Na cidade romana de Conímbriga, um espectacular mosaico evoca a mitologia grega e a sua persistência no imaginário da civilização que lhe sucedeu e que expandiu extraordinariamente os limites do controlo territorial na Europa, em África e na Ásia. 

No principado de Augusto, no quadro da criação da província da Lusitânia, a malha urbana desta cidade, implantada na zona centro de Portugal, renovou-se. Teve então início a construção de um conjunto de grandes obras públicas, onde se incluiu o forum, as termas, o aqueduto e uma muralha com mais de dois quilómetros.
A famosa Casa dos Repuxos, de onde provém o mosaico, foi edificada na época dos imperadores Cláudio e Nero, em meados do séc. I d.C., e remodelada, ganhando o aspecto que actualmente se lhe conhece, na época de Adriano, na primeira metade do século II.

O labirinto do Minotauro faz parte de um conjunto notável de mosaicos que decoram o peristilo desta magnífica domus. Descoberta acidentalmente em 1907, só nos anos 1930 foi alvo de uma primeira intervenção arqueológica que a revelou num período recorde de três meses.

O tema do Minotauro foi replicado em todo o Império Romano. Este motivo decorativo tinha outros significados para além do embelezamento de uma residência privada. Numa sociedade fortemente simbólica, poderá ter tido a função de proteger a propriedade do mau-olhado. A sua localização numa área íntima da casa e a proximidade do mosaico com a figura de Perseu segurando a cabeça da Medusa reforçam esta hipótese. 

O labirinto representado na Casa dos Repuxos apresenta características muito particulares. Em vez das muralhas com torres, foi emoldurado com uma trança de duas pontas e a cabeça do minotauro ao centro. Na mitologia grega, o minotauro nasceu da relação contranatura mantida por Pasífae, mulher de Minos, com um touro enviado a este rei por Posídon. Da união entre os dois, nasceu o monstro, uma figura humana com cabeça de touro que viria a ser aprisionada num labirinto. No mito, o minotauro foi depois morto por Teseu, filho do rei de Atenas. Munido de um novelo de lã oferecido por Ariadne, filha de Minos, por quem se apaixonou, Teseu encontrou a saída do labirinto.

Saiba mais em As sete vidas de Conímbriga