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Os segredos que conduzem ao sucesso no desporto adaptado

Portugal posiciona-se como uma das grandes seleções a nível do desporto adaptado e o presidente do Comité Paralímpico Português revela as condições que permitem tal desempenho

O desporto adaptado português entra em ano de Olimpíadas com 17 vagas em quatro modalidades carimbadas para os Jogos Paralímpicos em Tóquio, nos quais a Seleção Nacional quer manter a tradição de atingir os lugares em diversos pódios. Tal demonstra a evolução positiva do trabalho desenvolvido no desporto adaptado no País e, tendo isso em conta, o presidente do Comité Paralímpico Português (CPP), José Manuel Lourenço, explicou a Record as razões do sucesso.

"No trabalho de bastidores, existe uma variedade de elementos. Criámos vários momentos como o Dia Nacional do Paralímpico e tudo tem o objetivo de chamar a atenção do público em geral que uma pessoa com deficiência pode praticar desporto. Nós queremos chegar às famílias e fazê-las perceber que uma pessoa com deficiência melhora a sua qualidade de vida ao praticar desporto. Passa por motivar as pessoas a aderirem à nossa causa", referiu o líder da federação. De resto, José Manuel Lourenço partilha o otimismo quanto à realidade atual dos atletas lusos do desporto adaptado. "Nos últimos anos, houve uma mudança no desporto adaptado em Portugal. Nestes anos, verifica-se que a parte do desenvolvimento desportivo dos atletas de modalidades adaptadas não está a ter a resposta adequada. Nomeadamente no que diz respeito às pessoas com deficiência mais profunda, essas encontram-se em instituições e o trabalho passa pelo que é feito tanto pelos clubes como pelas diversas federações às quais estão filiadas as diversas modalidades. Mas o salto qualitativo no desporto adaptado é positivo", sublinha.

Para o ano de 2020, a grande meta acaba por ser os Jogos Paralímpicos, onde as participações de atletas nacionais com provas dadas, tal como Hugo Passos e Carina Paim, geram expectativa.

Com dez modalidades integradas no projeto de preparação para os Jogos’2020, que se disputam entre 25 de agosto e 6 de setembro, a ambição passa também pela estreia em provas como badminton e triatlo.

Concorrência internacional

Portugal tem evoluído a nível de condições, mas o desafio passa por chegar perto das grandes potências, tal como explica José Manuel Lourenço.

"Tem havido um grande investimento por parte das grandes potências mundiais no desporto olímpico que, neste momento, também dominam no desporto paralímpico. Existe um investimento de muitos milhões nesta vertente desportiva e é óbvio que nós não temos a capacidade de acompanhar essas potências. Mas isso também acontece no desporto olímpico. O romantismo nesta área do desporto já não existe e, para continuarmos a ter bons resultados, temos de tentar acompanhar esta evolução", reitera. E o que deve ser feito para se chegar a esse nível? O presidente da CPP é perentório quanto à questão: "Temos de dar mais tempo de treino aos atletas e maior dedicação mas, como é óbvio, isso passa pela melhoria de condições que deve ser feita nos clubes e nas federações", frisou.

Caso russo motivou acertos

Tanto os Jogos Olímpicos como os Jogos Paralímpicos serão afetados a nível de participantes devido à questão do uso de doping por parte da Rússia, mas a verdade é que um caso deste género não é inédito na realidade da prova dos Paralímpicos. Ora, em 2016, na competição no Rio de Janeiro, Portugal teve uma redistribuição de atletas de 29 para 37, já que ocorreu a exclusão russa devido a um escândalo de doping com apoio estatal. Este ano, a história é semelhante e os países beneficiam.

No que diz respeito a Portugal, conseguiu garantir mais vagas para este ano graças aos Mundiais de atletismo. No Dubai, Portugal assegurou mais quatro entradas na competição no Japão, às quais se soma outra vaga respeitante ao paraciclismo.

José Manuel Lourenço: "Temos dois bons problemas por resolver"

Ao fazer uma análise ao futuro do desporto adaptado em Portugal, José Manuel Lourenço perspetiva que será um caminho difícil, muito devido à dificuldade de rejuvenescimento do total de atletas, mas garante que está confiante quanto aos bons resultados e evolução que pode ocorrer. "Temos sentido alguma dificuldade na renovação porque a base de praticantes não é larga. Um dos fatores prende-se com um paradigma existente nas federações. Mas temos dois bons problemas por resolver: existe uma boa qualidade de vida e saúde no País; e não passamos por qualquer guerra", refere.

Mas otimismo não falta ao líder do CPP: "Acredito que vamos ter um aumento no número de praticantes e que vamos conseguir cativar os mais jovens no sentido de optarem pela prática desportiva."

Apoio do Governo

Na preparação para os Paralímpicos, existe um habitual apoio por parte do Governo português ao CPP com vista à participação na prova e o valor da verba acabou por aumentar com vista aos Jogos de Tóquio. O contrato-programa de preparação para Tóquio’2020 tem um valor de 6,9 milhões de euros, valor que supera em 3,1 milhões o que foi disponibilizado para os Jogos no Rio’2016 e em 4,6 milhões o de Londres’2012.

"É um facto que houve um reforço de verbas significativo e as condições estão a melhorar de forma significativa e é fundamental que exista estabilidade. Ao longo deste ciclo, não houve interrupção ao nível do financiamento e isso é importante", considerou José Manuel Lourenço.

100 medalhas no horizonte

Portugal prepara-se para estar representado pela 11ª vez nos Jogos Paralímpicos, sendo que em Tóquio a comitiva lusa pode fixar a décima presença consecutiva na competição. Ora, em Tóquio, os atletas portugueses têm como alvo a meta das 100 medalhas. Até agora, Portugal já conquistou 92 medalhas em Jogos Paralímpicos, com atletismo (53), boccia (26) e natação (9) as três modalidades que mais pódios garantiram. Assim sendo, a meta redonda passa por ser um objetivo da comitiva lusa na competição que terá lugar no Japão.

FACTOS E NÚMEROS

fundação. A Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência (FPDD) tutelou inicialmente o desporto adaptado em Portugal e foi fundada em 7 de dezembro de 1998. Possui estatuto de Utilidade Pública desde 2012.

Mudança. A partir de 2014, as várias modalidades que são pertencentes ao desporto adaptado luso deixaram de estar sob a égide da FPDD e cada uma delas passou a ser supervisionada respetivamente pela federação à qual cada desporto pertence.

Parâmetros. O desporto adaptado em Portugal abrange as pessoas com as seguintes modalidades: deficiência auditiva, deficiência intelectual, deficiência motora, deficiência visual e paralisia cerebral.

projetos. A FPDD engloba vários projetos com destaque para os seguintes: ‘Desporto com bicas é inclusão’; ‘+Desporto’; ‘Resport’; ‘Conhecer mais para incluir melhor’ e ‘UMDIA’.

Por Filipe Balreira
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