Rio Show

Crítica: 'Chocante'

Bonequinho olha: 'Ideia de radiografar a época é boa, mas “Chocante” perde pontos devido a um roteiro convencional'
Filme Chocante
Filme Chocante

Johnny Araujo e Gustavo Bonafé evocam, com algum resultado no terreno da comédia, o perfil dos populares grupos musicais das décadas de 80 e 90, como Menudo e Dominó, por meio do fictício Chocante, que alcançou sucesso, mas encerrou drasticamente as atividades há 20 anos. Os integrantes se distanciaram e tiveram que se conformar com trabalhos bem menos promissores que a carreira que começaram a desenvolver. No entanto, a morte de um deles, Tarcísio (Rafael Canedo), faz com que retomem contato. Desestimulados com suas realidades, Téo (Bruno Mazzeo), Tim (Lucio Mauro Filho), Tony (Bruno Garcia) e Clay (Marcus Majella), incentivados pela fã absoluta Quézia (Debora Lamm), decidem voltar com o grupo para um novo show. Para viabilizar a empreitada, procuram o antigo empresário, Lessa (Tony Ramos), que impõe a entrada de um quinto elemento, Rod (Pedro Neschling).

O espírito das décadas anteriores vem à tona por meio de referências a grupos conhecidos, da trilha sonora intencionalmente chiclete (de Plínio Profeta) e dos figurinos extravagantes (de Leticia Barbieri). A articulação entre passado e presente se dá através da inclusão de um personagem como Rod, o famoso dos dias de hoje, que adquiriu projeção ao vencer um reality , divulga a própria imagem em tempo integral e é exaltado por um jornalismo inconsistente que prioriza as celebridades instantâneas. Não por acaso, Rod permanece deslocado no meio de Téo, Tim, Tony e Clay, que não se esforçam para entrosá-lo.

A ideia de radiografar a época é boa, mas “Chocante” perde pontos devido a um roteiro (assinado por Bruno Mazzeo, Luciana Fregolente, Pedro Neschling e Rosana Ferrão) que se revela convencional à medida que a sessão avança. Afinal, o público já assistiu às jornadas de personagens que conquistaram a glória, se desentenderam, se afastaram e agora se reencontram, se decepcionam mais uma vez e se mostram determinados a acabar com a monotonia em seus cotidianos. O destaque à relação pai-filha – entre Téo e Dora (Klara Castanho) – também passa longe da originalidade. E o desfecho soa abrupto. Ainda assim, o filme pode agradar pela viagem nostálgica e pela reflexão sobre os valores atuais.