Verão e praia. 

Esta combinação leva milhares de banhistas ao litoral. E é neste cenário de sol e mar que aumentam as notificações de ocorrência de “queimaduras” por águas-vivas. E, nessa hora, a maioria das pessoas não sabe como agir ou pior, age de forma errada, o que pode complicar a situação.

Águas-vivas são seres marinhos cujos tentáculos possuem células urticantes (nematocistos), usadas para defesa ou captura de suas presas. Uma vez em contato com a pele humana, eles causam ferimentos que podem gerar muita dor.

A princípio, as águas-vivas e caravelas não causam queimaduras e sim envenenamentos químicos. E a gravidade das lesões está diretamente associada ao tipo e tamanho do animal e da quantidade de veneno injetada, bem como à idade e condições de saúde da pessoa que sofreu o ferimento.

Os sintomas mais comuns das lesões causados por águas vivas e caravelas são dor intensa, inchaço e ardência do local, vermelhidão ou marcas escurecidas causadas pela ação do veneno. Em casos mais graves podem ocorrer câimbras, dificuldade para respirar ou engolir, dor de cabeça, dor no peito, náuseas. E embora seja raro, alguns indivíduos podem ter reações alérgicas preocupantes, como edema de glote, o que pode colocar a vida em risco.

Mas afinal, caso alguém acabe tocando ou encostando numa água viva, o que fazer? E o que não fazer?

- O primeiro passo é retirar a vítima da água.

- Lave o local com bastante água do mar; a água salgada provocará um efeito analgésico, ajudando a aliviar a dor.

- Não jogue água doce no local lesionado, pois as águas-vivas e as caravelas têm pequenas espículas que vão liberar o veneno justamente com esse contato.

- Retire os tentáculos (filamentos) da água-viva ou caravela que porventura ainda estiverem grudados à pele. Para isso, utilize pinça ou mesmo um palito de sorvete ou cartão crédito, sempre com muito cuidado para evitar que você, ao socorrer, também tenha contato com o veneno.

- Aplique vinagre sobre a lesão. O vinagre ajuda a inativar os nematocistos ainda íntegros na pele ou nos tentáculos que ainda não tenham sido não retirados da pele.

- Jamais friccione o local da lesão, pois isso irritará a pele, favorecendo a penetração do veneno.

- Mesmo após o socorro, mantenha a pessoa ferida sob observação, sobretudo crianças e idosos. Caso note persistência dos sintomas ou reações alérgicas, procure atendimento médico o quanto antes.

MITOS SOBRE QUEIMADURAS COM ÁGUAS-VIVAS

Infelizmente há muita informação errada e fake news sobre a forma de agir em caso de ferimento ( “queimadura”) por águas-vivas.

O procedimento errado além de não ajudar, pode gerar mais irritação na pele e contribuir para  agravar a situação. Portanto, fique atento ao que não fazer caso ocorra um ferimento por água-viva:

- Nunca use água doce sobre a lesão causada por água viva, pois poderá agravará o quadro.

- Nunca use urina, refrigerante, pasta de dente ou outros produtos sobre a lesão causada por águas-vivas. O uso destas substâncias não tem nenhuma comprovação cientifica e podem gerar mais irritação na pele, acabando por facilitar a disseminação do veneno.

Prevenção contra “Queimaduras” de Águas-Vivas em Crianças

Águas-vivas e caravelas vivem no mar, que é seu habitat natural. Estes seres marinhos usam seus tentáculos como sistema de defesa ou de captura de presas para sua alimentação. Os ferimentos em seres humanos são acidentes e muitas vezes podem ser evitados.

- Informe-se com os salva-vidas ou população local se está havendo incidência de águas-vivas na praia de seu destino. As águas-vivas costumam surgir em grandes grupos, portanto, onde há uma, provavelmente há outras. Caso a praia esteja povoada por águas-vivas, não entre nem deixe as crianças entrarem na água.

- Ensine as crianças que caso avistem aviste águas-vivas no mar, devem sair da água imediatamente e avisar os adultos deste avistamento.

- Crianças são curiosas, e pode ser que ao encontrarem águas-vivas mortas trazidas pela maré, as achem atrativas e acabem querendo brincar com elas. Explique que nunca devem tocar em águas-vivas, mesmo que estejam na areia, pois elas ainda podem conter veneno. Não dissemine o medo, mas reforce a importância de respeitar o mar e as criaturas marinhas, tendo sempre atenção, tomando cuidado e respeitando os limites para maior segurança.

- Caso a criança vá passar muito tempo na água, nadando no mar ou praticando esporte aquático, procure fazer com que usem roupas de proteção.

- Fique atento à sinalização na praia.

- Ensine as crianças sobre a importância de colaborar para evitar a poluição no litoral. Muitos peixes se alimentam de águas-vivas colaborando para o equilíbrio do ecossistema e a poluição gera desequilíbrio. A degradação dos oceanos pode contribuir para superpopulações de águas-vivas.

Agora que você já sabe como proceder em caso de ferimento por águas-vivas, compartilhe a informação correta. Esperamos que estes acidentes nunca aconteçam, mas, se acontecerem, a informação correta possibilitará o socorro mais ágil e adequado. Boa praia!

Dr. Luis Alberto Verri CRM 51162 

Alda de Miranda