Paixão fatal. Como Carlos Castro se apaixonou perdidamente por Renato Seabra e cortejou o modelo durante dois meses até o levar para a fatídica viagem a Nova Iorque
Começaram por falar pelo facebook até aos primeiros encontros. O cronista prometeu-lhe uma carreira na moda e Renato deixou-se seduzir pelo futuro ao sol. Foi quando embarcaram para uma viagem que mudaria a vida de todos os intervenientes.
Da paixão ao brutal homicídio! A história de Carlos Castro e Renato Seabra que terminou de forma trágica em Nova Iorque
Começavam os dias mais frescos de outono quando, em 2010, Carlos Castro viu pela primeira vez Renato Seabra. O jovem, alto e com corpo de manequim, natural de Cantanhede, tinha-se destacado no concurso da SIC de caça-talentos 'À Procura do Sonho', tendo ficado em terceiro lugar. O sucesso levara-o a ser convidado para ir a alguns eventos e as suas fotografias começavam, então, a sair em algumas revistas. Não passaram despercebidas a Carlos Castro que, cronista social à época, estava atento a todos os desenvolvimentos no meio.
Decidiu enviar-lhe uma mensagem no Facebook - a rede social de eleição na altura - que mais tarde acabaria reproduzida nos meios de comunicação social. "Vou ao Porto, ao Portugal Fashion, estás por perto? Acho-te giro e és altíssimo, falamos se quiseres. Um abraço amigo", foi o que Carlos Castro escreveu depois dos cumprimentos e de uma abordagem inicial.
Renato Seabra participou no concurso 'À Procura de um Sonho'
Numa outra mensagem, enviada a 16 de Outubro de 2010, Carlos Castro já demonstra os seus sentimentos pelo jovem Seabra, então com 21 anos. "Querido... hoje sábado aqui estou (ainda) no hotel...(pensei muito em ti) e para te mandar ternuras". Renato responde ao cronista algumas horas depois: "Como te disse por mensagem também tenho pensado muito em ti... pensei em tudo que disseste e quero estar contigo!! Um beijinho grande".
Carlos Castro e Seabra conheceram-se em outubro de 2010
Depois disso, pouco se sabe o que aconteceu até à fatídica viagem, mas aos amigos mais próximos Carlos Castro já não escondia que se estava a apaixonar perdidamente pelo modelo, a quem queria, inclusivamente, ajudar a dar os primeiros passos sólidos no mundo da moda.
A VIAGEM FATAL
Depois dos dois primeiros meses de alguns encontros e muitas trocas de mensagens, Carlos Castro, de 65 anos, convidou Renato Seabra a viajar com ele até Nova Iorque. Iriam virar o ano na terra de todas as oportunidades, numa viagem de mais de uma semana e muitas ilusões para o cronista, que garantia viver dias de grande paixão.
Renato tinha 21 anos quando tudo aconteceu
Ficaram instalados no 34º andar do Hotel Intercontinental, no quarto 3416, e durante uma semana fizeram vida de turistas. Visitaram todos os pontos emblemáticos da cidade que nunca dorme, foram ao teatro, às compras nas melhores lojas até que no dia 7 de janeiro, quando já pouco faltava para o regresso a Portugal, o impensável aconteceu.
Renato sonhava ser modelo
O CRIME QUE CHOCOU O MUNDO
A manhã tinha decorrido sem grandes percalços, mas algo aconteceu que terá originido aquilo que nos meses seguintes iria ser descrito, nas páginas de jornais, como um crime hediondo que chocou o mundo.
Carlos Castro tinha 65 anos quando foi barbaramente assassinadoFoto: Sérgio Lemos
Mais tarde, perante a Justiça americana, Seabra acabaria por confessar que houve uma discussão com Carlos Castro e que, a partir daí, tudo se precipitou. Nos autos da polícia é descrito como o modelo agrediu barbaramente Carlos Castro. Começou por fazer-lhe um nó no pescoço e arrastá-lo pelo chão. Depois, esfaqueou o cronista com o saca-rolhas com que o viria a mutilar, cortando-lhe o escroto e os testículos. Na confissão feita em tribunal, e que mais tarde viria a ser divulgada pela imprensa, pode-se ver-se a bárbara cronologia dos acontecimentos, descrita pelo jovem.
"O arguido afirmou que chegou a Nova Iorque a 29 de Dezembro de 2010, com Carlos. O arguido afirmou que a 7 de Janeiro de 2011, enquanto estavam no quarto 3416, o acusado e Carlos iniciaram uma discussão verbal que se transformou numa altercação física. O arguido afirmou que agarrou Carlos à volta do pescoço pelas suas costas e o arrastou, depois, pelo chão, enquanto pressionava a sua traqueia. O arguido afirmou que esfaqueou Carlos com um saca-rolhas na zona da virilha e na cara. O arguido afirmou que cortou os testículos de Carlos com esse saca-rolhas. O arguido afirmou que atingiu Carlos na cabeça com o monitor de um computador e que pisou a cara de Carlos, com os sapatos calçados. O arguido afirmou que atacou Carlos durante, pelo menos, uma hora. O arguido afirmou que, depois disso, despiu a roupa, tomou um duche, vestiu um fato e abandonou o quarto".
Vanda Pires encontrou-se com Seabra no hall do hotel depois de este ter cometido o crime
Foi nessa altura que encontrou Vanda Pires, amiga do cronista com quem tinham combinado encontrar-se e que estava a tentar ligar a Carlos Castro sem sucesso. De forma evasiva, Renato Seabra respondeu às perguntas de Vanda e avisou-a de que Carlos estava no quarto, seguindo de seguida do hotel.
"O arguido afirmou que encontrou a amiga de Carlos (referida pelo nome) e a sua filha, as quais perguntaram onde Carlos estava e o porquê de ele não responder aos seus vários telefonemas. O arguido afirmou que agiu de uma forma evasiva e que tentou ir-se embora, mas elas continuaram a questioná-lo sobre o paradeiro de Carlos e qual o quarto de hotel onde ele estava. O arguido afirmou depois que lhes disse qual era o quarto de hotel onde Carlos estava, deu-lhes o número de telefone desse mesmo quarto e abandonou de seguida o hotel. O arguido afirmou que andou a vaguear sem rumo nas redondezas, por algum tempo, entrando depois num táxi em Penn Station. O arguido afirmou que o taxista o levou até ao hospital St. Luke's Roosevelt."
Renato Seabra acabaria por confessar o crime mais tarde. Foi condenado a uma pena de 25 anos a perpétua, que ainda cumpre nos Estados Unidos, tendo-lhe sido negadas todas as pretensões de continuar a cumprir a pena em Portugal.
A TRISTEZA E AS VISITAS DA MÃE
Numa cadeia de alta-segurança, a vida de Renato Seabra, hoje com 33 anos, tem sido marcada pela tristeza. Na prisão, já tentou duas vezes suicídio, teve vários surtos psicóticos e anseia pelo momento em que será um homem livre e poderá regressar a Portugal. Até lá, conta com o apoio incondicional da mãe, Odília Pereirinha, que inicialmente deixou de trabalhar para acompanhar o filho, mas que entretanto já regressou a Cantanhede, onde trabalha como enfermeira. Visita atualmente Renato de três em três meses, de onde volta com o coração de mãe partido.
Renato cumpre pena em prisão de alta segurança
De resto, poucos são os contactos que Seabra tem com o exterior. Chegou a trocar algumas cartas com uma jornalista a quem descreveu o seu estado de tristeza."Há dias que me sinto tão deprimido que não me apetece fazer nada. Nesta idade em que as pessoas fazem planos para a vida, eu somente posso rezar e pedir a Deus para fazer um milagre e reduzir a minha sentença. Se Deus quiser, vai acontecer algo de bom. Tem de se ter fé", escreveu, acrescentando: "Vou abaixo, choro, começo a pensar na pena que tenho de fazer, no sofrimento que a minha família tem, nos sonhos que tenho mas que se tornaram tão difíceis de acreditar. Tento manter-me ocupado", explicou no mesmo desabafo escrito à jornalista portuguesa.
Antigo modelo confessou o crime
Será em 2036 que Renato Seabra irá cumprir 25 anos de pena, e está agendada para setembro de 2035 a decisão sobre uma eventual liberdade condicional, para a qual contribuirá o bom comportamento do antigo modelo na prisão. A esperança de regressar ao seu país e aos braços da família é o que dá um propósito a Renato, cuja história ficará para sempre na memória de quem acompanhou as notícias daqueles fatídicos dias de janeiro.
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