A Aldeia Histórica de Monsanto ganhou o título de Aldeia Mais Portuguesa de Portugal, em 1938. Mas como é que esta distinção surgiu?

Estávamos em 1938. O Estado Novo, através do Secretariado Nacional de Propaganda (SNP), decide lançar um concurso para apurar qual a Aldeia Mais Portuguesa.

O SNP, que não escondia ser o organismo de propaganda do regime, era dirigido por um homem de absoluta confiança de Salazar: António Ferro, jornalista, publicista, escritor e simpatizante de regimes autoritários.

O regulamento do concurso foi publicado em fevereiro de 1938 e pretendia identificar a aldeia que apresentasse “a maior resistência oferecida a decomposições e influências estranhas e o estado de conservação no mais elevado grau de pureza”. O prémio instituído foi o Galo de Prata, um Galo de Barcelos estilizado, transformado em símbolo da portugalidade.

Cada província poderia apresentar a concurso duas aldeias. As concorrentes foram: pelo Minho, Vila Chã e Carrazedo de Bucos; pelo Douro Litoral, Boassas; por Trás-os-Montes e Alto Douro, Alturas do Barroso e Lamas de Olo; pela Beira Litoral, Torre de Bera e Colmeal; pela Beira Alta, Cambra e Manhouce; pela Beira Baixa, Paúl e Monsanto; pela Estremadura, Aljubarrota e Oleiros; pelo Ribatejo, Azinhaga e Pego; pelo Alto Alentejo, Nossa Senhora da Orada e São Bartolomeu do Outeiro; pelo Baixo Alentejo, Peroguarda e Salvada e pelo Algarve, Alte e Odeceixe. O júri do concurso seleccionou como finalistas: Carrazedo de Bucos, Monsanto e Paúl.

Na noite de 4 de outubro, o júri visitou Monsanto. Um coro entoou as “Janeiras”. O madeiro do Menino Jesus foi posto a arder. O Senhor lá seguiu na procissão do seu enterro. E a noite ouviu o “Pregão das Almas”.

A decisão foi tomada no dia 11 de outubro de 1938 e uma réplica do Galo de Prata é exibido, há 75 anos, no cimo da Torre do Lucano.

O concurso, que se previa bienal, nunca chegou a ter segunda edição. A Aldeia Histórica de Monsanto continua a ser a Aldeia Mais Portuguesa, até aos dias de hoje.