Um caça russo Su-27 disparou um míssil contra um avião de vigilância inglês tripulado sobrevoando o Mar Negro em setembro do último ano, mas falha na munição impediu que a aeronave fosse abatida, de acordo com autoridades de Defesa dos EUA e um relatório de inteligência americano recentemente vazado. O incidente foi muito mais sério do que originalmente retratado e pode ser considerado um "ato de guerra", dizem as autoridades americanas.
- Depois de manobras militares: China proibirá navegação ao norte de Taiwan por 'queda de destroços de foguetes'
- Trecho escondido: Cientistas descobrem 'capítulo oculto' da Bíblia escrito há 1.500 anos
Introduzido na força aérea da União Soviética em 1985, o caça Sukhoi Su-27, também chamado de Flanker, em designação da OTAN, é um dos principais caças de inúmeros países, como Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Cazaquistão, Uzbequistão, Indonésia, Índia, China e Vietnã. Segundo a Enciclopédia Britannica, versões do avião são construídas sob licença na China e na Índia.
Rússia faz bombardeio em massa contra cidades na Ucrânia
Apesar de ter sido amplamente usado a partir da metade dos anos 1980, o Su-17 começou a ser desenvolvido mais de uma década antes. Em 1969, a fabricante russa Sukhoi começou a idealizá-lo, em uma resposta direta ao desenvolvimento, nos Estados Unidos, do caça F-15 Eagles.
Os primeiros protótipos da aeronave russa terem sido vistos como inferiores ao F-15, mas o designer-chefe Mikhail Simonov acabou configurando o Su-27 que acabou se tornando, segundo a Britannica, "indiscutivelmente a melhor plataforma de superioridade aérea do século XX".
Caça voa a mais de duas vezes a velocidade do som
Alimentado com dois motores turbofan, o Su-27 é um interceptador de longo alcance capaz de voar a mais de duas vezes a velocidade do som. Ele pode voar a mais de 18 mil metros (cerca de 59 mil pés) e tem um alcance de voo de mais de 3 mil km (1.800 milhas).
O seu armamento é diversificado e inclui mísseis ar-ar guiados por radar ou localização por infravermelho (“busca de calor”), foguetes ar-terra não guiados, bombas convencionais e bombas de fragmentação, além de uma arma que dispara projéteis explosivos de 30 mm.
Segundo duas autoridades da Defesa dos EUA ouvidas pelo The New York Times, no ocorrido em setembro do ano passado no Mar Negro, o Su-27 estava equipado com mísseis capazes de abater a aeronave inglesa, a RC-135 Rivet Joint, uma aeronave quadrimotora que costuma ter uma tripulação de cerca de 30 pessoas e é capaz de interceptar o tráfego de rádio.
'Quase abate'
De acordo com dois oficiais de Defesa dos EUA, o piloto russo interpretou mal o que um operador de radar no solo estava dizendo a ele e pensou que tinha permissão para atirar. O piloto, que havia travado na aeronave inglesa, disparou, mas o míssil não foi lançado corretamente.
Em outubro, o secretário de defesa da Grã-Bretanha, Ben Wallace, descreveu a situação aos membros do Parlamento como “potencialmente perigosa” depois que o caça russo “lançou um míssil nas proximidades” da aeronave inglesa. No entanto, um dos documentos vazados diz que o evento de 29 de setembro foi um "quase abate".
Os dois oficiais de Defesa dos EUA com conhecimento direto do quase abatimento em setembro confirmaram a gravidade do encontro entre o inglês RC-135 Rivet Joint, que estava no espaço aéreo internacional na costa da Crimeia ocupada pela Rússia.
Os pilotos da aeronave russa não estavam no alcance visual da patrulha inglesa, mas estavam equipados com mísseis capazes de atingi-la, disseram as autoridades. Um dos oficiais que foi informado sobre o encontro o chamou de “muito, muito assustador”.