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    91% da Grande Barreira de Corais sofre branqueamento devido a onda de calor

    Branqueamentos são indicativos de morte dos corais; entre quatro e três terços da vida marinha dependem de recifes de corais em algum momento do seu ciclo de vida

    Imagem fotografada em 7 de março de 2022 mostra as condições atuais dos corais na Grande Barreira de Corais, na costa australiana de Queensland
    Imagem fotografada em 7 de março de 2022 mostra as condições atuais dos corais na Grande Barreira de Corais, na costa australiana de Queensland Glenn Nicholls/AFP/Getty Images

    Hilary WhitemanHannah RitchieHelen Reganda CNN

    O aquecimento das águas causado pelas mudanças climáticas causou o branqueamento de corais em 91% dos recifes da Grande Barreira de Corais neste ano, de acordo com uma agência do governo australiano.

    Cientistas da Autoridade do Parque da Grande Barreira de Corais (GBRMPA, na sigla em inglês) confirmaram em março que esse é o sexto branqueamento em massa dos recifes registrado e o quarto desde 2016.

    Mas o relatório divulgado na terça-feira (10), “Fotografia do recife: verão 2021-22”, mostrou que quase todos os recifes de corais investigados ao longo do sistema de 2.300 quilômetros foram impactados por branqueamento.

    Recifes de corais são alguns dos ecossistemas mais vibrantes na Terra – entre um quarto e um terço de todas as espécies marinhas dependem deles em algum momento de seu ciclo de vida. Mas o rápido aquecimento do planeta devido às emissões humanas de gases de efeito estufa está causando temperaturas acima da média nas águas, levando a danos como o branqueamento em massa.

    O branqueamento de corais tende a acontecer quando a temperatura da água fica muito mais alta que o normal. Mas, pela primeira vez, esse branqueamento vem mesmo com o La Niña, um evento climático que é caracterizado pelas temperaturas mais baixas que o normal no Oceano Pacífico equatorial, disseram os cientistas da Autoridade.

    O relatório investigou cerca de 719 recifes, observando-os de um avião voando em baixa altitude durante a temporada do verão australiano de 2021-2022, e identificou que 654 recifes, 91%, “exibiram algum branqueamento”.

    “As pesquisas confirmam um incidente de branqueamento em massa, com branqueamento de corais observados em múltiplos recifes em todas as regiões. Esse é o quarto incidente desde 2016, e o sexto a ocorrer na Barreira desde 1998”, disse a Autoridade do Parque da Grande Barreira de Corais sobre suas descobertas.

    As águas da Grande Barreira de Corais começou a aquecer em dezembro de 2021, e excederam “máximas históricas de verão”. Elas foram atingidas por três ondas de calor durante o verão até o início de abril de 2022, o que aumentou o “estresse termal” nas áreas central e norte do recife, de acordo com o relatório.

    Corais sob estresse ejetam algas de seus tecidos, o que os priva de uma fonte de alimento. Se as condições não melhorarem, os corais podem passar fome e morrer, tornando-se brancos enquanto seu esqueleto de carbono é exposto.

    Mergulhador nada entre os corais na Grande Barreira de Corais / Glenn Nicholls/AFP/Getty Images

    “Até os corais mais robustos exigem quase uma década para se recuperar”, disse Jodie Rummer, professora associada de biologia marinha na Universidade James Cook, em Townsville, à CNN em março.

    “Então estamos perdendo essa janela de recuperação. Estamos vendo um incidente de branqueamento após o outro, uma onda de calor após a outra. E os corais simplesmente não estão se adaptando às novas condições”, ela disse.

    O relatório alertou que a crise climática continua sendo a maior ameaça à Barreira, e que “eventos que causam distúrbio no recife estão se tornando mais frequentes”.

    É o quarto evento de branqueamento em massa em seis anos e o primeiro desde 2020, quando cerca de um quarto dos recifes inspecionados mostraram sinais de branqueamento severo. Esse evento ocorreu apenas três anos após incidentes seguidos de branqueamento em 2016 e 2017. Branqueamentos anteriores ocorreram em 1998 e 2002.

    Imagem registrada em 2016 mostra o branqueamento de corais no Grande Recife, na Austrália / Kyodo News Stills via Getty Imag

    Cientistas dizem que o tempo para que os recifes possam se recuperar está acabando e que os governos precisam endereçar urgentemente a raíz do problema: a crise climática.

    “Para dar uma chance ao nosso recife de lutar, precisamos lidar com o problema número um: a mudança climática. Nenhum financiamento vai parar esses branqueamentos, a não ser que diminuamos nossas emissões nessa década”, disse Amanda McKenzie, CEO do Conselho do Clima em março.

    A Grande Barreira de Corais é um dos tesouros nacionais da Austrália, se alongando por 2.300 quilômetros de extensão na costa de Queensland, e atraindo cerca de três milhões de turistas por ano antes da pandemia.

    O governo da Austrália tem enfrentado pressão da UNESCO para provar que está fazendo o suficiente para salvar o recife, e foi advertido por especialistas em clima global, entre outros, por não fazer o suficiente para realizar a transição de combustíveis fósseis para outros mais sustentáveis e diminuir as emissões de gases de efeito estufa.

    A publicação do relatório vem após importantes cientistas chamarem a atenção da agência para liberar suas descobertas antes das eleições federais em 21 de maio.

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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