Desporto adaptado diferente em Portugal e na Suécia

por Mário Aleixo - RTP
Inês Lopes conhece duas realidades diferentes sobre o desporto adaptado Hugo Delgado-Lusa

Inês Lopes conhece as diferenças entre os dois países.

A treinadora vive desde 1999 naquele país nórdico onde "a sociedade facilita o apoio à pessoa com deficiência", mas em que o Estado "não paga prémios por medalhas olímpicas".

Selecionadora de Portugal na modalidade de basquetebol em cadeira de rodas masculino entre 2010 e 2011, e medalha de bronze e de ouro pela Suécia nos campeonatos da Europa Divisão A, em 2005 e 2007, respetivamente, Inês Lopes é atualmente diretora desportiva da Federação de Desporto para Deficientes e do Comité Paralímpico suecos.

A portuguesa, natural de Cascais, que reside em Gotemburgo fez o paralelismo entre os dois países no que concerne ao desporto adaptado, dando conta de "uma estrutura forte de organização" na Suécia.

"Em Portugal, devido à cultura, diria que há mais paixão nos atletas do que cá, talvez porque aqui a sociedade facilita os apoios às pessoas com deficiência enquanto aí ainda existem imensas barreiras e dificuldades sociais e as pessoas têm de lutar mais pela sua sobrevivência, não só no aspeto social mas também no desportivo", explicou em entrevista à agência Lusa.

Sobre o recente anúncio do estado português de equiparar os atletas paralímpicos aos olímpicos em termos de prémios por medalhas, Inês Lopes endereçou os parabéns a Portugal, afirmando "que na Suécia tal não existe".

Trabalho feito

Integrando uma federação que gere "18 modalidades, sendo 10 paralímpicas", Inês Lopes revelou que as restantes modalidades já "estão integradas nas respetivas federações, a maior parte desde 1994", algo que em Portugal só recentemente sucedeu.

"Estamos a viver e a trabalhar nesse processo (...) mas é algo que deverá levar tempo. Nem todas as federações estão preparadas para integrar as modalidades e tem de ser um processo para amadurecer com muitas reuniões e estratégias a todos os níveis. No princípio de 2017 foi integrado o ténis de mesa, um processo que durou cinco anos. Em 2018 será a natação e outros se seguirão", disse.

No atletismo para deficientes visuais, a responsável observou que Portugal "é mais forte que a Suécia nas médias e longas distâncias", respondendo os suecos com melhores registos "nas provas de velocidade e no salto em comprimento".

Experiência em Portugal

Sobre a sua passagem pela seleção nacional, onde competiu no Campeonato da Europa Divisão B, lamentou não ter continuado mas deixou palavras de esperança: "Portugal tem potencial para chegar à Divisão A, talvez precise de uns anos a estabelecer um nível na Divisão B para lá chegar, mas tem potencial e paixão para o conseguir".

"Uma organização forte a todos os níveis, apoios, formação de treinadores, árbitros e atletas, mas fundamentalmente mais trabalho de casa nos clubes, mais treino individual dos atletas e mais atletas a jogar no estrangeiro", compõem o conjunto de melhorias a haver na modalidade em Portugal.

E advertiu: "É preciso mais de tudo com mais qualidade".

"Acho que a integração do basquetebol em cadeira de rodas na federação foi um passo bastante importante para que este sonho se realize, dando um apoio enorme à organização da modalidade", frisou Inês Lopes, que disse estar "sempre disposta a ajudar no desenvolvimento da modalidade (organização e formação), para que Portugal um dia se qualifique para os Jogos Paralímpicos".



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