Duas famílias, uma agnóstica, outra católica, vão ser literalmente atravessadas por uma tragédia. Filipa e Miguel, personagens escaldantes, não suportam que a família e a sociedade venham a ditar as normas por que se regem os clamores do primeiro amor, esse que nunca se esquece, que nos marca indelevelmente, de onde se levanta a gigantesca catedral de sentimentos, dores e alegrias, que irão abrir o rumo da nossa vida.
Mesmo considerando a solidariedade e a harmonia na família de Miguel, os dois jovens vão enfrentar a dura prova do crescimento e aprender “que o vazio causa a dor mais indizível de todas. Uma dor redonda e invisível como um buraco negro por onde a alegria e toda a esperança se esvaem”.
No final, a caminho da solidão maior, Miguel e Filipa tocam o zénite onde podem enfim fundir-se num só.
Maria Teresa Maia Gonzalez nasceu em Coimbra, em 1958. É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas – Variante de Estudos Franceses e Ingleses – pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Vive em Lisboa e tem como passatempo a pintura. Foi professora de Português, Inglês e Francês, no ensino particular e público, entre 1982 e 1997, em Alverca do Ribatejo, Manique e Lisboa. Muito cedo sentiu despertar o gosto pelas histórias ouvidas e lidas em família. Por volta dos nove anos, começou a sentir o gosto pela escrita, escrevendo poemas e histórias com regularidade. Iniciou a sua carreira na escrita em 1989, quando ainda era professora. Recebeu o Prémio Verbo-Semanário, juntamente com Maria do Rosário Pedreira, pelo livro O Clube das Chaves Entra em Ação, em 1989. Da sua obra constam sobretudo romances juvenis, sendo também da sua autoria histórias infantis, fábulas, poesia, contos, crónicas, ficção para adultos e uma coleção juvenil de peças de teatro. São temáticas recorrentes nos seus livros os direitos das crianças e dos adolescentes, a espiritualidade e os problemas da adolescência, nomeadamente, a solidão, as perdas, a depressão, os conflitos familiares, as dependências químicas, a violência em meio escolar, a violência doméstica, a sexualidade e a afetividade. Vê o livro destinado aos mais novos como veículo promotor dos valores humanos, sobretudo o respeito pelo indivíduo e pela natureza, a paz, a saúde, a harmoniosa convivência entre gerações e culturas diversas, e a espiritualidade.
Honestamente, a sinopse deu-me uma ideia completamente errada do livro. Pensava que ia ler algo totalmente diferente: a luta de um casal de adolescentes para manter o seu bebé. Afinal, 'Um Beijo no Pé' centrava-se no sofrimento destes dois jovens por estarem afastados um do outro, que teve origem no facto de os pais da rapariga (Filipa) a terem influenciado para abortar e o rapaz (Miguel) não concordar com essa decisão e considerar que a sua opinião deveria ter sido mais valorizada. Houve vezes em que senti que o livro estava a envolver demasiada religião para o meu gosto: começaram com aquelas tretas de que o aborto é um crime, de que ninguém tem o direito de tirar uma vida, etc.. Poupem-me a isso! Não comprei o livro para me darem uma lição de vida e de princípios tão antiquada! São três estrelas (***), que a Malú chateou-me um bocadinho: dei por mim a ler as falas dela com sotaque na minha cabeça, o que não dá lá muito jeito quando temos que mudar de pronúncia constantemente a meio da história!
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Não compreendo como um livro como este pode ser escolhido para o Plano Nacional de Leitura. Passando à frente da velha questão de sermos um suposto país laico e este livro estar cheio de visões e comentários que certamente envergonhariam alguns crentes actuais, há algo repulsivo na forma como foi tratada a violência doméstica. Uma normalização e desculpabilização de violência, machismo e ideias de um tempo que esperava que já tivesse passado. Que sirva de choque para as novas gerações sobre o que era considerado normal e que haja verdadeira evolução nas sociedades e mentalidades.
O desenrolar da história e ela própria parecem-me um tanto ou quanto forçados. Não digo que não esteja dentro da vida e dos problemas dos adolescentes, mas acho que o narrador devia-se embrenhar-se mais na história e não transpor os pensamentos repetitivos das personagens. Leitura chata, para quem se desinteressa particularmente por livros sobre temas românticos.