João César das Neves revela que não apoia candidatura de Cavaco

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O economista diz que Teixeira dos Santos "continua a ter credibilidade" Foto: Pedro Cunha/arquivo

O economista e professor universitário João César das Neves revelou que não vai apoiar o amigo Cavaco Silva nas eleições presidenciais. Quando questionado sobre os candidatos às eleições presidenciais, o antigo assessor de Cavaco Silva declarou, em entrevista ao programa “Gente que Conta”, da TSF e DN, que não tenciona apoiar a sua recandidatura a Belém.

“Sou muito amigo do professor Cavaco Silva, pessoalmente tenho muito respeito por ele, foi meu professor, trabalhei com ele quatro anos. Mas politicamente desta vez não o apoio. Apoiei-o nas duas candidaturas e fiz parte da comissão. Desta vez não aceitei, e não é por nenhuma contestação pessoal, mas porque a assinatura dele está numa enorme quantidade das piores lei contra a família da História de Portugal”, justificou. No entanto, César das Neves reforçou que não quer “criticar pessoalmente” Cavaco, até porque o considera “o melhor dos candidatos”.

Já sobre o primeiro-ministro, José Sócrates, César das Neves descreveu-o, na mesma entrevista, como “um grande político” e “um táctico genial”, mas assumiu que “é um homem muito perigoso” que “ganha facilmente os debates, na manipulação da comunicação social, na imagem política do Governo” e defendeu que “não devemos dá-lo como defunto” – em oposição ao líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que “não está a mostrar grande capacidade de inspirar o povo”.

No que diz respeito ao ministro das Finanças, confessou ter “um grande respeito” por Teixeira dos Santos e acredita que ainda tem credibilidade, mas afirmou que o governante está “num sarilho enorme”, quando há seis meses “era a garantia do Governo”. E acrescentou: “Hoje, já começa a ser um bocadinho uma face estafada, as pessoas já não acreditam. Por outro lado, parece que o Ministério das Finanças foi abandonado. Até o número de funcionários já é muito pequeno. Deve ser o pior emprego do planeta neste momento, estar na Secretaria de Estado do Orçamento. Portanto, ele, neste momento, está com uma enorme dificuldade.”

“Há um ano e tal, dois anos, devíamos ter ido ao FMI”

Sobre a entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, o economista mantém o que já tem vindo a dizer: “sem ser obrigados pelos mercados, de mote próprio, assumir que precisávamos de uma ajuda e que queríamos pôr a casa em ordem. Se o tivéssemos feito, seria uma surpresa: ninguém estava à espera, teríamos imediatamente um apoio e iríamos começar a tomar as medidas necessárias. Agora é completamente diferente. Se fôssemos agora, já não iríamos com a mesma atitude, vamos quase de joelhos.”

Desta forma, César das Neves descreve uma eventual vinda do FMI como “uma perda de face para o Governo e é, sobretudo, um problema para os lobbies, que estão a colocar-se para que a austeridade caia ao lado e não em cima deles”.

No que diz respeito à crise, salienta que quem está a trabalhar ainda não sentiu as medidas de austeridade, visto que só vão entrar em vigor com o Orçamento do Estado para 2011. Ainda assim, para o futuro antevê um cenário mais complicado: “Vamos ter de trabalhar mais, vamos ter de reduzir salários, vamos ter de poupar mais. E vamos ter de fazer isto tudo e, ao mesmo tempo, continuar a produzir e a exportar e a ter nova inovação. Vamos ter de fazer aquilo que durante 15 anos não fizemos, porque isto não é culpa do Governo de Sócrates, nem do antecessor, nem do antecessor. É um problema de 15 anos!”.

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