De longe a edificação erguida no século XVIII, impressiona pela sua grandiosidade. São 241 anos de uma história real nesta parte do Brasil que tenta resistir ao tempo. O Real Forte do Príncipe da Beira, foi erguido por ordem da coroa portuguesa para proteger as terras que dariam origem ao Brasil das possíveis invasões espanholas no século XVIII.
Em 20 de junho de 1776, as bases do Real Forte do Príncipe da Beira recebiam a primeira pedra fundamental. A partir desta ação, começava a surgir a maior fortificação militar já elevada fora da Europa, pela coroa de Portugal.
Se do lado de fora a estrutura se mostra imponente, do lado interno o olhar do visitante amplia e aguça a curiosidade em torno da história, uma história que não cansa de contada.
O nome Real Forte do Príncipe da Beira é uma homenagem ao príncipe herdeiro de Portugal, Dom José de Bragança.
No século XV a coroa portuguesa, após assinar com a Espanha o Tratado de Tordesilhas, em 1494, precisava resguardar as suas divisas.
No firmamento as terras que ficava a oeste pertenciam a Espanha e a leste a Portugal, mas o convênio nunca foi respeitado pelos países, o que de fato só aconteceria após a assinatura do Tratado de Madrid.
O forte é um monumento em formato e plano quadrangular, uma muralha erguida em pedra de cantaria, mas para chegar nesse molde perfeito às pedras uma a uma talhadas, para isso entrava em cena a mão de obra escrava e indígena.
Os quatro baluartes fazem referência à, Santa Bárbara, Santo Antônio de Pádua, São José Avelino e Nossa Senhora da Conceição.
O último foi uma homenagem a primeira fortificação construída por Portugal as margens do Guaporé. Mas os combates entre os soldados portugueses e os jesuítas destruíram a fortaleza que ficava nessa localidade, o que dela restou as aguas do rio Guaporé terminou de acabar.
A construção segue normas da arquitetura militar da época, inspirada no sistema elaborado por Vauban, um arquiteto francês. O lado interno abrigava os quartéis da guarnição, o hospital, capela, o armazém, a casa do governador, a cisterna, e o paiol subterrâneo. As masmorras funcionavam bem na parte da entrada, e elas ainda existem.
Do lado esquerdo eram trancafiados os escravos rebeldes que recusavam a trabalhar, também existe onde ficou trancafiado por longos anos, um dos personagens mais celebres dessa epopeia, o Padre Pacheco.
A prisão do Padre Pacheco segundo os relatos aconteceu porque o religioso já naquela época era contra o regime da escravidão e de tortura, adotado pelo rei de Portugal Dom João V. Não existe na história uma data que revele o período em que o sacerdote permaneceu encarcerado, o que se sabe é que da sua penúria ele jamais saiu vivo.
Nas paredes rabiscadas da masmorra os escritos feitos em latim ainda são uma prova da presença do Padre Pacheco, mas que pouco a pouco são destruídos pela ação do tempo.
Com a Proclamação da República toda a coroa foi obrigada a deixar o Brasil e o forte foi abandonado. No século XX durante uma viagem pelo Rio Guaporé, Cândido Mariano da Silva Rondon redescobre novamente a fortaleza, encoberta pela Floresta Amazônica.