Cabra-montês (Capra pyrenaica vitoriae). Foto: Arturo de Frias/Wiki Commons

Caçadores furtivos matam cabras-montesas no Gerês

Os animais foram abatidos na zona de fronteira entre o Parque Nacional da Peneda-Gerês e o Parque Natural da Baixa Limia – Serra do Xurés, para as cabeças serem vendidas. Os crimes estão a ser investigados.

A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Notícias depois da publicação de denúncias pela página de Instagram O Gerês e de uma notícia no jornal O Minho, descrevendo que entre o final de Dezembro e o início de Janeiro foram encontrados no território próximo da fronteira, em duas ocasiões diferentes, dois machos de cabra-montês sem cabeça.

Apesar de proibida em Portugal, em Espanha a caça a esta espécie é permitida e as licenças custam vários milhares de euros. O destino das duas cabeças, segundo a denúncia publicada, deverá ser o embalsamento para serem vendidas e exibidas como troféus.

Os dois casos casos já foram confirmados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e estão a ser investigados pelo SEPNA-Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente, ligado à GNR. Os dados que forem apurados vão ser passados ao Ministério Público.

Entretanto foi encontrada também uma terceira cabra-montês morta mas esta terá sido caçada por lobos, tendo sido depois decepada para a cabeça ser vendida, informa também o Jornal de Notícias.

Em Portugal, a cabra-brava extinguiu-se no século XX devido ao excesso de caça até que, em 1999, foram avistadas cabras nas serras Amarela e do Gerês, animais que terão fugido dos cercados instalados na serra do Xurês, na Galiza, no âmbito de um projecto de reintrodução da espécie.

Há cerca de três anos, em Abril de 2019, chegou a estar prevista a realização de um encontro internacional em Arcos de Veldevez, promovido por duas associações ligadas à actividade cinegética, para promover a caça à cabra-montês no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Todavia, face à pressão dos ambientalistas, o evento foi cancelado.

Actualmente, estes animais continuam em Portugal limitados à área protegida do Gerês, sendo por isso considerados como pertencentes a uma população frágil, que é única no país e está isolada.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.