Pão, em Seia, Portugal Foto: Reprodução
Museu do Pão, em Seia, Portugal Foto: Reprodução

Em plena Serra da Estrela, este é um museu “inesquecível”, segundo Ana Roldão. “Vou todos os anos, ou sempre que posso. Ele tem várias salas expositivas, que contam desde formas de preparo até o seu simbolismo, seu papel político e religioso, além de artefatos históricos, imagens. Ele é lúdico, completo e bem grande. No restaurante, tudo é feito de pão. É muito divertido e interessante. E vale a pena comer por lá também”. O museu foi aberto em 2002 em uma área de 3,5 mil m², na cidade de Seia, que fica a cerca de 3h de Lisboa. Funciona de terça a sábado, das 10h às 17h. Ingresso: 5 euros.

3. Paneum, o Museu do Pão, em Asten, Áustria

Paneum, o Museu do Pão, em Asten, Áustria Foto: Divulgação
Paneum, o Museu do Pão, em Asten, Áustria Foto: Divulgação

Com estrutura futurista, o Paneum, na cidade de Asten, na Áustria, a cerca de 2h de Viena, foi idealizado por Peter Augendopler, um ex-empresário do setor de panificação. Se o edifício já é atração por si, as exibições também não vão decepcionar os visitantes. O acervo conta a história do alimento desde os primeiros vestígios encontrados na Jordânia através de 1.200 objetos. Entre eles, artefatos únicos, como uma placa para triturar cereais de nove mil anos. Há oficinas e cursos para aprender as receitas mais tradicionais do país e exibições temporárias. Funciona de segunda a sábado, das 9h às 17h. Ingresso custa 10 euros.

4. Museu do Pão, Ilópolis, Rio Grande do Sul

Museu do Pão de Ilópolis, no Rio Grande do Sul Foto: Creative Commons / Wikipedia
Museu do Pão de Ilópolis, no Rio Grande do Sul Foto: Creative Commons / Wikipedia

A versão brasileira fica na cidade Ilópolis, a cerca de 1h de Porto Alegre. O museu foi construído há 13 anos por descendentes de italianos da família Colognese. Há uma coleção de objetos usados na fabricação do pão pelos primeiros imigrantes da região. Além de contar a história do alimento com imagens, vídeos, documentários e palestras, o museu também narra um pouco da trajetória do pão no Brasil e a sua influência italiana. No final, uma oficina para produção e degustação. Funciona de terça à sábado, das 8h30 às 17h. Domingos e feriados, das 13h30m às 17h. Entrada gratuita.