PONTOS DE REFERÊNCIA
CARTOGRAFIA CRÍTICA DA ARQUITECTURA CONTEMPORÊNEA PELO TERRITÓRIO PORTUGUÊS
O projecto «Pontos de Referência» propõe uma cartografia crítica da arquitectura contemporânea pelo território português. Através de um conjunto de obras seleccionadas, o projecto apresenta três abordagens curatoriais segundo uma estratégia de divulgação cultural onde a arquitectura constitui um instrumento activo de compreensão e actuação no território. Nesse sentido, o projecto contribui para a construção dinâmica de um mapeamento da arquitectura portuguesa contemporânea, com base num arquivo em aberto de obras de referência integradas num contexto territorial e paisagístico específico, de acordo com uma leitura da sua realidade económica, social e cultural.
DOURO
Pontos alinhados (ao longo do Rio Douro)
do ponto de vista dos promotores
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A linha desenhada no norte de Portugal, a partir de seis pontos de referência distribuídos ao longo do rio Douro, desde a fronteira até à foz, deve ser entendida numa estratégia de leitura de um território profundamente transformado pela indústria vinícola. Deve, também, ser entendida a partir da decisão da Unesco em classificar o centro histórico do Porto, em 1996, e o Alto Douro Vinhateiro, em 2001, classificações que tiveram profundas implicações no ecossistema económico do vale do Douro. A partir deste novo enquadramento, na definição de um produto turístico-cultural, a região do Douro começou a receber investimentos na área da hotelaria, na requalificação das adegas ou na construção de equipamentos culturais. Perante os novos desafios colocados à região, a arquitectura portuguesa contemporânea assumiu um papel importante na articulação entre o território, os novos programas e a construção de uma nova identidade.
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Curador: Pedro Baía
LISBOA
Pontos ramificados (a partir de Lisboa)
do ponto de vista dos arquitectos
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A construção progressiva da rede de auto-estradas transformou Portugal desde a adesão à CEE em 1986. O investimento na infra-estruturação viária manifestava essa tentativa de aproximar os grandes pólos urbanos do litoral a um interior em desenvolvimento. Entre um reforço da concentração das áreas metropolitanas e um crescimento significativo das cidades regionais, permanece a promessa de um equilíbrio entre lógicas de centralização e descentralização. A arquitectura portuguesa contemporânea está intimamente ligada a este dilema, tendo os arquitectos contribuído com a construção de importantes equipamentos por todo o território nacional. Do centro de Lisboa partem as linhas tentaculares da rede de auto-estradas que nos levam até uma série de pontos de referência de um Portugal mais desenvolvido e equilibrado.
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Curador: Luís Santiago Baptista
ALENTEJO
Pontos dispersos (no interior alentejano)
do ponto de vista do público
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O Alentejo é a região do País que tem a dimensão igual à Holanda, que tem uma população de 15 milhões de habitantes. Esta metade do território nacional tem uma população de cerca de 750.000 habitantes, população equivalente a uma cidade média tipo Cracóvia na Polónia ou Bergamo em Itália. Um território desabitado e sem densidade urbana, repositório simbólico de esperanças e decepções, de Celeiro a Resort, de Grande Lago a Deserto, o Alentejo é esse estado de alma de impossibilidade e de liberdade. Tudo e nada. A escolha das obras é inevitável que passe por pontos, sem linhas ou estrutura, na vastidão de um território que parece ilimitado. Apenas pontos de forte relação com a paisagem e as comunidades. Alguns pontos de relação urbana, outros de pura paisagem, outros ainda de relação e inovação com a estrutura agrícola. São pontos idílicos, pontos de excepção, pontos de eloquente arquitectura, pontos de referência dentro do poema e do drama da paisagem alentejana.
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Curador: Pedro Campos Costa
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Cordenador: Carlos Pinto
Curadores:
Pedro Baía
Luís Santiago Baptista
Pedro Campos Costa
Produção:
Alessia Allegri
Madalena Pereira
Produção Audiovisual:
Anonymage
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