Pelo segundo dia seguido, o Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, é alvo de operação policial. De acordo com a Polícia Militar, equipes estão nas comunidades Parque União e Nova Holanda nesta sexta-feira. Devido à ação, 41 unidades da rede municipal de ensino na região suspenderam as atividades presenciais e prestam atendimento remoto aos alunos. Quando a operação de ontem, quinta-feira, começou, os alunos já estavam em sala, o que causou pânico e desespero nos professores da rede estadual e municipal da região, que ficaram presos nas unidades tentando acalmar os estudantes.
Operações no Complexo da Maré:
- Quatro homens foram presos durante a operação da Polícia Civil, na quinta-feira, no Complexo do Alemão
- De acordo com a Policial Civil, a ação teve como objetivo evitar conflitos entre as duas maiores facções que atuam na região e em outras áreas do Rio de Janeiro
- Foram apreendidas armas, como um fuzil, grande quantidade de drogas, rádios-comunicadores, munições, balança de precisão
- Nesta sexta-feira, 41 unidades da rede municipal de ensino na região suspenderam as atividades presenciais e duas escolas estaduais tiveram as aulas suspensas em virtude da insegurança
- A Clínica da Família Jeremias Moares da Silva também fechou as portas nesta sexta
- Não há informações sobre tiroteio, feridos e apreensões até o momento de publicação desta reportagem
Tiroteio assusta professores e alunos
O desespero começou quando, às 10h, o sinal da escola localizada na Vila do João tocou três vezes. O sinal indica que uma operação está acontecendo e que todos que estão na unidade precisam procurar abrigo. Nesse momento, os professores correm para tirar os alunos das salas de aula.
— Todo mundo correndo, os alunos assustados, gritando e o tiroteio ao fundo. O desespero bateu. A gente não sabia o que fazer com tanta criança chorando jogada no chão. Não tinha colo para dar a todas elas — conta a professora, que prefere não se identificar.
Com turmas formadas por 30 ou mais estudantes, a professora desabafa sobre a responsabilidade de atuar em comunidades que sofrem com esse tipo de operação.
— Além de tentar se resguardar, cada professor tenta acalmar uma turma com cerca de 30 alunos. É desumano. Durante todo o momento eu pensava que a nossa vida, como profissionais da educação, não vale de nada, e que nunca mais iriamos ver a nossa família — conta.
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Depois que o tiroteio passa, uma nova tensão ocupa o espaço das escolas. Além do entra e sai dos pais desesperados para buscar os filhos, o desgaste emocional toma o corpo dos docentes. Segundo um professor, que também não quis se identificar, alguns profissionais ficaram até as 19h na escola aguardando a chegada de responsáveis pelos estudantes em segurança para poderem retornar para casa.
Nesta sexta-feira, relatos de moradores nas redes sociais mostram preocupação com a presença de policiais na Maré. "Segundo dia de operação na Maré. Ninguém trabalha, ninguém estuda. É muita sacanagem", escreveu um usuário do Twitter.
Não há informações sobre tiroteio, feridos e apreensões. De acordo com a Polícia Militar, equipes dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (BAC) estão nas comunidades Parque União e Nova Holanda nesta sexta.
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