Especialista aponta a importância de uma arquitetura mais sustentável com as mudanças climáticas

Carine Bergmann 29 de novembro de 2021
 Especialista aponta a importância de uma arquitetura mais sustentável com as mudanças climáticas

Vladimir Sobral de Souza, professor de Arquitetura e Urbanismo do Unipê, explica os benefícios da construção sustentável para o meio ambiente e para a população em geral

João Pessoa, 29 de novembro de 2021 – Recentemente, a COP26, realizada em Glasgow, na Escócia, apontou que as cidades e o estilo de vida dos seres humanos estão influenciando as mudanças climáticas. Com isso, o Prof. Me. Vladimir Sobral de Souza, do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de João Pessoa – Unipê avalia que o Brasil e os outros países precisam oferecer construções mais sustentáveis em prol do meio ambiente.

Segundo ele, na arquitetura, o conceito de sustentabilidade pode estar presente desde o momento pré-projetual, que é quando acontece a escolha de terrenos, materiais, técnicas construtivas, entre outros, até o pós-projetual, como a manutenção do edifício, o descarte de resíduos e o consumo de energia.

Para isso, os profissionais precisam elaborar um bom planejamento de construção a fim de garantir casas e edifícios seguros no futuro, visto que as mudanças climáticas estão cada vez mais presentes no planeta.

“A sustentabilidade assegura as necessidades da geração presente sem comprometer os recursos que garantirão as necessidades das gerações futuras. Assim, a forma como se consegue os recursos naturais e o quanto se consome terá impacto direto nas gerações do futuro”, discorre o docente do Unipê.

Para o arquiteto, economia, equidade e meio ambiente são os três pilares da sustentabilidade, e edifícios economicamente viáveis beneficiam a sociedade agora e no futuro. “Uma sociedade inclusiva pode expressar a sua história e cultura por meio dos edifícios, que devem ser agradáveis e úteis a todos. Quanto mais um edifício estiver em harmonia com o meio ambiente, menor energia será consumida e a vida útil do empreendimento será ampliada”, explica.

Assim, o professor lembra que um edifício não é um objeto isolado do meio ambiente: o empreendimento sempre está trocando energia com o ecossistema que o suporta. Por isso, uma técnica sustentável para uma região pode não ter o mesmo efeito que em outra – cada local precisa ser estudado com atenção.

Vladimir Sobral exemplifica: um grande fator que os arquitetos devem levar em conta em regiões quentes e que contribui para a sustentabilidade da obra é como ela está orientada em relação ao sol, pois dependendo da exposição os ambientes podem ficar mais aquecidos, causando o uso excessivo de ar-condicionado e consequentemente um grande aumento do consumo de energia.

Um outro aspecto importante citado por Vladimir, para o caso de João Pessoa, é o adequado uso de ventilação natural: o vento é um componente vital no conforto térmico e na redução do consumo de energia, logo, as edificações do município devem ter esquadrias grandes que valorizem a ventilação cruzada em ambientes. “Portanto, isso pode e deve ser aplicado na cidade, porém, evitado em regiões frias”, diz.

Em pleno 2021, o Brasil possui diversas edificações que não seguem o padrão de sustentabilidade. Porém, ainda assim é possível voltar atrás. “Tornar uma edificação sustentável após a finalização de uma obra é uma tarefa difícil. Por vezes, recursos e acessórios adicionados posteriormente podem contribuir pouco do ponto de vista ambiental, sendo estes chamados de ‘ecomaquiagem’ por alguns autores”, comenta.

O ideal, diz Vladimir, é tornar as construções sustentáveis desde o início. Mas se existe uma intenção de melhorar a qualidade de projeções já construídas, todas as técnicas de sustentabilidade poderão ser bem-vindas.

Incentivos fiscais para construção mais sustentável

Em 2018, o Senado Federal aprovou o Projeto de Lei nº 252/2014, que determina a adoção de práticas de construção sustentável como diretriz na execução da política urbana e em edificações da União. Segundo o arquiteto, os imóveis poderão receber incentivos fiscais para utilizar técnicas sustentáveis, entre elas: a implantação de telhados verdes e o uso de sistemas de aproveitamento de energia solar, de águas pluviais e de reutilização de água. No entanto, ainda é necessário que a proposta seja analisada na Câmara dos Deputados.

Valorização de imóveis no futuro

De acordo com o docente do curso de Arquitetura e Urbanismo, construir edificações sustentáveis no presente pode beneficiar bastante a população nos próximos anos, além dos benefícios que a sustentabilidade traz à qualidade de vida, os edifícios serão mais valorizados na hora de compra e venda.

“Contudo, a valorização dos imóveis passa pela conscientização da população, porque é preciso que os órgãos públicos, a academia e instituições não-governamentais promovam ações que informem a sociedade do porquê da necessidade de aplicação destas técnicas sustentáveis em nossas edificações e os seus eventuais benefícios”, contrapõe o professor.

Para que de fato as edificações e cidades sejam sustentáveis é preciso disposição da população para colocar em prática esse propósito, e isso passa pela conscientização da sociedade.

E um primeiro passo para aplicar práticas sustentáveis em um imóvel é consultar um arquiteto. “Este é o profissional habilitado para projetar edificações pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU). O arquiteto irá conversar com o proprietário do imóvel sobre as suas reais necessidades, analisar as características do local de construção do imóvel, observar a legislação da cidade e, assim, propor um projeto único. Ao longo do processo de elaboração do projeto, muitas práticas sustentáveis podem ser utilizadas, e isso vai sendo definido entre o arquiteto e o usuário do imóvel”, finaliza.

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