As ruínas romanas de Milreu, descobertas por Estácio da Veiga no século XIX, compreendem diversos conjuntos arquitectónicos de alto valor arqueológico. A sua faceta mais conhecida é a villa, seguramente erguida e habitada por uma família de vastos recursos financeiros e um dos raros exemplos deste tipo de casas com peristilo (edifício rodeado por colunas).

Constituído por 22 colunas, era a área central da casa. A entrada sul é um vestíbulo rectangular com tanques semicirculares, típicos das áreas residenciais abastadas do século IV. Num dos lados do peristilo, encontra-se o triclínio, em cujas traseiras se encontravam as termas. Se as casas rurais raramente têm termas privadas (existiam, por norma, termas públicas numa cidade), uma villa costuma ter balneários próprios – como é o caso de Milreu.

As banheiras das termas eram revestidas com exuberantes mosaicos com representação de peixes e uma curiosidade assinalável: antevendo a deformação óptica dos peixes quando a banheira estivesse cheia, o artista que executou a obra deformou-os propositadamente, de forma a contrariar os efeitos da água.

Do cronista André de Resende ao arqueólogo Estácio da Veiga, muitos tomaram erradamente as ruínas de Milreu como vestígios da velha Ossonoba. Hoje, sabe-se que essa cidade está no subsolo de Faro.

Milreu apresenta ainda um templo erguido no século IV dedicado às divindades aquáticas, outro sinal de riqueza, uma vez que são raras as villae que integram edifícios religiosos. Ricamente decorado, ainda se encontra bem conservado. Apesar de originalmente ter sido contruído para o culto privado da família, acabou por ser convertido ao cristianismo, ainda no século IV, como se comprovou pela descoberta de sepulturas de inumação e de um baptistério. Mais tarde, e até ao século XI, foi convertido em templo islâmico.

Milreu é uma das ruínas romanas mais visitadas em Portugal. Testemunha um curto instante na história atribulada do Algarve, imortalizado nos mosaicos únicos, nos revestimentos marmóreos, nos belos estuques e nas colunas do peristilo, o ex-líbris de Milreu.

Ruínas Romanas de Milreu

Rua de Faro, Estói

Horário: 9h – 17h (de 3.ª feira a domingo)

Contacto: Tlf.: +962 045 652