O Pequeno Grande Homem
Gabriel Cupaiolo - KVPA

O Pequeno Grande Homem

ACEITE UM DESAFIO: compareça a uma sessão de treinamentos do Clube Pequeninos do Jockey e tente encontrar no meio de tantas crianças, seu fundador, José Guimarães Junior.

A tarefa não vai ser nada fácil, pode acreditar. As dicas são procure um senhor magrinho, com mais de 70 anos* e cabelos brancos. Mas lembre-se com seus pouco mais de 1,60m, ele pode facilmente se esconder no meio de um exército de centenas de crianças e jovens, mais ou menos do seu tamanho.

Mas não desanime, encontrar alguém com a estatura moral, e a visão de serviço ao próximo como a do Velho Guima como é carinhosamente chamado, seria um desafio ainda muito maior.

Tarefa tão grande como acreditar que o trabalho de mais de 30 anos* deste pequeno grande homem possa ser tão pouco conhecido, no seu próprio país, quando faz imenso sucesso fora daqui. Em especial, quando é reconhecido como o time de maior sucesso na Copa da Noruega, a Norway Cup, segundo a FIFA, o maior torneio de futebol junior do mundo, reunindo, anualmente, 27000 jogadores de 40 países disputando 3500 partidas. Torneio no qual o Pequeninos já conquistou 17 troféus de campeão em diferentes categorias.

A explicação talvez esteja no seu objetivo claro “construir uma fábrica de homens não de ídolos”. Mesmo que, acidentalmente, ao formar cidadãos de caráter, acabe fabricando algumas estrelas, pois não são os poucos ex-atletas do Pequeninos que já vestiram e vestem camisas de alguns dos mais importantes times no Brasil e no exterior e até da Seleção Brasileira, como, atualmente, Zé Roberto.

Fato puro e simples, é que, como acontece com tantos líderes de iniciativas de mérito, José Guimarães Junior e todos os que formam o Clube Pequeninos do Jockey não estão procurando fama, mas atingirem seus objetivos. O que ele fazem muito bem. Números de causar assombro. De pequeninos não têm nada.

Vamos ao placar

Anualmente*, seus 800 associados, crianças e jovens com idades entre 5 e 16 anos, divididos em 40 times, realizam cerca de 5000 horas de futebol, comandados por uma legião de 50 voluntários (leia-se, não remunerados) envolvidos nas atividades de assistência social (sim, porque cerca de metade dos associados são carentes), arbitragem, preparação física, coordenação, e atuando como técnicos e dirigentes.

Uma goleada de competência e resultados conseguidos com muito esforço, por quem acredita que fazer o bem não tem nada a ver com fazer mal feito:

·      35 anos* de existência, apesar de não contarem com praticamente nenhuma ajuda de terceiros.

·      23 participações em campeonatos mundiais no exterior.

·      + de 1000 atletas atualmente, metade dos quais, carentes.

·      + de 1500 troféus conquistados, 140 deles no exterior.

·      + de 180 mil atletas em toda a sua história.

Mas estes são apenas os resultados numéricos. Impressionantes, sim, mas os mais importantes são aqueles não tão óbvios à primeira vista. As sementes dos bons valores praticados dentro do Clube plantadas no coração de seus pequenos associados. Sementes que irão germinando pouco a pouco, e vêm formando uma seleção de homens de valores elevados. Valores como a preocupação e o respeito com os demais.

Lições de vida aprendidas na convivência constante com quem serve a todos com a mesma consideração, indistintamente, como, por exemplo, relata a carta da mãe do pequeno Caio, jogador de um time adversário acidentado em uma jogada normal no campo do Pequeninos.

Ela fala de um Sr. Guimarães que esperava todo mundo na porta do Jockey cumprimentando a todos, o que ela, a princípio, julgou ser jogada de marketing, para manter fregueses satisfeitos e atrair novos clientes. Imagem mudada por completo, quando aquele senhor demonstrou a mesma genuína atenção especial, ligando, pessoalmente, todos os dias para saber de Caio, dando, segundo ela, o dobro de atenção que as pessoas conhecidas deram.

 Estratégia vencedora.

Vencer nos campos é, entretanto, apenas um recurso estratégico para um objetivo mais amplo. Fazer vencer na vida cada um daqueles que fazem parte do Pequeninos.

E se jogar bola pode tirar a criançada da rua e muita minhoca da cabeça de gente de quem ficaria por aí sem nada para fazer, não pode nunca competir com tempo dedicado aos estudos.

É pensando assim que o Pequeninos tem padrões rígidos a serem seguidos por aqueles atletas que desejam, primeiro, fazer parte do time. Todos eles, sem exceção, têm de estar estudando. Nos Pequeninos, bola rima com escola.

Mas não basta estar estudando, para não ficar no banco, as notas também têm de estar na primeira divisão.

Nota vermelha, cartão vermelho. Um jogo esquentando o banco em partida de Campeonato. Estímulo perfeito para quem tenha muita fome de bola, mas não tenha lá um apetite muito grande para os estudos. Por isto, como diz o Velho Guima, a maior recompensa que pode receber são os convites para as formaturas.

O Pequenino e os Pequeninos.

O Clube Pequeninos do Jockey nasceu oficialmente em 21 de maio de 1970, mas, ao meu ver, sua estória é muito mais antiga. Ela começa em outro 21 de maio, mas em 1934, no interior da Bahia, em Itororó, junto com a estória do décimo filho de Dona Laura e do pequeno agricultor e pastor batista, José Guimarães.

Nasce devagarinho, na vida de quem aprender a dar valor a pequenas coisas, como dar um passo, no passo a passo de quem, como José Guimarães Junior, teve re-aprender a caminhar encarando dores e dificuldades terríveis, depois de por 2 anos ter sido acometido de uma paralisia total.

Nasce na simpatia de quem, com muitos de seus atletas, sabe a falta que faz crescer sem pai e na solidão de quem muito antes de virar adulto deixa a família e muda para São Paulo em busca de emprego.

Os Pequeninos vai brotando assim, na vida de quem aprende o valor de honra e caráter com o mal exemplo do primeiro patrão que mexia no relógio só para ele chegar atrasado e perder o descanso de final de final de semana, até um dia em 1953 em que seu destino cruza com as portas do Jockey Clube de São Paulo, de onde ele nunca mais sairia.

O starting gate deste relacionamento é cuidar de cavalos, numa carreira mais longa do que esperada, enquanto sonha com a oportunidade de montar profissionalmente. Sonho que realiza anos depois, mas desenvolve em disparada, encerrada, prematuramente, em 1961, apenas 4 anos depois de iniciada, pelo tombo de um animal fora das pistas e pelos pedidos insistentes da esposa para que abandonasse as corridas.

Sai das pistas, sim, mas não do Jockey. Aceita o convite passa a atuar na área administrativa, em carreira ascendente tornando-se por mandatos sucessivos secretário-geral da Associação dos Funcionários. E, é lá, que cruza o disco final, e passa a ser o treinador das categorias infanto-juvenis de futebol da Associação que dão origem em 1970, no dia de seu aniversário, ao Clube Pequeninos do Jockey.

A história do Pequenino e dos Pequeninos Jockey, duas estórias contadas cabeça-a-cabeça num ritmo de Grande Prêmio, fundidas numa mesma raia, que nas palavras, proféticas de seu fundador, jamais terá fim:

"O Clube Pequeninos do Jockey existirá sempre que nele existir o homem íntegro, para quem a ânsia de fazer o bem a uma criança e ao seu semelhante, seja mais importante que se preocupar com a sua origem e o seu sobrenome." 
José Guimarães Jr.

 * Artigo publicado originalmente em 2006, reproduzido na integra - ainda que com dados desatualizados - em uma nova e singela homenagem ao Guima, no dia em que ele completa 88 anos e os Pequeninos 52.

Eduardo Cupaiolo

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Victor Piana Andrade

Diretor geral - CEO | A.C.Camargo Cancer Center

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Parabens José Guimarães Jr. E para o Pequeninos. Vou dar a dica pro John Textor como formar craques no Brasil ao mesmo tempo que investe numa sociedade melhor.

Maron Marcel Guimarães

CFO Diretor Financeiro / Corporativo na A.C.Camargo Cancer Center

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Gratidão Edu!!!! 🙏

Eduardo Cupaiolo

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