trabalho é sobre a análise do poema “Um mover d’olhos, brando e piadoso”. • Com a análise deste poema, tenho como objetivo explicar o que o poeta pretendeu ao escrever o soneto e quais os sentimentos e razões envolventes nele. Um mover d’ olhos, brando e piadoso Um mover d’olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quási forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um ~ repouso gravíssimo e modesto; ua pura bondade, manifesto indício da alma, limpo e gracioso;
um encolhido ousar; ua brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento;
esta foi a celeste fermosura
da minha Circe, e o mágico veneno Um mover d’olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quási forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso;
um despejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravíssimo e modesto; É um soneto, por ser constituído por 2 quadras e 2 ua pura bondade, manifesto tercetos, sendo o último terceto considerado como “chave de ouro”. indício da alma, limpo e gracioso; Insere-se na medida nova.
um encolhido ousar; ua brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento;
esta foi a celeste fermosura
da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento. • O soneto apresenta o retrato da mulher amada pelo sujeito poético, em que o mesmo acaba por destacar mais os traços psicológicos. • O conjunto de qualidades que lhe é atribuída tende a produzir uma imagem de perfeição e não de individualização da mulher. • Como as qualidades morais são as que se encontram em maior destaque, a beleza espiritual é o que fascina mais o sujeito lírico. • O retrato da amada mostra um ideal de beleza clássico, mais conhecido como à medida petrarquista. Trata-se de um retrato idealizado, indefinível. Um mover d’olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quási forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso; Na 1ª parte é a enumeração e o exaltamento das características físicas e morais da amada, repetindo a um despejo quieto e vergonhoso; mesma estrutura sintática (artigo indefinido + substantivo um repouso gravíssimo e modesto; +adjetivo). Na 1ª quadra é referido os traços físicos da amada, como ua pura bondade, manifesto os olhos, o sorriso e o rosto e, em seguida, a enumeração indício da alma, limpo e gracioso; dos traços morais, como a honestidade, a brandura, a bondade e a serenidade. um encolhido ousar; ua brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento; A 2ª parte é designada por “chave de ouro” que é a conclusão do poema. E remete para a síntese dos atributos da mulher esta foi a celeste fermosura amada e o efeito que ela provoca no sujeito poético. A mulher amada é comparada a Circe (uma feiticeira da minha Circe, e o mágico veneno mitológica) que a partir do “mágico veneno”, tem o poder de que pôde transformar meu pensamento. transformar o pensamento do sujeito poético. • O sujeito poético está perdidamente apaixonado pela mulher descrita, mas a emoção que sente não é totalmente boa, pois a amada tem o poder de transformar e perturbar o seu pensamento, “e o mágico veneno / que pôde transformar meu pensamento.”. Um mover d’olhos, brando e piadoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, Recursos expressivos: quási forçado; um doce e humilde gesto, • Anáfora: ao longo do poema com a repetição do de qualquer alegria duvidoso; artigo indefinido “um” que marca a passagem de uma qualidade para a outra e que mostra a amada como indefinível. um despejo quieto e vergonhoso; • Adjetivação: ao longo de todo o soneto, com o um repouso gravíssimo e modesto; exalte de toda a beleza da amada feita pelo sujeito poético. ua pura bondade, manifesto • Antítese: “um mover d’olhos, brando e piadoso, indício da alma, limpo e gracioso; /sem ver de quê”; “celeste fermosura”; “mágico veneno”. Confirmam os sentimentos contraditórios provocados pelo amor. um encolhido ousar; ua brandura; • “manifesto indício” e “encolhido ousar”, remetem um medo sem ter culpa; um ar sereno; para o jogo feminino de sedução que tanto pode um longo e obediente sofrimento; manifestar como esconder os seus sentimentos. • Metáfora: salientam o quanto a amada consegue “enfeitiçar” o poeta, e o poder que ela tem sobre esta foi a celeste fermosura ele ao transformar-lhe o pensamento. da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento. Estrutura Formal • O soneto é constituído por 2 quadras (cada uma com quatro versos) e por 2 tercetos (cada um com três versos), num total de 14 versos. Um mover d’olhos, brando e piadoso, A sem ver de quê; um riso brando e honesto, B Rima quási forçado; um doce e humilde gesto, B emparelhada Rima interpolada de qualquer alegria duvidoso; A
um despejo quieto e vergonhoso; A
um repouso gravíssimo e modesto; B ua pura bondade, manifesto B indício da alma, limpo e gracioso; A
um encolhido ousar; ua brandura; C
um medo sem ter culpa; um ar sereno; D um longo e obediente sofrimento; E
esta foi a celeste fermosura C
da minha Circe, e o mágico veneno D que pôde transformar meu pensamento. E 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Sem / ver / de / quê; um / ri/so / bran/do e / ho/nes/to - Versos decassilábicos • Na imagem está representada Circe, a feiticeira da mitologia grega referida no poema. • Esta imagem é sugestiva ao tema do poema, pois a amada é comparada pelo sujeito poético a Circe, por a partir do seu “mágico veneno” perturbar e transformar o seu pensamento. • É representado também a beleza indefinível da mulher amada. Conclusão
• Para concluir, espero ter cumprido o meu objetivo de
explicar aos meus colegas o assunto tratado no poema referido e a apresentação da análise interna e externa. • Foi um desafio fazer a análise sozinha de um poema de Luís de Camões, visto que foi um dos mais reconhecidos poetas portugueses de todos os tempos, não só por ter escrito “Os Lusíadas”, mas também pelos seus poemas com as várias temáticas, a mais conhecida que é o amor. • Não é uma escrita que seja difícil de interpretar, mas é preciso ter atenção nos pequenos detalhes que o poeta utiliza, como os sentimentos contrários, o uso dos recursos expressivos ou até a rima.