Praia, piscina ou qualquer outro ambiente aquático compartilhado sem cuidados necessários com a higienização podem causar ou agravar doenças de pele como micoses

Verão em todo o país e férias. Uma combinação perfeita para quem pretende tirar aqueles dias de descanso a beira mar, clube ou locais com diversões aquáticas como parques.

É nesta época em que há uma maior incidência de micose e de outras infecções provocadas por fungos e parasitas. “A micose de unha, por exemplo, é facilmente proliferada em ambientes quentes e úmidos, já que permite o acúmulo de fungos na região causando infecção. Hábitos simples, como usar tênis em dias muito quentes ou não secar direito os pés, podem contribuir para a micose se instalar.”, afirma o dermatologista Dr. Werick França.

O especialista ressalta que essas infecções causadas por fungos podem atingir pele, unhas e cabelos e existem diferentes tipos. O verão é a estação mais propícia porque os fungos se desenvolvem especialmente nas dobras do corpo em ambientes onde prevalecem o calor e a umidade. Nessa época do ano as pessoas costumam ficar com roupa de praia molhadas por mais tempo, garantindo assim o cenário ideal para que as micoses apareçam.

Dr. Werick traz alguns tipos de micoses consideradas comuns nessa época do ano: pitiríase vesicolor, as tineas e a candidíase:

Pitiríase versicolor: também conhecida como micose de praia ou pano branco. É causada por fungos do gênero Malassezia e tem evolução crônica e recorrente. Acomete mais comumente adolescentes e jovens. Indivíduos de pele oleosa são mais susceptíveis a apresentar esse tipo de micose. Apresenta-se clinicamente como manchas brancas, descamativas, que podem estar agrupadas ou isoladas, e normalmente surgem na parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. Ocasionalmente, podem se apresentar como manchas escuras ou avermelhadas, daí o nome vesicolor. O tratamento deve ser feito com medicamentos antifúngicos tópicos e orais.

Tineas (tinhas): São doenças causadas por um grupo de fungos que vive à custa da queratina da pele, pelos e unhas. A tinea na pele manifesta-se como manchas vermelhas de superfície escamosa, crescimento de dentro para fora, com bordas bem delimitadas, podendo apresentar pequenas bolhas e crostas. O principal sintoma é coçeira. Acomete as dobras principalmente: virilhas e interdígitos por exemplo.

Candidíase: É a infecção pela Candida, que pode comprometer isoladamente ou conjuntamente a pele, mucosas e unhas. A Candida sp é um fungo oportunista, e dessa forma, existem situações que favorecem seu desenvolvimento, como baixa da imunidade, uso prolongado de antibióticos, diabetes e situação de umidade e calor. Pode se manifestar de diversas formas, como placas esbranquiçadas na mucosa oral, comum em recém-nascidos (“sapinho”); lesões fissuradas no canto da boca (queilite angular) mais comum no idoso; placas vermelhas e fissuras localizadas nas dobras naturais (inframamária, axilar e inguinal), ou podem envolver a região genital feminina (vaginite) ou masculina (balanite), causando coceira, manchas vermelhas e secreção vaginal esbranquiçada. No tratamento da candidíase, deve-se sempre considerar os fatores predisponentes, tentando corrigi-los. Antifúngicos tópicos e sistêmicos devem ser empregados sob orientação médica.

Areia de praia requer cuidado:
No caso das doenças provocadas por parasitas, o principal fator de risco é justamente andar descalço em áreas contaminadas por esses organismos. É o caso do bicho-de-pé, doença provocada pela pulga Tunga penetrans, que entra na pele e pode viver ali por semanas enquanto coloca seus ovos, já o bicho geográfico surge após o contato da pele com larvas de parasitas do gênero Ancylostoma.

Fique atento aos sintomas

As micoses de pele comuns costumam provocar lesões avermelhadas, coceira e eventualmente, descamações. A micose conhecida como “pano branco”, ou pitiríase versicolor, causada pelo fungo Malassezia furfur, costuma gerar lesões brancas ou castanhas no tronco (pescoço, tórax e abdome). Já a famosa frieira se apresenta com lesões descamativas e coceira entre os dedos dos pés. No caso do bicho-de-pé, a lesão costuma ser redonda com um ponto preto ao centro — o que indica a presença do inseto. Já o bicho geográfico é conhecido por marcas esbranquiçadas feitas pela movimentação das larvas embaixo da pele, gerando desenhos que lembram um mapa, que dá o nome da doença.

Tratamentos para micose de praia

Dessa forma, a maioria das micoses pode ser tratada com pomadas antifúngicas adquiridas nas farmácias, segundo o dermatologista. “É importante, porém, ficar atento à duração do tratamento. No caso de piora ou persistência do problema, é necessário retorno médico para reavaliação do caso. Vale o mesmo para as micoses de unha, que devem ser acompanhadas por um profissional”, afirma o dermatologista. Na suspeita de bicho-de-pé ou bicho geográfico, a recomendação é que um médico especialista ou de pronto atendimento seja procurado para avaliar as lesões e, se necessário, fazer a remoção dos parasitas por meio cirúrgico. Eventualmente, pode-se também receitar remédios de via oral. Para prevenir o surgimento da micose de praia é preciso evitar que se crie um ambiente propício à proliferação dos fungos. Para isso, tente tomar banho após sair da praia, remover as sobras de filtro solar; manter a pele sempre bem seca; evitar usar roupas úmidas por longos períodos; usar roupas confortáveis que deixem a pele respirar; evitar o acúmulo de suor e umidade excessiva em regiões como axilas, costas e virilha.

Contra as doenças provocadas pelos parasitas, o principal ponto de atenção é não andar descalço em solos que possam estar infectados, como areia por onde passaram animais domésticos (que podem contaminar o local por meio das fezes) e locais sujos ou com saneamento básico precário.