Rio
PUBLICIDADE

Por Roberta de Souza

Pelo segundo dia seguido, o Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, é alvo de operação policial. De acordo com a Polícia Militar, equipes estão nas comunidades Parque União e Nova Holanda nesta sexta-feira. Devido à ação, 41 unidades da rede municipal de ensino na região suspenderam as atividades presenciais e prestam atendimento remoto aos alunos. Quando a operação de ontem, quinta-feira, começou, os alunos já estavam em sala, o que causou pânico e desespero nos professores da rede estadual e municipal da região, que ficaram presos nas unidades tentando acalmar os estudantes.

Operações no Complexo da Maré:

  • Quatro homens foram presos durante a operação da Polícia Civil, na quinta-feira, no Complexo do Alemão
  • De acordo com a Policial Civil, a ação teve como objetivo evitar conflitos entre as duas maiores facções que atuam na região e em outras áreas do Rio de Janeiro
  • Foram apreendidas armas, como um fuzil, grande quantidade de drogas, rádios-comunicadores, munições, balança de precisão
  • Nesta sexta-feira, 41 unidades da rede municipal de ensino na região suspenderam as atividades presenciais e duas escolas estaduais tiveram as aulas suspensas em virtude da insegurança
  • A Clínica da Família Jeremias Moares da Silva também fechou as portas nesta sexta
  • Não há informações sobre tiroteio, feridos e apreensões até o momento de publicação desta reportagem

Tiroteio assusta professores e alunos

O desespero começou quando, às 10h, o sinal da escola localizada na Vila do João tocou três vezes. O sinal indica que uma operação está acontecendo e que todos que estão na unidade precisam procurar abrigo. Nesse momento, os professores correm para tirar os alunos das salas de aula.

— Todo mundo correndo, os alunos assustados, gritando e o tiroteio ao fundo. O desespero bateu. A gente não sabia o que fazer com tanta criança chorando jogada no chão. Não tinha colo para dar a todas elas — conta a professora, que prefere não se identificar.

Com turmas formadas por 30 ou mais estudantes, a professora desabafa sobre a responsabilidade de atuar em comunidades que sofrem com esse tipo de operação.

— Além de tentar se resguardar, cada professor tenta acalmar uma turma com cerca de 30 alunos. É desumano. Durante todo o momento eu pensava que a nossa vida, como profissionais da educação, não vale de nada, e que nunca mais iriamos ver a nossa família — conta.

Depois que o tiroteio passa, uma nova tensão ocupa o espaço das escolas. Além do entra e sai dos pais desesperados para buscar os filhos, o desgaste emocional toma o corpo dos docentes. Segundo um professor, que também não quis se identificar, alguns profissionais ficaram até as 19h na escola aguardando a chegada de responsáveis pelos estudantes em segurança para poderem retornar para casa.

Nesta sexta-feira, relatos de moradores nas redes sociais mostram preocupação com a presença de policiais na Maré. "Segundo dia de operação na Maré. Ninguém trabalha, ninguém estuda. É muita sacanagem", escreveu um usuário do Twitter.

Não há informações sobre tiroteio, feridos e apreensões. De acordo com a Polícia Militar, equipes dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Ações com Cães (BAC) estão nas comunidades Parque União e Nova Holanda nesta sexta.

Mais recente Próxima Cidade das Artes volta a ter posto de vacinação contra Covid-19

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

A limpeza ainda deve se estender por mais dias, conforme a água diminua

Porto Alegre remove quase 120 toneladas de lixo em dois bairros da capital

“Crystal” é o primeiro show da companhia com todo o elenco sobre o gelo

Cirque du Soleil: coisas que você precisa saber (e algumas curiosidades) sobre o novo espetáculo que chega ao Brasil

Teve fim processo movido por Kataguiri, após o colega acusá-lo de 'apologia ao nazismo'

Após sofrer penhora, deputado do PSOL paga indenização a Kim Kataguiri

Sistemas que ajudam diagnóstico e tratamento vêm sendo aprovados para uso clínico, e uma nova onda de tecnologia eleva demanda por especialistas em hospitais e laboratórios

Uso de inteligência artificial no combate ao câncer já chega ao paciente

Epidemiologistas veem cenário ambíguo, entre avanços e estagnações, com desigualdade afetando combate à doença em suas várias formas

Tratamento do câncer evoluiu, mas prevenção ainda é o que mais evita mortes

O maior estudo sobre álcool e mortalidade na Espanha, que será publicado em algumas semanas, explora essa aparente contradição

O paradoxo dos abstêmios: é verdade que as pessoas que não bebem vivem menos?

Zoraya ter Beek convive com depressão crônica, ansiedade, transtorno de personalidade e Transtorno do Espectro Autista; tentou de diversos tratamentos por 10 anos, mas continuou 'sentindo-se suicida'

Holanda autoriza eutanásia em mulher de 29 anos por sofrimento mental: 'Será como adormecer'