Francisco Louçã já tem a sua biografia autorizada

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Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda Daniel Rocha

Não foi o mentor da fundação - isso ficou a dever-se mais a Fernando Rosas e a Luís Fazenda -, mas a figura de Francisco Louçã é hoje, dez anos depois, indissociável do Bloco de Esquerda. "Mas nem o Bloco é só Louçã, nem Louçã é só o Bloco", avisa António Simões do Paço, autor da primeira biografia de Francisco Louçã, ontem lançada em Lisboa. O líder do Bloco divide a política com a profissão de docente de Economia.

Com a publicação da obra, Louçã acaba por ser, a par de José Sócrates, dos únicos líderes partidários actuais com direito a ter uma obra que resume a sua vida. Convidado em Março pela editora Bertrand, o autor, que conhece o biografado há mais de 30 anos, "desde os tempos do activismo estudantil", não previa que o livro acabasse por sair numa altura em que o BE estivesse a fazer um balanço bem positivo do ano eleitoral.

Segundo filho de um oficial de Marinha e de uma jurista, Louçã tem quatro irmãos, e desde cedo se familiarizou com as questões políticas. Em meados dos anos 70, quando o avô materno era deputado pelo PSD, Francisco militava e dirigia a LCI, de matriz trotskista. Mas antes disso, Louçã conta que a sua opção política teve um forte "empurrão" de Marcello Caetano: questionado sobre o curso que pretendia seguir, o jovem Francisco disse "Económicas", ao que Caetano retorquiu "um antro de comunistas", enchendo, afinal, Louçã de orgulho. Foi detido pela primeira vez em 1972, numa vigília pela paz, ficando com ficha na PIDE, e era participante assíduo nos muitos episódios das lutas estudantis.

Quando em 1978 a LCI e o PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores) se juntam, Louçã fica dirigente do então PSR (Partido Socialista Revolucionário), que consegue os seus melhores resultados. Em 1984 publicou o Ensaio para Uma Revolução e, ainda sem se formar, começa a dar aulas. No final dos anos 80 e primeiros anos da década seguinte segue como figura de proa do PSR, distingue-se no curso e mestrado de Economia e depois no doutoramento, publica livros (já são 11) e ensaios (algumas dezenas). Em 1999, a soma da UDP, PSR e Política XXI - e poucos meses depois a FER - gera o BE, que faz eleger Louçã como deputado por Lisboa.

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