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Mosaicos romanos de Portugal-vol_I_1.pdf - Estudo Geral ...

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MOSAICOS ROMANOS DE PORTUGAL<br />

O ALGARVE ORIENTAL<br />

Dissertação <strong>de</strong> Doutoramento em História<br />

Especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arqueologia Clássica<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />

Volume I<br />

Texto (1)<br />

Cristina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira<br />

Coimbra<br />

2010


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

MOSAICOS ROMANOS DE PORTUGAL<br />

O ALGARVE ORIENTAL<br />

Cristina Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Oliveira<br />

Vol. I<br />

Texto (1)<br />

Dissertação <strong>de</strong> Doutoramento em História<br />

Especialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arqueologia Clássica<br />

apresentada à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra<br />

sob orientação do Professor Doutor José d’Encarnação<br />

Coimbra<br />

2010<br />

ii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Aos meus filhos, Eva e Afonso<br />

Ao meu marido, António<br />

iii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Índice<br />

Vol. I. Texto<br />

Resumo .............................................................................................................................................. ix<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos .................................................................................................................................. xi<br />

Introdução ......................................................................................................................................... xiii<br />

Abreviaturas bibliográficas ............................................................................................................... xxiii<br />

Bibliografia ..................................................................................................................................... xxviii<br />

Documentação <strong>de</strong> Estácio da Veiga .................................................................................................. liv<br />

Relatórios <strong>de</strong> trabalhos arqueológicos ............................................................................................... lvi<br />

Catálogo <strong>de</strong> mosaicos ...................................................................................................................... lvii<br />

PARTE 1<br />

<strong>Mosaicos</strong> do Algarve romano, parte oriental<br />

Catálogo .............................................................................................................................................. 2<br />

PARTE 2<br />

<strong>Mosaicos</strong> do Algarve Oriental no contexto da ocupação romana do território<br />

Capítulo I. O Estado da Arte em <strong>Portugal</strong> 253<br />

1. Breve resenha da investigação sobre mosaicos em <strong>Portugal</strong> (séc. XIX-XX) ............................ 253<br />

2. A investigação no Algarve oriental ............................................................................................ 261<br />

2.1. O papel <strong>de</strong> S. P. M. Estácio da Veiga ............................................................................. 261<br />

2.2. A investigação no Algarve após S. P. M. Estácio da Veiga ............................................ 265<br />

2.3. A equipa Luso-francesa <strong>Mosaicos</strong> do Sul <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> no Algarve oriental ..................... 267<br />

2.3.1. Sinopse dos trabalhos realizados entre 1994 e 2009 ......................................... 267<br />

2.3.2. Alguns aspectos da metodologia <strong>de</strong> trabalho ..................................................... 270<br />

Pg<br />

iv


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Capítulo II. Contextualização dos sítios com mosaicos no Algarve oriental 273<br />

1. Contexto urbano ....................................................................................................................... 276<br />

1.1. Balsa / Tavira ................................................................................................................... 276<br />

1.2. Ossonoba / Faro ............................................................................................................... 281<br />

2. Contexto rural ............................................................................................................................ 286<br />

2.1. Montinho das Laranjeiras (Alcoutim) ................................................................................ 287<br />

2.2. Cacela-a-Velha (Vila Real <strong>de</strong> Stº António) ....................................................................... 289<br />

2.3. Pedras d’ El-Rei (Tavira) .................................................................................................. 290<br />

2.4. Quinta do Trinda<strong>de</strong> (Tavira) ............................................................................................. 291<br />

2.5. S. Domingos <strong>de</strong> Asseca (Tavira) ...................................................................................... 291<br />

2.6. Quinta <strong>de</strong> Marim (Quelfes, Olhão) .................................................................................... 291<br />

2.7. Torrejão Velho (Pechão, Olhão) ....................................................................................... 296<br />

2.8. Milreu (Estói, Faro) ........................................................................................................... 297<br />

2.8.1. A domus ................................................................................................................ 300<br />

2.8.1.1. Entrada da domus (sector A2) ................................................................... 300<br />

2.8.1.2. Compartimentos virados para a ala sul do peristilo (sector B1) ................ 306<br />

2.8.1.3. Peristilo (sector A3) ................................................................................... 306<br />

2.8.1.4. Zona habitacional <strong>de</strong> carácter privado situada a este (sector A1) ............. 312<br />

2.8.1.5. Triclinium (sector B3) ................................................................................ 319<br />

2.8.1.6. Acesso às termas (sector B2) ................................................................... 324<br />

2.8.1.7. Compartimentos situados a norte do peristilo (sector B4) ......................... 324<br />

2.8.1.8. Salas absidais viradas para a ala este do peristilo (sector B5) ................. 328<br />

2.8.2. As termas (sector C) ................................................................................................. 332<br />

2.8.3. A fonte e o templo das águas (sector D) ................................................................... 338<br />

2.8.4. Os edifícios a este do templo (sector F) ................................................................... 342<br />

2.9. Quinta <strong>de</strong> Amendoal (Sé, Faro) ........................................................................................ 342<br />

2.10. Vale <strong>de</strong> Carneiros (Penha, Faro) ................................................................................... 345<br />

2.11. Cerro da Vila (Vilamoura, Loulé) .................................................................................... 345<br />

2.11.1. A domus (sector I) .................................................................................................. 347<br />

2.11.2. As termas (sector II) ............................................................................................... 351<br />

2.11.3. Habitações secundárias (sector III) ........................................................................ 354<br />

v


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

2.11.4. Tanque (sector VI) ................................................................................................. 355<br />

2.12. Loulé Velho (Praia <strong>de</strong> Vale do Lobo, Loulé).................................................................... 356<br />

2.13. Retorta (Loulé) ................................................................................................................ 358<br />

Capítulo III. O mosaico como elemento <strong>de</strong>corativo: estudo estilístico dos mosaicos do<br />

Algarve Oriental 360<br />

1. Os motivos lineares ................................................................................................................... 362<br />

1.1. Linha <strong>de</strong> cruzetas, quadradinhos <strong>de</strong>nteados ou florinhas geométricas ........................... 363<br />

1.2. Linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra ................................................................................................. 363<br />

1.3. Linha <strong>de</strong> espinhas rectilíneas .......................................................................................... 364<br />

1.4. Linha <strong>de</strong> aspas ................................................................................................................ 364<br />

1.5. Linha <strong>de</strong> fusos ................................................................................................................. 365<br />

1.6. Linha <strong>de</strong> losangos <strong>de</strong>itados e <strong>de</strong> quadrados sobre o vértice, tangentes ......................... 365<br />

1.7. Linha <strong>de</strong> meandro ............................................................................................................ 366<br />

1.8. Linha <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica ......................................................................................... 367<br />

1.9. Pares <strong>de</strong> linhas adossadas <strong>de</strong> arcos ............................................................................... 368<br />

1.10. Linha <strong>de</strong> escamas oblongas <strong>de</strong>terminando ogiva ............................................................ 368<br />

1.11. Linha <strong>de</strong> peltas ................................................................................................................ 370<br />

1.12. Linha <strong>de</strong> ondas policromáticas ........................................................................................ 372<br />

1.13. Ramagens ....................................................................................................................... 373<br />

1.14. Tranças e guilhochés ...................................................................................................... 377<br />

1.15. Quadrados formados por quatro rectângulos em redor <strong>de</strong> um quadrado ........................ 377<br />

2. As composições ortogonais ....................................................................................................... 379<br />

2.1. Quadrícula ....................................................................................................................... 379<br />

2.2. Quadrícula <strong>de</strong> faixas com quadrado <strong>de</strong> intersecçã .......................................................... 382<br />

2.3. Quadrícula <strong>de</strong> bandas com círculos tangentes circunscritos às casas ............................ 388<br />

2.4. Composição ortogonal <strong>de</strong> círculos e quadrados dispostos sobre o vértice ..................... 390<br />

2.5. Composições à base <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suásticas .............................................................. 393<br />

2.6. Composição <strong>de</strong> octógonos e quadrados ......................................................................... 396<br />

2.7. Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos irregulares secantes e adjacentes ........................ 399<br />

2.8. Composição <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes, em meandro <strong>de</strong> suástica ................. 402<br />

vi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

2.9. Composição à base <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> oito losangos tangentes ........................................... 406<br />

2.10. Composição <strong>de</strong> octógonos estrelados ............................................................................. 410<br />

2.11. Estrelas <strong>de</strong> quatro pontas ................................................................................................ 412<br />

2.12. Composição <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> suástica <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta dupla ....................................... 416<br />

2.13. Composição <strong>de</strong> linhas quebradas ................................................................................... 417<br />

2.14. Composição losangulada <strong>de</strong> hexágonos e losangos adjacentes..................................... 418<br />

2.15. Composição <strong>de</strong> escamas ................................................................................................ 421<br />

2.16. Composição <strong>de</strong> ganizes policromáticos........................................................................... 424<br />

2.17. Composição <strong>de</strong> círculos secantes <strong>de</strong>terminando quatro-folhas ...................................... 425<br />

3. As composições centradas ........................................................................................................ 428<br />

3.1. Meandro <strong>de</strong> suástica em trança e losangos formando uma estrela <strong>de</strong> oito losangos ...... 428<br />

3.2. Composição <strong>de</strong> oito meias estrelas <strong>de</strong> oito losangos <strong>de</strong>terminando triângulos laterais ... 429<br />

3.3. Octógono estrelado por rectângulos e quadrados ........................................................... 431<br />

3.4. Composição <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong> oito losangos ............................................................ 433<br />

3.5. Composição em coroa <strong>de</strong> oito arcadas laterais tangentes .............................................. 435<br />

3.6. Estrela <strong>de</strong> oito pontas formadas por dois quadrados entrelaçados ................................. 437<br />

3.7. Losango inscrito num rectângulo ..................................................................................... 438<br />

4. As composições e elementos figurativos ................................................................................... 438<br />

4.1. O kantharus ..................................................................................................................... 438<br />

4.2. Os temas marinhos ......................................................................................................... 446<br />

4.2.1. Fauna marinha ....................................................................................................... 450<br />

4.2.2. Nereidas e monstros marinhos .............................................................................. 455<br />

4.2.3. Oceano................................................................................................................... 459<br />

4.3. Xenia ................................................................................................................................ 461<br />

5. As composições geométricas não documentadas no Décor ..................................................... 462<br />

vii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Capítulo IV. O mosaico como elemento estruturante do espaço: da estratégia da concepção à<br />

implantação arquitectónica........................................................................................................... 464<br />

1. A integração arquitectónica do mosaico ..................................................................................... 464<br />

1.1. A funcionalida<strong>de</strong> dos espaços com revestimentos <strong>de</strong> opus tessellatum .......................... 466<br />

1.1.1. As zonas resi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> carácter doméstico ........................................................ 466<br />

1.1.1.1. Vestíbulos e entradas principais ................................................................ 466<br />

1.1.1.2. Peristilo ..................................................................................................... 470<br />

1.1.1.3. Salas <strong>de</strong> recepção e <strong>de</strong> jantar – triclinia e oeci ......................................... 473<br />

1.1.1.4. Quartos <strong>de</strong> dormir e salas <strong>de</strong> repouso ...................................................... 476<br />

1.1.1.5. As soleiras ................................................................................................. 479<br />

1.1.1.6. Outros compartimentos ............................................................................. 480<br />

1.1.2. As zonas termais .................................................................................................... 480<br />

1.1.3. Outros compartimentos <strong>de</strong> carácter diverso ........................................................... 482<br />

1.2. A estratégia na disposição dos elementos <strong>de</strong>corativos .................................................... 484<br />

2. A técnica <strong>de</strong> construção dos mosaicos do Algarve Oriental ....................................................... 487<br />

2.1. Os suportes do opus tessellatum ....................................................................................... 488<br />

2.2. A paleta <strong>de</strong> cores e os materiais ........................................................................................ 491<br />

.<br />

2.2.1. Milreu ................................................................................................................... 493<br />

2.2.1.1. Ala este do peristilo ................................................................................... 493<br />

2.2.1.2. Piscina das termas .................................................................................... 494<br />

2.2.1.3. Fonte frente ao templo das águas ............................................................. 496<br />

2.2.1.4. Templo das águas ..................................................................................... 497<br />

2.2.1.5. <strong>Mosaicos</strong> geométricos ............................................................................... 500<br />

2.2.2. Mosaico do Oceano ............................................................................................. 500<br />

2.2.2.1. A máscara do Oceano ............................................................................... 500<br />

2.2.2.2. Os Ventos.................................................................................................. 501<br />

2.2.2.3. O tapete geométrico .................................................................................. 503<br />

2.2.3. Cerro da Vila ........................................................................................................ 504<br />

Conclusão ...................................................................................................................................... 505<br />

viii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Resumo<br />

A tese que se apresenta é o resultado do trabalho, mais vasto, que a Missão Luso-Francesa<br />

“<strong>Mosaicos</strong> do Sul <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>” tem <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido em <strong>Portugal</strong>, no sentido <strong>de</strong> publicar um património<br />

vastíssimo e mal conhecido, não só do público em geral, mas também do público científico, em<br />

particular. Dando seguimento aos dois <strong>vol</strong>umes do Corpus dos <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong><br />

editados até ao momento, esta Missão <strong>de</strong>dicou os últimos cinco anos ao estudo dos mosaicos do<br />

Algarve – zona oriental – tendo o presente estudo resultado das pesquisas que <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vemos no<br />

âmbito <strong>de</strong>ste projecto.<br />

Conhecidos, na maioria, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o séc. XIX, estes mosaicos nunca foram objecto <strong>de</strong> um<br />

estudo aprofundado, embora amiú<strong>de</strong> referidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então em publicações diversas sobre o<br />

Algarve romano. O nosso estudo integra duas das maiores villae da região – Cerro da Vila<br />

(Vilamoura) e Milreu (Estói – Faro), além <strong>de</strong> outros locais menos explorados como, por exemplo, a<br />

villa <strong>de</strong> Amendoal. Incluem-se, ainda, todos os fragmentos <strong>de</strong> mosaicos <strong>de</strong>sta região, hoje dispersos<br />

por diversos museus portugueses (Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia, Museu Municipal <strong>de</strong> Faro,<br />

Museu Municipal da Figueira da Foz, Museu Municipal <strong>de</strong> Loulé e Museu <strong>de</strong> Albufeira), perfazendo<br />

um catálogo <strong>de</strong> 78 números.<br />

A metodologia segue a linha já implementada no CMRP II1: exaustão na recolha <strong>de</strong><br />

documentação existente, <strong>de</strong>senho dos pavimentos tessela a tessela à escala 1/1, dossiê fotográfico,<br />

<strong>de</strong>scrição pormenorizada <strong>de</strong> todos os pavimentos, paleta <strong>de</strong> cores. Com o respectivo<br />

enquadramento arqueológico e arquitectónico, apresentam-se todos os mosaicos do Algarve<br />

oriental, realçando do estudo estilístico não só as influências, mas também o seu carácter original,<br />

numa área periférica do Império romano. A discussão estilística, tendo em conta as evidências<br />

arquitectónicas e arqueológicas disponíveis para cada um dos casos, permitem o <strong>de</strong>bate em torno<br />

da cronologia <strong>de</strong>stes pavimentos. Por ter sido dado maior enfoque aos mosaicos <strong>de</strong> carácter<br />

geométrico, os mosaicos com o tema da fauna marinha <strong>de</strong> Milreu e o mosaico do Oceano <strong>de</strong><br />

Ossonoba (Faro) são abordados <strong>de</strong> forma muito sucinta no que diz respeito aos aspectos<br />

iconográficos, reservando-se para a edição do CMRP II2 o seu estudo aprofundado.<br />

Apesar da informação disponível sobre as estruturas associadas aos mosaicos seja limitada<br />

na maior parte dos casos, consi<strong>de</strong>rou-se pertinente a análise da relação entre a funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um <strong>de</strong>terminado compartimento e o mosaico que o reveste, constituindo uma abordagem inovadora<br />

na perspectiva da investigação centrada no estudo <strong>de</strong> mosaicos. Também a discussão <strong>de</strong> aspectos<br />

ix


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

técnicos da construção do pavimento se justificam porque estes espelham a dinâmica <strong>de</strong> construção<br />

do edifício, trazendo importante contributo, não só à compreensão das intervenções arquitectónicas<br />

realizadas, quando se analisam os suportes, por exemplo, como também à <strong>de</strong>finição da qualida<strong>de</strong><br />

da produção mosaística, quando se analisam aspectos cromáticos ou as dimensões das tesselas.<br />

Com o <strong>de</strong>vido enquadramento no contexto histórico-geográfico, à luz dos dados disponíveis<br />

sobre a ocupação romana no Algarve, o estudo <strong>de</strong>stes mosaicos contribuiu para o aclarar <strong>de</strong> vários<br />

aspectos da caracterização das populações que ocuparam esta região da Lusitânia, durante um<br />

período compreendido entre o séc. I e o séc. V.<br />

x


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

As primeiras palavras <strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong>stinam-se às diversas instituições públicas e<br />

privadas que apoiaram, em diferentes vertentes, o trabalho <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido no quadro da Missão Luso<br />

Francesa <strong>Mosaicos</strong> do Sul <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (MSP). A investigação não teria sido possível sem a estreita<br />

colaboração da Tutela dos sítios e das colecções que integram este estudo. Ao extinto Instituto<br />

Português <strong>de</strong> Arqueologia, na pessoa do seu então Director, Dr. Fernando Real, <strong>de</strong>vemos a<br />

receptivida<strong>de</strong> do projecto e a sua exequibilida<strong>de</strong> financeira no âmbito do Plano Nacional <strong>de</strong><br />

Trabalhos Arqueológicos, entre 1999 e 2008. A colaboração da Direcção Regional <strong>de</strong> Cultura do<br />

Algarve (IGESPAR, ex-IPPAR) na autorização concedida para trabalhar nos sítios sobre sua tutela e<br />

na assessoria prestada pelos seus técnicos, <strong>de</strong>signadamente no sítio <strong>de</strong> Milreu, constituiu um factor<br />

primordial no sucesso das campanhas <strong>de</strong> trabalho sucessivamente realizadas. O mesmo apoio<br />

<strong>de</strong>vemos agra<strong>de</strong>cer à Lusotur S. A., responsável pelo sítio <strong>de</strong> Cerro da Vila. À Fundação Calouste<br />

Gulbenkian agra<strong>de</strong>cemos o apoio financeiro que permitiu concluir os levantamentos gráficos dos<br />

mosaicos e, assim, impulsionar <strong>de</strong>cisivamente a investigação.<br />

Aos diversos museus que albergam colecções <strong>de</strong> mosaicos provenientes dos sítios em<br />

estudo não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> manifestar o nosso apreço pelas facilida<strong>de</strong>s concedidas,<br />

<strong>de</strong>signadamente ao Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia, nas pessoas do seu Director Luís Raposo,<br />

mas também das suas técnicas superiores, ao Museu Municipal <strong>de</strong> Faro, na pessoa da sua<br />

Directora Dália Paulo, aos Museus Municipais <strong>de</strong> Loulé, da Figueira da Foz e <strong>de</strong> Albufeira cujas<br />

direcções e tutelas políticas nos permitiram o acesso aos mosaicos das suas colecções.<br />

A Universida<strong>de</strong> do Algarve, na pessoa do Professor Doutor João Pedro Bernar<strong>de</strong>s, foi um<br />

dos pares mais importantes na boa consecução da investigação, não só ao nível científico, como ao<br />

nível logístico, tendo ainda li<strong>de</strong>rado uma frutífera parceria no projecto MOSUDHIS, com a<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Huelva e o Museu Histórico-municipal <strong>de</strong> Écija.<br />

Muitos foram os estudantes das Universida<strong>de</strong>s do Algarve e <strong>de</strong> Lisboa, da Escola Profissional do<br />

Freixo e <strong>de</strong> Mértola, assim como diversos colaboradores pontuais, que aceitaram participar nos<br />

trabalhos <strong>de</strong> levantamento gráfico dos mosaicos. Sem este, aparentemente simples, trabalho <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho, não teria sido possível apresentar tão <strong>de</strong>talhados registos.<br />

A Danilo Pavone que nos tem acompanhado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o trabalho na villa <strong>de</strong> Rio Maior, on<strong>de</strong><br />

aliás experimentou a fotografia <strong>de</strong> mosaico pela primeira vez, reconhecemos a infinita paciência <strong>de</strong><br />

ouvir e correspon<strong>de</strong>r às nossas exigências com elevado profissionalismo, <strong>de</strong>dicação e empenho, na<br />

produção dos registos fotográficos, assim como no tratamento final dos <strong>de</strong>senhos.<br />

xi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Dúvidas, preocupações, anseios e muitas emoções acompanham o caminho do<br />

investigador, mas este não está só. Obrigada a todos os que contribuíram para a melhoria do meu<br />

trabalho científico, por um lado, e o meu equilíbrio emocional, por outro. De muitos colegas, amigos<br />

e família não esperaria outra coisa.<br />

Na medida em que o estudo que ora se apresenta resulta <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong> equipa, não<br />

po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> manifestar gratidão a Janine Lancha pelos seus abalizados conselhos e<br />

orientações científicas, a Adília Alarcão pela sua sabedoria na resolução <strong>de</strong> dúvidas e problemas,<br />

assim como no acompanhamento <strong>de</strong> todos os processos. Às duas gran<strong>de</strong>s amigas que fiz na<br />

equipa, Catarina Viegas e Diane Bédard, <strong>de</strong>vo os primeiros passos no mundo dos mosaicos<br />

<strong>romanos</strong> e os muitos momentos memoráveis dos dias <strong>de</strong> missão passados no intenso Verão<br />

algarvio.<br />

Ao Professor Doutor José d’Encarnação que acompanha o meu percurso académico <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1991, ano em que frequentei a ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Epigrafia, <strong>de</strong>vo muito do que sou enquanto investigadora,<br />

mas <strong>de</strong>vo muito mais enquanto ser humano. Passo hoje aos meus alunos o optimismo pela vida,<br />

que é a sua forma <strong>de</strong> existir, a simplicida<strong>de</strong> das soluções quando os problemas nos esmagam e,<br />

sobretudo, a humilda<strong>de</strong> da sua sapiência capaz <strong>de</strong>, <strong>de</strong>sinteressadamente, elevar o saber dos seus<br />

aprendizes. Estar presente sem ocupar lugar é uma capacida<strong>de</strong> que poucos alcançam, só os<br />

Sábios.<br />

Ao meu marido e meus filhos, só peço perdão por não lhes ter <strong>de</strong>dicado o tempo que<br />

esperavam, nas brinca<strong>de</strong>iras e nos passeios <strong>de</strong> domingo, nas férias e nos serões…Esta tese não é<br />

só minha, tem a marca <strong>de</strong> um projecto que é dos quatro. Obrigada por terem permitido que<br />

chegasse ao fim.<br />

xii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Introdução<br />

O estudo dos mosaicos <strong>romanos</strong> em <strong>Portugal</strong> assistiu na última dúzia <strong>de</strong> anos a uma<br />

renovação científica, quer nos métodos, quer nos protagonistas. A organização do X Colóquio<br />

Internacional da AIEMA, em 2005, pelo Museu Monográfico <strong>de</strong> Conímbriga, foi manifestamente o<br />

resultado <strong>de</strong>sse impulso renovador, com a maior participação portuguesa <strong>de</strong> sempre na<br />

apresentação <strong>de</strong> comunicações e posters. Este contexto dinâmico tem procurado sensibilizar as<br />

diversas entida<strong>de</strong>s, públicas e privadas, para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inventariar e estudar o vasto<br />

património em mosaicos <strong>romanos</strong> existentes em <strong>Portugal</strong>, com vista à sua preservação e<br />

valorização. Sujeito à menorida<strong>de</strong> durante anos pela Arqueologia portuguesa, por ser consi<strong>de</strong>rado<br />

objecto <strong>de</strong> História da Arte, encontra-se agora no momento mais propício à sua emancipação. Julgo<br />

que o trabalho que se apresenta é um contributo <strong>de</strong>cisivo na promoção <strong>de</strong>sta área <strong>de</strong> estudo,<br />

<strong>de</strong>smistificando a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o mosaico é apenas uma obra <strong>de</strong> arte e mostrando que, na<br />

realida<strong>de</strong>, é um objecto arqueológico multifacetado do qual se po<strong>de</strong> obter um manancial <strong>de</strong><br />

informações, em diversos domínios do saber da Antiguida<strong>de</strong> clássica.<br />

A investigação <strong>de</strong> cujos resultados ora se dá conta resulta da participação no projecto<br />

<strong>Mosaicos</strong> do Sul <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> (MSP), <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido pela Missão Luso-Francesa, coor<strong>de</strong>nada<br />

cientificamente por J. Lancha, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1994, no Algarve Oriental. Um vasto projecto <strong>de</strong> elaboração do<br />

Corpus dos <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, iniciado em 1991 com os trabalhos <strong>de</strong> Torre <strong>de</strong> Palma<br />

(CMRP II1), cuja continuida<strong>de</strong> se afigurava <strong>de</strong> maior premência na região algarvia on<strong>de</strong> se<br />

concentraram os meios humanos e financeiros <strong>de</strong>sta segunda fase. Com efeito, dois dos maiores<br />

sítios da Arqueologia romana portuguesa, pertencentes à re<strong>de</strong> <strong>de</strong> património aberto ao público sob<br />

tutela do IGESPAR, as villae <strong>de</strong> Milreu e Cerro da Vila, dispunham <strong>de</strong> um número muito significativo<br />

<strong>de</strong> mosaicos inéditos e, o mosaico do Oceano <strong>de</strong> Faro, exposto no Museu Municipal local, carecia<br />

<strong>de</strong> actualização <strong>de</strong> dados e <strong>de</strong> novos registos gráficos, <strong>de</strong>corridos mais <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a primeira<br />

publicação (Lancha, 1985). Por outro lado, a rica colecção <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong>positados no Museu<br />

Nacional <strong>de</strong> Arqueologia (MNA) necessitava <strong>de</strong> um estudo exaustivo, além da mera referência <strong>de</strong><br />

que vinha a ser objecto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os inícios do séc. XX. Além das razões científicas, predispunham-se<br />

ainda as respectivas tutelas dos sítios e colecções a prestar todo o apoio necessário para levar a<br />

bom termo o projecto, então sob a égi<strong>de</strong> do Instituto Português <strong>de</strong> Arqueologia.<br />

A opção pela <strong>de</strong>limitação da região em estudo à parte este do Algarve justificou-se pela<br />

falta <strong>de</strong> condições científicas nalguns sítios da parte oeste para implementar a metodologia <strong>de</strong><br />

trabalho preconizada pela MSP, <strong>de</strong>signadamente em Abicada (Portimão) e Boca do Rio (Vila do<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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Bispo). A criação <strong>de</strong>ssas condições levaria inevitavelmente ao atraso <strong>de</strong> todo o projecto e<br />

subsequente publicação. Julgou-se então <strong>de</strong> maior conveniência a <strong>de</strong>limitação geográfica da<br />

investigação ao Sotavento algarvio, tendo como limite oeste a fronteira da civitas <strong>de</strong> Ossonoba/Faro<br />

e como limite este a fronteira política com Espanha (Planta 1). Para norte, o limite natural, actual, da<br />

região do Algarve afigurou-se o mais pertinente.<br />

O <strong>vol</strong>ume <strong>de</strong> informação que, ao longo da implementação do projecto, cada um dos<br />

membros da equipa veio a produzir alcançou uma dimensão tal que, no caso dos mosaicos<br />

geométricos, se consi<strong>de</strong>rou muito relevante a sua apresentação sob a forma <strong>de</strong> tese <strong>de</strong><br />

doutoramento. Neste contexto, foi então <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido um plano <strong>de</strong> investigação próprio, norteado<br />

pela filosofia subjacente a trabalhos <strong>de</strong> cariz académico. Apesar dos numerosos aspectos comuns<br />

entre o presente trabalho académico e a redacção do Corpus dos <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>,<br />

<strong>de</strong>signadamente ao nível da produção do catálogo e das ilustrações, uma parte consi<strong>de</strong>rável<br />

apresenta-se com estrutura própria. Toda a informação é tratada como um corpo temático, sob a<br />

forma <strong>de</strong> síntese, permitindo análises comparativas mais alargadas e coerentes, pois não são<br />

truncadas por fichas como acontece num corpus.<br />

A linha metodológica adoptada para a <strong>de</strong>scrição dos mosaicos do catálogo (parte 1) dá<br />

seguimento à do Corpus dos <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>, em especial a do <strong>vol</strong>. II, fasc. 1, cuja<br />

estrutura é perfeitamente a<strong>de</strong>quada às características dos mosaicos, nos seus mais diversos<br />

contextos (cf. CMRP II1). A ficha apresenta os seguintes itens: data e local <strong>de</strong> achado, tema,<br />

compartimento, dimensões do compartimento, dimensões do mosaico, local <strong>de</strong> conservação actual,<br />

parte visível no momento da <strong>de</strong>scoberta, parte conservada, técnica <strong>de</strong> assentamento, materiais,<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das tesselas, estratégia <strong>de</strong> execução, restauros antigos, restauros mo<strong>de</strong>rnos, ilustração<br />

utilizada, bibliografia, <strong>de</strong>scrição do mosaico e datação. Ao contrário da estrutura do Corpus, que<br />

apresenta as observações estilísticas em cada uma das respectivas fichas, a opção seguida foi a <strong>de</strong><br />

um catálogo <strong>de</strong> cariz <strong>de</strong>scritivo, resultado <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> campo, sendo o estudo estilístico<br />

reservado para um capítulo autónomo (Parte 2, cap. III), com vantagens claras numa abordagem<br />

integrada das diversas composições. Por constituir a pedra basilar do trabalho <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido,<br />

optámos por incluir o catálogo numa primeira parte, ainda que a ari<strong>de</strong>z inerente à formatação do<br />

padrão <strong>de</strong> linguagem das fichas pu<strong>de</strong>sse constituir um obstáculo à unida<strong>de</strong> e fluência da<br />

apresentação final.<br />

A ilustração científica dos mosaicos constituiu outra valência essencial da metodologia. O<br />

levantamento tessela a tessela feito em tela plástica continua a ser um método fiel, melhorado com<br />

os avanços mais recentes no domínio do equipamento informático que permite a conversão directa<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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do plástico para um suporte digital, reduzindo em muito as distorções das sucessivas fotocópias em<br />

papel. Os ficheiros <strong>de</strong> imagem são posteriormente tratados com o programa Photoshop TM,<br />

resultando num trabalho final <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> nítida qualida<strong>de</strong>, tanto do ponto <strong>de</strong> vista gráfico,<br />

como do ponto <strong>de</strong> vista do rigor métrico. Aos mais cépticos em relação a este método <strong>de</strong><br />

levantamento, por ser moroso e pouco confortável, reitero a minha convicção <strong>de</strong> que se trata do<br />

melhor e menos custoso método. Em outros projectos se tem recorrido ao <strong>de</strong>senho informático com<br />

base em fotografias ortogonais 1 cujos resultados são excelentes sob o ponto <strong>de</strong> vista estético, mas<br />

que na realida<strong>de</strong> não permitem ao investigador uma análise in situ. Temos dado como exemplo o<br />

<strong>de</strong>senho da cerâmica. Não se <strong>de</strong>senha para ilustrar, somente, <strong>de</strong>senha-se para compreen<strong>de</strong>r e<br />

interpretar a peça. É no mesmo sentido que se preconiza o <strong>de</strong>senho tessela a tessela dos<br />

mosaicos. As fotografias completam a ilustração, preferencialmente ortogonais, havendo condições<br />

para tal. A constituição <strong>de</strong> um completo dossiê gráfico e fotográfico permite finalmente a<br />

reconstituição dos esquemas e motivos <strong>de</strong> enchimento e a inserção do <strong>de</strong>senho na planta do sítio,<br />

sempre que possível. Para esta parte importante do trabalho reservámos um segundo <strong>vol</strong>ume,<br />

permitindo assim uma consulta mais útil ao permitir o confronto com o texto em simultâneo.<br />

O catálogo inclui 78 fichas <strong>de</strong> mosaicos em diversos estados e locais <strong>de</strong> conservação. Com<br />

efeito, a análise <strong>de</strong> material extremamente diverso exigiu uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resposta flexível e<br />

a<strong>de</strong>quada a cada caso particular, sem <strong>de</strong>svirtuar a metodologia <strong>de</strong> investigação preconizada. Os<br />

mosaicos in situ, inteira ou parcialmente conservados, obrigaram a um agreste trabalho <strong>de</strong> campo<br />

na constituição do dossiê documental. Foi o caso das duas gran<strong>de</strong>s villae <strong>de</strong> Milreu e Cerro da Vila.<br />

Para os mesmos locais, foi necessário integrar, com base em critérios estilísticos e em ilustração<br />

antiga, os numerosos fragmentos <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong>positados nos museus, <strong>de</strong>signadamente, no MNA,<br />

no Museu Municipal Santos Rocha (MMSR) e no Museu Municipal <strong>de</strong> Faro (MMF). Por outro lado, a<br />

colecção pessoal <strong>de</strong> Estácio da Veiga do MNA incluía <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> mosaicos hoje <strong>de</strong>saparecidos<br />

(Veiga, 1877-1878), nomeadamente das villae <strong>de</strong> Milreu e Quinta do Amendoal, cuja integração<br />

contextualizada era obrigatória, ainda que limitada pela falta <strong>de</strong> informações no terreno, no caso da<br />

Quinta do Amendoal. Finalmente, existia ainda um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> fragmentos dispersos,<br />

provenientes <strong>de</strong> outros locais e <strong>de</strong>positados em museus, tais como no MNA, na sua esmagadora<br />

maioria, mas ainda no MMF, no MMSR, no Museu Municipal <strong>de</strong> Loulé (MML) ou no Museu<br />

Municipal <strong>de</strong> Albufeira (MMA). Se bem que muitos fragmentos se encontravam correctamente<br />

referenciados, outros porém não apresentavam proveniência ou esta se verificou errada. Em boa<br />

1 Vejam-se, por exemplo, os <strong>de</strong>senhos realizados em Mértola cujo resultado final po<strong>de</strong> ser apreciado na obra <strong>de</strong> V.<br />

Lopes, Mértola na Antiguida<strong>de</strong> Tardia, Mértola, 2003, figs. 67, 74, 76, 80, 81 e 83.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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parte dos casos foi possível corrigir estes dados e reorganizar os citados fragmentos. Dos que<br />

foram recolhidos por Estácio da Veiga, no séc. XIX, poucas informações chegaram aos nossos dias<br />

e, por isso, as respectivas fichas se apresentam menos copiosas em relação aos painéis que se<br />

encontram in situ.<br />

Apesar <strong>de</strong> algumas incursões pontuais no tema dos mosaicos figurativos, <strong>de</strong>signadamente<br />

os <strong>de</strong> tema marinho no caso do Algarve, foi essencialmente nos temas geométricos e vegetalistas<br />

que a minha participação na equipa MSP se efectivou. Assim, é nesse tema específico que se<br />

centra a presente tese. Porém, colocou-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo a dificulda<strong>de</strong> em apresentar os diversos<br />

sítios, da forma mais completa possível, sem os amputar <strong>de</strong> um dos seus traços <strong>de</strong> ocupação mais<br />

marcantes que são os mosaicos com temas marinhos, em muitos casos, coinci<strong>de</strong>ntes no mesmo<br />

painel, ou ainda a exclusão <strong>de</strong> alguns locais algarvios on<strong>de</strong> apenas se conhecem mosaicos com<br />

este tema. A opção mais correcta do ponto <strong>de</strong> vista metodológico seria sempre a favor da inclusão<br />

<strong>de</strong>sses mosaicos, naturalmente com menor insistência na sua análise <strong>de</strong>scritiva e estilística. É<br />

nesta perspectiva que <strong>de</strong>ve ser vista a sua presença no inventário e a sua abordagem no capítulo<br />

do estudo estilístico (Parte 2, cap. III). Não po<strong>de</strong> fazer-se síntese sobre os mosaicos <strong>romanos</strong> do<br />

Algarve sem uma referência especial aos mosaicos <strong>de</strong> tema marinho. Por esta razão, as fichas do<br />

catálogo referentes aos mosaicos com fauna marinha <strong>de</strong> Milreu (nº s 23, 47, 50 e 51), assim como a<br />

que diz respeito ao mosaico do Oceano (nº 62), foram realizadas com base em registos efectuados<br />

por outros membros da equipa MSP, <strong>de</strong>signadamente C. Viegas e J. Lancha.<br />

A maior parte dos registos <strong>de</strong>scritivos foi efectuada no campo, com o recurso às duas<br />

gran<strong>de</strong>s obras <strong>de</strong> referência: Le Décor I para as composições lineares e <strong>de</strong> superfície e Le Décor II<br />

para as composições centradas. Embora estas publicações não tenham contado com a inclusão do<br />

Português entre os idiomas tratados (francês, inglês, espanhol, italiano, alemão), a sua linguagem<br />

padronizada, aceite pela comunida<strong>de</strong> científica internacional, tornou-as um dos instrumentos<br />

essenciais no uso <strong>de</strong> terminologia a<strong>de</strong>quada para a <strong>de</strong>scrição dos mosaicos. Na ausência <strong>de</strong> uma<br />

versão portuguesa, parcialmente colmatada com edição do Dicionário <strong>de</strong> Motivos Geométricos no<br />

Mosaico Romano, em 1993, os conceitos são traduzidos paulatinamente, à medida <strong>de</strong> cada<br />

situação. A tendência para a invenção <strong>de</strong> conceitos, justapondo prefixos ou aportuguesando<br />

expressões estrangeiras, é inerente ao processo <strong>de</strong> escrita quando começam a escassear as<br />

alternativas linguisticamente aceites e se a<strong>de</strong>nsa um texto com o uso repetitivo <strong>de</strong> um reduzido<br />

léxico. A tentação é ainda maior quando se trata <strong>de</strong> uma área científica on<strong>de</strong> impera um padrão<br />

linguístico <strong>de</strong> origem gaulesa, fruto da enorme produção científica por parte <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong>. Foi<br />

precisamente pelas dificulda<strong>de</strong>s sentidas na tradução <strong>de</strong> numerosos conceitos e também, diga-se<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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em boa verda<strong>de</strong>, pela tentação <strong>de</strong> inventar muitos <strong>de</strong>les, que amiú<strong>de</strong> se afigurou necessária alguma<br />

contenção <strong>de</strong> linguagem. Conceitos como “tesselato”, “musivário”, “musivo”, frequentemente<br />

aplicados nas nossas publicações, não constam sequer do Dicionário da Língua Portuguesa.<br />

A segunda parte da tese analisa os mosaicos do Algarve Oriental numa perspectiva<br />

integradora, quer ao nível da historiografia da investigação, quer sobretudo ao nível funcional e<br />

artístico dos pavimentos, <strong>de</strong> modo a conceber uma abordagem multifacetada e, por isso, mais<br />

completa.<br />

Da investigação que se tem feito em <strong>Portugal</strong> dá conta o capítulo I. Uma resenha, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

séc. XIX, constitui o necessário ponto <strong>de</strong> partida para uma melhor compreensão do estatuto do<br />

Algarve neste domínio. É preciso dizer, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, que os primeiros mosaicos escavados em <strong>Portugal</strong><br />

foram precisamente os <strong>de</strong>sta região, pela mão <strong>de</strong> Estácio da Veiga, em 1877. Foi este, ainda,<br />

pioneiro no domínio da ilustração científica <strong>de</strong> mosaicos 2, quer nos <strong>de</strong>senhos, quer nas fotografias,<br />

que mandou executar e que, hoje em dia, são inestimáveis documentos quando já nada resta do<br />

mosaico.<br />

O capítulo II é, naturalmente, a contextualização dos diversos mosaicos estudados, quer no<br />

domínio da historiografia da investigação, quer no domínio da integração arquitectónica e<br />

arqueológica. A abordagem é concisa, permitindo uma i<strong>de</strong>ntificação clara da localização, da história<br />

da investigação, assim como dos principais conhecimentos actuais sobre estruturas e espólio <strong>de</strong><br />

cada um dos sítios. Nessa resenha, integram-se ainda as circunstâncias do achado dos respectivos<br />

mosaicos, pois eles são parte integrante da dinâmica dos sítios ao longo da sua existência. Tendo<br />

em conta a diversida<strong>de</strong> tipológica dos locais on<strong>de</strong> se exumaram estes mosaicos, não só no que diz<br />

respeito ao seu estatuto político-administrativo, mas também na sua natureza funcional, a adopção<br />

do simples critério <strong>de</strong> natureza geográfica consi<strong>de</strong>rou-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, pobre numa análise que se<br />

preten<strong>de</strong> integradora. Por carecer da respectiva discussão, a classificação seguida – contexto<br />

urbano e contexto rural – não traduz uma adopção pessoal por uma <strong>de</strong>terminada interpretação em<br />

questões <strong>de</strong> povoamento em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> outra, reflectindo tão só a i<strong>de</strong>ntificação mais corrente na<br />

literatura científica. A<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta classificação, seguiu-se o critério geográfico, <strong>de</strong> este para oeste.<br />

A abordagem dos pavimentos no seu contexto arquitectónico é hoje, <strong>de</strong> facto, incontornável. A i<strong>de</strong>ia<br />

do mosaico como simples obra <strong>de</strong> arte está hoje ultrapassada e este tipo <strong>de</strong> revestimento encara-se<br />

como um elemento arquitectónico indissociável do espaço on<strong>de</strong> foi executado. Seja em contexto<br />

2 “Quem primeiro fixou entre nós imagem <strong>de</strong> mosaicos <strong>de</strong>sentranhados em escavações foi Estácio da Veiga, com os do<br />

Algarve (…)” (Chaves, 1936, p. 22-23).<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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urbano ou em contexto rural, esta vertente <strong>de</strong> análise obriga à <strong>de</strong>scrição do dispositivo<br />

arquitectónico associado, quando é possível. No caso <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong>scontextualizados<br />

arquitectonicamente, um exercício <strong>de</strong> raciocínio inverso po<strong>de</strong> intentar-se e, nalguns casos, levar à<br />

<strong>de</strong>terminação do tipo <strong>de</strong> edifício que o mosaico ornava, senão mesmo a funcionalida<strong>de</strong> do<br />

compartimento.<br />

Nos dois sítios cujas plantas foram recentemente levantadas, Milreu e Cerro da Vila, foi<br />

possível fazer uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada com base na observação in situ, nos relatórios dos<br />

escavadores, respectivamente T. Hauschild e F. Teichner, para o primeiro, e L. <strong>de</strong> Matos para o<br />

segundo, e ainda nas diversas publicações, uma vez que se tratam <strong>de</strong> sítios com uma longa história<br />

<strong>de</strong> investigação, embora <strong>de</strong> resultados quase nulos no que se refere ao estudo dos seus mosaicos.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido recentemente publicada uma obra <strong>de</strong> fundo sobre a arquitectura <strong>de</strong> Milreu e<br />

Cerro da Vila (Teichner, 2008), com ilustração gráfica dos seus mosaicos e respectivas<br />

reconstituições, esta não inclui qualquer estudo ao nível estilístico, sendo os mosaicos apenas<br />

mencionados como um dos diversos elementos arquitectónicos daquelas villae. Já, no que diz<br />

respeito às propostas cronológicas e ao faseamento das estruturas, a obra é um instrumento<br />

essencial e, embora uma gran<strong>de</strong> parte das cronologias estivesse já estabelecida <strong>de</strong> anteriores<br />

estudos, permitiu uma consolidação da datação dos pavimentos <strong>de</strong> mosaico.<br />

No essencial, a documentação consultada nos arquivos do IGESPAR em Faro,<br />

<strong>de</strong>signadamente os diversos relatórios <strong>de</strong> escavações, bem como as publicações <strong>de</strong> T. Hauschild e<br />

F. Teichner, para Milreu, e L. <strong>de</strong> Matos, para Cerro da Vila, foram a pedra basilar do estudo<br />

arquitectónico e, sobretudo, da aferição da cronologia dos mosaicos. É ainda <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacar o trabalho<br />

<strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido por J. Maciel no Montinho das Laranjeiras que permitiu, se não no seu todo, pelo<br />

menos na parte <strong>de</strong> on<strong>de</strong> provêm os mosaicos – a ecclesia – <strong>de</strong>finir estruturas e proporcionar um<br />

enquadramento arquitectónico e cronológico.<br />

Nos restantes locais, foram coligidas as interpretações já publicadas e, na ausência <strong>de</strong>las,<br />

avançámos então com propostas inéditas, tendo por base a análise das plantas conhecidas. Este<br />

exercício permitiu conclusões interessantes no que diz respeito à Quinta <strong>de</strong> Amendoal, on<strong>de</strong> foi<br />

<strong>de</strong>terminante a integração dos mosaicos e respectiva análise estilística, a que o cap. IV veio dar<br />

corpo.<br />

Constituindo a sua essência, a valência <strong>de</strong>corativa do mosaico ocupa um espaço<br />

assinalável da pesquisa, enformando o capítulo IV. O estabelecimento <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> paralelos,<br />

seleccionados segundo critérios cronológicos e geográficos, é para o investigador um momento<br />

<strong>de</strong>terminante na procura <strong>de</strong> elementos caracterizadores que possam contribuir para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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uma <strong>de</strong>terminada corrente estética, sua origem e seu percurso. O estudo estilístico ocupa um lugar<br />

importante no conhecimento do mosaico e é, na maioria dos casos, um dos principais elementos<br />

datantes, arrogando-se essa primazia em locais on<strong>de</strong> os registos arqueológicos não existem, ou são<br />

claramente insuficientes. Da amplitu<strong>de</strong> do corpo <strong>de</strong> paralelos estabelecido, ou da ausência <strong>de</strong>les,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> da análise. Trata-se <strong>de</strong> uma importante fase <strong>de</strong> pesquisa em<br />

bibliotecas. Neste nível <strong>de</strong> especialida<strong>de</strong>, a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> publicações em <strong>Portugal</strong> é limitada,<br />

pelo que as <strong>de</strong>slocações às bibliotecas estrangeiras, em particular à da AIEMA, no Centro Henri<br />

Stern da École Normale Supérieure, em Paris, foi imprescindível. Também na Biblioteca do Instituto<br />

Arqueológico Alemão <strong>de</strong> Roma e na do Museu Nacional <strong>de</strong> Arte Romano <strong>de</strong> Mérida, pu<strong>de</strong>mos<br />

colmatar as carências das bibliotecas nacionais. O fundo bibliográfico legado pelo Professor Bairrão<br />

Oleiro ao Instituto <strong>de</strong> Arqueologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, e que foi<br />

possível consultar a partir <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2008, em muito enriqueceu aquela instituição que será a<br />

partir <strong>de</strong> agora a mais rica na matéria, em <strong>Portugal</strong>.<br />

A apresentação das diversas composições geométricas documentadas no Algarve Oriental<br />

faz-se segundo a or<strong>de</strong>m do Décor. Primeiro, as composições lineares, <strong>de</strong>pois, as composições <strong>de</strong><br />

superfície e, por fim, as composições centradas. Num quarto ponto analisam-se, <strong>de</strong> forma<br />

compendiada, as composições e os motivos singulares figurativos, quer os que vão surgindo como<br />

elementos <strong>de</strong> preenchimento das composições geométricas, quer os que se apresentam como<br />

motivos à part entière, <strong>de</strong>signadamente a fauna marinha 3 .<br />

A publicação do Décor constituiu, <strong>de</strong> facto, um importante passo na classificação das<br />

composições geométricas e na uniformização do vocabulário; no entanto, as dificulda<strong>de</strong>s que os<br />

seus autores encontraram (cf. Le Décor I, p. 7) continuam vivas, uma vez que muitas composições<br />

são <strong>de</strong> tal especificida<strong>de</strong> que não se registam na obra. Nessas situações, adopta-se o termo<br />

variante para indicar que se trata <strong>de</strong> um esquema semelhante, embora não exactamente igual.<br />

Nesses casos, a <strong>de</strong>scrição adapta-se ao caso em estudo. Tratando-se sobretudo <strong>de</strong> um critério <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>nação da informação e não <strong>de</strong> sistematização rígida com base na numeração atribuída pelo<br />

Décor, como aliás os seus autores salientaram tendo em conta a tão gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas<br />

existentes (Le Décor I, p. 9-10), sob pena <strong>de</strong> truncar motivos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parentesco cuja análise<br />

<strong>de</strong>ve ser conjunta, agrupam-se por vezes num mesmo ponto diversas composições realizadas com<br />

base num mesmo esquema. O estudo estilístico permite <strong>de</strong>stacar os paralelos mais próximos,<br />

preferencialmente datados arqueologicamente, com especial relevo para as províncias oci<strong>de</strong>ntais do<br />

3 Vi<strong>de</strong> supra justificação para a inclusão <strong>de</strong>ste tema na tese.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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Império e, a<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas, com enfoque especial para a Hispânia. Não é <strong>de</strong>mais relembrar as<br />

dificulda<strong>de</strong>s em estabelecer datações com base em critérios estilísticos, em numerosos casos,<br />

composições simples cujo período <strong>de</strong> vigência foi muito longo. Já, à medida que se complexifica o<br />

esquema <strong>de</strong> base e se introduzem elementos secundários na <strong>de</strong>coração, torna-se mais fácil<br />

<strong>de</strong>strinçar componentes datantes.<br />

O cap. IV corporiza uma perspectiva <strong>de</strong> análise inovadora, salientando o contributo dos<br />

mosaicos na compreensão do espaço on<strong>de</strong> se integram. Com efeito, consi<strong>de</strong>ra-se o mosaico como<br />

um elemento estruturante do espaço, uma vez que a sua disposição no compartimento, os motivos<br />

e a dimensão das suas diferentes partes constituintes (faixa <strong>de</strong> remate, bordadura, campo), entre<br />

outros indícios, po<strong>de</strong>m indicar uma <strong>de</strong>terminada função. Factores como a dimensão das tesselas e<br />

a sua respectiva <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou a varieda<strong>de</strong> da pelta <strong>de</strong> cores aplicadas ao seu pavimento<br />

constituem, por outro lado, indícios <strong>de</strong> relevo na <strong>de</strong>terminação da estima social atribuída ao<br />

compartimento.<br />

Uma abordagem à técnica do opus tessellatum constitui uma outra vertente importante<br />

neste capítulo. Pela sua natureza tecnológica, po<strong>de</strong>mos entrever aqui um ponto <strong>de</strong> ancoragem à<br />

Arqueologia, no seu sentido mais restrito. Ensaia-se um estudo comparativo das diversas camadas<br />

<strong>de</strong> assentamento dos mosaicos, sempre que os dados disponíveis o permitam. O estudo da paleta<br />

<strong>de</strong> cores e materiais introduzem uma nova dimensão cognitiva, em estreita relação com o estudo<br />

estilístico, a da Geologia. Os únicos estudos <strong>de</strong> paleta <strong>de</strong> cores conhecidos em <strong>Portugal</strong> foram<br />

realizados em Torre <strong>de</strong> Palma, primeiro, e <strong>de</strong>pois em Rio Maior (cf. Oliveira, 2003, p. 147-151). O<br />

estudo da paleta é <strong>de</strong> máxima relevância não só na vertente quantitativa da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores<br />

por mosaico, como ainda na vertente qualitativa do emprego criterioso <strong>de</strong> cada cor. Até este<br />

momento, a i<strong>de</strong>ntificação e reprodução da cor tem sido feita à partir <strong>de</strong> uma gama vasta <strong>de</strong> lápis <strong>de</strong><br />

cor – DERWENT TM – cujas características permitem uma aproximação muito realista à cor pétrea<br />

original (cf. CMRP II1, p. 282). O estudo geológico é importante para um melhor conhecimento não<br />

só das pedreiras, como dos circuitos comerciais a elas associados, mas também das opções a<br />

tomar em futuras intervenções <strong>de</strong> consolidação e restauro. A colaboração do Departamento <strong>de</strong><br />

Ciências da Terra e da Vida da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />

através da Professora Doutora Lídia Gil, foi fundamental na i<strong>de</strong>ntificação dos materiais 4 .<br />

Por fim, não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> rematar esta Introdução com uma referência à divulgação –<br />

especializada, generalista e didáctica – que esta investigação já proporcionou, dando a conhecer<br />

4 O resultado <strong>de</strong>sta investigação será publicado oportunamente no CMRP II2 (no prelo).<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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um património em exposição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito tempo, mas privado <strong>de</strong> uma apresentação com<br />

fundamentação científica. Assim, foram sendo apresentados os progressos do projecto em<br />

colóquios científicos (Oliveira / Viegas, 2005 e no prelo; Oliveira, 2006); no âmbito <strong>de</strong> um projecto<br />

INTERREG III <strong>Mosaicos</strong> do Sudoeste da Hispânia 5 foi produzido um pequeno guia para público<br />

turista, incluindo os sítios <strong>de</strong> Milreu e Cerro da Vila e o mosaico do Oceano do MMF; finalmente,<br />

editou-se por iniciativa da Câmara Municipal <strong>de</strong> Faro e do MMF, um CD-ROM <strong>de</strong>stinado a crianças<br />

sobre o mosaico do Oceano.<br />

Índice <strong>de</strong> romanida<strong>de</strong> por excelência, o mosaico era já na Antiguida<strong>de</strong> um valioso indicador<br />

social e cultural dos seus possuidores. Hoje, constitui um importante vector na compreensão da<br />

presença romana no território, assumindo-se não só como um incontornável fóssil-director, mas<br />

também como um produto artístico <strong>de</strong>positário da admirável cultura greco-romana. Corporiza pois,<br />

com excelência, a dicotomia utilitas / <strong>de</strong>cor da arquitectura romana: útil, porque se trata <strong>de</strong> um<br />

revestimento isolante; <strong>de</strong>corativo, porque a componente estética se assume, <strong>de</strong> forma mais ou<br />

menos acentuada consoante os locais, como uma inesgotável fonte <strong>de</strong> expressão artística. Razões<br />

por <strong>de</strong>mais evi<strong>de</strong>ntes para merecer um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na investigação em <strong>Portugal</strong>.<br />

Ao cabo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> missões no Algarve Oriental, foi possível dar corpo a<br />

um projecto ambicioso, <strong>de</strong> que se apresenta uma parte consi<strong>de</strong>rável, que não teria sido possível<br />

sem um trabalho <strong>de</strong> equipa. Recordam-se os longos dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho dos mosaicos, tessela após<br />

tessela, que a nossa mente continuava a reproduzir nos momentos <strong>de</strong> repouso, o convívio e a troca<br />

<strong>de</strong> experiências com os diferentes membros da equipa e, sobretudo, as numerosas amiza<strong>de</strong>s que<br />

ficaram. Na memória, fica o dia em que tudo começou: chegara a Vilamoura no Expresso e alguém<br />

me viria buscar. Sabia que era morena, portuguesa, <strong>de</strong> cabelo preto e estatura média. Não sabia<br />

que se tornaria uma amiga querida e uma boa companheira <strong>de</strong> trabalho. Bem hajas Catarina. No<br />

seu papel, nem sempre agradável, <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> uma equipa inicialmente vasta, Janine<br />

Lancha provou, se necessário era, ser uma investigadora <strong>de</strong> elite que tem contribuído muito<br />

<strong>de</strong>cisivamente para o avanço dos conhecimentos nesta área científica em <strong>Portugal</strong>. Devo-lhe o meu<br />

saber sobre mosaicos. Não po<strong>de</strong>rei também <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> recordar o rigor e a precisão do olhar <strong>de</strong><br />

Adília Alarcão na análise da paleta <strong>de</strong> cores. As suas orientações foram <strong>de</strong>cisivas nos caminhos<br />

que trilharam num árido assunto como o da leitura <strong>de</strong> cores. Eterno Professor, que me acompanha<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro contacto com a Arqueologia, hoje amigo e confi<strong>de</strong>nte, José d’Encarnação tem o<br />

5 O projecto, li<strong>de</strong>rado pela Universida<strong>de</strong> do Algarve, associou a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Huelva, o Museu <strong>de</strong> Ecija e a Missão<br />

luso-francesa MSP e é possível consultar-se no sítio da Internet http://www.cepha.ualg.pt/mosudhis/ a partir do qual se<br />

po<strong>de</strong> ainda <strong>de</strong>scarregar o pequeno guia: J. Lancha (Coord.), A Rota dos <strong>Mosaicos</strong>: o Sul da Hispânia (Andaluzia e<br />

Algarve), Faro, 2008.<br />

xxi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

dom da palavra, <strong>de</strong> uma arte que só domina quem sabe o valor da vida e das coisas. Será, sempre,<br />

o meu Professor.<br />

Pelo caminho, enfrentaram-se algumas tormentas, a maioria <strong>de</strong>las ultrapassadas, mas a<br />

sensação <strong>de</strong> finalmente chegar ao fim só cria a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tudo recomeçar.<br />

xxii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

a) Revistas<br />

Abreviaturas bibliográficas<br />

AAC Anales <strong>de</strong> Arqueología Cordobesa. Córdoba: Universidad <strong>de</strong> Córdoba,<br />

Facultad <strong>de</strong> Filosofía y Letras.<br />

AB Arquivo <strong>de</strong> Beja: Boletim da Câmara Municipal. Beja: António Joaquim<br />

Meneses Belard da Fonseca.<br />

AEA Archivo Español <strong>de</strong> Arqueologia. Madrid: Consejo Superior <strong>de</strong><br />

Investigaciones Cientificas.<br />

AH Arqueologia e História. Associação dos Arqueólogos Portugueses. Lisboa.<br />

AJA American Journal of Archaeology: the Journal of the Archaeological Institute<br />

of America. Boston/New York: Archaeological Institute of America.<br />

Al Ulyã Al Ulyã. Revista do Arquivo Histórico Municipal <strong>de</strong> Loulé. Loulé: Câmara<br />

Municipal.<br />

AM Arqueologia Medieval. Campo Arqueológico <strong>de</strong> Mértola. Mértola: C.A.M.<br />

AMF Anais do Município <strong>de</strong> Faro. Faro.<br />

AntAfr Antiquités Africaines. Paris: Centre national <strong>de</strong> la recherche scientifique.<br />

AnTard Antiquité Tardive: Revue internationale d'histoire et d'archéologie (IVe -VIIIe<br />

s.). Turnhot: Brepols Publishers.<br />

Antike Welt Antike Welt. Zeitschrift für Archäologie und Kulturgeschichte. Mainz: P. von<br />

Zabern.<br />

AP O Arqueólogo Português. Lisboa: Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia.<br />

Arqueologia Arqueologia. Revista do Grupo <strong>de</strong> <strong>Estudo</strong>s Arqueológicos do Porto. Porto:<br />

G.E.A.P.<br />

BAA Bulletin d'Archéologie Algérienne. Alger: Agence nationale d'archéologie et<br />

<strong>de</strong> protection <strong>de</strong>s sites et monuments historiques.<br />

Brotéria Brotéria. Revista Contemporânea <strong>de</strong> Cultura. Lisboa: Livraria Apostolado <strong>de</strong><br />

Imprensa.<br />

BSEAA Boletín <strong>de</strong>l Seminario <strong>de</strong> Estudios <strong>de</strong> Arte y Arqueología. Valladolid:<br />

Universidad. Secretariado <strong>de</strong> Publicaciones.<br />

Caesaraugusta Caesaraugusta. Arqueología, Prehistória, História Antigua. Saragoza:<br />

Diputación Provincial <strong>de</strong> Saragoza/Intitución Fernando el Católico.<br />

Cahiers <strong>de</strong> Tunisie Cahiers <strong>de</strong> Tunisie. Tunis: Université <strong>de</strong> Tunis.<br />

xxiii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Conimbriga Conimbriga. Revista do Instituto <strong>de</strong> Arqueologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> letras.<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra. Coimbra: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />

Elvas-Caia Elvas-Caia: Revista Internacional <strong>de</strong> Cultura e Ciência da Câmara Municipal<br />

<strong>de</strong> Elvas. Lisboa: Colibri, Elvas: Câmara Municipal.<br />

ERA Era Arqueologia: Revista <strong>de</strong> Divulgação Científica <strong>de</strong> <strong>Estudo</strong>s<br />

Arqueológicos. Lisboa: Edições Colibri: E.A.<br />

ETF Espacio, Tiempo y Forma. Serie II, Historia Antigua. Madrid: Universidad<br />

Nacional <strong>de</strong> Educación a Distancia.<br />

<strong>Estudo</strong>s Arqueológicos <strong>de</strong> Oeiras <strong>Estudo</strong>s Arqueológicos <strong>de</strong> Oeiras. Centro <strong>de</strong> <strong>Estudo</strong>s<br />

Arqueológicos do Concelho <strong>de</strong> Oeiras. Câmara Municipal <strong>de</strong> Oeiras. Oeiras:<br />

C.E.A.<br />

<strong>Estudo</strong>s/Património <strong>Estudo</strong>s/ Património. Publicação do IGESPAR. Lisboa: MC/IGESPAR.<br />

Extremadura Arqueológica Extremadura Arqueológica. Salamanca: Editora Regional <strong>de</strong><br />

Extremadura.<br />

Felix Ravenna Felix Ravenna. Ravenna: Istituto di Antichità Ravennati e Bizantine <strong>de</strong>ll'<br />

Università di Bologna.<br />

Formes Formes. Paris: Association <strong>de</strong>s professeurs d'archéologie et d'histoire <strong>de</strong><br />

l'art <strong>de</strong>s universités.<br />

Gallia Gallia. Fouilles et monuments archéologiques en France métropolitaine.<br />

Paris: PUF [puis] CNRS.<br />

Humanitas Humanitas. Coimbra: Instituto <strong>de</strong> <strong>Estudo</strong>s Clássicos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra.<br />

JRA Journal of Roman Archaeology. Michigan: University of Michigan,<br />

Department of Classical Studies.<br />

Junta da Província do Algarve Junta da Província do Algarve. Boletim. Faro: J:P:A.<br />

MAAR Memoirs of the American Aca<strong>de</strong>my in Rome. Ann Arbor (Mich.): The<br />

University of Michigan Press.<br />

MCV Mélanges <strong>de</strong> la Casa <strong>de</strong> Velázquez. Madrid/Paris: Casa Velázquez / De<br />

Boccard.<br />

MDAI(M) Mitteilungen <strong>de</strong>s Deutschen archäologischen Instituts. (Abt. Madrid) / Mainz.<br />

MEFRA Mélanges <strong>de</strong> l'École Française <strong>de</strong> Rome, Antiquité. Roma: École Française<br />

<strong>de</strong> Rome.<br />

xxiv


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Norba Norba: Revista <strong>de</strong> Arte, Geografía e Historia / Universidad <strong>de</strong> Extremadura<br />

Cáceres: Universidad <strong>de</strong> Extremadura.<br />

O Occi<strong>de</strong>nte Revista Illustrada <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong> e do Estrangeiro. Lisboa: Lallement Frères.<br />

Portugália Portugália. Porto: Instituto <strong>de</strong> Arqueologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da<br />

Universida<strong>de</strong>.<br />

Promontoria Promontoria. Revista do Departamento <strong>de</strong> História, Arqueologia e<br />

Património da Universida<strong>de</strong> do Algarve. Faro: Universida<strong>de</strong> do Algarve.<br />

PSAM Publications du service <strong>de</strong>s antiquités du Maroc. Rabat.<br />

Revista <strong>de</strong> Arqueologia Revista <strong>de</strong> Arqueologia. Lisboa: Imprensa Mo<strong>de</strong>rna.<br />

Revista <strong>de</strong> Guimarães Revista <strong>de</strong> Guimarães. Guimarães: Socieda<strong>de</strong> Martins Sarmento.<br />

RPA Revista Portuguesa <strong>de</strong> Arqueologia. Lisboa: Instituto Português <strong>de</strong><br />

Arqueologia.<br />

Trabajos <strong>de</strong> Arqueologia Navarra Trabajos <strong>de</strong> Arqueología Navarra. Pamplona: Gobierno <strong>de</strong><br />

Navarra – Departamento <strong>de</strong> Educación y Cultura – Institución Principe <strong>de</strong><br />

Viana.<br />

Veleia Veleia. Revista <strong>de</strong> Prehistoria, Historia Antigua, Arqueología y Filología<br />

Clássicas. Vitória: Universidad <strong>de</strong>l Pai vs Vasco, Instituto <strong>de</strong> Ciencias <strong>de</strong> la<br />

Antigüedad.<br />

Zephyrus Zephyrus. Revista <strong>de</strong> Prehistoria y Arqueología. Salamanca: Universidad,<br />

Facultad <strong>de</strong> Filosofía y Letras<br />

Xelb Xelb. Silves: Câmara Municipal.<br />

b) Obras colectivas<br />

AISCOM Associazione Italiana per lo Studio e la Conservazione <strong>de</strong>l Mosaico.<br />

CME I a XII Corpus <strong>de</strong> <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> España, Madrid.<br />

CMGR I G.-Ch. Picard e H. Stern (Eds), La mosaïque gréco-romaine (Actes du I er<br />

Colloque International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique, Paris, 24 aôut-3<br />

septembre 1963), Paris, 1965.<br />

CMGR II H. Stern e M. Le Glay (Eds.), La mosaïque gréco-romaine II (Actes du 2 ème<br />

Colloque International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique, Vienne, 30 aôut<br />

– 4 septembre 1971), Paris, 1975.<br />

CMGR III Farioli Campanati (Ed.), IIIº Colloquio internazionale sul mosaico antico<br />

(Ravenna, 6-10 settembre 1980), Rabean, 1984, 2 <strong>vol</strong>s.<br />

xxv


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

CMGR IV J.-P. Darmon e A. Rebourg (Eds.), La mosaïque gréco-romaine IV (Actes du<br />

IV e Colloque International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique, Trèves, 8-<br />

14 aôut 1984), Paris, 1994, 2 <strong>vol</strong>s.<br />

CMGR V R. Ling, P. Johnson e D. J. Smith (Eds.), Fifth international colloquium on<br />

ancient mosaics (Bath, 5-12 september 1987), Ann Arbor, Mi, 1994 e 1995,<br />

2 <strong>vol</strong>s (JRA, suppl. series; 9).<br />

CMGR VI D. Fernán<strong>de</strong>z Galiano (Ed.), VI Colóquio Internacional sobre Mosaico Antigo<br />

(Palência-Mérida, octubre 1990), Guadalajara, 1994.<br />

CMGR VII A. Ennaïfer e A. Rebourg (Eds.), La mosaïque gréco-romaine VII (Actes du<br />

VII ème Colloque International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique, Tunis, 3-7<br />

octobre 1994), Tunis, 1999, 2 <strong>vol</strong>s.<br />

CMGR VIII D. Paunier e C. Schmidt (Eds.), La mosaïque gréco-romaine VIII, (Actes du<br />

VII ème Colloque International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique,<br />

Lausanne, 6-11 octobre 1997), Lausanne, 2001 (Cahiers d’archéologie<br />

roman<strong>de</strong>; 85-86).<br />

CMGR IX H. Morlier (Ed.), La mosaïque gréco-romaine IX (Actes du IX ème Colloque<br />

International pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique, Rome, 5-10 novembre<br />

2001), Roma, 2005, 2 <strong>vol</strong>s (Col. EFR; 352).<br />

CMGR X O mosaico greco-romano X (Actas do X Colóquio Internacional para o<br />

<strong>Estudo</strong> do Mosaico Antigo, Conimbriga, 29 Outubro-3 Novembro 2005),<br />

Conimbriga, no prelo.<br />

CMRP Corpus <strong>de</strong> <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

CMT Corpus <strong>de</strong> Mosaïques Romaines <strong>de</strong> Tunisie.<br />

EFR École Française <strong>de</strong> Rome.<br />

Mél. Stern R. Ginouvés (Dir.), Mosaïques. Recueil d’hommage à Henri Stern, Paris,<br />

1982.<br />

xxvi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

c) Instituições<br />

AIEMA Association Internationale pour l’Étu<strong>de</strong> <strong>de</strong> la Mosaïque Antique (Associação<br />

Internacional para o <strong>Estudo</strong> do Mosaico Antigo).<br />

IGESPAR Instituto <strong>de</strong> Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, IP 6 .<br />

DGEMN Direcção <strong>Geral</strong> dos Edifícios e Monumentos Nacionais.<br />

IPA Instituto Português <strong>de</strong> Arqueologia.<br />

IPPAR Instituto Português do Património Arquitectónico.<br />

MMF Museu Municipal <strong>de</strong> Faro (Museu Municipal Infante D. Henrique).<br />

MMA Museu Municipal <strong>de</strong> Albufeira.<br />

MML Museu Municipal <strong>de</strong> Loulé.<br />

MMSR Museu Municipal Santos Rocha (Figueira da Foz).<br />

MNA Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia (Lisboa).<br />

MSP Missão luso-francesa <strong>Mosaicos</strong> do Sul <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>.<br />

6 Criado pelo Decreto-Lei nº 96/2007, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> Março, o Instituto <strong>de</strong> Gestão do Património Arquitectónico e<br />

Arqueológico, IP, resultou da fusão do IPPAR e do IPA e da incorporação <strong>de</strong> parte das atribuições da extinta DGEMN.<br />

xxvii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

ABRAÇOS (1999) F. Abraços, “Contributo para a história do inventário dos mosaicos<br />

<strong>romanos</strong>”, AP, 4ª série, 17, 1999, p. 345-397.<br />

---------- (2006-2007) F. Abraços, “O corpus dos mosaicos <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>”, Portugália, nova<br />

série, <strong>vol</strong>. XXVII-XXVIII, 2006-2007, p. 49-58.<br />

ACUÑA (1973) F. Acuña Castroviejo, “<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> Hispania Citerior, II, conventus<br />

lucensis”, Studi Archaeologica, 24, 1973, p. 9-17.<br />

---------- (1974) F. Acuña Castroviejo, “<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> Hispania Citerior, III,<br />

conventus lucensis”, Studia Archaeologica, 31, 1974, p. 3-54.<br />

ALARCÃO et al. (1980) A. Alarcão, M. M. Almeida e J. d’Encarnação, “O mosaico do Oceano <strong>de</strong><br />

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ALARCÃO (1974) J. <strong>de</strong> Alarcão, <strong>Portugal</strong> Romano, Lisboa, 1974 (História Mundi; 33).<br />

---------- (1968) J. <strong>de</strong> Alarcão, “Notícias e comentários”, Humanitas, 19-20, 1968, p. 390.<br />

---------- (1988) J. <strong>de</strong> Alarcão, Roman <strong>Portugal</strong>, <strong>vol</strong>. II, fasc.3: Evora, Faro & Lagos,<br />

Warminster, 1988.<br />

---------- (1990) J. <strong>de</strong> Alarcão, “I<strong>de</strong>ntificação das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lusitânia portuguesa e dos<br />

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(Coord.), As Religiões da Lusitânia: Loquuntur Saxa, Lisboa, 2002, p. 245-<br />

246.<br />

AL MAHJUB (1983) O. Al Mahjub, “I mosaici <strong>de</strong>lla villa romana di Silin”, CMGR III, 1983, p. 299-<br />

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ÁLVAREZ, <strong>Mosaicos</strong> <strong>de</strong> Mérida J. M. Álvarez Martínez, <strong>Mosaicos</strong> <strong>de</strong> Mérida. Nuevos Hallazgos,<br />

Madrid, 1990.<br />

xxviii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

ÁLVAREZ (1999) J. M. Álvarez Martínez, “Las producciones musivas”, in Hispania. El Legado<br />

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375.<br />

AMA V S. P. M. Estácio da Veiga, Antiguida<strong>de</strong>s Monumentais do Algarve, <strong>vol</strong>. V,<br />

Silves, reedição 2006.<br />

ARA M. L. E. V. Affonso dos Santos, Arqueologia Romana do Algarve, Lisboa, 2<br />

<strong>vol</strong>s, 1971-1972.<br />

ARAGÃO (1868) A. C. Teixeira <strong>de</strong> Aragão, Relatório sobre o cemitério romano <strong>de</strong>scoberto<br />

próximo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tavira em Maio <strong>de</strong> 1868, Imprensa Nacional, Lisboa,<br />

1868.<br />

---------- (1896) A. C. Teixeira <strong>de</strong> Aragão, “Antiguida<strong>de</strong>s romanas <strong>de</strong> Balsa”, AP, II, 1896, p.<br />

55-57.<br />

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----------, Tripolitania I S. Aurigemma, L’Italia in Africa, Tripolitania, <strong>vol</strong>. I-I, Monumenta d’Arte<br />

Decorativa – Parte prima: I mosaici, 1960, Roma.<br />

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124.<br />

BALIL (1962) A. Balil, “<strong>Mosaicos</strong> ornamentales <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> Barcelona”, AEA, 35, 1962, p.<br />

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---------- (1964) A. Balil, “<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> Baetulo (Badalona)”, Zephyrus, 15, 1964, p.<br />

85-100.<br />

---------- (1970) A. Balil, “Los mosaicos <strong>de</strong> la villa <strong>de</strong> El Puig <strong>de</strong> Cebolla (Valencia)”, in<br />

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BALMELLE (2001) C. Balmelle, Les Demeures aristocratiques d’Aquitaine, Bor<strong>de</strong>aux-Paris,<br />

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---------- (1999) C. Balmelle et al., “Nouveaux apports à la connaissance <strong>de</strong> la mosaïque<br />

gallo-romaine”, CMGR VII, 1999, p. 627- 637.<br />

xxix


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

BARBET (1982) A. Barbet, “Quelques rappports entre mosaïques et peintures murales à<br />

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BARRAL, mos. rom. regio laietana X. Barral I Altet, Les mosaïques romaines et médiévales <strong>de</strong><br />

la regio laietana (Barcelone et ses environs), Barcelona, 1978.<br />

BECATTI (1965) G. Becatti, “Alcune caractteristiche <strong>de</strong>l mosaico bianco-nero in Italia“,<br />

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----------, Ostia G. Becatti, Scavi di Ostia, IV, Mosaici e pavimenti marmorei, Roma, 1961.<br />

BELCADI (1988) Z. Belcadi, Les mosaïques <strong>de</strong> Volubilis, thèse <strong>de</strong> doctorat, Université Paris I,<br />

3 <strong>vol</strong>., 1988 (ex. dactil).<br />

BEN ABED (1982) A. Ben Abed, “Une mosaïque à pyrami<strong>de</strong>s végétales <strong>de</strong> Puput”, in Mél.<br />

Stern, 1982, p. 61-64.<br />

---------- (1993) A. Ben Abed, “L’édifice du satyre et <strong>de</strong> la nymphe <strong>de</strong> Pupput“, CMGR VI, p.<br />

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BEN OSMAN, Mos. Carthage W. Bairen Ben Osman, Catalogue <strong>de</strong>s mosaïques <strong>de</strong> Carthage.<br />

Doctorat <strong>de</strong> 3e cycle: Art et Archéologie: Aix-Marseille 1, 1980.<br />

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romano, Catálogo da exposição no Museu Municipal, Faro, 2005, p. 26-34.<br />

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Ossonoba”, in Caminhos do Algarve romano, Catálogo da exposição no<br />

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---------- (2006) J. P. Bernar<strong>de</strong>s, “O peristilo da villa romana <strong>de</strong> Milreu: novas<br />

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xxx


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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BLAKE II M. E. Blake, “Mosaics of the Second Century in Italy”, MAAR, XIII, 1936, p.<br />

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BLAKE III M. E. Blake, “Mosaics of the Late Empire in Rome and Vicinity in Italy”,<br />

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BLÁZQUEZ (1993) J. M. Blázquez Martinez, <strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> España, Madrid, 1993.<br />

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Documentação <strong>de</strong> Estácio da Veiga 7<br />

Catálogo das Plantas dos Edifícios <strong>de</strong>scobertos na exploração archeológica do Algarve e dos<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> vários Monumentos e <strong>Mosaicos</strong> que acompanham as mesmas Plantas – 1877-1878.<br />

Nº 25 Planta parcial dos antigos edifícios <strong>de</strong> Milreu, <strong>de</strong> um campo mortuário no<br />

Serro <strong>de</strong> Guelhim, e <strong>de</strong> uns vestígios <strong>de</strong> estrada romana, acompanhada <strong>de</strong><br />

seis folhas manuscriptas com as notas respectivas. Lev. por A. De P.<br />

Serpa.<br />

Nº 25A Desenho das ruínas do edifício marcado com o nº 11 na planta do Milreu.<br />

Por Leite Ribeiro.<br />

Nº 25B Desenho do revestimento do mosaico do muro C, do lado G’, do edifício nº<br />

11, pertencente à planta do Milreu. Por Leite Ribeiro.<br />

Nº 25C Desenho do mosaico do muro do lado G e G’’’ do edifício marcado com o nº<br />

11 na planta do Milreu. São dois peixes dês. Por Leite Rib. ro , e um por D. A.<br />

<strong>de</strong> C. L. E. da V.<br />

Nº 25D Desenho do fundo <strong>de</strong> mosaico da piscina hemicyrcular, marcada com o nº<br />

12 na planta do Milreu.<br />

Nº 25E, F, G Desenho dos mosaicos <strong>de</strong> três pavimentos marcados com o nº 16 na planta<br />

do Milreu. Por J. F. Tavares Bello. (E - sala do lado do edifício. F – Da sala<br />

do lado <strong>de</strong> Estói. G – Da sala do pavimento maior).<br />

Nº 25H Desenho do mosaico do corredor marcado com o nº 23 na planta do Milreu.<br />

Nº 25I Desenho do mosaico do pavimento da casa marcada com o nº 28 a na<br />

planta do Milreu. Por J. F. Tavares Bello.<br />

Nº 25J Desenho parcial do mosaico da piscina quadrada, marcada com o nº 41 na<br />

planta do Milreu. Por J. F. Tavares Bello.<br />

Nº 25K Desenho do mosaico da casa marcada com o nº 52 na planta do Milreu. Por<br />

J. F. Tavares Bello.<br />

Nº 28 Planta <strong>de</strong> um edifício romano parcialmente explorado no sítio <strong>de</strong> Amendoal,<br />

a 2 km <strong>de</strong> Faro. Lev. J. F. Tavares Bello.<br />

7 Documentação consultada no arquivo no Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia (Lisboa).<br />

liv


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 28A, B, C, D, E, F, G, H Desenho <strong>de</strong> oito pavimentos <strong>de</strong> mosaico, <strong>de</strong>scobertos no edifício<br />

parcialmente explorado no Amendoal, perto <strong>de</strong> Faro. Des. Por J. F. Tavares<br />

Bello. (à margem uma anotação indica que “faltam 4”).<br />

Nº 29 Planta <strong>de</strong> um edifício balneário parcialmente explorado na Quinta <strong>de</strong><br />

Torrejão Velho. Lev. por A. <strong>de</strong> P. Serpa.<br />

Nº 30 Planta geral dos edifícios antigos explorado explorados na Quinta <strong>de</strong><br />

Marim. Lev. por A. <strong>de</strong> P. Serpa.<br />

Nº 30A, B, C, D Plantas especiaes dos diversos edifícios explorados na Quinta <strong>de</strong> Marim.<br />

Lev. por A. <strong>de</strong> P. Serpa.<br />

Nº 34 Planta dos edifícios balsenses, parcialmente explorados na Torre d’Ares.<br />

Lev. por A. <strong>de</strong> P. Serpa.<br />

Nº 36 Planta das antiguida<strong>de</strong>s romanas observadas e exploradas nas contíguas<br />

quinta das Antas e do Arroio, com um mosaico das Antas. Lev. por A. <strong>de</strong> P.<br />

Serpa.<br />

Nº 49 Planta dos edifícios <strong>romanos</strong> explorados no Montinho das Laranjeiras. Por<br />

A. <strong>de</strong> P. Serpa.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Relatórios <strong>de</strong> trabalhos arqueológicos 8<br />

Hauschild, Relatório 1985 T. Hauschild, Informação sobre os trabalhos <strong>de</strong> escavação<br />

arqueológica em Milreu, Estói (Faro) em 1985, IPPAR, Faro, 1985<br />

(ex. dact.).<br />

Hauschild, Relatório 1986 T. Hauschild, Relatório preliminar sobre as escavações efectuadas<br />

em Milreu, no Outono <strong>de</strong> 1986, IPPAR, Faro, 1986 (ex. dact.).<br />

Hauschild, Relatório 1987 T. Hauschild, Relatório sobre as escavações efectuadas na villa<br />

romana <strong>de</strong> Milreu, Estói, no Outono <strong>de</strong> 1987, IPPAR, Faro, 1987<br />

(ex. dact.).<br />

Hauschild, Relatório 1991 T. Hauschild, Relatório preliminar sobre as escavações efectuadas<br />

em 1991, IPPAR, Faro, 1991 (ex. dact.).<br />

Hauschild, Relatório 1993 T. Hauschild, Relatório sobre as escavações arqueológicas na villa<br />

romana <strong>de</strong> Milreu, Estói (Algarve), IPPAR, Faro, 1993 (ex. dact.).<br />

Teichner, Relatório 1999 F. Teichner, Relatório sobre as escavações na villa <strong>de</strong> Milreu,<br />

IPPAR, Faro, 1999 (ex. dact.).<br />

8 Relatórios consultados no arquivo da Direcção Regional <strong>de</strong> Cultura do Algarve, Faro (extinto IPPAR).<br />

lvi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 1 Fauna marinha.<br />

Catálogo <strong>de</strong> mosaicos <strong>romanos</strong> do Algarve Oriental<br />

Villa <strong>de</strong> Montinho das Laranjeiras, Alcoutim / Alcoutim<br />

Nº 2 Fragmento com um kantharus.<br />

Nº 3 Fragmentos <strong>de</strong> uma bordadura geométrica<br />

Villa <strong>de</strong> Cacela-a-Velha, Cacela-a-Nova / Vila Real <strong>de</strong> Santo António<br />

Nº 4 Três fragmentos <strong>de</strong> mosaico geométrico.<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Balsa, Quinta das Antas, Luz / Tavira<br />

Nº 5 Fragmento <strong>de</strong> uma composição losangulada <strong>de</strong> hexágonos e losangos<br />

adjacentes.<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Balsa, Torre d’Ares, Luz / Tavira<br />

Nº 6 Fragmento <strong>de</strong> mosaico bicolor com fauna marinha.<br />

Villa <strong>de</strong> Pedras d’ El-Rei, Santiago/Tavira<br />

Nº 7 Composição <strong>de</strong> octógonos com fauna marinha.<br />

Villa <strong>de</strong> Quinta do Trinda<strong>de</strong>, Santiago / Tavira<br />

Nº 8 Mosaico(s) <strong>de</strong>struído(s).<br />

Villa <strong>de</strong> S. Domingos d’Asseca, Stª Maria / Tavira<br />

Nº 9 Fragmento informe bicolor.<br />

Villa <strong>de</strong> Quinta <strong>de</strong> Marim, Quelfes / Olhão<br />

Nº 10 Três pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído (tema figurativo);<br />

b) Pavimento intermédio: <strong>de</strong>struído (tema figurativo);<br />

c) Pavimento mais recente: dois fragmentos geométricos.<br />

Nº 11 Três fragmentos <strong>de</strong> uma composição geométrica.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 12 Dois fragmentos <strong>de</strong> uma composição geométrica.<br />

Villa <strong>de</strong> Torrejão Velho, Pechão / Olhão<br />

Nº 13 Dois fragmentos com bordadura em trança.<br />

Villa <strong>de</strong> Milreu, Estói / Faro<br />

Nº 14 Quatro painéis <strong>de</strong> opus tessellatum <strong>de</strong>snivelados:<br />

Painel A, painel principal: <strong>de</strong>struído (?);<br />

Painel B, painel principal: <strong>de</strong>struído;<br />

Painel C, painel este com uma linha <strong>de</strong> ondas em oposição <strong>de</strong> três cores (in<br />

situ);<br />

Painel D, painel principal: <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 15 Composição centrada com estrela <strong>de</strong> oito losangos e quatro kantharoi em<br />

cantoneira.<br />

Nº 16 Fragmento <strong>de</strong> bordadura com onda <strong>de</strong> peltas.<br />

Nº 17 Fragmentos <strong>de</strong> uma composição ortogonal <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> oito losangos<br />

acantonadas <strong>de</strong> quadrados.<br />

Nº 18 Fragmentos com <strong>de</strong>coração geométrica (meandro <strong>de</strong> suástica?).<br />

Nº 19 Painel A, tapete principal <strong>de</strong>struído;<br />

Painel B, Gran<strong>de</strong> fragmento com duas ramagens <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira, rematadas com<br />

folha <strong>de</strong> vinha, emergindo simetricamente <strong>de</strong> uma pétala trífida bulbosa (no<br />

campo?) e uma bordadura com uma pelta e um quadrado curvilíneo em<br />

linha.<br />

Nº 20 Mosaico monocromático.<br />

Nº 21 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído;<br />

b) Pavimento mais recente: fragmentos <strong>de</strong> uma composição ortogonal<br />

<strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica em trança <strong>de</strong> dois cabos.<br />

Nº 22 Fragmentos <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes<br />

Nº 23 Fauna Marinha.<br />

tratados em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Nº 24 Composição ortogonal <strong>de</strong> quadrados e losangos adjacentes tratados em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

lviii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 25 Dois fragmentos geométricos bicolores com meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Nº 26 Composição ortogonal <strong>de</strong> escamas bipartidas.<br />

Nº 27 Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 28 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído;<br />

b) Pavimento mais recente: composição ortogonal <strong>de</strong> quadrados e<br />

losangos adjacentes tratados em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Nº 29 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: totalmente <strong>de</strong>struído;<br />

b) Pavimento mais recente: composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

irregulares secantes e adjacentes, <strong>de</strong>terminando hexágonos e<br />

quadrados sobre o vértice ou losango.<br />

Nº 30 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

secantes e adjacentes, tratados em meandro <strong>de</strong> suástica;<br />

b) Pavimento mais recente: Composição <strong>de</strong> octógonos e quadrados<br />

adjacentes.<br />

Nº 31 Mosaico constituído por painéis em número in<strong>de</strong>terminado:<br />

Painel A, painel da entrada: composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos estrelados<br />

com rectângulos tangentes.<br />

Outros painéis em número in<strong>de</strong>terminado: <strong>de</strong>struídos.<br />

Nº 32 Composição centrada <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong> oito losangos, <strong>de</strong>terminando<br />

um quadrado central.<br />

Nº 33 Mosaico constituído por dois tapetes rectangulares geométricos e um<br />

absidal:<br />

Painel A, tapete rectangular: composição ortogonal <strong>de</strong> meandros <strong>de</strong> pares<br />

<strong>de</strong> suásticas, <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta dupla, intercalados por quadrados e rectângulos;<br />

Painel B, tapete da cabeceira: composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

adjacentes, <strong>de</strong>terminando quadrados tratados em meandro <strong>de</strong> suásticas;<br />

Painel C, absi<strong>de</strong>: kantharus com suástica e ornatos <strong>de</strong> folhagem na absi<strong>de</strong>.<br />

Nº 34 Composição <strong>de</strong> octógonos e quadrados adjacentes.<br />

Nº 35 Um tapete rectangular e absi<strong>de</strong> com composições geométricas:<br />

lix


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel A, tapete principal: composição centrada <strong>de</strong> estrela <strong>de</strong> oito pontas<br />

formada por dois quadrados entrelaçados;<br />

Painel B, absi<strong>de</strong>: linha <strong>de</strong> círculos entrelaçados com linha em ziguezague.<br />

Nº 36 Um tapete rectangular e absi<strong>de</strong>:<br />

Painel A, tapete principal: opus tessellatum (?) <strong>de</strong>struído;<br />

Painel B, absi<strong>de</strong>: opus tessellatum residual.<br />

Nº 37 Composição em coroa, num quadrado e em redor <strong>de</strong> um círculo, <strong>de</strong> oito<br />

arcadas laterais tangentes entre elas.<br />

Nº 38 Dois painéis geométricos:<br />

Painel A, área do lectus: composição <strong>de</strong> dois octógonos estrelados por<br />

quadrados e losangos adjacentes, <strong>de</strong>terminando losangos e triângulos (no<br />

local do lectus);<br />

Painel B, tapete principal: Composição centrada com um octógono<br />

estrelado por rectângulos e quadrados alternadamente, tangentes.<br />

Nº 39 Quadrícula <strong>de</strong> bandas com quadrado <strong>de</strong> intersecção, tratada em bicromia.<br />

Nº 40 Quadrícula <strong>de</strong> bandas com quadrado <strong>de</strong> intersecção, tratada em bicromia.<br />

Nº 41 Fragmento <strong>de</strong> uma quadrícula <strong>de</strong> bandas bicolores com quadrados e<br />

rectângulos (?).<br />

Nº 42 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído;<br />

b) Pavimento mais recente: <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 43 Fragmentos <strong>de</strong> um painel quadrado cortando, no centro, uma composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos irregulares secantes e adjacentes pelos lados<br />

menores, tratada em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Nº 44 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos (?):<br />

a) Pavimento mais antigo: Gran<strong>de</strong>s fragmentos <strong>de</strong> uma composição<br />

com bordadura em octógonos estrelados em redor <strong>de</strong> um painel<br />

central <strong>de</strong>struído;<br />

Nº 45 Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente: <strong>de</strong>struído (fauna marinha?)<br />

Nº 46 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: totalmente <strong>de</strong>struído;<br />

lx


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 47 Fauna marinha.<br />

b) Pavimento mais recente: fragmento <strong>de</strong> faixa <strong>de</strong> remate com linha<br />

<strong>de</strong> aspas opostas e bordadura em trança.<br />

Nº 48 Composição ortogonal <strong>de</strong> escamas bicolores.<br />

Nº 49 Fauna marinha.<br />

Nº 50 Fauna marinha.<br />

Nº 51 Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: mosaico bicolor <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente: composição <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong> oito<br />

losangos <strong>de</strong>terminando dois quadrados.<br />

Nº 52 Fragmentos diversos sem proveniência <strong>de</strong>terminada:<br />

A: Fragmentos <strong>de</strong> motivos geométricos e vegetalistas;<br />

B: Fragmentos <strong>de</strong> tranças;<br />

C: Fragmentos <strong>de</strong> outro tipo (monocromáticos e figurativos).<br />

Villa da Quinta do Amendoal, Sé / Faro<br />

Nº 53 Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos secantes e<br />

adjacentes;<br />

Painel B, tapete principal: quadrícula <strong>de</strong> filetes triplos <strong>de</strong>nteados.<br />

Nº 54 Meandro formando longos rectângulos.<br />

Nº 55 Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados;<br />

Painel B, tapete principal: composição ortogonal <strong>de</strong> círculos tangentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados côncavos.<br />

Nº 56 Composição centrada <strong>de</strong> rectângulos concêntricos.<br />

Nº 57 Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados;<br />

Painel B, tapete principal: Composição centrada.<br />

Nº 58 Fragmento <strong>de</strong> uma composição em quadrícula <strong>de</strong> fusos tangentes que<br />

criam quatro-folhas.<br />

lxi


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Nº 59 Fragmentos <strong>de</strong> uma composição ortogonal <strong>de</strong> círculos secantes que<br />

<strong>de</strong>terminam quatro-folhas pretos.<br />

Nº 60 Fragmento <strong>de</strong> mosaico com linha <strong>de</strong> florinhas e quadradinhos.<br />

Villa <strong>de</strong> Vale <strong>de</strong> Carneiros, Sé / Faro<br />

Nº 61 Mosaico(s) <strong>de</strong>struído(s).<br />

Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ossonoba, S. Pedro / Faro<br />

Nº 62 Mosaico composto por quatro painéis:<br />

Painel A: inscrição em tabula ansata;<br />

Painel B: composição ortogonal <strong>de</strong> hexágonos <strong>de</strong>terminando quadrados e<br />

estrelas <strong>de</strong> quatro pontas;<br />

Painel C: máscara do Oceano com dois ventos em cantoneira;<br />

Painel D: composição ortogonal <strong>de</strong> hexágonos <strong>de</strong>terminando quadrados e<br />

estrelas <strong>de</strong> quatro pontas;<br />

Villa <strong>de</strong> Cerro da Vila, Quarteira / Loulé<br />

Nº 63 Dois mosaicos sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído (?).<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

Painel A, soleira este: meandro <strong>de</strong> suásticas <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta simples e<br />

quadrados;<br />

Painel B, tapete principal: Composição ortogonal <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong><br />

quatro pontas tangentes.<br />

Nº 64 Duas soleiras e um gran<strong>de</strong> tapete geométrico:<br />

Painel A, soleira este: <strong>de</strong>struído;<br />

Painel B, tapete principal: Painel quadrado central interrompendo uma<br />

quadrícula <strong>de</strong> bandas com círculos tangentes circunscritos às casas e<br />

pequenos círculos na intersecção;<br />

Painel C, soleiras oeste: dois painéis com linhas quebradas.<br />

Nº 65 Três painéis geométricos:<br />

Painel A, ala este: quadrícula <strong>de</strong> faixas com quadrados <strong>de</strong> intersecção;<br />

Painel B, ala sul: composição <strong>de</strong> ganizes policromas;<br />

lxii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel C, ala oeste: <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 66 Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 67 Fragmento <strong>de</strong> bordadura em folhagem.<br />

Nº 68 Composição <strong>de</strong> cruzes <strong>de</strong> pétalas fuseladas formando uma quadrícula.<br />

Nº 69 Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Nº 70 Três soleiras com <strong>de</strong>coração geométrica. Tapete composto por quatro<br />

painéis (A, B, C1 e C2) dispostos em T (invertido) + U (sem base):<br />

Painel A: <strong>de</strong>struído;<br />

Painel B: composição <strong>de</strong> octógonos,<br />

Painel C1: composição <strong>de</strong> círculos secantes;<br />

Painel C2: composição <strong>de</strong> círculos e quadrados adjacentes.<br />

Nº 71 Opus tessellatum monocromático.<br />

Nº 72 Fauna marinha bicolor.<br />

Nº 73 Dois painéis geométricos:<br />

Painel A, soleira: <strong>de</strong>struída;<br />

Painel B, tapete principal: composição ortogonal <strong>de</strong> círculos secantes<br />

<strong>de</strong>terminando quatro-folhas e <strong>de</strong>limitando quadrados <strong>de</strong> lados côncavos.<br />

Nº 74 Dois tapetes geométricos adjacentes:<br />

Painel A, tapete principal: Composição centrada com um octógono<br />

estrelado por rectângulos e quadrados alternadamente, tangentes;<br />

Painel B, área do lectus: linha <strong>de</strong> octógonos secantes tratados em meandro<br />

<strong>de</strong> suástica com tirsos nos hexágonos longos.<br />

Villa <strong>de</strong> Loulé Velho, Quarteira / Loulé<br />

Nº 75 Fragmento com <strong>de</strong>coração geométrica.<br />

Nº 76 Fragmento <strong>de</strong> opus tessellatum com <strong>de</strong>coração figurativa.<br />

Villa <strong>de</strong> Retorta, Boliqueime / Loulé<br />

Nº 77 Fragmento <strong>de</strong> mosaico geométrico bicolor.<br />

Nº 78 Fragmentos <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong> octógonos adjacentes e secantes.<br />

lxiii


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

PARTE 1<br />

<strong>Mosaicos</strong> do Algarve Romano<br />

Parte oriental<br />

Catálogo<br />

2


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

A elaboração do catálogo obe<strong>de</strong>ceu aos critérios metodológicos adoptados pelo Corpus dos<br />

<strong>Mosaicos</strong> Romanos <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>. Assim, con<strong>de</strong>nsaram-se em cada ficha as informações <strong>de</strong>scritivas<br />

referentes a cada um dos mosaicos objecto <strong>de</strong> estudo, por sítio arqueológico, incluindo as<br />

respectivas ilustrações (esquemas, <strong>de</strong>senhos, fotografias e plantas <strong>de</strong> pormenor). Cada ficha inclui<br />

as seguintes entradas:<br />

Lugar e data do achado<br />

Tema<br />

Compartimento<br />

Dimensões do compartimento<br />

Dimensões do mosaico<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Área visível no momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta<br />

__________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Bibliografia<br />

Descrição<br />

Datação<br />

Área conservada<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Materiais<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Restauros antigos<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os sítios foram or<strong>de</strong>nados segundo critério geográfico, <strong>de</strong> este para oeste. Cada ficha é<br />

i<strong>de</strong>ntificada com numeração árabe. Quando um mosaico apresenta diversos painéis justapostos,<br />

indicam-se através <strong>de</strong> letras maiúsculas (A, B, C) e, quando se trata <strong>de</strong> pavimentos sobrepostos,<br />

adopta-se letra minúscula (a, b, c). Finalmente, quando <strong>de</strong> um mesmo mosaico se conhecem<br />

diversos fragmentos, a opção foi a indicação com algarismo em itálico (1, 2, 3).<br />

A i<strong>de</strong>ntificação do compartimento faz-se com base nas plantas disponíveis, seja as do<br />

Catálogo das Plantas (Veiga, 1877-1878), seja as recentemente levantadas como é o caso <strong>de</strong><br />

Milreu (planta IGESPAR) ou <strong>de</strong> Cerro da Vila (planta MSP), ou as do séc. XIX. A funcionalida<strong>de</strong> do<br />

espaço nem sempre está estabelecida, pelo que se apresentam propostas sempre que se<br />

apresentam sempre que possam ser consi<strong>de</strong>radas viáveis. A indicação das dimensões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

disponibilida<strong>de</strong> da informação. No caso dos sítios a <strong>de</strong>scoberto ou <strong>de</strong> fragmentos, esta po<strong>de</strong> ser<br />

obtida; nas restantes, indica-se a que consta nas respectivas referências bibliográficas.<br />

3


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Do confronto entre área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta e área conservada, percebem-<br />

se as <strong>de</strong>struições sofridas. Em gran<strong>de</strong> parte dos casos, não estão disponíveis informações sobre o<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta, sendo <strong>de</strong> salientar a importância atribuída à análise da documentação<br />

antiga <strong>de</strong> Estácio da Veiga na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sse estado. Só em raras situações foi possível<br />

caracterizar as camadas <strong>de</strong> assentamento uma vez que não se proce<strong>de</strong>u a trabalhos <strong>de</strong> escavação<br />

que permitissem a obtenção <strong>de</strong>ssas informações.<br />

O campo estratégia <strong>de</strong> execução só se revela pertinente quando o mosaico conserva uma<br />

boa parte da sua área que permita compreen<strong>de</strong>r a organização das diversas partes, a qualida<strong>de</strong> do<br />

trabalho executado, a sequência seguida pelo artista, e tantos outros aspectos quanto mais rica for<br />

a composição. No caso dos fragmentos <strong>de</strong>positados em museus, não é possível proce<strong>de</strong>r a uma<br />

análise <strong>de</strong>talhada.<br />

A <strong>de</strong>scrição é feita da periferia para o centro do mosaico: faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>,<br />

bordadura, esquema do campo. O Décor serve <strong>de</strong> referência para a terminologia adoptada na<br />

<strong>de</strong>scrição, primeiro nas suas linhas principais, <strong>de</strong>pois nos seus motivos secundários. Embora na<br />

literatura especializada a utilização dos termos “moldura” e “bordadura” não siga nenhum critério<br />

específico, sendo aplicada a qualquer motivo em linha com aquela função, adopta-se neste catálogo<br />

a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> “bordadura” para as linhas externas que contornam a totalida<strong>de</strong> do campo e<br />

“moldura” para as linhas que contornam as figuras geométricas criadas pelo esquema. No caso das<br />

tranças, utiliza-se preferencialmente o termo “fio” para indicar um dos elementos do motivo, em vez<br />

do termo “cabo”. A indicação das cores faz-se entre […] e as medidas entre (…).<br />

No item datação, introduzem-se não só os elementos estilísticos que permitem datar o<br />

mosaico, mas também os elementos arqueológicos disponíveis para cada um dos casos.<br />

4


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Montinho das Laranjeiras, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fauna marinha disposta livremente no<br />

campo.<br />

Compartimento<br />

Baptistério <strong>de</strong> uma ecclesia: compartimento<br />

E da planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga (1877-<br />

1878, nº 49): (?). Da indicação <strong>de</strong> “piscina<br />

aberta num pavimento <strong>de</strong> mosaicos” (ARA<br />

II, p. 374), <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>-se que o mosaico<br />

pavimentava o solo em torno do pequeno<br />

tanque que <strong>de</strong>sempenhou funções <strong>de</strong><br />

baptistério (planta 3, espaço f).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Estácio da Veiga apenas registou as<br />

dimensões do tanque: 1 x 0,60 m e 60 cm<br />

<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. nº 18754.<br />

1<br />

Estampa III<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não dispomos <strong>de</strong> qualquer informação sobre a<br />

<strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

Fragmento com 74 x 44 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Destruída pelos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

Calcário: preto, branco, ocre, cinzento claro na<br />

trança e escuro na faixa; as mesmas cores e<br />

castanho dominando o peixe; preto e cinzento-<br />

escuro no contorno do ser marinho<br />

parcialmente conservado e nas linhas <strong>de</strong> água.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

66/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 1,1 a 1,2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

As tesselas apresentam um corte muito<br />

irregular e os interstícios são largos, <strong>de</strong>notando<br />

uma execução <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>. Todavia, a<br />

mesma combinação cromática aplicada à faixa<br />

policromática e à trança constituem um<br />

apontamento harmonioso, embora um pouco<br />

monótono. Repara-se, por exemplo, na<br />

ausência <strong>de</strong> tesselas vermelhas na trança<br />

como é usual. A escolha <strong>de</strong> um calcário<br />

5


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

acastanhado no peixe-agulha <strong>de</strong>nota<br />

também essa monotonia. É também <strong>de</strong><br />

realçar a aplicação <strong>de</strong> cinzentos claros e<br />

escuros como forma <strong>de</strong> criar <strong>vol</strong>ume nas<br />

figuras. Imagina-se que os restantes<br />

exemplares <strong>de</strong> fauna marinha teriam a<br />

mesma aparência, tosca, e até um pouco<br />

fantasiosa no modo como executaram o<br />

olho, <strong>de</strong> proporções exageradas, e a boca,<br />

completamente <strong>de</strong>slocada da sua real<br />

posição, no peixe-espada. É certo que os<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos intervieram no fundo<br />

branco, <strong>de</strong>slocando tesselas, no entanto as<br />

zonas originais revelam uma colocação<br />

muito <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

A existirem, terão sido removidos aquando dos<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Em 2005 o fragmento foi extraído da moldura e<br />

remontado sobre suporte em resina epóxida na<br />

oficina <strong>de</strong> restauro do Museu Arqueológico <strong>de</strong><br />

S. Miguel <strong>de</strong> Odrinhas sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> C. Beloto. O confronto com fotografias<br />

anteriores ao restauro confirma que se<br />

per<strong>de</strong>ram algumas áreas <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

junto à linha <strong>de</strong> fractura (cf. infra Observações).<br />

Po<strong>de</strong> ainda ver-se que algumas pequenas<br />

áreas do fundo branco foram substituídas por<br />

novo opus tessellatum.<br />

Machado, 1970, p. 50; ARA II, fig. 360. Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Figueiredo, 1896, p. 56-57; Chaves, 1936, p. 56; Machado, 1970, p. 50; ARA II, p. 374-375, fig. 360;<br />

Gorges, Villas, PS31, p. 479, est. LXI; Cardoso / Gradim, 2004, p. 95, fig. 21; Santos, 2005, p. 36-<br />

37.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate cinzento claro (2,7 cm).<br />

Trança <strong>de</strong> dois cordões policromática [ocre amarelo e cinzento claro] (16,3 cm <strong>de</strong> largura).<br />

Segue-lhe filete duplo branco e uma faixa policromática [um filete cinzento claro, um ocre<br />

amarelo, um cinzento-escuro e um preto] (5,4 cm).<br />

Do campo, <strong>de</strong>staca-se junto da faixa policromática a parte superior <strong>de</strong> um peixe (cerca <strong>de</strong><br />

meta<strong>de</strong> do corpo) nadando para a esquerda, com um comprimento total <strong>de</strong> 48,6 cm. O seu rostro<br />

alongado, a cabeça redonda e as quatro reduzidas barbatanas dorsais, sem raios espinhosos,<br />

levam-nos a i<strong>de</strong>ntificar a espécie como um peixe-agulha, na sua <strong>de</strong>signação vulgar. O rostro é<br />

6


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

realizado a ocre amarelo claro e vermelho e o corpo em tons <strong>de</strong> acastanhado (18,2 cm). O<br />

tratamento cinzento claro no ventre correspon<strong>de</strong> a outro traço distintivo <strong>de</strong>sta espécie animal, em<br />

geral, branco prateado. O olho redondo preto <strong>de</strong>staca-se num fundo branco, bem como a boca a<br />

filete preto. O opérculo é realizado a preto.<br />

Na fotografia anterior aos restauros mo<strong>de</strong>rnos, po<strong>de</strong> ver-se a parte dianteira do corpo<br />

serpentiforme <strong>de</strong> uma espécie marinha anguiliforme (uma enguia?) vindo na direcção do peixe-<br />

agulha. Nessa fotografia vê-se toda a cabeça e o início do corpo do animal.<br />

Na parte superior do fragmento reconhece-se, <strong>de</strong> forma mais completa na fotografia anterior<br />

aos restauros mo<strong>de</strong>rnos, as espirais da cauda <strong>de</strong> um ser marinho do tipo tritão, realizado a preto e<br />

cinzento. No canto superior direito, po<strong>de</strong> ainda ver-se parte muito reduzida <strong>de</strong> um outro motivo<br />

formado por quatro tesselas pretas e tesselas cinzentas.<br />

No fundo branco <strong>de</strong>stacam-se quatro linhas (apenas três se po<strong>de</strong>m actualmente ver)<br />

quebradas duplas constituídas por linha <strong>de</strong> tesselas sobre o vértice preta e linha cinzento-escuro<br />

representando a água.<br />

Datação<br />

As características técnicas e estilísticas do mosaico apontam para uma cronologia tardia,<br />

que se enquadram perfeitamente na primeira fase da ecclesia <strong>de</strong>finida por J. Maciel: fins do séc. VI<br />

– inícios do séc. VII (1996, p. 94).<br />

7


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Montinho das Laranjeiras, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fragmento com um kantharus.<br />

Compartimento<br />

Desconhece a proveniência do fragmento.<br />

Po<strong>de</strong>rá pertencer à mesma ecclesia a que<br />

pertence o fragmento nº 1.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. Nº 18697.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Descoberto ao tempo <strong>de</strong> Estácio da Veiga,<br />

não dispomos <strong>de</strong> qualquer informação sobre<br />

a <strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

Fragmento com 40 x 27 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Destruída pelos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

2<br />

Estampa IV<br />

Calcário: preto, branco, ocre, cinzento-escuro e<br />

vermelho.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

140/dm 2, tesselas com 8 a 9 mm <strong>de</strong> lado, no<br />

bojo do kantharus. Densida<strong>de</strong> ligeiramente<br />

inferior no fundo branco.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Tal como o nº1, não é um trabalho <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>. O aspecto atarracado do kantharus,<br />

sobretudo ao nível do colo e da boca, parece<br />

<strong>de</strong>ver-se ao constrangimento do espaço<br />

disponível. Dispondo <strong>de</strong> uma paleta muito<br />

reduzida, o mosaísta conseguiu, ainda assim,<br />

imprimir alguma <strong>vol</strong>umetria ao bojo do vaso,<br />

criando o contraste entre zonas côncavas, mais<br />

escuras (cinzento), e zonas convexas, mais<br />

claras (ocre amarelo). No colo e boca, aplicou<br />

as mesmas cores, salientando os bordos com<br />

tesselas alaranjadas. Um filete <strong>de</strong>nteado na<br />

zona superior da boca procura dar alguma<br />

profundida<strong>de</strong> à peça.<br />

Restauros antigos<br />

Nas fotografias anteriores ao restauro po<strong>de</strong><br />

ver-se que a meta<strong>de</strong> esquerda do kantharus foi<br />

objecto <strong>de</strong> restauro, assim como a trança da<br />

bordadura.<br />

8


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Em 2005 o fragmento foi extraído da<br />

moldura e remontado sobre suporte em<br />

resina epóxida na oficina <strong>de</strong> restauro do<br />

Museu Arqueológico <strong>de</strong> S. Miguel <strong>de</strong><br />

Odrinhas sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C.<br />

Beloto. O confronto com fotografias<br />

anteriores ao restauro leva a crer que uma<br />

Ilustração utilizada<br />

boa parte da área correspon<strong>de</strong>nte ao restauro<br />

antigo foi refeita e, no colo do kantharus, o<br />

elemento <strong>de</strong>corativo foi <strong>de</strong>turpado não<br />

correspon<strong>de</strong>ndo ao que se po<strong>de</strong> ver na<br />

fotografia mais antiga. Praticamente toda a<br />

trança foi refeita, tendo subsistido partes do<br />

filete ocre e cinzento claro.<br />

Machado, 1970, p. 51; ARA II, fig. 361. Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005) 9. Foto MNA.<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 51; ARA II, p. 375, fig. 361; Gorges, Villas, PS31, p. 479, est. LXI; Cardoso /<br />

Gradim, 2004, p. 95, fig. 21; Santos, 2005, p. 36-37.<br />

Descrição<br />

Trança policromática <strong>de</strong> dois cordões [ocre amarelo, cinzento claro e branco] (12 cm),<br />

visível na fotografia anterior aos restauros, já que na mais recente praticamente toda a trança foi<br />

refeita. Adossado à trança na zona da boca, vê-se um kantharus completo (23 cm <strong>de</strong> altura),<br />

embora actualmente apenas a meta<strong>de</strong> direita corresponda ao mosaico original. É um kantharus <strong>de</strong><br />

duas asas pretas em S, sem pé, com um bojo em forma <strong>de</strong> taça canelada realizado a preto com<br />

caneluras rosa velho (14,4 cm <strong>de</strong> altura), colo atarracado <strong>de</strong>senhado com linha laranja e preenchido<br />

com mesclado beges e amarelos e com um elemento <strong>de</strong>corativo sem forma precisa <strong>de</strong>senhado a<br />

preto (8,6 cm <strong>de</strong> altura). A boca do vaso foi <strong>de</strong>senhada com filete preto na face principal e, em filete<br />

<strong>de</strong>nteado laranja na face posterior como se po<strong>de</strong> ver na fotografia anterior aos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Datação<br />

Fins do séc. VI – inícios do séc. VII (vi<strong>de</strong> nº 1).<br />

9 Por se tratar <strong>de</strong> um fragmento muito restaurado, optou-se pelo levantamento das tesselas originais. Por essa razão,<br />

não se ilustra a trança, nem a meta<strong>de</strong> esquerda do kantharus.<br />

9


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Montinho das Laranjeiras, 1991.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> bordadura geométrica.<br />

Compartimento<br />

Ecclesia: braço sudoeste (planta 5).<br />

Dimensões do compartimento<br />

9,66 x 4,25 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Três fragmentos: 1. 86 x 76,3 cm; 2. 1,11 x<br />

62,5 cm; 3. 27,7 x 7 cm.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mesma que actualmente.<br />

Área conservada<br />

Três fragmentos situados no ângulo este do<br />

braço sudoeste do edifício.<br />

Ilustração utilizada<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

3<br />

Estampa V<br />

Calcários: preto, branco, cinzento-escuro, ocre<br />

amarelo e ocre vermelho.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64/dm 2 , tesselas com 1 a 1,5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O mosaico é <strong>de</strong> fraca execução técnica,<br />

espelhando um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong>sta arte.<br />

Os elementos são muito irregulares nas<br />

dimensões <strong>de</strong>monstrando uma falta <strong>de</strong><br />

planificação prévia. A colocação das tesselas é<br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada, não acompanhando as linhas<br />

dos diversos motivos.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Consolidação in situ.<br />

Maciel, 1993b, fig. 3 e 11; Maciel, 1996, fig. 9-10. Fotos da colecção pessoal <strong>de</strong> J. Maciel.<br />

10


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Maciel, 1993a, p. 205-219.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca com quadrados irregularmente equidistantes, com xadrez<br />

<strong>de</strong> nove casas (10 cm <strong>de</strong> lado) <strong>de</strong>senhadas a preto e preenchidas a branco e cinzento-escuro (31<br />

cm).<br />

Bordadura com linha <strong>de</strong> rectângulos e quadrados adjacentes (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 18)<br />

(31 cm): o rectângulo inclui losango flanqueado <strong>de</strong> peltas <strong>de</strong>senhadas a preto e sublinhadas<br />

interiormente por um filete ocre amarelo e fundo branco, e ainda florinhas geométricas nos quatro<br />

espaços residuais; o quadrado inclui moldura quadrada <strong>de</strong>senhada com dois filetes vermelhos e um<br />

filete preto. Num dos lados, po<strong>de</strong> ainda ver-se três folhas fuseladas que <strong>de</strong>viam ter pertencido a um<br />

ornato <strong>de</strong> ramagens vermelhas.<br />

O campo é <strong>de</strong>limitado por um filete preto, seguido <strong>de</strong> um filete vermelho, quádruplo filete<br />

branco e um filete triplo preto. Não se conservou o motivo/esquema central do mosaico, embora J.<br />

Maciel refira que é “possível ainda observar restos <strong>de</strong> molduras <strong>de</strong> eventuais emblemata” (Maciel,<br />

1993a, p. 212).<br />

Datação<br />

Fins do séc. VI – inícios do séc. VII (vi<strong>de</strong> nº 1).<br />

11


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cacela-a-Velha, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Três fragmentos <strong>de</strong> mosaico geométrico.<br />

Compartimento<br />

Compartimento in<strong>de</strong>terminado da planta <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga (planta 6).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MMSR: inv. nº 4693; 2. MMSR: inv. nº<br />

4694; 3. MNA: inv. nº 18751.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

1. 19,5 x 12,5 cm; 2. 18 x 15 cm; 3. 49 x 32<br />

cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os fragmentos 1 e 2 assentam num nucleus<br />

<strong>de</strong> 4 cm rosado, com pequenos grãos <strong>de</strong><br />

4<br />

Estampa VI<br />

areia. Do rudus, ainda se po<strong>de</strong>m ver os<br />

fragmentos <strong>de</strong> cerâmica e das pedras em<br />

negativo. O fragmento 3 recebeu novo suporte<br />

aquando dos restauros recentes e não é<br />

possível efectuar a sua caracterização.<br />

Materiais<br />

Calcário branco e preto.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

49/dm 2 . Tesselas com 1, 7 a 1, 8 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os fragmentos são <strong>de</strong>masiado exíguos para<br />

uma análise da estratégia <strong>de</strong> execução, no<br />

entanto, po<strong>de</strong> dizer-se que se trata <strong>de</strong> um<br />

trabalho <strong>de</strong> fraca qualida<strong>de</strong>, com tesselas <strong>de</strong><br />

corte muito irregular e colocadas<br />

assimetricamente.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos foram objecto <strong>de</strong> restauro em<br />

1988 na oficina <strong>de</strong> restauro do Museu<br />

Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga, sob a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C. Beloto, tendo sido<br />

montado sobre suporte <strong>de</strong> resina epóxida.<br />

12


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

1 e 2. Cliché MSP 2004. Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005); 3. Machado, 1970, p. 49. Foto<br />

MNA 2004. Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005).<br />

Bibliografia<br />

1 e 2. Rocha, 1907, p. 147; 3. Machado, 1970, p. 49; ARA, I, p. 305-308; Gorges, Villas, PS35, p.<br />

480; Santos, 2005, p. 38-39.<br />

Descrição<br />

Filete simples branco; filete simples preto; filete triplo branco.<br />

Bordadura em filete duplo preto, seguido <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra <strong>de</strong>nteados pretos (cf.<br />

Le Décor I, 10g).<br />

Composição em quadrícula <strong>de</strong> filetes simples preto, aqui com florinhas geométricas <strong>de</strong><br />

cinco tesselas nas casas (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 123a) ou simplesmente uma linha <strong>de</strong><br />

quadrados sobre o vértice.<br />

Datação<br />

Na ausência <strong>de</strong> elementos arqueológicos e perante a exiguida<strong>de</strong> dos fragmentos, é difícil<br />

estabelecer uma cronologia. A bicromia e o baixo nível técnico da execução não po<strong>de</strong>m ser usados<br />

como critério para datar <strong>de</strong> época mais antiga, pois conhecem-se muitos mosaicos tardios com<br />

estas características. Os elementos estilísticos também não são esclarecedores. Os paralelos<br />

conhecidos no Algarve Oriental situam-se no séc. III.<br />

13


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta das Antas, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> uma composição losângica<br />

<strong>de</strong> hexágonos e losangos adjacentes.<br />

Compartimento<br />

Compartimento in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> umas<br />

termas levantadas por Estácio da Veiga<br />

(planta 7).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. nº 18750.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

L. Chaves apresenta as dimensões do<br />

mosaico: 3,30 x 3 m (1936, p. 59).<br />

Desconhecemos a origem da sua<br />

informação: dimensões reais do mosaico<br />

encontrado ou aproximadas às dimensões<br />

da sala?<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> 66 x 53 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

5<br />

Estampa VII, 1 e 2<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>struíram o suporte<br />

original.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco e preto.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

84/dm 2 , tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O fragmento é <strong>de</strong>masiado exíguo para se<br />

po<strong>de</strong>r analisar a estratégia <strong>de</strong> execução.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem no fragmento.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico foi objecto <strong>de</strong> restauro em 1988 na<br />

oficina <strong>de</strong> restauro do Museu Monográfico <strong>de</strong><br />

Conimbriga, sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C.<br />

Beloto, tendo sido montado sobre suporte <strong>de</strong><br />

resina epóxida.<br />

14


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Machado, 1970, p. 43; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 59; Machado, 1970, p. 43; ARA I, p. 000-000, fig. 000; Santos, 2005, p. 38-39.<br />

Descrição<br />

Fragmento <strong>de</strong> uma composição losângica <strong>de</strong> hexágonos e losangos adjacentes, <strong>de</strong>ixando<br />

aparecer gran<strong>de</strong>s hexágonos irregulares secantes traçada a filetes duplo preto em fundo branco,<br />

aqui com losangos pretos incluídos, <strong>de</strong>ixando entrever gran<strong>de</strong>s hexágonos irregulares secantes (cf.<br />

Le Décor I, 213a).<br />

Datação<br />

Tendo em conta a simplicida<strong>de</strong> do tratamento do esquema e o paralelo da villa <strong>de</strong> Abicada,<br />

propõe-se o séc. III como cronologia para o mosaico.<br />

15


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Torre d’ Ares, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> mosaico bicolor com fauna<br />

marinha.<br />

Compartimento<br />

Tepidarium (sala B) das termas levantadas<br />

na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 8)<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. nº 18706.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> 62,5 x 57 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Destruído pelos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

6<br />

Estampa VII, 3 e 4<br />

Calcário: preto nas figuras e branco no fundo.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

36/dm 2, tesselas com 1,4 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A dimensão das tesselas revela que se trata <strong>de</strong><br />

um trabalho bastante grosseiro, embora se<br />

note alguma elegância no traçado da cabeça<br />

do peixe que se conserva. As figuras<br />

<strong>de</strong>lineadas a preto foram contornadas com um<br />

filete branco, antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>rem ao<br />

enchimento do fundo, um pouco em todos os<br />

sentidos.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem no fragmento que se conserva.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico foi objecto <strong>de</strong> restauro em 1988 na<br />

oficina <strong>de</strong> restauro do Museu Monográfico <strong>de</strong><br />

Conimbriga, sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C.<br />

Beloto, tendo sido montado sobre suporte <strong>de</strong><br />

resina epóxida. Algumas tesselas foram<br />

pontualmente substituídas.<br />

16


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Machado, 1970, p. 41; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 86; Machado, 1970, p. 41; ARA I, p. 219-280, fig. 238; Santos, 2005, p. 38-39;<br />

Nogales, 2003, nº 87, p. 285, fig. 82; Viegas, 2009, p. 279, fig. 43.<br />

Descrição<br />

No fragmento po<strong>de</strong> ver-se parte da cabeça <strong>de</strong> uma lula. Desta, vêem-se meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dois<br />

olhos circulares com tessela preta no centro, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> saem cinco tentáculos pretos cujas ventosas<br />

são representadas através <strong>de</strong> tesselas pretas triangulares. À direita, nada na sua direcção um peixe<br />

do qual se conserva unicamente a cabeça. É um peixe <strong>de</strong>senhado com filete preto, com pequena<br />

barbatana dorsal, dois opérculos representados por dois filetes pretos, e barbilhão no maxilar<br />

inferior. O olho é redondo com uma tessela preta incluída. A presença do barbilhão po<strong>de</strong> fazer<br />

pensar numa faneca. Mais acima, no lado esquerdo, ainda se vê parte da boca <strong>de</strong> um outro ser<br />

marinho, com boca afunilada, que não correspon<strong>de</strong> à anatomia da cabeça <strong>de</strong> um peixe e, por isso,<br />

se po<strong>de</strong> eventualmente atribuir a um anguiliforme do tipo moreia ou lampreia.<br />

Datação<br />

Os paralelos estilísticos e as características técnicas e artísticas do mosaico constituem<br />

argumentos a favor <strong>de</strong> uma datação <strong>de</strong>ntro do séc. II. Esta proposta encontra, ainda, fundamento na<br />

história da própria cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Balsa, uma vez que correspon<strong>de</strong> ao auge político-administrativo e<br />

económico da cida<strong>de</strong>.<br />

17


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Pedras d’ El-Rei, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Quatro fragmentos <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong><br />

octógonos <strong>de</strong>corados com fauna marinha.<br />

Compartimento<br />

Embora se <strong>de</strong>sconheça qualquer<br />

levantamento das estruturas postas a<br />

<strong>de</strong>scoberto por Estácio da Veiga, o tema do<br />

mosaico induz a pensar num triclinium.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MNA inv. nº 18684; 2. MNA inv. nº 18685;<br />

3. MNA inv. nº 18703; 4. MNA inv. nº 18749;<br />

5 e 6. MNA s/ nº inv. (reservas).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Conservam-se os seis fragmentos do MNA<br />

que permitem compreen<strong>de</strong>r o esquema e<br />

7<br />

Estampas VIII, IX e X<br />

sua bordadura: 1. 44,5 x 23 cm; 2. 1,10 m x<br />

60,5 cm; 3. 56,5 x 39,5 cm; 4. 85,5 x 49 cm; 5.<br />

9,2 x 5,7 cm; 6. 7,8 x 4,5 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Destruído pelos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

Mármore: branco com veios rosa velho na parte<br />

ventral do peixe; branco com veios cinzentos<br />

no interior da boca do peixe, extremida<strong>de</strong> do<br />

peixe incompleto do fragmento 4 e cabeça do<br />

peixe incompleto e extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outro peixe<br />

incompleto do fragmento 3; branco com veios<br />

acinzentados claros na parte do ventre do<br />

peixe incompleto do fragmento 4.<br />

Calcário: branco no fundo da composição;<br />

preto na trança, faixa <strong>de</strong> ligação aos muros,<br />

contorno dos peixes, linhas <strong>de</strong> representação<br />

da água sob os peixes e parra do fragmento 2;<br />

amarelo no cordão da trança, meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> flor e<br />

filete do caule do mesmo; ocre amarelo<br />

(amarelo torrado) no octógono e meta<strong>de</strong> da<br />

flor; bege acastanhado acinzentado nos<br />

octógonos, opérculo do peixe, parra e filete do<br />

caule do fragmento 2; vermelho escuro no<br />

cordão da trança e filete do caule do mesmo;<br />

bege acastanhado nas barbatanas dos peixes;<br />

vermelho rosado na parte ventral (barriga) do<br />

18


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

peixe; cinzento nas tesselas da cabeça do<br />

peixe do fragmento 4.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

131/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 8 a 9 mm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A montagem dos fragmentos permite<br />

compreen<strong>de</strong>r, em parte, a forma como se<br />

organizava o tapete. Embora se trate <strong>de</strong><br />

uma proposta cuja organização será sempre<br />

hipotética, uma vez que se trata <strong>de</strong> um<br />

esquema ortogonal, é possível <strong>de</strong>stacar<br />

algumas particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> execução. A<br />

realização do caule da ramagem <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira<br />

é singular na forma como o mosaísta<br />

combinou três cores, dando ao motivo um<br />

aspecto muito realista. Por outro lado, o<br />

tratamento da trança é também muito<br />

peculiar. Os fios apresentam-se muito<br />

apertados, aumentando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do<br />

entrançado <strong>de</strong> uma forma invulgar. A<br />

aplicação <strong>de</strong> uma moldura em faixa<br />

policromática é outra característica que<br />

merece <strong>de</strong>staque, já que comprime a<br />

composição, dando-lhe um ar muito pesado.<br />

Da colocação dos exemplares <strong>de</strong> fauna<br />

marinha, <strong>de</strong> que se conserva apenas um<br />

completo, parece notar-se uma certa<br />

Ilustração utilizada<br />

<strong>de</strong>slocação por falta <strong>de</strong> preparação prévia do<br />

espaço disponível. O peixe ficou com a cauda<br />

encostada à bordadura, sobrando espaço nos<br />

outros lados. Em relação às restantes figuras,<br />

não é possível fazer a mesma análise porque<br />

se encontram parcialmente <strong>de</strong>struídos.<br />

Também po<strong>de</strong>rá suscitar dúvida a orientação<br />

dos motivos nos octógonos. Na montagem<br />

seguiu-se o critério <strong>de</strong> uma orientação no<br />

mesmo sentido,<br />

Restauros antigos<br />

Possível restauro antigo na flor <strong>de</strong> quatro<br />

pétalas fuseladas com botão central circular do<br />

fragmento 4. No restauro não se conseguiu<br />

refazer o motivo correctamente.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os quatro fragmentos foram objecto <strong>de</strong><br />

restauro em 1988, na oficina <strong>de</strong> restauro do<br />

Museu Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga (C. Beloto),<br />

tendo-lhes sido retirada a moldura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

que apresentavam e tendo sido montados<br />

sobre suporte <strong>de</strong> resina epóxida.<br />

Nas fotos <strong>de</strong> arquivo do MNA po<strong>de</strong>m observar-<br />

se os caules ondulantes com as parras do<br />

fragmento B, antes <strong>de</strong> terem sido objecto <strong>de</strong><br />

restauro.<br />

Machado, 1970, p. 44-47; ARA II, fig. 330-333; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA<br />

2004.<br />

19


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 44-47; ARA, II, p. 307-317, fig. 330-333; Gorges, Villas, PS43, p. 483; Nogales,<br />

2003, nº 87, p. 265 (d), nº 88, p. 265 (b); Santos, 2005, p. 32-33 a) c) d); Viegas, 2009, p. 283, fig.<br />

48.<br />

Descrição<br />

Bordadura <strong>de</strong> folhagem <strong>de</strong> vinha da qual se conservam três caules ondulados rematados<br />

por folhas <strong>de</strong> parra com largura <strong>de</strong> 28 cm conservada apenas no fragmento 2. Os ramos ondulados<br />

são formados por dois filetes <strong>de</strong> tesselas [vermelho escuro e ocre amarelo], por vezes três filetes<br />

em que se acrescenta o cinzento-escuro às tonalida<strong>de</strong>s já referidas. As folhas são <strong>de</strong>senhadas com<br />

tesselas cinzentas. Segue-se faixa <strong>de</strong> tesselas pretas com 4 cm <strong>de</strong> largura e nova faixa <strong>de</strong> tesselas<br />

branca com 5 cm.<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes <strong>de</strong>terminando quadrados <strong>de</strong> tranças <strong>de</strong><br />

dois cabos policromáticas [branca, ocre amarelo, vermelho escuro e preto] sobre fundo negro com<br />

largura <strong>de</strong> 7 cm (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 164d). Os octógonos (com largura <strong>de</strong> 42 cm) incluem<br />

outros cinzentos ou ocre vermelho, alternadamente, em fundo branco, on<strong>de</strong> se encaixam outros<br />

octógonos formados por duplo filete preto. Como preenchimento encontram-se diferentes figurações<br />

<strong>de</strong> seres marinhos: peixes <strong>de</strong> diferentes morfologias, muito incompletos dada a dimensão dos<br />

fragmentos, sobre fundo branco. Nos quadrados inscrevem-se flores <strong>de</strong> quatro pétalas fuseladas e<br />

botão central circular (15,5 cm <strong>de</strong> lado) <strong>de</strong>senhadas com duas tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ocre amarelo escuro<br />

e mais claro, sobre fundo branco. Cada pétala foi dividida em duas, no sentido longitudinal, cada um<br />

<strong>de</strong>les preenchido com um dos tons <strong>de</strong> ocre amarelo claro e mais escuro, sugerindo zonas <strong>de</strong> claro e<br />

escuro.<br />

O fragmento 1 conserva parcialmente dois octógonos (um <strong>de</strong> moldura cinzenta e outro ocre<br />

amarelo). Apenas num <strong>de</strong>les se vê parte do corpo <strong>de</strong> um animal marinho <strong>de</strong>lineado com filete <strong>de</strong><br />

tesselas pretas e realizado com três tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cinzento. Parece correspon<strong>de</strong>r a um golfinho<br />

cuja cabeça e cauda estão <strong>de</strong>struídas. A um duplo filete superior <strong>de</strong> tesselas cinzento acastanhadas<br />

segue-se triplo filete <strong>de</strong> tesselas cinzentas <strong>de</strong> mármore com veios e finalmente um outro tom <strong>de</strong><br />

cinzento quase branco que se distingue da parte inferior do animal, branca da mesma cor que o<br />

fundo da composição. Na parte inferior do animal observam-se barbatanas pélvica e anal formadas<br />

por escassas três ou quatro tesselas formando filete que se <strong>de</strong>staca do corpo do animal, <strong>de</strong> cor<br />

vermelho escuro. Na parte superior do peixe, ainda antes da ondulação formada pela cauda, po<strong>de</strong><br />

20


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

ver-se também um pequeno filete <strong>de</strong> tesselas vermelho escuras (três tesselas) que representa a<br />

segunda barbatana dorsal.<br />

O fragmento 2 conserva apenas parte muito reduzida <strong>de</strong> três dos octógonos da<br />

composição, sem que tenham subsistido indícios da presença <strong>de</strong> fauna marinha.<br />

No fragmento 3 po<strong>de</strong> observar-se apenas parte do interior dos octógonos com figurações<br />

incompletas <strong>de</strong> peixes em dois casos. Possuímos a parte superior da cabeça <strong>de</strong> um peixe,<br />

<strong>de</strong>lineado por duplo filete <strong>de</strong> tesselas pretas, com o respectivo olho, idêntico ao <strong>de</strong>scrito para o<br />

peixe do fragmento 4. Um outro octógono, ocre amarelo, inclui outro animal marinho do qual apenas<br />

resta a cauda. Este animal teria o seu contorno <strong>de</strong>lineado por filete <strong>de</strong> tesselas pretas, tal como<br />

suce<strong>de</strong> com a cauda do animal no fragmento 4. Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> outro golfinho. O seu corpo<br />

realizado por duplo filete <strong>de</strong> tesselas <strong>de</strong> mármore com veios cinzentos e filete <strong>de</strong> tesselas cinzento<br />

acastanhadas e branco parece sustentar esta i<strong>de</strong>ntificação. O que aparenta ser a barbatana anal<br />

estaria representado por filete <strong>de</strong> quatro tesselas vermelho escuro e filete duplo <strong>de</strong> tesselas pretas.<br />

Paralelos ao ventre do animal, tal como suce<strong>de</strong> nos restantes casos, estão representados filetes <strong>de</strong><br />

tesselas pretas (dois simples e um duplo) que correspon<strong>de</strong>riam ao movimento da água.<br />

Apenas no fragmento 4 se vê um peixe completo (27,5 x 9,5 cm) no interior do octógono<br />

cinzento e preto, colocado na diagonal. O contorno superior do peixe foi <strong>de</strong>lineado por filete simples<br />

<strong>de</strong> tesselas vermelho escuro no dorso e preto no ventre. O corpo do peixe foi <strong>de</strong>senhado em tons<br />

<strong>de</strong> rosa escuro, nos dois terços superiores e rosa claro na parte inferior. Apesar da representação<br />

<strong>de</strong>ste animal ser bastante esquemática existem uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes dignos <strong>de</strong> menção. Assim, as<br />

duas barbanas dorsais são ocre amarelo. Igualmente na parte inferior do peixe encontram-se<br />

<strong>de</strong>senhadas as barbatanas pélvicas na mesma cor, mas sublinhadas a preto sugerindo o contacto<br />

com a água representada por linhas pretas. Na cabeça, vê-se o olho, formado por um semicírculo<br />

<strong>de</strong> tesselas negras que inclui tessela negra circular central em fundo branco. A boca, <strong>de</strong> forma<br />

circular sugerindo que se encontra aberta, foi <strong>de</strong>lineada por um filete <strong>de</strong> tesselas vermelhas escuras<br />

idênticas às do contorno superior do peixe e o seu interior foi preenchido com tesselas <strong>de</strong> mármore<br />

com veios cinzento azulado. O opérculo também foi representado com um filete simples ocre<br />

vermelho, colocado na vertical. Da boca ao olho, uma área cinzento claro completa o corpo do<br />

peixe. A cauda foi reduzida para po<strong>de</strong>r incluir-se no octógono.<br />

Sob o peixe encontram-se linhas paralelas <strong>de</strong> tesselas pretas com diferentes comprimentos<br />

que simulam o movimento da água. A primeira à frente da barbatana parte directamente da<br />

barbatana e cria a linha <strong>de</strong> água.<br />

21


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Outro octógono <strong>de</strong>ste fragmento <strong>de</strong> mosaico, amarelo e negro, apenas po<strong>de</strong>mos observar o<br />

que parece ser a extremida<strong>de</strong> das espirais da cauda <strong>de</strong> outro animal: um golfinho? Este é <strong>de</strong>lineado<br />

a preto (dois filetes na parte superior e apenas um na inferior), observando-se ainda a barbatana<br />

anal formada por dois filetes <strong>de</strong> tesselas vermelho escuro e negro. O que resta do corpo (a<br />

extremida<strong>de</strong> do animal) encontra-se preenchido com um duplo filete simples <strong>de</strong> tesselas brancas.<br />

Um filete <strong>de</strong> tesselas pretas que se encontraria sob o peixe e que <strong>de</strong>veria correspon<strong>de</strong>r à<br />

representação da água. Apenas neste fragmento não se observa a alternância correcta entre os<br />

octógonos cinzentos acastanhados e ocre amarelo.<br />

Neste fragmento, a florinha incluída no quadrado foi certamente objecto <strong>de</strong> restauro,<br />

possivelmente ainda na Antiguida<strong>de</strong>, pois o <strong>de</strong>senho das pétalas fuseladas não foi bem conseguido.<br />

De igual modo, a divisão <strong>de</strong> duas tonalida<strong>de</strong>s ocre amarelo mais claro e mais escuro não foi<br />

respeitada.<br />

Datação<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista estilístico, <strong>de</strong>signadamente no excesso <strong>de</strong>corativo, no recurso às faixas<br />

largas como segundas molduras em oposição <strong>de</strong> cores, assim como no estilo da fauna marinha,<br />

parece tratar-se <strong>de</strong> um mosaico do séc. IV. Embora resultante <strong>de</strong> um estudo preliminar, a proposta<br />

<strong>de</strong> uma cronologia no Baixo Império para a terra sigillata proveniente das escavações <strong>de</strong> M. e M.<br />

Maia em 1980, avaliza a ocupação das estruturas (Viegas, 2009, p. 283-284) e reforça a datação<br />

por critério estilístico apresentada para o mosaico.<br />

22


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta do Trinda<strong>de</strong>, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Opus tessellatum <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Proveniência <strong>de</strong>sconhecida.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA inv nº 15017B (contentor 1838, <strong>vol</strong>.<br />

IV).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

-<br />

Bibliografia<br />

Inédito 10 .<br />

Descrição<br />

Datação<br />

-<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Área conservada<br />

(?)<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

(?)<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

10 Embora o sítio seja incluído em ARA II, a autora não faz referência a mosaicos (cf. p. 326-332).<br />

(?)<br />

8<br />

23


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

S. Domingos <strong>de</strong> Asseca, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fragmento informe bicolor.<br />

Compartimento<br />

Trata-se <strong>de</strong> um achado avulso realizado por<br />

Estácio da Veiga. Desconhecem-se as<br />

estruturas arquitectónicas associadas.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. nº 18683.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> 31 x 24 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos levaram à remoção<br />

da camada <strong>de</strong> assentamento.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco, preto e rosa (?).<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

21/dm 2, tesselas com 2,5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

9<br />

Estampa XI<br />

Tratando-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> tão baixa, tudo<br />

leva a crer que se trate <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> remate<br />

à pare<strong>de</strong>, quiçá com uma ramagem <strong>de</strong> que se<br />

vê parte muito reduzida nas tesselas pretas<br />

contornadas por dois filetes brancos. No fundo,<br />

é evi<strong>de</strong>nte que algumas tesselas foram<br />

<strong>de</strong>slocadas aquando dos restauros, dando a<br />

impressão que estariam na origem colocadas<br />

em filetes paralelos.<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam no fragmento conservado.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico foi objecto <strong>de</strong> restauro em 1988 na<br />

oficina <strong>de</strong> restauro do Museu Monográfico <strong>de</strong><br />

Conimbriga, sob a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C.<br />

Beloto, tendo sido montado sobre suporte <strong>de</strong><br />

resina epóxida. Algumas tesselas <strong>de</strong>slocaram-<br />

se durante a execução <strong>de</strong> nova camada <strong>de</strong><br />

assentamento.<br />

24


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Machado, 1970, p. 48. Foto MNA 2005.<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 48; ARA II, p. 335, fig. 339; Gorges, Villas, PS44, p. 483.<br />

Descrição<br />

Opus tessellatum branco em quase toda a área do fragmento. Num dos lados da fractura,<br />

algumas tesselas rosa (?) e o contorno <strong>de</strong> dois filetes <strong>de</strong> tesselas brancas. Vêem-se ainda três<br />

tesselas pretas no contorno circular, muito calcinadas.<br />

Datação<br />

Na ausência <strong>de</strong> elementos arqueológicos, não é possível estabelecer-se datação <strong>de</strong> um<br />

fragmento sem <strong>de</strong>coração.<br />

25


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Marim, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Três pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído<br />

(tema figurativo);<br />

b) Pavimento intermédio: <strong>de</strong>struído<br />

(tema figurativo);<br />

c) Pavimento mais recente: dois<br />

fragmentos geométricos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento <strong>de</strong> função in<strong>de</strong>terminada do<br />

edifício assinalado na planta <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga nº 30B (planta 11).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

a) (?); b) (?); c) 1. MNA inv. nº 18692; 2.<br />

MNA inv. nº 18756.<br />

10<br />

Estampa XII<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

L. Chaves refere a existência dos três<br />

mosaicos, salientando que os dois mais antigos<br />

tinham “tesselas pequenas <strong>de</strong> cores ou<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> figuras” e o último ”tesselas<br />

brancas e azuis” (1936, p. 60). Depreen<strong>de</strong>-se<br />

que ainda restava algo dos pavimentos mais<br />

antigos, mas não é possível saber mais.<br />

Área conservada<br />

Dois fragmentos do pavimento c) 1. 57,5 x 32<br />

cm; 2. 47,5 x 34 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>struíram o suporte<br />

original.<br />

Materiais<br />

a) (?); b) (?); c) calcário: branco e preto.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

a) (?); b) (?); c) 20/dm 2, tesselas com 1,8 a 2<br />

cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A disposição das tesselas em filetes paralelos<br />

parece indicar que se trata <strong>de</strong> um fragmento <strong>de</strong><br />

bordadura e respectiva faixa <strong>de</strong> remate.<br />

26


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados<br />

do pavimento c).<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os diferentes fragmentos foram objecto <strong>de</strong><br />

restauro em 1988, na oficina <strong>de</strong> restauro do<br />

Museu Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga (C. Beloto),<br />

tendo sido montados sobre suporte <strong>de</strong> resina<br />

epóxida.<br />

Machado, 1970, p. 39-40; ARA II, fig. 315 (18692). Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto<br />

MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 59-60; Machado, 1970, p. 39-40; ARA II, p. 271, fig. 315.<br />

Descrição<br />

tapete.<br />

21e).<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Pavimento intermédio<br />

Destruído.<br />

c) Pavimento mais recente<br />

Datação<br />

Fragmento 1<br />

Apresenta filete duplo preto em fundo branco e parece correspon<strong>de</strong>r à bordadura <strong>de</strong> um<br />

Fragmento 2<br />

Pertence a uma bordadura em linha <strong>de</strong> fusos tangentes, em fundo preto (cf. Le Décor I,<br />

As linhas <strong>de</strong> fusos documentam-se sobretudo em pavimentos tardios na Hispânia, pelo que<br />

é <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar uma datação nesse período para o mosaico mais recente c), quiçá séc. IV.<br />

27


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Marim, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Três fragmentos <strong>de</strong> uma composição<br />

geométrica.<br />

Compartimento<br />

Local in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> um dos dois<br />

edifícios adjacentes assinalados planta <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga nº 30C (1877-1878):<br />

templos/santuários (ARA II, p. 270) ou<br />

mausoléus (Graen, 2005b).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MNA, inv. nº 18688; 2. MNA, inv. nº<br />

18698; 3. MNA, inv. nº 18705.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Três fragmentos: 1. 47 x 34 cm; 2. 55,5 x 42<br />

cm; 3. 42 x 31,5 cm;<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

11<br />

Estampa XIV<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos levaram à remoção das<br />

camadas <strong>de</strong> assentamento originais.<br />

Materiais<br />

Mármore: rosa e branco no fundo e na trança;<br />

calcário: branco no fundo; cinzento-escuro nos<br />

filetes e trança; ocre amarelo acastanhado e<br />

rosa na trança.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

133/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 7 a 8 mm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os três fragmentos possuem características<br />

técnicas e uma paleta <strong>de</strong> cores idênticas, no<br />

entanto, os motivos são diferentes e, por isso, é<br />

difícil compreen<strong>de</strong>r a composição a que<br />

pertenceram e a respectiva estratégia <strong>de</strong><br />

execução.<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os diferentes fragmentos foram objecto <strong>de</strong><br />

restauro em 1988, na oficina <strong>de</strong> restauro do<br />

Museu Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga (C. Beloto),<br />

28


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

tendo sido montados sobre suporte <strong>de</strong><br />

resina epóxida.<br />

Ilustração utilizada<br />

Machado, 1970, p. 36-38; ARA II, fig. 310, 313 e 314; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto<br />

MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 36-38; ARA II, p. 270-271, fig. 310, 313 e 314; Gorges, Villas, PS39, p. 482;<br />

Santos, 2005, p. 34-35; Graen, 2005b, p. 263 e 268, fig. 14-18.<br />

Descrição<br />

Fragmento 1<br />

Ângulo <strong>de</strong> uma bordadura <strong>de</strong> trança <strong>de</strong> dois fios policromática [rosa velho, ocre amarelo,<br />

branco, cinzento escuro] (com 12,5 a 13 cm <strong>de</strong> largura) emoldurando eventualmente uma<br />

composição. Losango formado por filete duplo <strong>de</strong> tesselas cinzentas escuras com altura <strong>de</strong> 28 x 22<br />

cm, incluindo outro losango <strong>de</strong>lineado cinzento-escuro com o interior preenchido a rosa. Na zona <strong>de</strong><br />

fractura, po<strong>de</strong> ainda ver-se o arranque <strong>de</strong> um triângulo <strong>de</strong>senhado com filete cinzento-escuro com<br />

interior a amarelo ocre.<br />

Fragmento 2<br />

Círculo formado por trança policromática idêntica à do fragmento 1, com diâmetro exterior<br />

<strong>de</strong> 80 cm. O círculo inclui um quadrado <strong>de</strong>senhado com trança idêntica (com 12,5 cm <strong>de</strong> lado). No<br />

espaço residual, uma secção <strong>de</strong> círculo rosa escuro sobre fundo branco. Nos dois restantes lados o<br />

preenchimento <strong>de</strong>via ser diferente uma vez que se vê ainda, em cada um <strong>de</strong>sses lados, um filete<br />

ocre amarelo tangente ao círculo exterior, contrariamente ao que acontece à secção <strong>de</strong> círculo rosa.<br />

O quadrado em trança (com 37,5 a 38 cm <strong>de</strong> lado) inclui outro, <strong>de</strong>senhado com filete preto<br />

(8 cm <strong>de</strong> lado) com enchimento ocre amarelo.<br />

Fragmento 3<br />

Conserva-se parcialmente um lado da composição em trança policromática [rosa velho,<br />

ocre amarelo, branco, cinzento escuro]. O outro lado conserva ainda um filete duplo preto. O motivo<br />

principal é constituído por um segmento <strong>de</strong> círculo com a mesma trança e o mesmo diâmetro do<br />

29


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

fragmento 2. O círculo divi<strong>de</strong>-se ao meio com trança. No interior do semicírculo branco po<strong>de</strong> ver-se<br />

um pequeno semicírculo <strong>de</strong>lineado a preto e preenchido a ocre amarelo. Não parece tratar-se da<br />

mesma <strong>de</strong>coração na secção oposta. Com efeito, a trança parece invadir essa área.<br />

O espaço em cantoneira é preenchido com um triângulo <strong>de</strong>senhado a filete preto e<br />

preenchido a rosa escuro.<br />

Datação<br />

D. Graen datou a construção do edifício maior, com absi<strong>de</strong>, da segunda meta<strong>de</strong> do séc. III a<br />

inícios do séc. IV (2005a, p. 264) e o edifício anexo, menor, <strong>de</strong> fins do séc. II a inícios do séc. III<br />

(2003, p. 79). Tendo em conta que não há elementos suficientes que permitam atribuir os<br />

fragmentos a um ou a outro edifício, as cronologias apresentadas com base em critérios<br />

arqueológicos po<strong>de</strong>m ajudar a esclarecer alguns pontos. Efectivamente, os fragmentos apresentam<br />

características estilísticas dos séc. III-IV, sendo muito improvável a sua execução no edifício mais<br />

antigo. Enquadram-se, pelo contrário, na cronologia proposta para o edifício mais tardio – segunda<br />

meta<strong>de</strong> do séc. III. No entanto, é ao primeiro que D. Graen atribui os fragmentos com base numa<br />

camada <strong>de</strong> assentamento e nos restos <strong>de</strong> tesselas que encontrou (Graen, 2005b, p. 268), mas<br />

também encontrou fragmentos <strong>de</strong> mosaicos em camadas re<strong>vol</strong>vidas do segundo (id., p. 263), facto<br />

que reforça a proposta <strong>de</strong> datação nos meados do séc. III.<br />

30


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Marim, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois fragmentos <strong>de</strong> uma composição<br />

geométrica.<br />

Compartimento<br />

Local in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> um dos dois<br />

edifícios adjacentes assinalados planta <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga nº 30C (planta 12):<br />

templos/santuários (ARA II, p. 270) ou<br />

mausoléus (Graen, 2005b).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MNA: inv. nº 18702; 2. MNA: inv. nº<br />

18748.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Dois fragmentos: 1. 52 x 49 cm; 2. 51,5 x<br />

44,5 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

12<br />

Estampa XV<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos levaram à remoção das<br />

camadas <strong>de</strong> assentamento originais.<br />

Materiais<br />

Mármore: rosa e branco no fundo e na trança;<br />

calcário: branco no fundo; cinzento-escuro nos<br />

filetes e trança; ocre amarelo acastanhado e<br />

rosa na trança.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

70/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 1,2 a 1,3 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os dois fragmentos possuem características<br />

técnicas e uma paleta <strong>de</strong> cores idênticas, no<br />

entanto, os motivos são diferentes e, por isso, é<br />

difícil compreen<strong>de</strong>r a composição a que<br />

pertenceram e a respectiva estratégia <strong>de</strong><br />

execução.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os diferentes fragmentos foram objecto <strong>de</strong><br />

restauro em 1988, na oficina <strong>de</strong> restauro do<br />

Museu Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga (C. Beloto),<br />

tendo sido montados sobre suporte <strong>de</strong> resina<br />

epóxida.<br />

31


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Machado, 1970, p. 34-35; ARA, II, fig. 311 e 312; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto<br />

MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 34-35; ARA II, p. 270, fig. 311-312; Santos, 2005, p. 34-36.<br />

Descrição<br />

Fragmento 1<br />

Faixa branca com largura máxima <strong>de</strong> 5 cm e trança policromática [rosa velho, amarelo ocre,<br />

branco e cinzento escuro] sobre fundo cinzento-escuro (12,5 cm <strong>de</strong> largura). Um filete simples preto<br />

perpendicular à trança marca o limite do painel. Um filete duplo branco marca o arranque <strong>de</strong>sse<br />

segundo painel. Do esquema, po<strong>de</strong> ver-se um quadrado formado por trança idêntica à <strong>de</strong>scrita (13<br />

cm <strong>de</strong> largura), colocado sobre o vértice (60 cm <strong>de</strong> lado). Este quadrado inclui outro, formado por<br />

filete preto com um nó <strong>de</strong> Salomão, incompleto, no centro. O espaço residual triangular inclui um<br />

triângulo ocre amarelo.<br />

No ângulo do painel, em cantoneira, vê-se um triângulo <strong>de</strong>senhado a filete preto (base <strong>de</strong><br />

40 cm e lados com 28,5 cm), incluindo um triângulo rosa escuro <strong>de</strong> três filetes <strong>de</strong> tesselas (base <strong>de</strong><br />

29 cm e lados com 20 cm) em fundo branco.<br />

Fragmento 2<br />

Da faixa <strong>de</strong> ligação aos muros resta uma faixa <strong>de</strong> quatro tesselas. Um filete preto simples<br />

assinala o limite do painel, como no fragmento 1., ao qual se segue filete branco simples e trança<br />

policromática idêntica à do fragmento 1. Segue-se uma linha <strong>de</strong> triângulos alternadamente opostos<br />

idênticos ao triângulo em cantoneira do fragmento 1 (27,5 cm na base x 18,5cm).<br />

Datação<br />

Meados do séc. III (vi<strong>de</strong> nº 11).<br />

32


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Torrejão Velho, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois fragmentos com bordadura em trança.<br />

Compartimento<br />

Compartimento in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> umas<br />

termas levantadas por Estácio da Veiga<br />

(planta 15).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MNA, inv. nº 18691; 2. MNA, inv. nº<br />

18753.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Dois fragmentos: 1. 50,5 x 52,5 cm; 2. 66,5<br />

x 43 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

13<br />

Estampa XVI<br />

As camadas <strong>de</strong> assentamento foram <strong>de</strong>struídas<br />

pelos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco, preto, ocre amarelo e rosa<br />

escuro.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

76/dm 2 , tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Embora só se tenha conservado parte muito<br />

reduzida da bordadura e faixa <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ver-se que a execução é muito<br />

cuidada pois as tesselas são <strong>de</strong> bom corte e<br />

bem colocadas. Na faixa <strong>de</strong> remate,<br />

i<strong>de</strong>ntificam-se muito bem os dois sentidos na<br />

colocação das tesselas. No lado menor, os<br />

filetes foram colocados paralelamente à<br />

pare<strong>de</strong>, enquanto no lado mais comprido, cerca<br />

<strong>de</strong> dois terços encontram-se colocados na<br />

perpendicular ao tapete e um terço na<br />

horizontal. De qualquer forma, nota-se que<br />

seria uma área exposta visualmente tendo em<br />

conta o cuidado com que a realizaram.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados.<br />

33


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos foram objecto <strong>de</strong> restauro<br />

em 1988 na oficina <strong>de</strong> restauro do Museu<br />

Monográfico <strong>de</strong> Conimbriga, sob a<br />

Ilustração utilizada<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C. Beloto, tendo sido<br />

montados sobre suporte <strong>de</strong> resina epóxida.<br />

Machado, 1970, p.33 e 42; ARA II, fig. 295; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA<br />

2004.<br />

Bibliografia<br />

Machado, 1970, p. 33 e 42; ARA II, p. 244-246, fig. 294-295.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> ligação aos muros com quadradinhos <strong>de</strong>nteados rosa velho com tessela preta<br />

central em fundo branco com semis <strong>de</strong> tesselas ocre amarelo escuro (largura conservada: 28 cm no<br />

fragmento 1). Segue-se filete duplo preto, filete triplo branco.<br />

Bordadura com trança <strong>de</strong> dois cordões policromática [ocre amarelo e rosa velho, branco]<br />

sobre fundo preto (largura máxima conservada: 13 cm).<br />

Datação<br />

O tratamento policromático po<strong>de</strong> servir a estabelecer um terminus post quem nos inícios do<br />

séc. III, não sendo possível atribuir uma datação precisa unicamente com base num motivo cuja<br />

divulgação é muito ampla.<br />

34


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 70.<br />

Tema<br />

Quatro paineís <strong>de</strong>snivelados <strong>de</strong> opus<br />

tessellatum:<br />

Painel A (nível da entrada exterior), painel<br />

principal: <strong>de</strong>struído (?);<br />

Painel B (nível do primeiro <strong>de</strong>grau), painel<br />

principal: <strong>de</strong>struído;<br />

Painel C (nível do primeiro <strong>de</strong>grau), painel<br />

este com uma linha <strong>de</strong> ondas em oposição<br />

<strong>de</strong> três cores;<br />

Painel D (nível do segundo <strong>de</strong>grau), painel<br />

principal: <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Sector A2, compartimento a: vestibulum<br />

arquitectonicamente organizado em três<br />

patamares pavimentados com opus<br />

tessellatum (planta 19). Os painéis A, B e D<br />

estão totalmente <strong>de</strong>struídos. O painel C<br />

reveste um pequeno espaço rectangular<br />

situado no lado direito da entrada na casa, à<br />

cota do primeiro <strong>de</strong>grau, encontrando-se in<br />

situ.<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,18 O-E x 7,04 N-S m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

14<br />

Estampas XVIII, XIX e XX<br />

A: 2,80 x 2,24 m; B: 2,40 x 1,32 m; C: 3,01 x<br />

1,10 m; D: 2,40 x 2,80 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Os paineís A, B e D estão <strong>de</strong>struídos e o painel<br />

C foi recolocado na posição original após<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Nem na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 16),<br />

nem na <strong>de</strong> 1950 reproduzida por T. Hauschild<br />

(1984-1988, fig. 7), a zona se encontra<br />

claramente <strong>de</strong>finida. Já, na planta <strong>de</strong> 1962 (id.,<br />

fig. 6) é apenas o nicho este que não se<br />

encontra representado, estando perfeitamente<br />

<strong>de</strong>finida a restante área do vestíbulo,<br />

inclusivamente o local do mosaico. T.<br />

Hauschild reescavou esta zona na década <strong>de</strong><br />

70 (1980, p. 209, fig. 13, corte IX; 1984-1988,<br />

p. 97) e, no <strong>de</strong>senho e na foto que publica, o<br />

painel C é mais completo do que actualmente<br />

(cf. Hauschild, 1980, fig. 13; Hauschild, 1984,<br />

fig. 6, respectivamente). É possível i<strong>de</strong>ntificar,<br />

apesar da <strong>de</strong>struição que evi<strong>de</strong>ncia, dois<br />

painéis rectangulares adjacentes cobrindo todo<br />

o espaço até à absi<strong>de</strong>-fonte. A <strong>de</strong>coração<br />

central do painel sul encontra-se hoje<br />

totalmente <strong>de</strong>struída, quiçá <strong>de</strong>vido também aos<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos efectuados, e é portanto<br />

35


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

no citado <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> T. Hauschild que se<br />

po<strong>de</strong>m colher informações. Aí po<strong>de</strong> ver-se<br />

outro fragmento com uma pelta quase<br />

completa e ainda parte <strong>de</strong> uma segunda,<br />

sugerindo uma composição <strong>de</strong> peltas<br />

erguidas e <strong>de</strong>itada. Uma área muito<br />

diminuta <strong>de</strong> uma trança completa a<br />

<strong>de</strong>coração. Aparentemente, este fragmento<br />

está <strong>de</strong>slocado do seu local original, não se<br />

conhecendo aqui outro mosaico que<br />

apresente o mesmo esquema. Po<strong>de</strong>rá<br />

eventualmente tratar-se <strong>de</strong> um restauro<br />

antigo ou então ser um fragmento<br />

<strong>de</strong>slocado do painel anexo (B).<br />

Actualmente, apenas se po<strong>de</strong> ver no lado<br />

sudoeste um pequeno fragmento com<br />

tesselas brancas dispostas em escamas e<br />

algumas tesselas pretas que não permitem<br />

nenhuma i<strong>de</strong>ntificação, mas que pertencem<br />

certamente ao fragmento reproduzido no<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> T. Hauschild (1980, fig. 13).<br />

Área conservada<br />

Conserva-se uma pequena área do painel<br />

C, a norte, assim como parte da bordadura,<br />

a este. Junto à pare<strong>de</strong> oeste, no mesmo<br />

nível, ainda subsiste um pequeno fragmento<br />

<strong>de</strong> mosaico (17 x 7 cm) constituído por<br />

tesselas brancas <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1 cm <strong>de</strong> lado,<br />

que comprova a existência <strong>de</strong> opus<br />

tessellatum em toda a área do primeiro<br />

nível. No <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> T. Hauschild (1980,<br />

fig. 13) po<strong>de</strong>m ver-se, nesse lado este, dois<br />

fragmentos sem <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> motivos que<br />

correspon<strong>de</strong>m aos que acima se indicaram. O<br />

resto do mosaico está praticamente todo<br />

<strong>de</strong>struído.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

O assentamento sobre cimento mo<strong>de</strong>rno do<br />

painel C <strong>de</strong>struiu certamente o leito antigo do<br />

mosaico.<br />

Materiais<br />

A: (?); B: (?); C: calcário branco creme para o<br />

fundo; preto, castanho acinzentado, cinzento<br />

claro, ocre amarelo escuro, amarelo, ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona, ver<strong>de</strong>-azeitona claro, rosa-salmão,<br />

rosa pálido e vermelho escuro para a trança na<br />

bordadura e na linha <strong>de</strong> ondas; D: (?).<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

A: (?); B: (?); C: bordadura: 100 /dm 2 até à<br />

trança, inclusive, com tesselas <strong>de</strong> 1,2 cm <strong>de</strong><br />

lado, campo: 124 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 7 mm<br />

a 1 cm; D: (?).<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O painel C foi mal centrado em relação ao<br />

espaço disponível, tendo sido certamente um<br />

artesão menos habilidoso que realizou as<br />

faixas <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com tesselas <strong>de</strong><br />

maiores dimensões. Na bordadura em trança,<br />

obteve algum contraste ao combinar filetes <strong>de</strong><br />

tesselas maiores e menores. Junto à pare<strong>de</strong><br />

este, o <strong>de</strong>sajuste foi compensado com a<br />

36


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

realização <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> florinhas. A linha<br />

<strong>de</strong> ondas foi correctamente centrada e, quer<br />

a dimensão das tesselas, quer a<br />

combinação cromática, revelam uma certa<br />

preocupação estética. O dégradé <strong>de</strong> cores<br />

nas ondas foi conseguido com alguma<br />

qualida<strong>de</strong>, mesmo com a inserção <strong>de</strong><br />

tesselas <strong>de</strong> maiores dimensões nas cores<br />

mais escuras (ocre amarelo escuro e<br />

vermelho escuro), para lhes acentuar o tom.<br />

Restauros antigos<br />

Não há certezas quanto à i<strong>de</strong>ntificação do<br />

pequeno fragmento que parece fora do sítio<br />

original no painel C, mas po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong><br />

um restauro antigo que hoje nos parece<br />

Ilustração utilizada<br />

<strong>de</strong>scontextualizado. A su<strong>de</strong>ste do mesmo<br />

painel, uma pequeníssima área <strong>de</strong> bordadura,<br />

com duas florinhas em tesselas menores (cerca<br />

<strong>de</strong> 8 mm <strong>de</strong> lado), leva-nos a supor que se<br />

trata também <strong>de</strong> um restauro antigo.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> restauro do painel C foram da<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C. Beloto que levantou e<br />

recolocou, no Outono <strong>de</strong> 1987, o pavimento no<br />

lugar original (Hauschild, Relatório, 1987, p. 1).<br />

Cerca <strong>de</strong> 2/3 do tapete está assente em placa<br />

<strong>de</strong> cimento e foi consolidado com argamassa.<br />

Aqui e ali foram colocadas tesselas a rematar<br />

lacunas.<br />

C: Hauschild, 1980, fig. 13, est. 53. Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002).<br />

Clichés MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 28; Hauschild, 1980, p. 209-210; Teichner, 2008, A1 e A2, p.<br />

124, fig. 46, est. 13B e 14C.<br />

Descrição<br />

Painel A e B<br />

Destruídos.<br />

Painel C<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (4,5 cm a norte e oeste; 4 cm a este); filete preto simples<br />

a norte e oeste; faixa branca (7,5 cm) com linha <strong>de</strong> florinhas pretas em cruz diagonal não contíguas,<br />

37


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

irregularmente equidistantes <strong>de</strong> 7 cm a este (cf. Le Décor I, 4j); filete preto simples; faixa branca (7<br />

cm).<br />

Bordadura <strong>de</strong> um painel rectangular <strong>de</strong>terminando dois espaços rectangulares, <strong>de</strong>limitados<br />

com trança <strong>de</strong> dois cordões policromáticos [preto, branco, cinzento claro/ver<strong>de</strong>-azeitona claro, rosa-<br />

salmão/vermelho escuro, ocre amarelo escuro/amarelo claro] irregular na largura (14 cm a norte, 15<br />

cm a oeste, 19 cm a este). Faixa branca (6 cm).<br />

Conserva-se a porção norte <strong>de</strong> um dos espaços rectangulares (28 cm máx. conservado x 26,5<br />

cm), <strong>de</strong>senhado a filete preto, com linha <strong>de</strong> ondas policromáticas [dégradé <strong>de</strong> dois a três filetes<br />

vermelho escuro, oito rosa-salmão, nove rosa pálido, um branco em oposição a dégradé <strong>de</strong> quatro<br />

filetes ocre amarelo escuro, onze ver<strong>de</strong>-azeitona claro, seis branco creme] com sinusói<strong>de</strong> simples<br />

preta e filete <strong>de</strong>nticulado ocre amarelo escuro/branco na união branco/amarelo da onda (cf. variante<br />

<strong>de</strong> Le Décor I, 60d).<br />

Datação<br />

Painel D<br />

Destruído.<br />

Estilisticamente, o painel C data <strong>de</strong> época tardia, não só pela rica combinação cromática,<br />

mas também pela presença do filete <strong>de</strong>nticulado, indícios que nos levam a colocar o mosaico no<br />

<strong>de</strong>curso do séc. IV.<br />

Arqueologicamente, o pavimento correspon<strong>de</strong> ao período das remo<strong>de</strong>lações nesta zona da<br />

casa que viu dois nichos semicirculares opostos adornarem a sua entrada, coadunando-se<br />

perfeitamente o estudo estilístico com a interpretação e datação <strong>de</strong>ste espaço (cf. Hauschild, 1980,<br />

p. 209-210; Teichner, 2008, p. 118-119: fase F, <strong>de</strong> meados do séc. IV). Embora <strong>de</strong>struídos, os<br />

painéis A, B e D teriam sido certamente colocados na mesma época das remo<strong>de</strong>lações.<br />

38


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Composição centrada com estrela <strong>de</strong> oito<br />

losangos e quatro kantharoi em cantoneira.<br />

Compartimento<br />

Sector A2, compartimento g: compartimento<br />

que estabelecia a ligação entre a entrada na<br />

residência e o peristilo na sua última fase<br />

(planta 19).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,50 x 3,50 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Mosaico documentado através <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>senho da colecção <strong>de</strong> Estácio da Veiga<br />

(est. XXII). Não existem referências às<br />

dimensões do mosaico no <strong>de</strong>senho, sendo<br />

<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar como prováveis as mesmas<br />

do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Desconhece-se o para<strong>de</strong>iro do mosaico<br />

documentado apenas através <strong>de</strong> uma<br />

aguarela <strong>de</strong> Estácio da Veiga (MNA, EV,<br />

Cx. 1, Capa 8, nº 27).<br />

15<br />

Estampas XXI e XXII<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A aguarela sobre cartão, da autoria <strong>de</strong> J. F.<br />

Tavares Bello, é o documento mais completo<br />

disponível sobre o mosaico no momento da sua<br />

<strong>de</strong>scoberta (est. XXII). Embora não tenha<br />

concluído o tratamento dos <strong>de</strong>talhes, o que<br />

confere ao mesmo um aspecto <strong>de</strong> esboço, é<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar perfeitamente a<br />

composição. Duas fotografias <strong>de</strong> X. Meirelles,<br />

da colecção do MNA, completam a<br />

documentação do séc. XIX (est. XXI). Uma<br />

mostra cerca <strong>de</strong> um quarto da composição,<br />

bem conservada, com um dos kantharoi e três<br />

meandros <strong>de</strong> suástica. A outra apresenta um<br />

pormenor do kantharus e bordaduras<br />

exteriores, vendo-se apenas parte da trança do<br />

medalhão central e o arranque do meandro <strong>de</strong><br />

suásticas.<br />

O <strong>de</strong>senho correspon<strong>de</strong> a um cartão com 39,9<br />

x 32 cm, i<strong>de</strong>ntificado com o nº 25I, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

ver-se cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da sua área central<br />

<strong>de</strong>struída, conservando-se a trança que<br />

<strong>de</strong>senha o medalhão, bem como os quatro<br />

kantharoi em cantoneira. A bordadura não foi<br />

reproduzida no <strong>de</strong>senho, mas é perceptível nas<br />

fotografias antigas que, apesar dos numerosos<br />

retoques, registam no seu canto superior direito<br />

uma linha <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> peltas com ápice<br />

<strong>de</strong>corado com meia florinha geométrica.<br />

Confrontando os documentos, po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar-<br />

39


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

se a área do mosaico que foi fotografada e<br />

que correspon<strong>de</strong> àquela que melhor se<br />

preservada.<br />

Uma observação atenta aos documentos<br />

citados permitem assinalar alguns aspectos<br />

que revelam, no entanto, uma fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong><br />

duvidosa do <strong>de</strong>senho em relação à<br />

fotografia. Em jeito <strong>de</strong> nota prévia, convém<br />

recordar que as fotografias, tal como as<br />

restantes da colecção, foram muito<br />

retocadas com pintas brancas, avivando os<br />

traços da composição, <strong>de</strong>signadamente as<br />

tranças e o fundo branco. Apesar <strong>de</strong><br />

ilustrarem parcialmente o mosaico, não há<br />

como duvidar da posição dos motivos nas<br />

fotografias, mesmo que os retoques tenham<br />

adulterado alguns <strong>de</strong>les. É o caso, por<br />

exemplo, do pé do kantharus que<br />

<strong>de</strong>sapareceu na fotografia geral e se<br />

reproduz no <strong>de</strong>senho e na fotografia <strong>de</strong><br />

pormenor. Assim, e tendo em conta que<br />

i<strong>de</strong>ntifica bem a parte do <strong>de</strong>senho ilustrada<br />

na fotografia, neste caso, o quarto inferior<br />

direito do <strong>de</strong>senho, na posição da ilustração<br />

actualmente apresentada, verificamos um<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sajuste na orientação do<br />

medalhão central em relação ao kantharus.<br />

A secção <strong>de</strong> círculo preto situada entre os<br />

dois kantharoi no <strong>de</strong>senho está, na<br />

realida<strong>de</strong>, em posição frontal a dois <strong>de</strong>sses<br />

kantharoi. É interessante verificar ainda que<br />

o <strong>de</strong>senhador não respeitou o erro do<br />

mosaísta na realização das asas do<br />

kantharus. A asa do lado direito é um S<br />

perfeito, obe<strong>de</strong>cendo aos cânones, enquanto a<br />

asa esquerda, que foi reproduzida no <strong>de</strong>senho,<br />

é representada com um 3 invertido. As<br />

folhagens que brotam dos kantharoi,<br />

representadas com três cores no <strong>de</strong>senho, têm<br />

na realida<strong>de</strong> quatro tonalida<strong>de</strong>s diferentes que<br />

se adivinham na fotografia <strong>de</strong> pormenor através<br />

da gradação <strong>de</strong> escuros e claros. Certo é que<br />

estes pormenores não retiram, nem a um nem<br />

a outro documento, a sua mais-valia, <strong>de</strong>vendo<br />

ser utilizados nos aspectos que maior<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m dar do que seria o mosaico<br />

original.<br />

O mosaico <strong>de</strong>via encontrar-se já bastante<br />

<strong>de</strong>struído no momento em que foi <strong>de</strong>senhado<br />

pois gran<strong>de</strong> parte da área central já não é<br />

ilustrada.<br />

Área conservada<br />

Não subsistirem quaisquer vestígios <strong>de</strong> opus<br />

tessellatum neste compartimento.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?).<br />

Materiais<br />

Desconhecidos. É admissível que as cores<br />

aguareladas aplicadas no <strong>de</strong>senho<br />

procurassem aproximar-se do tapete original:<br />

preto e branco, vermelho na trança, ocre nos<br />

losangos; kantharus e respectiva folhagem<br />

realizados a preto, branco, vermelho, ocre<br />

40


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

amarelo e cinzento-escuro. Estas cores<br />

encontram correspondência na tabela <strong>de</strong><br />

cores estabelecida para outros mosaicos in<br />

situ <strong>de</strong> Milreu (cf. tab. 11)<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?).<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os documentos disponíveis não são<br />

suficientemente esclarecedores. Verificam-<br />

Ilustração utilizada<br />

se várias discrepâncias na representação do<br />

mosaico (cf. Área visível no momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta).<br />

Restauros antigos<br />

(?).<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Aguarela <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello in Veiga, 1877-1878, nº 25I (MNA, EV, Cx. 1, Capa 8, nº 27). Uma<br />

fotografia <strong>de</strong> pormenor <strong>de</strong> um dos ângulos do mosaico publicado in ARA II, fig. 280 e uma foto <strong>de</strong><br />

pormenor da colecção pessoal <strong>de</strong> Estácio da Veiga, no MNA, inédita.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 28a; Chaves, 1936, p. 60; ARA II, nº 8, p. 207; Machado,<br />

1970, p. 341; Oliveira, 2007, p. 154-155, fig. 12; Teichner, 2008, A3, p. 125, fig. 46.<br />

Descrição<br />

(?).<br />

Numa fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles entrevê-se parcialmente uma linha <strong>de</strong> peltas que po<strong>de</strong>rá<br />

constituir a bordadura do tapete.<br />

Po<strong>de</strong> ver-se no <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello, realizado a lápis <strong>de</strong> grafite, uma moldura<br />

em trança <strong>de</strong> dois fios [vermelho, preto e branco] enquadrando uma composição centrada. No<br />

centro <strong>de</strong>ste quadrado (?), po<strong>de</strong> ver-se um medalhão circular, muito <strong>de</strong>struído, com meandro <strong>de</strong><br />

suástica em trança e losangos formando uma estrela <strong>de</strong> oito losangos (sem paralelos no Décor II).<br />

O meandro <strong>de</strong> suásticas contorna o motivo central. Os losangos são traçados a filete preto, com<br />

losango ocre incluído e respectivo enchimento branco. Nos espaços residuais são incluídas secções<br />

<strong>de</strong> círculos tratadas a preto.<br />

41


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Em cantoneira, quatro kantharoi com um tratamento policromático completam a <strong>de</strong>coração.<br />

Trata-se <strong>de</strong> vasos com duas asas, assentes em pés trapezoidais <strong>de</strong> lados côncavos, realizados a<br />

preto, vermelho, ocre e castanho. O pé é ocre, com um trapézio castanho incluído que lhe confere<br />

alguma <strong>vol</strong>umetria. O mesmo acontece no bojo, on<strong>de</strong> o fundo castanho é aligeirado com um<br />

tratamento ocre, <strong>de</strong> forma globular. As asas em chaveta, bem visíveis na foto antiga, são tratadas a<br />

vermelho no <strong>de</strong>senho. Na boca do vaso, <strong>de</strong> um conteúdo preto brotam duas folhagens laterais,<br />

simétricas, tratadas em filete tricolor [preto/ocre/vermelho simples].<br />

Datação<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista estilístico, é possível enquadrar este mosaico no séc. IV, tendo em conta<br />

o tratamento da onda <strong>de</strong> peltas e das suásticas em trança. Lamentavelmente, não dispomos <strong>de</strong><br />

dados arqueológicos que permitam corroborar, e afinar, esta proposta cronológica, que se sustenta<br />

unicamente em bases estilísticas. A datação proposta por F. Teichner para a Fase F (2008, p. 118-<br />

119), em meados do séc. IV, po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r à data <strong>de</strong> construção do mosaico.<br />

42


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 70.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> bordadura com onda <strong>de</strong><br />

peltas.<br />

Compartimento<br />

Sector A2, compartimento c: compartimento<br />

<strong>de</strong> funcionalida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>terminada, situado a<br />

oeste da entrada principal da residência<br />

(planta 19). Dotado <strong>de</strong> um nicho absidal a<br />

sul, possui dimensões apreciáveis, na última<br />

fase romana da casa. O solo em opus<br />

tessellatum revela um certo estatuto<br />

arquitectónico, mas não é possível<br />

assegurar-se que corresponda às estruturas<br />

mais tardias.<br />

Dimensões do compartimento<br />

8,63 x 4,12 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Muito difíceis <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, tendo em conta<br />

o pequeno fragmento conservado e as<br />

alterações arquitectónicas que o espaço<br />

sofreu.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

16<br />

Estampa XXIV<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A sala encontra-se perfeitamente <strong>de</strong>limitada na<br />

planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 16), mas<br />

não dispomos <strong>de</strong> informações sobre o<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> bordadura no ângulo nor<strong>de</strong>ste<br />

(1,27 x 0, 50 m) e uma faixa branca junto à<br />

pare<strong>de</strong> este (60 x 8 cm).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não existem lacunas que permitam essa leitura<br />

nos vestígios do suporte actualmente in situ.<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo, ocre amarelo e<br />

preto nas peltas e cinzento metalizado na faixa<br />

<strong>de</strong> remate.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64 /dm 2, tesselas com cerca <strong>de</strong> 1,2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Para compensar a irregularida<strong>de</strong> da faixa <strong>de</strong><br />

remate à pare<strong>de</strong>, o mosaísta colocou as<br />

tesselas em linhas perpendiculares à mesma, à<br />

excepção das últimas duas fiadas que realizou<br />

junto ao filete preto duplo do campo. No fundo<br />

43


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

branco da bordadura, não houve critério, o<br />

sentido varia indiscriminadamente.<br />

Restauros antigos<br />

Po<strong>de</strong>mos ver um restauro numa área a<br />

oeste, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 24 x 12 cm, com tesselas<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento à escala 1/1 MSP 2002. Fotos MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

brancas sobre a pelta ocre amarelo e, no eixo<br />

da pelta preta, contra o filete, com algumas<br />

tesselas rosas.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem no fragmento que se conservou.<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 32; Teichner, 2008, A7, p. 128-129, fig. 50.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> (20 cm a este e 17 cm a norte) com tesselas cinzento metalizado,<br />

branco e sombra natural, em linhas irregulares. No fragmento da pare<strong>de</strong> este, a faixa é branca.<br />

Filete duplo preto. Bordadura <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> peltas, ora ocre amarelo, ora preto (36 cm <strong>de</strong><br />

largura, numa extensão conservada <strong>de</strong> 30 cm) (cf. Le Décor I, variante 58a). As peltas estão<br />

incompletas, mas reconhecem-se três exemplares.<br />

Datação<br />

Em primeiro lugar, as observações ao nível da arquitectura permitem atribuir o mosaico à<br />

mesma fase da soleira, ou seja, uma época anterior às remo<strong>de</strong>lações do séc. IV. Em segundo lugar,<br />

a simplicida<strong>de</strong> no tratamento da pelta, recordando os seus mo<strong>de</strong>los mais antigos, e a proximida<strong>de</strong><br />

com a paleta <strong>de</strong> cores do nº 17, induzem a uma datação na mesma faixa cronológica: primeira<br />

meta<strong>de</strong> do séc. III, em consonância com a fase arquitectónica <strong>de</strong>finida por F. Teichner (2008, fase<br />

D, p. 118-119).<br />

44


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, Anos 70.<br />

Tema<br />

Fragmentos <strong>de</strong> uma composição ortogonal<br />

<strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> oito losangos acantoadas <strong>de</strong><br />

quadrados.<br />

Compartimento<br />

Sector A2, compartimento i: primeiro<br />

compartimento a este da entrada principal<br />

da residência, um cubiculum (planta 19).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,15 x 3,07 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

O mosaico original atapetava todo o<br />

compartimento como se verifica pelas<br />

impressões <strong>de</strong> tesselas na argamassa que,<br />

ainda hoje, se evi<strong>de</strong>nciam no chão em toda<br />

a área do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A sala foi escavada por T. Hauschild numa<br />

área em que aparentemente Estácio da<br />

Veiga não interveio (cf. planta 16). No<br />

17<br />

Estampas XXV, XXVI e XXVII<br />

<strong>de</strong>senho publicado por T. Hauschild (1980, fig.<br />

13) apenas são representados os fragmentos<br />

da faixa <strong>de</strong> remate e um fragmento do<br />

octógono com aspas. Os restantes fragmentos,<br />

on<strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificam com elevado grau <strong>de</strong><br />

certeza estrelas <strong>de</strong> oito losangos acantoadas<br />

<strong>de</strong> quadrados, não foram <strong>de</strong>senhados. Com<br />

base num dos fragmentos da bordadura, on<strong>de</strong><br />

é visível o remate do esquema, po<strong>de</strong><br />

classificar-se como composição <strong>de</strong> superfície.<br />

Área conservada<br />

Conservam-se oito fragmentos <strong>de</strong> dimensões<br />

<strong>de</strong>siguais no lado oeste, três fragmentos na<br />

bordadura sul e um na bordadura norte. Na<br />

restante área, subsiste a camada <strong>de</strong><br />

assentamento com impressões <strong>de</strong> tesselas<br />

bem visíveis, mas que não permitem restituir<br />

<strong>de</strong>senho do tapete. O compartimento sofreu um<br />

abatimento que provocou um <strong>de</strong>snível <strong>de</strong> 3 a 4<br />

cm no mosaico, junto da pare<strong>de</strong> oeste.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Por serem <strong>de</strong> maiores dimensões, as<br />

impressões das tesselas são bem visíveis na<br />

área da bordadura oeste. As do campo,<br />

menores, são somente perceptíveis. Não é<br />

possível caracterizar o assentamento do<br />

mosaico.<br />

45


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Materiais<br />

Calcários: branco, castanho acinzentado,<br />

cinzento metalizado, ocre amarelo escuro e<br />

rosa-salmão.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Bordadura: 49 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1,5 <strong>de</strong><br />

lado na faixa <strong>de</strong> remate; campo: 100 /dm 2<br />

com tesselas <strong>de</strong> 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Ilustração utilizada<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar dado o estado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struição do mosaico.<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos foram consolidados in situ.<br />

Hauschild, 1980, fig. 13. Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002). Clichés MSP<br />

2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 14’’; Hauschild, 1980, p. 209-210, fig. 13; Teichner, 2008, A12,<br />

p. 131, fig. 51, est. 14D.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (38 cm); filete triplo preto (4 cm); faixa branca (11 cm);<br />

filete duplo preto (3 cm).<br />

Composição <strong>de</strong>senhada a filete duplo castanho acinzentado, em fundo branco, <strong>de</strong> estrelas<br />

<strong>de</strong> oito losangos tangentes, acantoadas <strong>de</strong> quadrados, tangentes em dois quadrados e<br />

<strong>de</strong>terminando losangos e octógonos (cf. Le Décor I, 178d) (3,01 x 2,2 m - dimensões <strong>de</strong>duzidas a<br />

partir das impressões das tesselas na argamassa, excluindo a bordadura). Nos quadrados foram<br />

inseridos outros, <strong>de</strong> lados direitos, realizados a ocre amarelo escuro ou cinzento metalizado. Nos<br />

octógonos, vê-se uma composição geométrica invulgar neste tipo <strong>de</strong> esquemas, constituída por<br />

quatro aspas formadas, cada uma, por três quadrados <strong>de</strong> 10 cm <strong>de</strong> lado (um ocre amarelo escuro,<br />

um cinzento metalizado e um rosa-salmão), com um quadrado central (14 cm <strong>de</strong> lado) formado por<br />

dois triângulos isósceles adjacentes pela base (um cinzento metalizado e um ocre amarelo escuro)<br />

e que apenas se conserva, parcialmente, num fragmento <strong>de</strong> 50 x 33 cm.<br />

46


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Datação<br />

Tendo em conta o estudo estilístico, a composição <strong>de</strong> Milreu po<strong>de</strong>rá situar-se na primeira<br />

meta<strong>de</strong> do séc. III, quiçá até meados do século, correspon<strong>de</strong>nte à fase D recentemente <strong>de</strong>finida por<br />

F. Teichner, com início no período severiano (2008, p. 118-119).<br />

47


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 70 (?).<br />

Tema<br />

Fragmentos com filetes policromáticos em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica (?).<br />

Compartimento<br />

Sector B1, compartimento a: cubiculum com<br />

um acesso directo à ala sul do peristilo<br />

(planta 19). O muro norte encontra-se hoje<br />

muito <strong>de</strong>struído e não há vestígios <strong>de</strong><br />

soleira. A sul, o compartimento dá acesso a<br />

outro cubiculum com pavimento <strong>de</strong> mosaico<br />

(B1/c).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,62 x 2,94 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

O mosaico original <strong>de</strong>via cobrir todo o<br />

compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Compartimento perfeitamente <strong>de</strong>limitado na<br />

planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 16), mas<br />

18<br />

Estampa XXXVIII<br />

não há registo do estado <strong>de</strong> conservação do<br />

pavimento nessa altura.<br />

Área conservada<br />

O mosaico encontra-se hoje em dia<br />

praticamente todo <strong>de</strong>struído, tendo-se apenas<br />

conservado uma reduzida área no canto<br />

su<strong>de</strong>ste do compartimento, correspon<strong>de</strong>nte à<br />

larga faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> e o arranque do<br />

que seria a composição do campo, cerca <strong>de</strong> 15<br />

% do mosaico original (1 x 0,50 m). Embora<br />

muito danificada, a camada <strong>de</strong> assentamento<br />

ainda subsiste em vários pontos da sala.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Apesar da <strong>de</strong>struição do opus tessellatum, não<br />

existem lacunas na argamassa que permitam<br />

essa leitura.<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo, preto e ocre<br />

amarelo para os filetes da composição.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Faixa <strong>de</strong> remate: 36 /dm 2 , com tesselas 1,5 cm<br />

<strong>de</strong> lado; campo: 81 /dm 2 , com tesselas 1,2 x<br />

0,8 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Não passa <strong>de</strong>spercebida ao olhar a excessiva<br />

largura da faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> (ultrapassa<br />

48


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

os 50 cm) sem <strong>de</strong>coração. Ainda que, como<br />

é habitual, as tesselas aí sejam <strong>de</strong> maiores<br />

dimensões, repara-se que houve um certo<br />

cuidado na sua colocação em linhas<br />

paralelas, pese embora, também, o mau<br />

estado <strong>de</strong> conservação em que se encontra.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na diminuta área que se<br />

conservou.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Apenas a consolidação in situ.<br />

Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002). Clichés MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 14’’; Teichner, 2008, A13, p. 132, fig. 52, est. 14E.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (53 cm a este e 58 cm a sul).<br />

Filete preto duplo <strong>de</strong>limitando o tapete; faixa branca (11,5 cm); filete policromático triplo (3<br />

cm) [preto/cinzento/ocre]; faixa branca (10 cm). Dois filetes perpendiculares simetricamente opostos:<br />

um fragmento (18 x 8 cm) com filete bicolor triplo [um filete preto/dois filetes ocre] e outro fragmento<br />

(11,5 x 10 cm) com mesmo tipo <strong>de</strong> filete com combinação inversa [um filete ocre/dois filetes pretos]<br />

formavam talvez um esquema <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica (cf. Le Décor I, variante 187 e 188).<br />

Do resto do mosaico, apenas se conserva a camada <strong>de</strong> assentamento, fragmentada, e dois<br />

fragmentos <strong>de</strong> mosaico branco com filete duplo preto isolados, a oeste.<br />

Datação<br />

Os escassos elementos estilísticos disponíveis não permitem o estabelecimento <strong>de</strong><br />

cronologia segura. Porém, aten<strong>de</strong>ndo à similitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes fragmentos com o nº 17 e recordando que<br />

estes últimos possuem afinida<strong>de</strong>s estilísticas que sustentaram atribuição à mesma época, então é<br />

plausível uma correlação. Assim, propõe-se uma datação na primeira meta<strong>de</strong> do séc. III, em fase<br />

<strong>de</strong>finida por F. Teichner do período severiano (2008, p. 118-119, fase D).<br />

49


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878 (?).<br />

Tema<br />

Dois painéis <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

justapostos:<br />

Painel A, tapete principal: <strong>de</strong>struído.<br />

Painel B, faixa <strong>de</strong> alongamento: fragmento<br />

com duas ramagens <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ira, rematadas<br />

com folha <strong>de</strong> vinha, emergindo<br />

simetricamente <strong>de</strong> uma pétala trífida<br />

bulbosa e uma faixa com uma sequência <strong>de</strong><br />

quadrado curvilíneo e pelta em linha.<br />

Compartimento<br />

Sector B1, compartimento c: compartimento<br />

<strong>de</strong> função in<strong>de</strong>terminada (planta 19). Trata-<br />

se possivelmente um cubiculum.<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,23 x 2,91 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

A: (?); B: fragmento actualmente remontado<br />

sobre placa <strong>de</strong> betão armado com 1,53 x<br />

1,44 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

19<br />

Estampas XXIX e XXX<br />

Actualmente, a placa <strong>de</strong> betão sobre a qual foi<br />

consolidado o fragmento do painel B parece<br />

fora do sítio, mas na foto <strong>de</strong> T. Hauschild (DAI<br />

R133-81-6) po<strong>de</strong>mos confirmar que foi<br />

recolocado na posição original pelas<br />

impressões das tesselas na argamassa <strong>de</strong><br />

assentamento.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não dispomos <strong>de</strong> informações sobre o<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta que po<strong>de</strong> ter ocorrido<br />

no tempo <strong>de</strong> Estácio da Veiga, já que o<br />

compartimento se encontra parcialmente<br />

<strong>de</strong>scoberto na planta (Veiga, 1877-1878, nº<br />

25).<br />

Área conservada<br />

O painel B encontra-se no canto nor<strong>de</strong>ste do<br />

compartimento e correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 15 %<br />

do pavimento. Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um painel em<br />

jeito <strong>de</strong> faixa <strong>de</strong> alongamento à entrada. Nada<br />

se conserva do tapete principal A.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Apesar da <strong>de</strong>struição do opus tessellatum, não<br />

existem lacunas na argamassa que permitam<br />

essa leitura.<br />

50


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Materiais<br />

A: (?); B: calcários: branco para o fundo;<br />

castanho acinzentado, cinzento metalizado<br />

e ocre amarelo para os motivos.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

A: (?); B: ramagem e fundo: 49 /dm 2 ; pelta e<br />

quadrado: 100 /dm 2, com tesselas com 1,3 x<br />

0,9 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A: (?); B: uma observação atenta permite<br />

ver com niti<strong>de</strong>z nitidamente que foi primeiro<br />

realizado o motivo em ramagem,<br />

Ilustração utilizada<br />

contornado seguidamente com um a dois filetes<br />

<strong>de</strong> tesselas brancas e, finalmente, foi<br />

preenchido o fundo com fiadas paralelas no<br />

sentido este-oeste ou vice-versa. É <strong>de</strong> realçar a<br />

diferença na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do opus tessellatum<br />

entre a folhagem e a pelta e quadrado.<br />

Restauros antigos<br />

A: (?); B: não existem na área que se<br />

conservou.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

A: (?); B: consolidação sobre placa <strong>de</strong> betão<br />

armado.<br />

Clichés Hauschild (DAI R133-81-6). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002).<br />

Clichés MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 14’’; Teichner, 2008, A14, p. 132, fig. 53, est. 14B.<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

Destruído.<br />

Painel B<br />

No estado actual, não é i<strong>de</strong>ntificável a faixa <strong>de</strong> remate, porém, na foto <strong>de</strong> T. Hauschild,<br />

datada <strong>de</strong> 1981, e anterior aos trabalhos <strong>de</strong> conservação e restauro, ainda é possível reconhecer<br />

dois filetes brancos com tesselas da mesma dimensão da ramagem, junto à bordadura preta.<br />

Do mosaico, conserva-se o ângulo nor<strong>de</strong>ste da sala ostentando uma ramagem com uma gran<strong>de</strong><br />

<strong>vol</strong>uta que constituía o motivo principal do painel situado topo norte da sala. No momento do<br />

51


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

restauro per<strong>de</strong>ram-se algumas tesselas do arranque da ramagem a oeste, mas estas ficaram<br />

nitidamente registadas na supracitada foto <strong>de</strong> T. Hauschild, fundamental para esta <strong>de</strong>scrição. Nela<br />

po<strong>de</strong> ainda ver-se a impressão <strong>de</strong> três caules partindo <strong>de</strong> um pé, originando uma <strong>vol</strong>uta na parte<br />

central do arranjo. Esta <strong>vol</strong>uta parece rematada com uma florinha ou uma folha, não sendo porém<br />

segura esta i<strong>de</strong>ntificação porque as marcas não são claras. A <strong>vol</strong>uta lateral que se conserva<br />

parcialmente, <strong>de</strong> maiores dimensões, é <strong>de</strong>senhada a filete preto simples (diâmetro <strong>de</strong> 44 cm), com<br />

três longos filamentos que <strong>de</strong>la se <strong>de</strong>senrolam, num dos quais (o inferior esquerdo) ainda subsiste<br />

uma folha <strong>de</strong> vinha <strong>de</strong> contorno preto e enchimento branco. Nos restantes filamentos não há<br />

<strong>de</strong>coração e no remate da <strong>vol</strong>uta principal o opus tessellatum está completamente perdido, não<br />

sendo possível i<strong>de</strong>ntificar o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração.<br />

Deste painel, restam ainda dois motivos completamente distintos numa faixa adjacente ao<br />

tapete principal. Uma pelta com <strong>vol</strong>utas (uma interna em cada extremida<strong>de</strong> e duas opostas no<br />

ápice) da qual se conserva a meta<strong>de</strong> esquerda e cujo comprimento máximo era, <strong>de</strong> uma<br />

extremida<strong>de</strong> à outra, 63 cm e 30 cm <strong>de</strong> altura. As <strong>vol</strong>utas são tratadas a ocre amarelo e cinzento<br />

esver<strong>de</strong>ado e a pelta preenchida a cinzento, com filete branco duplo em V sobre os dois arcos,<br />

realçando as <strong>vol</strong>utas. Na foto <strong>de</strong> Hauschild ainda po<strong>de</strong>mos ver as impressões na argamassa <strong>de</strong><br />

assentamento da meta<strong>de</strong> direita da pelta e, sob esta, um filete preto duplo que provavelmente<br />

emoldurava outro motivo.<br />

À direita da pelta, inserido num caixilho em filete preto duplo que apenas se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />

na foto <strong>de</strong> Hauschild, restou um quadrado curvilíneo (26 x 18 cm) cinzento esver<strong>de</strong>ado com uma<br />

florinha branca no centro.<br />

Datação<br />

Aten<strong>de</strong>ndo aos paralelos estilísticos, o mosaico não parece posterior à primeira meta<strong>de</strong> do<br />

séc. III, em consonância aliás com a cronologia apontada para os nº s 17 e 18. Quer a paleta <strong>de</strong><br />

cores, quer a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do opus tessellatum, permitem situar estes três mosaicos na mesma faixa<br />

cronológica e, quiçá, obra <strong>de</strong> uma mesma oficina.<br />

52


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, (?).<br />

Tema<br />

Mosaico monocromático.<br />

Compartimento<br />

Sector A2, compartimento m:<br />

in<strong>de</strong>terminado. O mosaico tem hoje a forma<br />

<strong>de</strong> um estreito corredor (?) com função<br />

in<strong>de</strong>terminada (planta 19).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Com excepção do lado em que dá acesso<br />

ao peristilo, a norte, o compartimento<br />

encontra-se bastante <strong>de</strong>struído,<br />

conhecendo-se as pare<strong>de</strong>s sul e oeste a<br />

partir dos seus negativos. O comprimento<br />

<strong>de</strong>via igualar o do nº 30, a rondar os 4, 50<br />

m, e a largura até ao remate este do<br />

mosaico é <strong>de</strong> 2,22 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

4,97 x 0,69 m (máximo).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

20<br />

Estampas XXXI e XXXII<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não existem informações sobre o momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

Toda a superfície do corredor com excepção <strong>de</strong><br />

uma pequena lacuna a sul (55 x 82 cm). A<br />

norte, um muro tardio cobre parcialmente o<br />

pavimento.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário branco creme.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

49 /dm 2 .<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Linhas paralelas no sentido este-oeste e dois<br />

filetes brancos perpendiculares (norte-sul, no<br />

lado oeste) <strong>de</strong>limitando a área do opus<br />

tessellatum.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

53


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Clichés MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, A17, p. 132-135.<br />

Descrição<br />

Datação<br />

Opus tessellatum branco.<br />

Na falta <strong>de</strong> elementos arqueológicos e/ou estilísticos, não é possível estabelecer uma<br />

datação. As estruturas arquitectónicas associadas são tardias.<br />

54


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1979.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

fragmentos <strong>de</strong> uma composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica<br />

em trança <strong>de</strong> dois cabos.<br />

Compartimento<br />

Ala sul do peristilo (planta 18).<br />

Dimensões do compartimento<br />

27,64 x 2,94 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

a) ?; b) fragmentos dispersos numa área <strong>de</strong><br />

8,90 x 2,94 m. A leste, o painel da ala sul<br />

terminava junto da coluna do ângulo<br />

su<strong>de</strong>ste do peristilo.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

a) ?; b) pequenos fragmentos e muitas<br />

tesselas dispersas in situ.<br />

21<br />

Estampas XXXIII e XXXIV<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

As escavações na área do peristilo foram<br />

numerosas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o séc. XIX, sendo as mais<br />

antigas difíceis <strong>de</strong> precisar no tempo e <strong>de</strong><br />

localizar com exactidão no espaço. Na planta<br />

<strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 16), o peristilo<br />

encontra-se totalmente <strong>de</strong>finido, embora <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então tenha sofrido esporadicamente outros<br />

trabalhos arqueológicos. Nos inícios dos anos<br />

70, T. Hauschild retomou escavações nesta<br />

área da villa, tendo, no Relatório <strong>de</strong> 1979,<br />

i<strong>de</strong>ntificado “o braço sul com franjas em forma<br />

<strong>de</strong> tranças”. Trata-se do mesmo mosaico que J.<br />

P. Bernar<strong>de</strong>s limpou na campanha <strong>de</strong> 2005, em<br />

toda a sua área, e que correspon<strong>de</strong> ao<br />

pavimento mais recente b). Foi então possível,<br />

através dos numerosos pequenos fragmentos<br />

dispersos por toda a ala, i<strong>de</strong>ntificar o esquema<br />

geométrico à base <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Nessa ocasião, J. P. Bernar<strong>de</strong>s recolheu<br />

muitos litros <strong>de</strong> tesselas calcárias <strong>de</strong> cores<br />

diversas sob este mosaico, tendo porém<br />

verificado a ausência <strong>de</strong> calcário rosa pálido e<br />

cinzento metalizado que se regista no<br />

pavimento b), além da sua menor dimensão,<br />

associados ao registo estratigráfico <strong>de</strong> um<br />

pavimento junto do muro externo do peristilo,<br />

mais antigo (a) (Bernar<strong>de</strong>s, 2006, p. 145).<br />

55


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Área conservada<br />

a) Tesselas soltas encontradas nas<br />

escavações, sob o mosaico da ala sul; b)<br />

numerosos pequenos fragmentos e tesselas<br />

dispersos por toda a área ao longo <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 8,90 m <strong>de</strong> comprimento. Talvez se<br />

conserve menos <strong>de</strong> 5 % do mosaico. A<br />

camada <strong>de</strong> assentamento i<strong>de</strong>ntifica-se<br />

apenas nalguns pontos.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

I<strong>de</strong>ntificam-se, nalguns pontos, o nucleus e<br />

a fina camada <strong>de</strong> cal. A maioria dos<br />

fragmentos assenta em terra.<br />

Materiais<br />

Calcários: a) preto, branco, vermelho e<br />

amarelo; b) calcários: branco para o fundo;<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005)<br />

Bibliografia<br />

preto, cinzento claro, ocre amarelo escuro,<br />

vermelho escuro e rosa pálido na trança.<br />

Cerâmica no remate à pare<strong>de</strong>, visível a norte.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

100/dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os poucos e esparsos fragmentos que se<br />

conservam não permitem uma análise da<br />

estratégia <strong>de</strong> execução.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nas zonas que se conservam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico foi apenas coberto com geotêxtil e<br />

areia.<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 23; Teichner, 2008, A60, p. 168-172, est. 24C-D.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

Faixa <strong>de</strong> remate com tesselas em cerâmica (2 cm).<br />

Bordadura em linha <strong>de</strong> fusos brancos tangentes em fundo preto (cf. Le Décor I, 21e).<br />

56


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> cruz suástica em trança <strong>de</strong> dois cabos: cinzento<br />

claro, ocre e vermelho escuro (12 cm). Não é possível i<strong>de</strong>ntificar com rigor o tipo exacto <strong>de</strong>ntro das<br />

numerosas variantes do esquema (cf. Le Décor I, 191d, 194c ou 195d.<br />

Datação<br />

O mosaico mais antigo (a) terá sido colocado aquando da construção do peristilo, por <strong>vol</strong>ta<br />

<strong>de</strong> meados do séc. III, segundo J. P. Bernar<strong>de</strong>s, e fins do séc. III, segundo F. Teichner. O segundo<br />

mosaico (b) pertence à última fase romana, a fase F <strong>de</strong>finida por F. Teichner, <strong>de</strong> meados do séc. IV<br />

(2008, p. 118-119).<br />

57


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1991.<br />

Tema<br />

Fragmentos <strong>de</strong> uma composição <strong>de</strong><br />

octógonos secantes e adjacentes realizados<br />

em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Compartimento<br />

Ala sul do primeiro peristilo da casa. Os<br />

fragmentos foram encontrados na área<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao hortus na última fase do<br />

peristilo, junto ao muro interno sul (Teichner,<br />

1997, p. 126-130 – corte 100; Teichner,<br />

2008, p. 175).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Não se conhecem as estruturas<br />

arquitectónicas correspon<strong>de</strong>ntes aos<br />

fragmentos (cf. Teichner, Ob. Cit.).<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Em tratamento nas reservas do Centro <strong>de</strong><br />

Interpretação.<br />

22<br />

Estampas XXXV e XXXVI<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Nos inícios da década <strong>de</strong> 90, T. Hauschild,<br />

coadjuvado por F. Teichner, proce<strong>de</strong> à abertura<br />

<strong>de</strong> um corte transversal à ala sul do peristilo<br />

(corte 100), <strong>de</strong> on<strong>de</strong> recupera os três<br />

fragmentos <strong>de</strong> um pavimento bicolor (cf.<br />

Hauschild, Relatório, 1993, p. 6; Teichner,<br />

1997, p. 128, est. 9). Os recentes trabalhos <strong>de</strong><br />

escavação <strong>de</strong> J. P. Bernar<strong>de</strong>s (2008) situaram-<br />

se a oeste <strong>de</strong>ste corte, ao nível dos mesmos<br />

estratos <strong>de</strong>scritos por F. Teichner.<br />

Área conservada<br />

Conservam-se apenas três fragmentos: 1. 46 x<br />

38 cm; 2. 68 x 15 cm; 3. 69 x 45 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os fragmentos assentavam numa fina camada<br />

<strong>de</strong> argamassa muito friável e terra (Hauschild,<br />

Relatório, 1991, p. 5).<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo e preto para a<br />

composição.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

110 /dm 2, tesselas com 1 a 1,1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

58


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

As condições em que se encontram<br />

actualmente os fragmentos no centro <strong>de</strong><br />

interpretação do sítio arqueológico e a<br />

inexistência <strong>de</strong> um levantamento geral dos<br />

mesmos, à escala, invalidam qualquer<br />

tentativa <strong>de</strong> análise. A reconstituição<br />

apresentada por F. Teichner (2008, fig. 75)<br />

po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se pertinente.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos que se<br />

conservam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos foram levantados no <strong>de</strong>correr<br />

da escavação <strong>de</strong> F. Teichner e encontram-se<br />

actualmente em <strong>de</strong>pósito, sobre camada <strong>de</strong><br />

gesso.<br />

Foto DAI R40-91-1; Teichner, 1997, est. 9; Teichner, 2008, fig. 75.<br />

Bibliografia<br />

Hauschild, Relatório, 1983, 1986, 1991, p. 6; Hauschild, Relatório, 1993, p. 5-6; Teichner, 1997, p.<br />

128; Teichner, 2008, A62, p. 175, fig. 75.<br />

Descrição<br />

Os fragmentos foram colocados sobre um espesso suporte em gesso, na face, que não<br />

permite a visualização dos motivos, sendo necessário recorrer à documentação produzida pelos<br />

arqueólogos para i<strong>de</strong>ntificar a composição. A foto do DAI mostra-nos dois fragmentos in situ e<br />

permitem classificá-la como uma composição <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes realizados em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica (cf. Le Décor I, 171d). F. Teichner publica o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um dos fragmentos<br />

on<strong>de</strong> se vê claramente uma cruz suástica <strong>de</strong>senhada a filete simples preto originando um octógono<br />

(Teichner, 1997, p. 128, fig. 9).<br />

Na reconstituição que F. Teichner apresentou recentemente (2008, fig. 75) po<strong>de</strong> ver-se uma<br />

bordadura <strong>de</strong> linhas adossadas em arcos, em oposição <strong>de</strong> cores, <strong>de</strong>ixando entrever uma linha <strong>de</strong><br />

quadrados côncavos sobre o vértice (cf. Le Décor I, 48a) que não pu<strong>de</strong>mos ver nos fragmentos<br />

<strong>de</strong>positados no Centro <strong>de</strong> Interpretação, pelas razões supracitadas.<br />

Datação<br />

Uma vez que datação dos fragmentos com base em critérios arqueológicos não oferece<br />

dúvidas (cf. Teichner, 1997, p. 128-129), po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>stacar-se como os testemunhos <strong>de</strong> um<br />

59


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

pavimento <strong>de</strong> mosaico pertencente à fase C (Teichner, 2008, p. 175), por enquanto, um dos<br />

mosaicos mais antigos que se conheça em Milreu: <strong>de</strong> inícios do séc. II.<br />

23<br />

Estampas XXXVII, XXXVIII, XXXIX e XL<br />

60


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: mosaico<br />

<strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente: Fauna<br />

marinha disposta livremente no<br />

campo.<br />

Compartimento<br />

Ala este do peristilo (planta 18).<br />

Dimensões do compartimento<br />

3,08 x 20,96 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. In situ; 2. MNA, inv. nº 18671; 3.<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Embora a ala este do peristilo se encontre<br />

completamente <strong>de</strong>limitada na planta <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga (planta 16), apenas uma<br />

reduzida parte foi objecto <strong>de</strong> registo gráfico<br />

(est. XL). Este <strong>de</strong>senho, incompleto,<br />

documenta uma parte do mosaico hoje em<br />

dia <strong>de</strong>struída, mas é inconclusivo quanto à<br />

área que verda<strong>de</strong>iramente foi <strong>de</strong>scoberta por<br />

Estácio da Veiga. Tendo em conta o interesse<br />

do tema, é <strong>de</strong> crer que aquele arqueólogo<br />

tenha procurado pôr o mosaico totalmente à<br />

vista, se o tempo disponível lho permitiu. Não<br />

dispomos no entanto <strong>de</strong> documentação que<br />

possa confirmar que a parte hoje visível do<br />

mosaico já o era nos fins do séc. XIX, pelo que<br />

ficará esta no domínio da hipótese. T.<br />

Hauschild prosseguiu os trabalhos naquela<br />

área da domus, proce<strong>de</strong>ndo à re<strong>de</strong>scoberta do<br />

mosaico.<br />

Assim, apenas o fragmento <strong>de</strong>positado no MNA<br />

(2) e o fragmento documentado no <strong>de</strong>senho (3)<br />

se confirmam como <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga.<br />

Área conservada<br />

1. 6,46 x 3,08 m (painel com fauna marinha); 2.<br />

1,02 x 0,60 cm; 3. A área correspon<strong>de</strong>nte ao<br />

<strong>de</strong>senho está completamente <strong>de</strong>struída.<br />

O painel in situ (1) conserva-se muito<br />

irregularmente, pois na meta<strong>de</strong> norte do<br />

peristilo uma boa parte ainda apresenta o<br />

campo figurativo e as bordaduras completas<br />

numa extensão máxima <strong>de</strong> 5,54 m, enquanto<br />

na meta<strong>de</strong> sul se preservaram apenas porções<br />

<strong>de</strong> bordaduras disseminadas <strong>de</strong> um lado e do<br />

outro.<br />

Na porção maior do campo figurativo que se<br />

conserva a norte, registam-se pontualmente<br />

lacunas que merecem ser <strong>de</strong>stacadas: na<br />

cabeça do barbo B (16 x 10 cm), no barbo C<br />

61


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

(27 x 20 cm), na cauda do robalo K (15 x 8<br />

cm). No golfinho F, registam-se na cauda<br />

(10 x 11 cm), no corpo (17 x 12 cm), cabeça<br />

(1,39 x 0,50 m) e ainda numa zona acima<br />

da cabeça cuja extensão atinge a bordadura<br />

<strong>de</strong> escamas (1,39 m). Uma outra lacuna<br />

atinge o golfinho J na zona da cabeça (1,35<br />

x 1,34 m).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Aquando do levantamento do mosaico para<br />

intervenção <strong>de</strong> restauro, T. Hauschild<br />

proce<strong>de</strong>u a escavações nos níveis inferiores<br />

da ala norte, tendo <strong>de</strong>scrito o assentamento<br />

<strong>de</strong>ste mosaico como “um leito <strong>de</strong><br />

argamassa <strong>de</strong> várias camadas,<br />

directamente preso à rocha natural”<br />

(Relatório, 1983, p. 2).<br />

Materiais<br />

Calcários: branco creme no fundo e barriga<br />

dos peixes; preto, cinzento-escuro, cinzento<br />

claro, castanho acinzentado, vermelho<br />

escuro, rosa lilás, bege, ocre amarelo<br />

escuro, salmão, bege esver<strong>de</strong>ado e rosa<br />

pálido no tratamento da fauna marinha.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

79/dm 2 , tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado. O olho<br />

do barbo B apresenta tesselas <strong>de</strong> 2 a 3 mm<br />

e na boca tesselas rectangulares <strong>de</strong> 2 x 8<br />

mm. As mesmas dimensões reduzidas se<br />

registam nos olhos dos restantes peixes e<br />

lulas.<br />

Bordadura exterior com tesselas <strong>de</strong> 1,5 cm <strong>de</strong><br />

lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A irregularida<strong>de</strong> das bordaduras, contrastando<br />

com uma a regularida<strong>de</strong> do campo figurativo,<br />

mostra que o trabalho inicial da equipa <strong>de</strong><br />

mosaístas foi centrar o tema principal. As faixas<br />

<strong>de</strong> remate às pare<strong>de</strong>s as diferentes bordaduras<br />

atenuavam a irregularida<strong>de</strong> das estruturas<br />

arquitectónicas. Aliás, vê-se, por exemplo, a<br />

linha <strong>de</strong> fusos cujo módulo vai<br />

progressivamente reduzindo <strong>de</strong> sul para norte,<br />

até meta<strong>de</strong> do seu tamanho inicial. Ainda<br />

assim, o excesso <strong>de</strong> enquadramentos esmagou<br />

o tema principal que ficou reduzido a uma<br />

estreita faixa central.<br />

Uma vez realizadas as bordaduras, foi<br />

organizado o campo figurativo <strong>de</strong> modo a<br />

incluir uma profusa fauna marinha que, nos<br />

seus principais actores foi certamente<br />

or<strong>de</strong>nado (peixes, golfinhos e lulas), mas nos<br />

elementos secundários a disposição parece ser<br />

aleatória, à medida dos espaços disponíveis<br />

(ouriços, linhas <strong>de</strong> água, algas). Por esta razão,<br />

a posição em linha dos peixes, golfinhos e lulas<br />

cria um contraste com as diferentes<br />

orientações dos restantes elementos, mercê do<br />

condicionamento ao espaço disponível. À<br />

excepção do cherne H, cuja colocação das<br />

tesselas é feita em arcos <strong>de</strong> círculo, imitando<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

as escamas, os restantes peixes<br />

apresentam o corpo tratado com tesselas<br />

sobre o vértice, dando a i<strong>de</strong>ia da textura<br />

escamada um pouco diferente, mas com o<br />

mesmo objectivo <strong>de</strong> aproximação à<br />

realida<strong>de</strong>. Pelo contrário, os golfinhos, cuja<br />

pele é lisa, são representados com filetes<br />

direitos ao longo do corpo.<br />

Restauros antigos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos in situ (1) foram levantados e<br />

restaurados por C. Beloto, tendo sido<br />

recolocados no lugar <strong>de</strong> origem nos inícios dos<br />

anos 80. O fragmento do MNA (2) foi<br />

restaurado por C. Beloto em 1988, tendo sido<br />

removido o caixilho <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e recebido<br />

suporte <strong>de</strong> resina epóxida.<br />

1. Foto geral <strong>de</strong> D. Pavone (2007). Fotos <strong>de</strong> pormenores MSP (2004-2007). Levantamento à escala<br />

1/1 (MSP 2005); 2. Foto MNA 2005; 3. Veiga, 1877-1878, nº 25H.<br />

Bibliografia<br />

1. Hauschild, 1980, p. 217-218; Hauschild, 1984, p. 98; Hauschild, Relatório, 1983, 1985, 1986,<br />

1987, 1993; Hauschild / Teichner, 2002, p. 19-21; Lancha, 2008, p. 94-97, fig. 53-55; Teichner,<br />

Relatório 1999; Teichner, 2008, A60, p. 168-172, est. 23A e C.<br />

2. Machado, 1970, p. 53; ARA II, p. 206, fig. 279; Kremer, 1999a, p. 513, fig. 8.<br />

3. Oliveira, 2007, p. 153-154, fig. 10.<br />

Descrição 11<br />

1. Painel in situ<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> (8 cm). Quatro bordaduras sucessivas separadas por faixas<br />

brancas (5 cm) <strong>de</strong>limitam o campo figurativo:<br />

– Linha <strong>de</strong> fusos brancos tangentes em fundo preto (cf. Le Décor I, 21e), apenas nos lados<br />

este e oeste (15 cm);<br />

– Trança <strong>de</strong> quatro fios policromática [ocre amarelo claro, ocre amarelo, rosa pálido, rosa-<br />

salmão e vermelho] (cf. Le Décor I, 73e) (28 cm <strong>de</strong> largura);<br />

11 No âmbito dos trabalhos da equipa MSP, todas as medidas apresentadas na ficha foram levantadas por C. Viegas.<br />

Também lhe <strong>de</strong>vemos a primeira versão da <strong>de</strong>scrição que agora se apresenta revista e corrigida.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

– Dois filetes <strong>de</strong>nticulados adossados (cf. Le Décor I, 3b) (17 cm);<br />

– Linha <strong>de</strong> escamas oblongas policromáticas [vermelho, ocre amarelo, rosa, branco]<br />

<strong>de</strong>terminando ogivas policromáticas [branco, ocre amarelo, vermelho, preto] (cf. Le Décor I, est.<br />

49a) (18 cm).<br />

Campo rectangular com fauna marinha: peixes, golfinhos, lulas, ouriços e conchas,<br />

a<strong>de</strong>nsada com linhas <strong>de</strong> água e elementos em V, representando o meio aquático em que se<br />

<strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vem.<br />

Golfinho A (1,40 x 0,80 m): situado no ângulo nor<strong>de</strong>ste do mosaico, nada para norte.<br />

Apresenta um dorso <strong>de</strong>senhado por filete duplo <strong>de</strong> tesselas pretas e tratado a cinzento escuro e<br />

ver<strong>de</strong>-azeitona nos dois terços superiores e branco na barriga. A linha <strong>de</strong> separação entre o dorso e<br />

a barriga é representada através <strong>de</strong> um filete <strong>de</strong>nteado ver<strong>de</strong>-azeitona. A barbatana dorsal é<br />

<strong>de</strong>senhada por tesselas vermelho escuro e preenchida com rosa pálido. Na cabeça, a mandíbula<br />

superior foi <strong>de</strong>senhada com filete vermelho escuro, <strong>de</strong>bruada internamente com filete castanho<br />

acinzentado, e preenchida com tesselas rosa pálido. A mandíbula inferior, foi <strong>de</strong>lineada<br />

exteriormente com filete preto e preenchida com tesselas branco creme. A barbatana peitoral foi<br />

realizada no prolongamento da mandíbula superior. É proeminente e tratada em tons rubros:<br />

contorno vermelho escuro e preenchimento castanho acinzentado. Na boca, o contraste entre<br />

tesselas triangulares brancas e pretas evi<strong>de</strong>nciam a <strong>de</strong>ntição. O olho, amendoado, é<br />

particularmente elegante com um <strong>de</strong>senho a filete preto e um círculo preto no centro em fundo<br />

branco. Destaque ainda para um toque salmão no ângulo do olho. Finalmente, um filete <strong>de</strong> finas<br />

tesselas branco creme sobre o olho realça a sua expressão. A barbatana dorsal, junto à cauda, é<br />

<strong>de</strong>senhada a vermelho e tratada a rosa pálido, enquanto a barbatana anal é <strong>de</strong>senhada pelo<br />

contorno da barriga do animal, a preto. A barbatana caudal, tripartida, é <strong>de</strong>senhada por filete<br />

vermelho ocre, raiada a vermelho e branco.<br />

Robalo B (69 x 38 cm conservado): nada para norte. Desenhado a filete preto simples no<br />

dorso e duplo na zona da barriga, apresenta três pequenas barbatanas dorsais junto à cabeça e na<br />

zona lombar. Além <strong>de</strong>stas, possuía ainda barbatanas ventral e anal <strong>de</strong>senhadas com o mesmo filete<br />

preto que marca o contorno inferior do peixe. Os dois terços superiores do peixe são tratados a<br />

cinzento escuro on<strong>de</strong> apenas três filetes pretos <strong>de</strong> tesselas sobre o vértice imprimem alguma<br />

<strong>vol</strong>umetria. A parte inferior do peixe é tratada a branco, com tesselas colocadas sobre o vértice até<br />

ao limite do dorso cinzento on<strong>de</strong> a união se faz através <strong>de</strong> três filetes direitos. Na cabeça, além do<br />

opérculo <strong>de</strong>lineado por duplo filete vermelho escuro em S, po<strong>de</strong>m ver-se, na zona inferior, os raios<br />

braquióstegos obtidos através <strong>de</strong> quatro rasgos <strong>de</strong> filetes cinzentos claros no fundo cinzento que se<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

prolongam para a barriga branco creme, em tons bege esver<strong>de</strong>ado. A transição entre o dorso do<br />

peixe e a barriga revela-se na diferente colocação das tesselas: sobre o vértice no dorso e direitas<br />

na barriga, revelando um gran<strong>de</strong> apuro técnico na execução. O olho é tratado como uma<br />

circunferência preta incluindo um círculo branco <strong>de</strong> tesselas menores e uma tessela preta circular<br />

no centro. A boca foi <strong>de</strong>senhada com filte <strong>de</strong> tesselas pretas rectangulares.<br />

O robalo C (1,02 x 0, 36 cm) apresenta o mesmo tratamento do corpo do exemplar B,<br />

distinguindo-se unicamente na menor clareza no tratamento dos raios braqueóstegos, aqui tratados<br />

a ver<strong>de</strong>-azeitona. Também a colocação <strong>de</strong> tesselas triangulares brancas <strong>de</strong> um lado e do outro do<br />

opérculo vermelho escuro.<br />

Uma cauda vermelha (28 cm) situada junto à zona peitoral do robalo C é o único<br />

testemunho <strong>de</strong> uma dourada (D).<br />

Junto ao dorso do peixe I, po<strong>de</strong> ver-se uma lula (40 x 28,5 cm) <strong>de</strong>slocando-se na diagonal<br />

para nor<strong>de</strong>ste (E). Os diversos elementos que a constituem – corpo, cabeça e tentáculos – são<br />

<strong>de</strong>senhados por filete duplo ou triplo preto e cinzento escuro, em fundo branco creme. Esta possui<br />

uma cabeça circular ou ligeiramente ovalada, <strong>de</strong>senhada através <strong>de</strong> filete triplo preto e cinzento-<br />

escuro e dois olhos formados por círculos concêntricos <strong>de</strong> tesselas rectangulares pretas em fundo<br />

branco, com uma tessela central preta. Da cabeça partem quatro tentáculos formados por filete<br />

cinzento-escuro. O manto, fusiforme, é <strong>de</strong>senhado por um filete preto, seguido por filete duplo<br />

cinzento-escuro. Na base da cabeça, <strong>de</strong> um lado e do outro, po<strong>de</strong>m ainda ver-se dois elementos do<br />

manto, <strong>de</strong>senhados por filete duplo cinzento-escuro.<br />

O robalo F (98 x 38 cm) está <strong>vol</strong>tado para este e <strong>de</strong>sloca-se na diagonal para sudoeste.<br />

Apresentam as mesmas características que o exemplar C <strong>de</strong>scrito atrás.<br />

Uma segunda lula (G) <strong>de</strong>sloca-se na horizontal, para sul, apresentando as mesmas<br />

características da lula E, à excepção do traçado, aqui com filete cinzento-escuro. Também se<br />

verificam algumas diferenças na execução da cabeça, dos olhos, na posição e configuração dos<br />

tentáculos.<br />

No lado oeste, po<strong>de</strong> ver-se o cherne H (80 x40 cm) que se distingue dos restantes pelo<br />

tratamento do corpo e a dimensão da cabeça. Com efeito, o corpo este peixe é tratado em forma <strong>de</strong><br />

gomos, alternando entre o cinzento escuro e o ver<strong>de</strong>-azeitona, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a zona da cabeça até à<br />

cauda, criando um efeito escamado singular. Contrariamente aos restantes exemplares, não<br />

apresenta a linha média do corpo e a zona da barriga é tratada através <strong>de</strong> filetes brancos paralelos.<br />

A mandíbula é <strong>de</strong>senhada por um filete cinzento escuro e o opérculo apresenta-se neste exemplar<br />

mais <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>vido através <strong>de</strong> um duplo filete vermelho escuro em S. Os raios braquióstegos são<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

apenas perceptíveis, entre a mandíbula e o opérculo, através <strong>de</strong> seis (?) filetes beges acinzentados<br />

alternando com filete branco creme.<br />

O robalo I (94 x 32,5 cm) <strong>de</strong>sloca-se na diagonal, para cima, e apresenta as mesma<br />

características dos peixes B, C e F.<br />

No lado oeste, po<strong>de</strong> ver-se um terceiro golfinho J (2,13 m x 0,67 m) em movimento para<br />

norte e cuja morfologia geral se aproxima do golfinho do painel 6 do templo. O corpo foi <strong>de</strong>senhado<br />

através <strong>de</strong> um filete cinzento-escuro, duplo na zona da barriga. Tal como o golfinho A, mais <strong>de</strong> dois<br />

terços da parte superior do corpo, correspon<strong>de</strong>nte ao dorso, são tratados a cinzento escuro e o<br />

terço inferior, correspon<strong>de</strong>nte à barriga, em filetes paralelos branco creme. As barbatanas (dorsal,<br />

ventral e caudal) foram <strong>de</strong>senhadas com tesselas vermelho escuro, seguido <strong>de</strong> filete salmão e<br />

fundo branco creme.<br />

A sul, nadando para norte, po<strong>de</strong> ver-se outro cherne (K) (77,5 x 37,5 cm), mais largo e mais<br />

curto do que os seus congéneres, mas com o mesmo tratamento plástico.<br />

congéneres.<br />

Do robalo L (68 x 32,5 cm) apenas se conserva o corpo, com o mesmo tratamento dos seus<br />

Entre a fauna marinha que domina a composição, po<strong>de</strong>m ver-se outros elementos que<br />

representam ouriços-do-mar, conchas, bivalves, algas marinhas e o movimento da água.<br />

Distribuem-se por todo o campo, ocupando o espaço residual e variam na dimensão em função da<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço.<br />

Os ouriços são elementos recorrentes nos painéis com fauna marinha <strong>de</strong> Milreu, tendo-se<br />

conservado nove exemplares neste mosaico. As suas dimensões variam entre os 17 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro, no caso do exemplar sobre a lula E, e os 18 cm, no caso do exemplar sobre o cherne H.<br />

O tratamento policromático é variável <strong>de</strong> exemplar para exemplar, mas apresenta sempre o mesmo<br />

contorno cinzento-escuro.<br />

As conchas são menos numerosas, mas conservam-se quatro <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões (24 x<br />

18 cm) e um par <strong>de</strong> menores dimensões (18 x 10 cm).<br />

Os elementos que representam o movimento da água são constituídos por segmentos <strong>de</strong><br />

recta quebrados, <strong>de</strong>senhados através <strong>de</strong> filete duplo preto/cinzento-escuro. Não apresentam uma<br />

disposição padronizada, nem uma dimensão regular, variando na direcção em função do espaço<br />

disponível. Aqui e ali, a sugestão da ondulação da água é dada através <strong>de</strong> linha em S formada por<br />

filete simples ou duplo preto.<br />

66


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Finalmente, po<strong>de</strong>m ver-se quatro elementos em V formados por filete duplo <strong>de</strong> tesselas<br />

pretas, encimados, em três casos, por linhas curvas. A literatura especializada i<strong>de</strong>ntifica estes<br />

elementos como “moscas <strong>de</strong> água” e são recorrentes nos painéis com fauna marinha.<br />

2. Painel do MNA<br />

No fragmento po<strong>de</strong> ver-se parte da bordadura <strong>de</strong> ogivas que comprova a sua proveniência.<br />

Da fauna marinha conserva-se um peixe completo M com características diferentes dos exemplares<br />

in situ. Foi <strong>de</strong>senhado da mesma forma, porém, as tesselas do corpo apresenta um tratamento<br />

plástico diferente, aqui em filetes paralelos ou ondulados, ver<strong>de</strong>-azeitona, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a zona da cabeça<br />

até aos raios braquióstegos. Estes, obe<strong>de</strong>cem ao mesmo princípio <strong>de</strong> execução dos robalos in situ.<br />

A representação da boca é também ligeiramente diferente dos exemplares in situ, tendo sido<br />

<strong>de</strong>senhado por filete preto <strong>de</strong> tesselas rectangulares, na zona branca do peixe, ligeiramente<br />

entreaberta <strong>de</strong> forma a verem-se alguns <strong>de</strong>ntes obtidos através <strong>de</strong> pequenas tesselas triangulares<br />

brancas.<br />

Sob o peixe M, vê-se a meta<strong>de</strong> inferior <strong>de</strong> um segundo peixe com a mesma morfologia<br />

geral dos restantes exemplares. Vêem-se ainda duas conchas e diversos segmentos <strong>de</strong> recta<br />

representando a água.<br />

3. O <strong>de</strong>senho nº 25H (Veiga, 1877-1878)<br />

A representação das quatro diferentes bordaduras não oferece dúvidas quanto à<br />

proveniência do mosaico ilustrado. O <strong>de</strong>senho está inacabado e o tratamento é muito esquemático<br />

mas apresenta fauna marinha constituída por quatro peixes completos, um golfinho, um polvo, uma<br />

espécie singular que po<strong>de</strong>rá correspon<strong>de</strong>r a uma raia, além das conchas, ouriços e segmentos <strong>de</strong><br />

filetes que representam a água. A representação <strong>de</strong>via ser mais extensa porque o <strong>de</strong>senho está<br />

visivelmente cortado.<br />

Se, por um lado, parece haver alguma preocupação com a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> da paleta, repare-se<br />

por exemplo nas bordaduras, na dominante cinzento prateado do corpo dos peixes e do golfinho ou<br />

no rosa/vermelho da barbatana; por outro lado, nota-se bem uma certa rigi<strong>de</strong>z e falta <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ume na<br />

representação da fauna marinha, com um investimento mínimo no <strong>de</strong>talhe: omitem-se os raios<br />

braquióstegos, reduz-se o número <strong>de</strong> barbatanas, salientam-se olhos e boca.<br />

O golfinho representado retoma característica dos seus congéneres, nomeadamente no tipo<br />

<strong>de</strong> olho amendoado, na mandíbula proeminente e na cauda tripartida contornada a vermelho e<br />

preenchida a rosa-salmão. De resto, o tratamento é sumário, faltando barbatanas, <strong>de</strong>ntes, etc…Mas<br />

67


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

é o enrolamento da cauda que suscita as maiores dúvidas, por se tratar invulgar no contexto em<br />

análise. Nenhum dos golfinhos da villa apresenta este tipo <strong>de</strong> cauda enrolada. Os únicos paralelos<br />

são as caudas das duas criaturas marinhas do podium do templo. Muitos dos pequenos elementos<br />

que ocupam os espaços residuais foram certamente omissos, pois estes parecem excessivos<br />

quando comparados com os que se conhecem in situ, profusamente preenchidos. Faltam também<br />

as chamadas “moscas <strong>de</strong> água”. Assim, o interesse do <strong>de</strong>senho resi<strong>de</strong> fundamentalmente na<br />

ilustração <strong>de</strong> duas novas espécies marinhas: um polvo rosa <strong>de</strong> quatro tentáculos e uma raia rosa<br />

em movimento (?), tratados <strong>de</strong> forma muito esquemática. Trata-se <strong>de</strong> espécies habitualmente<br />

presentes neste tipo <strong>de</strong> representações sob formas mais ou menos realistas.<br />

Datação<br />

O mosaico mais antigo (a) <strong>de</strong>ve ser atribuído à fase E <strong>de</strong>finida por F. Teichner nos fins do<br />

séc. III (2008, p. 118-119) e o mais recente (b) é <strong>de</strong> atribuir seguramente a meados do séc. IV, ou<br />

seja, a fase F segundo o autor supramencionado.<br />

68


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878 (?).<br />

Tema<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> quadrados e<br />

losangos adjacentes realizados em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Compartimento<br />

Ala este do peristilo: exedra (planta 18).<br />

Dimensões do compartimento<br />

6,16 x 3,65 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

2,02 x 0,84 m (Max.) /0,51 m (min.).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Recolocado na posição original após<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A exedra encontra-se já perfeitamente<br />

<strong>de</strong>limitada na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga<br />

(planta 16), não tendo no entanto ficado<br />

registo do seu estado no momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta. Nos anos 80 são re<strong>de</strong>scobertas<br />

as alas norte e este, sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> T. Hauschild, época em que se proce<strong>de</strong><br />

24<br />

Estampa XLI<br />

ao levantamento e restauro dos seus mosaicos.<br />

Área conservada<br />

Conserva-se cerca <strong>de</strong> 20 % do pavimento que<br />

se encontra consolidado, na meta<strong>de</strong> norte. Na<br />

restante área, a sul, conservou-se a argamassa<br />

<strong>de</strong> assentamento original, ainda que<br />

consolidada com cimento mo<strong>de</strong>rno.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível analisá-la a olho nu por se<br />

encontrar oculta sob o cimento dos restauros<br />

mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo; preto, cinzento<br />

metalizado, cinzento claro, ocre amarelo<br />

escuro, sombra natural, vermelho escuro, rosa-<br />

salmão e rosa pálido para a trança da<br />

composição.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

124 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 8 mm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Na parte do mosaico que se conserva, a norte,<br />

é <strong>de</strong> sublinhar a precisão do remate da<br />

composição, sem o habitual recurso a corte<br />

brusco dos motivos. A forma como a trança dos<br />

meandros se fun<strong>de</strong> com a trança da bordadura<br />

69


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

é também <strong>de</strong> realçar pela sua boa<br />

execução. Aliás, a trança é uma dos<br />

melhores exemplares do género no sítio,<br />

alternando três combinações cromáticas<br />

[ocre amarelo/sombra natural, vermelho<br />

escuro/rosa pálido e cinzento<br />

metalizado/cinzento claro].<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Não existem no fragmento que se conserva.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Levantado na década <strong>de</strong> 80, o mosaico foi<br />

recolocado no lugar original por C. Beloto no<br />

Outono <strong>de</strong> 1987 (cf. Hauschild, Relatório 1987,<br />

p. 1).<br />

Cliché Hauschild (R85-79-10, R85-79-7, R86-79-16 e R43-91); Levantamento à escala 1/1 (MSP<br />

2005). Clichés MSP 2002, 2004, 2005.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 24’’; Teichner, 2008, A60, p. 168-172, fig. 79, est. 23B.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com dois filetes brancos. Filete duplo preto, faixa branca (5 cm).<br />

Bordadura em trança <strong>de</strong> dois fios (8 cm) [cinzento claro/cinzento metalizado, ocre amarelo<br />

escuro/sombra natural, vermelho escuro/rosa pálido].<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> quadrados e losangos adjacentes, realizados em meandro <strong>de</strong><br />

suástica com trança <strong>de</strong> dois fios igual à da bordadura (cf. Le Décor I, variante 161c). Ainda po<strong>de</strong><br />

ver-se a extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um losango <strong>de</strong>senhado a filete preto e preenchido a rosa. O remate da<br />

composição nos dois ângulos conservados criou espaços residuais triangulares on<strong>de</strong> foram<br />

incluídos pequenos triângulos cinzento claro e cinzento metalizado ou rosa pálido e rosa-salmão<br />

<strong>de</strong>stacando-se num fundo branco.<br />

Datação<br />

A cronologia dos paralelos estilísticos, situada nos inícios do séc. IV, coaduna-se com a<br />

cronologia dos últimos mosaicos da ala este (nº 23), colocados em meados do séc. IV que serão<br />

portanto contemporâneos do mosaico da exedra.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1985.<br />

Tema<br />

Dois fragmentos com filetes bicolores em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica (?).<br />

Compartimento<br />

Ala norte do primeiro peristilo: no hortus da<br />

última fase do peristilo. Na planta <strong>de</strong> Estácio<br />

da Veiga (planta 16) é representado como<br />

ala <strong>de</strong> peristilo, apesar <strong>de</strong> assinalar um<br />

segmento <strong>de</strong> muro a este, separando-o da<br />

ala <strong>de</strong>sse lado. O muro norte <strong>de</strong>sta “ala<br />

primitiva”está perfeitamente assinalado na<br />

planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga e é hoje em dia<br />

um pequeno troço <strong>de</strong> 6,30 m com 35 cm <strong>de</strong><br />

largura, realizado com materiais cerâmicos<br />

e argamassa, a 2, 55 m do tanque central.<br />

Dimensões do compartimento<br />

À excepção do troço <strong>de</strong> muro assinalado no<br />

item anterior, não se conhecem as<br />

estruturas arquitectónicas correspon<strong>de</strong>ntes<br />

aos fragmentos. A posição <strong>de</strong>sta “ala<br />

primitiva” em relação ao tanque central<br />

confirma que se tratam <strong>de</strong> estruturas com<br />

cronologias diferentes, sendo o tanque uma<br />

construção bem posterior que terá levado à<br />

25<br />

Estampa XLIII<br />

<strong>de</strong>struição do complexo arquitectónico a que<br />

pertenceu a porção <strong>de</strong> mosaico.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Os vestígios da camada <strong>de</strong> assentamento<br />

po<strong>de</strong>m ver-se numa área <strong>de</strong> 2,20 x 2,30 m no<br />

sentido este-oeste.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Os fragmentos surgiram em 1985 no corte 59<br />

das escavações <strong>de</strong> T. Hauschild (Relatório, p.<br />

1-2). Tratava-se <strong>de</strong> poucos fragmentos<br />

“cobertos com concreção calcária” e “em mau<br />

estado <strong>de</strong> conservação” (ibid.).<br />

Área conservada<br />

1,42 m x 0,63 m (área conservada dos dois<br />

fragmentos).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcários: preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1, 5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

71


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Na ausência <strong>de</strong> estruturas arquitectónicas<br />

que <strong>de</strong>limitem a área pavimentada pelo<br />

mosaico, <strong>de</strong> que os reduzidos fragmentos<br />

dão uma pálida imagem, não é possível<br />

compreen<strong>de</strong>r a estratégia <strong>de</strong> execução.<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento à escala 1/1 MSP 2002. Foto MSP 2001.<br />

Bibliografia<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Remates pontuais com argamassa <strong>de</strong><br />

consolidação<br />

T. Hauschild, Relatório, 1985;Teichner, 2008, A61, p. 172, fig. 74.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>struída.<br />

Bordadura com pares <strong>de</strong> linhas adossadas <strong>de</strong> arcos em oposição <strong>de</strong> cores, <strong>de</strong>ixando<br />

entrever uma linha <strong>de</strong> quadrados côncavos sobre o vértice (29 cm), tangentes (cf. Le Décor I, 48a).<br />

No centro dos quadrados côncavos vê-se um quadradinho <strong>de</strong>nteado branco com uma tessela preta<br />

no centro. Conservam-se quatro quadrados e supõe-se a existência <strong>de</strong> outro na lacuna. A leste,<br />

po<strong>de</strong> ver-se o início <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong>pois, filete duplo preto, faixa branca (8 cm), filete duplo preto.<br />

Da composição resta parte <strong>de</strong> dois filetes em ângulo recto, opostos simetricamente (12 e 47<br />

cm <strong>de</strong> comprimento conservados em cada um), que po<strong>de</strong>m ter pertencido a uma composição <strong>de</strong><br />

superfície em meandro <strong>de</strong> suástica que não é possível i<strong>de</strong>ntificar com rigor (cf. Le Décor I, variante<br />

187 e 188).<br />

Datação<br />

A cronologia com base no estudo estilístico da bordadura po<strong>de</strong> estabelecer-se em data<br />

entre os fins do séc. I e os fins do séc. II. Tendo em conta a semelhança com o nº 22 na aplicação<br />

da bordadura, bem como o estudo arquitectónico, é <strong>de</strong> refinar a datação à fase C <strong>de</strong> Teichner, ou<br />

seja, período <strong>de</strong> Adriano (2008, p. 118-119).<br />

72


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> escamas<br />

bipartidas.<br />

Compartimento<br />

Ala norte do peristilo (planta 18).<br />

Dimensões do compartimento<br />

26,47 x 2,94 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Provavelmente, o mosaico cobria a<br />

totalida<strong>de</strong> da área da ala norte, embora todo<br />

o sector oeste tenha sido obliterado em<br />

época posterior com a construção do<br />

conjunto <strong>de</strong> compartimentos assinalados<br />

por Estácio da Veiga com o número 21 (cf.<br />

Teichner, 2001).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Escavada ao tempo <strong>de</strong> Estácio da Veiga,<br />

estaria à vista a área situada frente aos<br />

hospitalia (nº s 37-41), ou seja, a meta<strong>de</strong><br />

este, já que o sector oeste se encontrava<br />

26<br />

Estampas XLIV e XLV<br />

sob a área 21. Esta ala norte está, porém,<br />

oculta na planta <strong>de</strong> 1962 publicada por<br />

Hauschild (1984/88, fig. 6), bem como os<br />

hospitalia.<br />

Área conservada<br />

Conserva-se a parte este do mosaico: 5,66<br />

(comprimento máximo visível em 2002) x 2,95<br />

m. Uma lacuna <strong>de</strong> 1,20 m x 82 cm parece ter<br />

sido provocada pelo <strong>de</strong>rrube do telhado ou um<br />

muro tardio como é visível na foto <strong>de</strong><br />

escavação. Actualmente o mosaico encontra-<br />

se em avançado estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição, tendo<br />

sido coberto com areia enquanto aguarda<br />

intervenção especializada.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível efectuar uma leitura das<br />

camadas.<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo; preto, vermelho<br />

escuro, ocre amarelo escuro, cinzento<br />

metalizado, cinzento claro, ver<strong>de</strong>-azeitona,<br />

rosa-salmão e rosa pálido no tratamento dos<br />

motivos geométricos.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

81 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1,3 cm <strong>de</strong> lado.<br />

73


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Ressalta à vista a preocupação dos<br />

mosaístas em criar um tapete harmonioso,<br />

com o mínimo <strong>de</strong> espaços em branco,<br />

valorizando as múltiplas bordaduras,<br />

policromáticas (1,29 m <strong>de</strong> largura no total),<br />

em <strong>de</strong>trimento do campo central bicolor<br />

(1,51 m <strong>de</strong> largura). Esta <strong>de</strong>sproporção não<br />

surtiu nos efeitos <strong>de</strong>sejados, uma vez que<br />

as bordaduras estrangularam o efeito das<br />

escamas e criaram a impressão <strong>de</strong> um<br />

corredor estreito. No entanto, é <strong>de</strong> sublinhar<br />

a paleta <strong>de</strong> cores aplicada nas bordaduras<br />

que recorda a combinação já aplicada no nº<br />

28C e, com mestria, no nº 38. A colocação<br />

em filetes paralelos <strong>de</strong> toda a área das<br />

bordaduras e da faixa <strong>de</strong> remate com<br />

florinhas geométricas <strong>de</strong>monstra um certo<br />

Ilustração utilizada<br />

cuidado na execução <strong>de</strong> áreas muito expostas<br />

visualmente. As escamas, por sua vez,<br />

organizam-se segundo um módulo repetido até<br />

à exaustão e que permitia um compasso <strong>de</strong><br />

execução livre e perfeitamente ajustável a<br />

qualquer comprimento.<br />

Restauros antigos<br />

Uma lacuna <strong>de</strong> 1,08 m x 76 cm restaurada com<br />

opus signinum é a única actualmente visível<br />

numa área on<strong>de</strong> foram intensas as<br />

intervenções <strong>de</strong> conservação e restauro em<br />

época mo<strong>de</strong>rna que levaram à remoção <strong>de</strong><br />

muitos <strong>de</strong>sses restauros antigos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Remate <strong>de</strong> lacunas com argamassa.<br />

Cliché Hauschild (DAI R85-79-10, R85-79-7, R86-79-16 e R43-91); Hauschild, 1980, p. 214, fig. 17;<br />

levantamento à escala 1/1 (MSP 2002). Clichés MSP 2002, 2004, 2005.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 20’; Hauschild / Teichner, 2002, fig. 16 e 17; Teichner, 2008,<br />

A60, p. 168-172, fig. 77, est. 25A.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (2 cm a norte e 12 cm a sul). A leste, po<strong>de</strong> ver-se a<br />

continuação da bordadura <strong>de</strong> fusos brancos em fundo preto a ala da fauna marinha. Quatro<br />

bordaduras sucessivas (71 cm a norte e 58 cm a sul) separadas por faixas brancas <strong>de</strong>limitam o<br />

tapete:<br />

74


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

– Linha <strong>de</strong> florinhas geométricas pretas entre dois filetes pretos (11 cm a sul). A este, a<br />

bordadura é fechada com um filete preto, criando uma pseudo-soleira.<br />

– Linha <strong>de</strong> meandro fraccionado com fracções imbricadas policromáticas [cinzento<br />

metalizado, ver<strong>de</strong>-azeitona/ocre amarelo escuro e vermelho escuro/rosa pálido] (cf. Le<br />

Décor I, variante 32j) (8 cm a norte e 14 cm a sul). Faixa branca.<br />

– Linha <strong>de</strong> meandro bicolor [branco e cinzento metalizado] com ressaltos <strong>de</strong>siguais,<br />

formando dois filetes <strong>de</strong>nticulados opostos <strong>de</strong>slocados e <strong>de</strong>siguais (cf. Le Décor I, 31b) (20<br />

cm a norte e 12 cm a sul).<br />

– Trança <strong>de</strong> dois fios [vermelho escuro/rosa-salmão, ocre amarelo escuro/ver<strong>de</strong>-azeitona,<br />

cinzento metalizado/cinzento claro] (12 cm a norte).<br />

Campo (1,51 m <strong>de</strong> largura) <strong>de</strong>limitado a sul por um filete preto, seguido <strong>de</strong> branco, este<br />

ausente a norte, com composição ortogonal <strong>de</strong> escamas bipartidas adjacentes em oposição <strong>de</strong><br />

cores – preto com enchimento cinzento metalizado e branco – (cf. Le Décor I, 217d). Cada escama<br />

possui um módulo <strong>de</strong> 43 x 43 cm.<br />

Datação<br />

O estudo estilístico coaduna-se perfeitamente com a proposta cronológica, com base em<br />

critérios arqueológicos, atribuída às alas este e norte, a saber, os meados do séc. IV (cf. Datação,<br />

nº 23).<br />

75


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878 (?).<br />

Tema<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Sector B5, compartimento a: estreito<br />

corredor em L <strong>de</strong> acesso aos aposentos<br />

privados do proprietário, através <strong>de</strong> umas<br />

escadas proce<strong>de</strong>ntes do peristilo (zona<br />

habitacional a este) (planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

3,59 x 3,47 m. Escadas com 1,30 m da<br />

largura situadas junto à pare<strong>de</strong> norte.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Certamente as mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ, apenas fragmentos da faixa <strong>de</strong><br />

remate presos à pare<strong>de</strong> sul.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não dispomos <strong>de</strong> informação. Estaria<br />

provavelmente já muito <strong>de</strong>struído no tempo<br />

<strong>de</strong> Estácio da Veiga, pois <strong>de</strong>le não se<br />

realizou <strong>de</strong>senho, como aconteceu para os<br />

restantes mosaicos <strong>de</strong>ste sector.<br />

Área conservada<br />

27<br />

Fragmento <strong>de</strong> 34 x17 cm junto à pare<strong>de</strong> sul. A<br />

oeste, ainda po<strong>de</strong> ver-se a camada <strong>de</strong><br />

assentamento.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Embora i<strong>de</strong>ntificável em certos pontos, não se<br />

conservou em área suficiente para permitir a<br />

sua caracterização.<br />

Materiais<br />

Calcário nos fragmentos conservados.<br />

Densida<strong>de</strong> impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Densida<strong>de</strong> impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong>vido<br />

não só à exiguida<strong>de</strong> dos vestígios <strong>de</strong> opus<br />

tessellatum, como ainda à espessa camada <strong>de</strong><br />

concreção que os cobre.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os vestígios residuais <strong>de</strong> mosaico não<br />

permitem a sua compreensão.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

76


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Foto MSP 2004.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 16’’; Teichner, 2008, A43, p. 150-151.<br />

Descrição<br />

Um fragmento da faixa <strong>de</strong> remate branca (?) in situ junto à pare<strong>de</strong> sul e um fragmento<br />

incluído na pare<strong>de</strong> norte que parece um reaproveitamento.<br />

Datação<br />

Os vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum são insuficientes para qualquer análise estilística. Na<br />

verda<strong>de</strong>, é unicamente com base no estudo arquitectónico e arqueológico que uma cronologia po<strong>de</strong><br />

ser viabilizada. A cronologia atribuída à edificação <strong>de</strong>sta nova área resi<strong>de</strong>ncial da casa é o terminus<br />

post quem possível para este mosaico – séc. III (Teichner, 2008, p. 118-119, fase D).<br />

77


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

composição ortogonal <strong>de</strong><br />

quadrados e losangos adjacentes<br />

realizados em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Compartimento<br />

Sector A1, compartimento m: vestíbulo <strong>de</strong><br />

acesso aos aposentos privados do dono da<br />

casa: Este conjunto <strong>de</strong> salas (A1/d, k, l e m)<br />

situado no ponto mais elevado da casa, a<br />

nascente, constituía os aposentos privados<br />

do proprietário (planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

7, 41 x 4,20 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Não existem <strong>de</strong> informações precisas sobre<br />

o mosaico a), porém, os numerosos<br />

testemunhos in situ do interface com o<br />

mosaico b), <strong>de</strong>signadamente nas zonas <strong>de</strong><br />

remate do tapete à pare<strong>de</strong>, confirmam a sua<br />

existência em todo a área.<br />

28<br />

Estampas XLVI, XLVII, XLVIII, XLIX, L e LI 1<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

A existência <strong>de</strong> um mosaico mais antigo a) é<br />

perceptível nos vestígios <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong><br />

suporte existentes sob a camada <strong>de</strong><br />

assentamento dos raros fragmentos in situ do<br />

mosaico mais recente b). São portanto apenas<br />

fragmentos da faixa <strong>de</strong> remate, que ainda se<br />

po<strong>de</strong>m ver presos às pare<strong>de</strong>s norte e sul, que<br />

nos servem <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> referência. A<br />

colocação do segundo mosaico obrigou os<br />

mosaístas a <strong>de</strong>struírem o anterior. O para<strong>de</strong>iro<br />

do mosaico b) é hoje uma incógnita, uma vez<br />

que à data da <strong>de</strong>scoberta ainda se conservava<br />

uma área consi<strong>de</strong>rável como <strong>de</strong>monstra a<br />

documentação antiga <strong>de</strong> Estácio da Veiga (cf.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta). Terá<br />

sido levantado nessa época para incluir o<br />

acervo do Museu do Algarve? Os fragmentos<br />

que se conservam no MNA e no MMF são os<br />

únicos testemunhos da existência <strong>de</strong>sse<br />

mosaico.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A <strong>de</strong>scoberta da sala data das escavações <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga. Desconhecemos o estado <strong>de</strong><br />

conservação do mosaico a) nessa ocasião,<br />

mas é muito provável que se encontrasse<br />

bastante <strong>de</strong>struído <strong>de</strong>vido à colocação do<br />

mosaico b). Estácio da Veiga <strong>de</strong>ixou dois<br />

78


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

documentos <strong>de</strong> inestimável valor que nos<br />

permitem hoje i<strong>de</strong>ntificar a <strong>de</strong>coração<br />

mosaística da sala, na sua fase mais<br />

recente: uma fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles on<strong>de</strong><br />

se vê uma vasta área da sala com um<br />

mosaico <strong>de</strong> dimensões apreciáveis (est.<br />

XLVI) e um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello<br />

(est. XLVII). Obtida no sentido noroeste-<br />

su<strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a entrada da sala A1/d,<br />

po<strong>de</strong> ver-se um tapete bem conservado até<br />

à entrada para a sala A1/l. A orientação da<br />

fotografia escolhida por X. <strong>de</strong> Meirelles<br />

pren<strong>de</strong>-se certamente com a área que se<br />

encontrava conservada nessa época. Não<br />

se vê a pare<strong>de</strong> norte da sala, mas o ângulo<br />

sul da foto mostra o início da área <strong>de</strong>struída.<br />

Documenta ainda uma lacuna no tapete<br />

nesse mesmo lado. Estes argumentos<br />

levam-nos a consi<strong>de</strong>rar que, pelo menos,<br />

cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do mosaico <strong>de</strong>via estar<br />

conservado no momento da <strong>de</strong>scoberta. O<br />

segundo documento antigo é o <strong>de</strong>senho nº<br />

25G que, por ser parcial, vem reforçar a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que uma boa parte do mosaico se<br />

encontrava <strong>de</strong>struída. O <strong>de</strong>senhador terá<br />

escolhido como área a ilustrar o ângulo<br />

su<strong>de</strong>ste do tapete, o mesmo que se vê na<br />

foto <strong>de</strong> X. Meirelles.<br />

T. Hauschild retomou os trabalhos<br />

arqueológicos nesta área no início da<br />

década <strong>de</strong> 80 e, na planta que publica,<br />

po<strong>de</strong>mos somente ver cinco pequenos<br />

fragmentos <strong>de</strong> uma bordadura <strong>de</strong> peltas,<br />

disseminados na meta<strong>de</strong> este do<br />

compartimento (Hauschild, 1980, p. 211-214,<br />

fig. 15, corte XII) que já nem sequer<br />

encontramos hoje em dia no sítio. Uma<br />

fotografia do arquivo do DAI <strong>de</strong> 1981 clarifica a<br />

<strong>de</strong>coração: aí se vê perfeitamente uma onda <strong>de</strong><br />

peltas com ápice em meia florinha <strong>de</strong>nticulada<br />

e a bordadura exterior do tapete em trança (est.<br />

XLVIII, 2). O resto do mosaico tinha já<br />

<strong>de</strong>saparecido à data da re<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> T.<br />

Hauschild.<br />

M. L. Santos publica a fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles<br />

com a mesma composição que atribui ao<br />

<strong>de</strong>senho nº 25L (Veiga, 1877-1878). Ora, em<br />

1936, este <strong>de</strong>senho não era citado por L.<br />

Chaves porque se encontrava certamente já<br />

<strong>de</strong>saparecido, ou jamais terá existido, levando<br />

a questionar os argumentos (não invocados<br />

aliás) da autora para tal atribuição.<br />

No MNA encontram-se em reserva quatro<br />

fragmentos, dos quais um apenas se<br />

inventariado e no MMF seis fragmentos: 1 et al.<br />

MNA, inv. nº 15261; 2. MMF, inv. nº 430; 3.<br />

MMF, inv. nº 431; 4. MMF, inv. nº 677; 5. MMF,<br />

inv. nº 678; 6. MMF, inv. nº 679; 7. MMF, inv. nº<br />

680.<br />

Área conservada<br />

Actualmente, o opus tessellatum encontra-se<br />

totalmente <strong>de</strong>struído, exceptuando alguns<br />

pequenos fragmentos <strong>de</strong> faixa branca presos<br />

às pare<strong>de</strong>s, pertencentes ao mosaico b). Na<br />

meta<strong>de</strong> oeste da sala, o suporte original <strong>de</strong>ste<br />

79


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

mosaico que correspon<strong>de</strong>rá<br />

aproximadamente à área <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi<br />

retirado o mosaico na época da <strong>de</strong>scoberta.<br />

Conservam-se sete fragmentos: 1 et al. 15 x<br />

15 cm a 5 x 5 cm <strong>de</strong> lado; 2. 38,5 x 26 cm;<br />

3. 19 x 14 cm; 4. 14 x 10,5 cm; 5. 8 x 7 cm;<br />

6. 15 x 11,5 cm; 7. 33 x 25 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A camada <strong>de</strong> cal do mosaico mais antigo a)<br />

ainda está bem visível na meta<strong>de</strong> este da<br />

sala, assim como nalguns pontos do lado<br />

oeste. Junto à pare<strong>de</strong> sudoeste, a fractura<br />

do opus tessellatum, possivelmente<br />

aquando do arranque, permite-nos<br />

dimensionar as camadas sobre as quais<br />

assentavam os dois pavimentos, mas não<br />

caracterizá-las na sua constituição. Do<br />

mosaico a), resta a marca <strong>de</strong> um nucleus <strong>de</strong><br />

4 cm, seguido <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> cal. Do<br />

opus tessellatum, não há vestígios, tendo<br />

certamente sido <strong>de</strong>struído para colocar o<br />

mosaico b). Este foi assente sobre um<br />

nucleus <strong>de</strong> argamassa alaranjada <strong>de</strong> 2 cm e<br />

um fino leito <strong>de</strong> cal. O leito branco po<strong>de</strong> ver-<br />

se ainda numa área apreciável nos lados<br />

norte e sul da meta<strong>de</strong> este. Apesar da<br />

existência <strong>de</strong> marcas impressas na<br />

argamassa, não é possível i<strong>de</strong>ntificar o<br />

motivo. Os fragmentos conservados no<br />

MNA conservam o leito <strong>de</strong> assentamento<br />

original e um nucleus rosa <strong>de</strong> 1 cm<br />

enquanto nos do MMF ainda po<strong>de</strong>mos ver<br />

um nucleus <strong>de</strong> 4,5 cm no fragmento 7 e 4 cm<br />

nos fragmentos 4 e 5.<br />

Materiais<br />

a) <strong>de</strong>struído; b) calcário (nos fragmentos<br />

conservados): in situ, preto, branco e cinzento<br />

metalizado; nos fragmentos do MNA e MMF,<br />

ocre amarelo escuro, ocre vermelho, cinzento<br />

claro, ver<strong>de</strong>-azeitona, cinzento metalizado,<br />

terracota nas tranças. Pontualmente, algumas<br />

tesselas rosa pálido e cinzento claro.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

a) (?); b) tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado nos<br />

fragmentos conservados da faixa <strong>de</strong> remate in<br />

situ. Nos fragmentos com 6 mm a 1 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Não é possível compreen<strong>de</strong>r a estratégia do<br />

mosaico b), uma vez que apenas conhecemos<br />

um <strong>de</strong>senho parcial, inacabado no tratamento<br />

<strong>de</strong> pormenor, no entanto, a opção por uma<br />

composição constituída por elementos<br />

colocados obliquamente obrigou a cortes<br />

abruptos bem visíveis nas cruzes suásticas em<br />

todos os lados do <strong>de</strong>senho nº 25G.<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum junto às<br />

pare<strong>de</strong>s e as argamassas <strong>de</strong> assentamento<br />

80


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

foram rematados com cimento mo<strong>de</strong>rno.<br />

Dois dos fragmentos do MMF estão<br />

inseridos numa moldura em ma<strong>de</strong>ira<br />

(fragmentos 2 e 3), tendo um <strong>de</strong>les sido<br />

Ilustração utilizada<br />

reconstituído para preencher toda a área do<br />

quadro. Essa reconstituição é totalmente<br />

aleatória.<br />

Aguarela <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello, <strong>de</strong>senho nº 25G (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 8, nº<br />

26). Foto DAI R-128-81-8. ARA II, fig. 281. Planta <strong>de</strong> T. Hauschild (Relatório, 1983, fig. 1). Foto MSP<br />

2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 16; Chaves, 1937, p. 60; Sá, 1959, nº 27, p. 54; ARA II, nº 6,<br />

p. 206-207; Hauschild, 1980, p. 211-214, est. 15; Oliveira, 2007, p. 150-151, fig. 9; Teichner, 2008,<br />

A41, p. 146 e 150, fig. 64, est. 17A.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

Na ausência <strong>de</strong> evidências no terreno, é naturalmente com base na documentação gráfica<br />

disponível (cf. ilustração utilizada) e nos fragmentos conservados no MNA e no MMF que se po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>screver este mosaico.<br />

Linha <strong>de</strong> ondas <strong>de</strong> peltas cinzentas, <strong>de</strong>bruadas a preto, entre dois filetes duplos pretos na<br />

bordadura (cf. Le Décor I, 58a) visíveis na documentação antiga e ainda na planta <strong>de</strong> T. Hauschild.<br />

Os fragmentos do MNA (1 et al.) pertencem a esta bordadura e permitem-nos estabelecer a sua<br />

paleta <strong>de</strong> cores: preto e cinzento metalizado. Segue-se uma faixa branca <strong>de</strong> 5 a 6 cm <strong>de</strong> largura e<br />

uma trança policromática <strong>de</strong> dois cordões na bordadura do tapete, tratada a cinzento metalizado<br />

num dos cordões, pelo menos.<br />

A composição é ortogonal, composta por quadrados e losangos adjacentes realizados em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 161c). A trança é constituída por dois fios [cinzento<br />

metalizado, ver<strong>de</strong>-azeitona e cinzento claro e ainda ocre vermelho ou terracota e ocre amarelo<br />

escuro] como se po<strong>de</strong> ver nos fragmentos 2, 3 e 5. Os espaços residuais do meandro apresentam<br />

81


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

um losango incluído, emoldurado com linha <strong>de</strong> meandro fraccionado [alternadamente ocre amarelo<br />

escuro, cinzento metalizado e ocre vermelho]. Segue-lhe um losango <strong>de</strong>nteado preto e, no centro,<br />

um florão longuiforme constituído por dois fusos bicolores [preto e ocre amarelo escuro] com duas<br />

folhinhas laterais cinzentas. Conserva-se em parte do fragmento 7.<br />

Datação<br />

Os motivos geométricos do mosaico mais recente b) coadunam-se perfeitamente com a<br />

datação proposta para as remo<strong>de</strong>lações mais tardias nesta zona da casa – meados do séc. IV (cf.<br />

Teichner, 2008, p. 118-119, fase F). Naturalmente, o pavimento mais antigo a) terá sido colocado<br />

num período situado entre a data da edificação <strong>de</strong>sta área, no séc. III, até aos meados do séc. IV.<br />

82


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

irregulares secantes e adjacentes,<br />

<strong>de</strong>terminando hexágonos e<br />

quadrados sobre o vértice.<br />

Compartimento<br />

Sector A1, compartimento l: cubiculum dos<br />

aposentos privados, com acesso a norte a<br />

partir <strong>de</strong> A1/m (planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

3,81 x 3,73 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Os mosaicos atapetavam certamente todo o<br />

compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

a) <strong>de</strong>struído; b) <strong>de</strong>struído.<br />

29<br />

Estampas LI 2, LII e LIII<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não se conhecem quaisquer documentos<br />

relativos ao mosaico mais antigo a). Este teria<br />

sido <strong>de</strong>struído para dar lugar ao mosaico mais<br />

recente b). Tal como no número anterior,<br />

conhece-se a composição através <strong>de</strong> dois<br />

documentos do séc. XIX: um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

Tavares Bello (est. LII 12 ) e uma fotografia <strong>de</strong> X.<br />

Meirelles da colecção pessoal <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga do MNA (est. LIII). O mosaico foi<br />

integralmente <strong>de</strong>senhado, <strong>de</strong>duzindo-se, por<br />

isso, que estaria bem conservado, apesar das<br />

incongruências que se <strong>de</strong>tectaram nos motivos<br />

<strong>de</strong> enchimento, <strong>de</strong>signadamente nos<br />

quadrados, quando confrontado com a<br />

fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles (cf. Descrição). Esta,<br />

por sua vez, regista um dos ângulos do tapete,<br />

incluindo a bordadura. Tal como se verifica nas<br />

restantes fotografias da colecção, foi muito<br />

retocada com pintas brancas, avivando o fundo<br />

do mosaico. Na zona inferior da fotografia,<br />

percebem-se alguns erros no tratamento que<br />

adulteraram o esquema original: repare-se, por<br />

exemplo, que no lado esquerdo do quadrado<br />

em primeiro plano, o filete preto continua direito<br />

quando, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veria inflectir para cima,<br />

12 O MNA dispõe <strong>de</strong> uma cópia do <strong>de</strong>senho preparada<br />

para publicação, provavelmente ao tempo <strong>de</strong> Leite <strong>de</strong><br />

Vasconcelos uma vez que foi entre a documentação<br />

pessoal <strong>de</strong>ste que o <strong>de</strong>senho foi encontrado pelas<br />

técnicas do museu. O <strong>de</strong>senho original encontra-se na<br />

posse <strong>de</strong> M. L. Pereira que o publicou em 2007 (fig. 16).<br />

83


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

a fim <strong>de</strong> formar o hexágono adjacente, ou<br />

ainda, no lado direito <strong>de</strong>sse mesmo<br />

quadrado, um triângulo preto que<br />

correspon<strong>de</strong> a uma área do hexágono não<br />

retocada. Assim, é <strong>de</strong> ter em atenção que<br />

eventuais lacunas possam ter sido<br />

disfarçadas com este tratamento <strong>de</strong><br />

imagem. Convém ainda realçar que o<br />

<strong>de</strong>senho apresenta outras incorrecções que<br />

<strong>de</strong>vem ter-se em consi<strong>de</strong>ração.<br />

Efectivamente, os triângulos pretos<br />

incluídos nos espaços residuais triangulares<br />

no remate da composição não se encontram<br />

adjacentes ao filete da bordadura, como se<br />

vê no <strong>de</strong>senho, mas sim centrados no<br />

espaço, como se vê na fotografia. De<br />

qualquer modo, aceita-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que se<br />

conservava na totalida<strong>de</strong>.<br />

Área conservada<br />

Os dois pavimentos estão totalmente<br />

perdidos, conservando-se apenas as<br />

respectivas camadas <strong>de</strong> assentamento e<br />

vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum do mosaico b)<br />

junto às pare<strong>de</strong>s. A forma como ainda se<br />

conservam as tesselas presas às pare<strong>de</strong>s<br />

revela bem que o mosaico foi arrancado do<br />

seu leito original em tempos mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Do pavimento mais antigo po<strong>de</strong>mos ver no<br />

lado oeste (18 cm), on<strong>de</strong> a pare<strong>de</strong> está<br />

<strong>de</strong>struída, um assentamento constituído por<br />

um rudus <strong>de</strong> 12 cm, um nucleus <strong>de</strong> 5 cm e 1,2<br />

cm <strong>de</strong> argamassa branca com impressão <strong>de</strong><br />

tesselas. Para colocar o mosaico seguinte foi<br />

coberto com uma argamassa rosa com<br />

cerâmica e muitas tesselas provenientes da<br />

<strong>de</strong>struição do pavimento anterior (6 a 8 cm <strong>de</strong><br />

altura).<br />

Materiais<br />

a) totalmente <strong>de</strong>struído; b) calcário branco e<br />

cerâmica nos fragmentos que se conservam.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

a) totalmente <strong>de</strong>struído; b) o campo está<br />

totalmente <strong>de</strong>struído e os vestígios junto às<br />

pare<strong>de</strong>s não permitem a contagem. As tesselas<br />

brancas possuem cerca <strong>de</strong> 1,1 cm <strong>de</strong> lado e as<br />

<strong>de</strong> cerâmica cerca <strong>de</strong> 1,5 a 2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O <strong>de</strong>senho mostra um esquema<br />

aparentemente bem adaptado ao espaço<br />

disponível, não tendo sido necessário cortar<br />

elementos <strong>de</strong>corativos. O aspecto final é<br />

equilibrado e elegante. Por apresentar algumas<br />

incorrecções (cf. Área visível no momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta), não se po<strong>de</strong> ter por base <strong>de</strong><br />

trabalho fi<strong>de</strong>digna o <strong>de</strong>senho nº 25E. Além<br />

disso, o tratamento reticulado que preten<strong>de</strong><br />

representar as tesselas não correspon<strong>de</strong> à<br />

realida<strong>de</strong>, sendo apenas uma forma <strong>de</strong><br />

aproximar o <strong>de</strong>senho do original.<br />

84


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os fragmentos na pare<strong>de</strong> norte foram apenas<br />

rematados.<br />

Clichés MSP 2002. Pereira, 2007, fig. 16. Cópia do <strong>de</strong>senho Veiga, 1877-1878, nº 25E (MNA –<br />

colecção Estácio da Veiga).<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 16; Chaves, 1937, p. 60; ARA II, p. 206; Pereira, 2007, p. 206,<br />

fig. 16. Teichner, 2008, A40, p. 146, fig. 61 e 63, est. 16C.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

Junto da pare<strong>de</strong> norte do compartimento, encontram-se raros vestígios do mosaico mais<br />

recente que correspon<strong>de</strong>m à faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>, observáveis em três pontos <strong>de</strong> ambos lados<br />

da porta: faixa branca (36 x 5 cm), faixa <strong>de</strong> tesselas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões em cerâmica e calcário<br />

branco (1,16 m <strong>de</strong> comprimento; 2 x 1,5 cm <strong>de</strong> lado para as tesselas <strong>de</strong> cerâmica e 1,1 cm <strong>de</strong> lado<br />

para as calcárias); faixa branca (43 x 4 cm). Nas pare<strong>de</strong>s este e sul, ainda cobertos pelo reboco das<br />

pare<strong>de</strong>s, conservaram-se uma a duas fiadas do tapete, incluindo algumas tesselas <strong>de</strong> cerâmica.<br />

A <strong>de</strong>scrição tem por base os documentos antigos disponíveis: o <strong>de</strong>senho do Catálogo das<br />

Plantas (est. LII) e a fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles (est. LIII). Assim, po<strong>de</strong> dizer-se que o mosaico<br />

possuía uma bordadura em linha <strong>de</strong> fusos brancos, tangentes, em fundo preto (cf. Le Décor I, 21e),<br />

em redor <strong>de</strong> um esquema <strong>de</strong> octógonos secantes (3 x 2 octógonos) com nó <strong>de</strong> Salomão ou<br />

quadrílobo inscrito no quadrado e florões longuiforme com dois fusos [preto/vermelho] com chavetas<br />

laterais e folhinhas nos hexágonos em oposição a diversos motivos geométricos, formados por<br />

hexágonos oblongos [preto/vermelho], ora com remates em laço e chavetas laterais, ora apenas<br />

com SS duplos.<br />

85


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

O esquema é claramente uma composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos irregulares secantes e<br />

adjacentes, <strong>de</strong>terminando hexágonos e quadrados sobre o vértice ou losango como é <strong>de</strong>scrito (cf.<br />

Le Décor I, 169c) e não há equívoco possível com o <strong>de</strong>senho nº 25F do nº 30, com uma<br />

composição muito semelhante nos seus elementos <strong>de</strong>corativos secundários, mas com um esquema<br />

diferente <strong>de</strong> octógonos e quadrados adjacentes.<br />

Datação<br />

Na falta <strong>de</strong> informações em relação ao mosaico mais antigo a), e por associação ao nº 28 e<br />

30, apenas se po<strong>de</strong> propor como hipótese uma cronologia no séc. III no momento da edificação<br />

<strong>de</strong>ste sector (fase D). O mosaico mais recente b), colocado provavelmente por <strong>vol</strong>ta dos meados do<br />

séc. IV, no momento das reformas arquitectónicas (fase F) (cf. Teichner, 2008, p. 118-119),<br />

enquadra-se perfeitamente nos mo<strong>de</strong>los pictóricos em voga no final da Antiguida<strong>de</strong>.<br />

86


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo:<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong><br />

octógonos secantes e adjacentes,<br />

realizados em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

Composição <strong>de</strong> octógonos e<br />

quadrados adjacentes.<br />

Compartimento<br />

Sector A1, compartimento k: cubiculum dos<br />

aposentos privados, com acesso a partir <strong>de</strong><br />

A1/m (planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

3,85 x 3, 02 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Ambos os pavimentos cobriam certamente<br />

toda a área do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

a) fragmentos in situ; b) dois fragmentos da<br />

bordadura este <strong>de</strong>positados no centro <strong>de</strong><br />

interpretação da estação arqueológica.<br />

30<br />

Estampas LIV, LV, LVI, LVII e LVIII<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Ao contrário do que suce<strong>de</strong>u com os dois<br />

números anteriores, conservaram-se aqui<br />

vários fragmentos do mosaico mais antigo a).<br />

Não existem no entanto informações sobre a<br />

área conservada ao tempo <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga. O compartimento foi escavado nessa<br />

época, embora não se saiba se foi atingido o<br />

nível <strong>de</strong>ste mosaico inferior. A ser verda<strong>de</strong>, não<br />

terá sido <strong>de</strong>senhado por se encontrar já<br />

bastante <strong>de</strong>struído. O levantamento <strong>de</strong> T.<br />

Hauschild (1980, fig. 14) ilustra a mesma área<br />

que hoje se conserva.<br />

Quanto ao mosaico mais recente b), dão conta<br />

da sua existência um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Tavares<br />

Bello (est. LVI) e uma fotografia <strong>de</strong> pormenor<br />

da X. Meirelles (est. LVIII). Estaria já em parte<br />

<strong>de</strong>struído e, por essa razão, o fotógrafo não<br />

terá captado, como fez noutros casos, o ângulo<br />

do tapete, optando por uma perspectiva parcial<br />

da composição, sem qualquer estrutura<br />

arquitectónica. Na documentação mais recente<br />

(Hauschild, 1980, fig. 14, est. 52b), po<strong>de</strong> ver-se<br />

uma bordadura <strong>de</strong> fusos no ângulo su<strong>de</strong>ste e<br />

ao longo da pare<strong>de</strong> este nessa mesma área<br />

que não é representada no <strong>de</strong>senho do séc.<br />

XIX. Este facto coloca a questão das<br />

circunstâncias do <strong>de</strong>senho, pois, se esta não<br />

foi <strong>de</strong>senhada, ainda que parcialmente, é<br />

porque não estaria diante do <strong>de</strong>senhador. É<br />

87


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

assim possível que a ilustração tenha sido<br />

realizada <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> arrancado o pavimento,<br />

<strong>de</strong>ixando in situ a bordadura. A questão<br />

permanece porém sem resposta segura.<br />

Área conservada<br />

Conservam-se in situ três fragmentos do<br />

pavimento mais antigo (a) na meta<strong>de</strong> sul do<br />

compartimento. Também subsistiram<br />

algumas áreas <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> assentamento<br />

<strong>de</strong> mosaico, ainda que muito <strong>de</strong>struídas. Do<br />

pavimento mais recente b), que veio cobrir o<br />

anterior, resta uma área consi<strong>de</strong>rável do<br />

nucleus que correspon<strong>de</strong> praticamente à<br />

meta<strong>de</strong> norte do compartimento (3,10 x 2,05<br />

m). Dois fragmentos da bordadura este<br />

(3,52 x 0,54 m e 1,15 x 0,16 m) com<br />

bordadura <strong>de</strong> fusos foram levantados e<br />

<strong>de</strong>positado no centro <strong>de</strong> interpretação, on<strong>de</strong><br />

aguarda intervenção <strong>de</strong> conservação. Os<br />

vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum são muito<br />

diminutos, resumindo-se a pequenos<br />

fragmentos: dois isolados no tapete e outros<br />

junto do muro oeste na faixa <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong>. Ao <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> T. Hauschild (1980,<br />

fig. 14) falta um fragmento <strong>de</strong> mosaico que<br />

hoje se vê muito bem junto da pare<strong>de</strong> este.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Do pavimento a) não foi possível obter<br />

dados, este terá servido <strong>de</strong> base <strong>de</strong><br />

assentamento do pavimento b),<br />

possivelmente já em parte danificado nessa<br />

ocasião. Sobrepuseram-lhe um nucleus cor <strong>de</strong><br />

laranja com 4 cm <strong>de</strong> espessura que se<br />

conserva na meta<strong>de</strong> norte do compartimento. O<br />

leito <strong>de</strong> cal sobre o qual dispuseram as<br />

tesselas observa-se nalguns pontos <strong>de</strong>ssa<br />

camada com marcas <strong>de</strong> impressão.<br />

Materiais<br />

a) calcário: cinzento para a composição, branco<br />

no fundo e vermelho escuro nos quadrados; b)<br />

calcário: vermelho escuro, preto e branco.<br />

Cerâmica na faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>. No<br />

<strong>de</strong>senho: preto, branco, vermelho e amarelo.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

a) 64 /dm 2 ; b) 78 dm 2 no fragmento das<br />

reservas.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os fragmentos do pavimento a) não permitem<br />

uma leitura do sentido <strong>de</strong> execução do<br />

mosaico. Pela natureza da composição, é<br />

natural que as suas figuras se apresentem<br />

truncadas a norte e a sul. É também difícil<br />

compreen<strong>de</strong>r o mosaico b) com base no seu<br />

<strong>de</strong>senho parcial e incompleto. A composição é<br />

equilibrada e ritmada na distribuição dos<br />

elementos <strong>de</strong>corativos que são realizados em<br />

oposição nos hexágonos e em linhas<br />

alternadas nos gran<strong>de</strong>s quadrados direitos.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área conservada.<br />

88


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Uma camada <strong>de</strong> cimento mo<strong>de</strong>rno foi<br />

aplicada para consolidar os remates do<br />

Ilustração utilizada<br />

mosaico mais antigo a) e do nucleus do mais<br />

recente b).<br />

Aguarela <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello, <strong>de</strong>senho nº 25F (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 8, nº 25)<br />

e reprodução em papel nº 25 1 . Hauschild, 1980, fig. 14, est. 52b. Levantamento tessela a tessela à<br />

escala 1/1 (MSP 2002). Clichés MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 16; Chaves, 1936, p. 60; ARA II, p. 207; Hauschild, 1980, p.<br />

210-211, fig. 14 e est. 52b; Teichner, 2008, A39, p. 143-146, fig. 61, est. 16c.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (34 cm) com cruzetas pretas em cruz diagonal não<br />

contíguas (cf. Le Décor, est. 4e), das quais subsistem duas incompletas.<br />

Um filete preto duplo <strong>de</strong>senha uma composição <strong>de</strong> três por dois octógonos irregulares<br />

secantes e adjacentes pelos lados maiores, realizado em meandro <strong>de</strong> suástica (cf. Le Décor I, est.<br />

171d). Da reconstituição apresentada por T. Hauschild (1980, fig.14) i<strong>de</strong>ntificam-se três fiadas no<br />

sentido este-oeste e duas no sentido norte-sul, das nove que provavelmente lhe se lhe po<strong>de</strong>m<br />

atribuir, supondo que o motivo cobria todo o compartimento. Os espaços hexagonais (40 cm <strong>de</strong><br />

comprimento por 19 cm no lado menor) são <strong>de</strong>corados com quadradinho <strong>de</strong>nteado vermelho com<br />

uma tessela branca no centro, colocado ora no terço superior, ora no terço inferior do espaço.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

A bordadura <strong>de</strong> fusos brancos em fundo preto (cf. Le Décor I, 21e), acompanhada por uma<br />

faixa <strong>de</strong> remate com florinhas geométricas pretas equidistantes, documentada por T. Hauschild<br />

(1980, fig. 14, est. 52b) foi levantada do sítio. Não existem informações sobre esse levantamento,<br />

porém, o facto <strong>de</strong> já não figurar nas fotografias tiradas <strong>de</strong> T. Hauschild obriga a situar esse<br />

levantamento em época anterior. Os dois fragmentos levantados encontram-se <strong>de</strong>positados nas<br />

reservas. Estão entretelados e não foi possível proce<strong>de</strong>r a intervenção <strong>de</strong> restauro no período <strong>de</strong>ste<br />

estudo. Apresentam ainda uma linha <strong>de</strong> tesselas em cerâmica na zona do remate.<br />

89


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Um outro fragmento (12 x 7 cm), in situ, apresenta tesselas sobre o vértice <strong>de</strong>senhando<br />

linhas a preto, cinzento claro, bege, branco e <strong>de</strong>pois cinzento claro, cinzento-escuro e novamente<br />

preto. Os fragmentos da faixa <strong>de</strong> remate são em tesselas pretas e brancas na pare<strong>de</strong> oeste e<br />

tesselas <strong>de</strong> maiores dimensões em cerâmica na pare<strong>de</strong> norte.<br />

O fragmento muito pequeno, situado a norte (19 x 11 cm), com um <strong>de</strong>senho<br />

incompreensível <strong>de</strong> contornos curvos, sobre a camada <strong>de</strong> assentamento do pavimento mais<br />

recente, parece estar fora do sítio original, no entanto, po<strong>de</strong>mos reconhecê-lo na fotografia <strong>de</strong> T.<br />

Hauschild (1980, est. 52b). Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um restauro antigo que se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>u do leito<br />

aquando da remoção do mosaico b).<br />

O <strong>de</strong>senho nº25F do MNA (est. LVI) ilustra parcialmente o mosaico, omitindo as bordaduras<br />

e representando apenas parte do esquema <strong>de</strong> octógonos e quadrados (cf. Le Décor I, variante,<br />

163b). A composição é <strong>de</strong>senhada a filete triplo, com octógonos formados por quatro hexágonos<br />

oblongos que <strong>de</strong>terminam um quadrado direito sobre o vértice. No centro <strong>de</strong>sse quadrado po<strong>de</strong> ver-<br />

se uma moldura quadrada a filete simples preto com um pequeno florão em cruz com remates em<br />

flor <strong>de</strong> lótus vermelhas.<br />

Os hexágonos são também emoldurados com filete simples preto e <strong>de</strong>corados, em<br />

oposição, por um hexágono incluído <strong>de</strong>senhado a filete simples vermelho claro, um amarelo e o<br />

centro branco e por um florão longuiforme constituído por duas pétalas lanceoladas<br />

[preto/amarelo/vermelho] e he<strong>de</strong>rae laterais [preto/vermelho].<br />

Nos quadrados direitos entre os octógonos (seis completos e quatro truncados no limite do<br />

<strong>de</strong>senho) foi incluída uma moldura a filete simples preto on<strong>de</strong> dois motivos alternam em linha: um<br />

quadrílobo [preto/vermelho/branco] e um florão compósito formado por um quatro folhas e quatro<br />

pétalas <strong>de</strong> lis.<br />

Datação<br />

Tendo em conta as remo<strong>de</strong>lações arquitectónicas e as afinida<strong>de</strong>s estilísticas com outros<br />

pavimentos da casa, po<strong>de</strong> apontar-se para o mosaico mais recente b) uma cronologia por <strong>vol</strong>ta dos<br />

meados do séc. IV, sendo muito provável que o pavimento mais antigo a) se situe nos inícios do<br />

séc. III, em perfeita harmonia com os paralelos estilísticos que registados na província da<br />

Proconsular e Bizacena on<strong>de</strong> encontra filiação artística.<br />

90


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, (?).<br />

Tema<br />

Mosaico constituído por painéis em número<br />

in<strong>de</strong>terminado:<br />

Painel A, painel da entrada: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos estrelados com<br />

rectângulos tangentes.<br />

Outros painéis em número in<strong>de</strong>terminado:<br />

<strong>de</strong>struídos.<br />

Compartimento<br />

Sector A1, compartimento d: sala <strong>de</strong><br />

recepção com uma pequena fonte <strong>de</strong><br />

mármore (56 x 56 cm) no centro, inserida<br />

num tanque forrado a mármore branco<br />

(planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

12,50 x 9 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

O compartimento era certamente todo<br />

revestido com opus tessellatum. Os<br />

fragmentos conservados do painel A<br />

pertenceram a um dos painéis que<br />

constituíram esse gran<strong>de</strong> tapete compósito.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

A: in situ; B: <strong>de</strong>struídos.<br />

31<br />

Estampas LIX, LX e LXI<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Na planta <strong>de</strong> Estácio <strong>de</strong> Veiga o compartimento<br />

não está claramente <strong>de</strong>finido. É a M. Lyster<br />

Franco que se <strong>de</strong>ve a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um<br />

“precioso recinto todo revestido <strong>de</strong> mármore<br />

branco, tendo ao centro os restos <strong>de</strong> uma<br />

espécie <strong>de</strong> cippus <strong>de</strong> forma quadrangular e, um<br />

pouco mais abaixo, o pequeno immissarium ou<br />

dividiculum” (1943, p. 20). O autor não faz<br />

referência a mosaicos (ibid.). Em 1987, T.<br />

Hauschild <strong>de</strong>fine o limite este da sala a atribui a<br />

<strong>de</strong>struição do pavimento <strong>de</strong> mosaico ainda a<br />

época antiga pois, no canto exterior su<strong>de</strong>ste, a<br />

um nível um pouco mais elevado, encontrou<br />

restos <strong>de</strong> um esqueleto e um jarro atribuíveis a<br />

época visigótica (Relatório, 1987, p. 4). Associa<br />

ainda vários fragmentos <strong>de</strong> t. s. clara à época<br />

posterior à <strong>de</strong>struição do mosaico, momento<br />

em que se reutiliza o espaço para novas<br />

funções (Relatório, 1991, p. 7).<br />

Área conservada<br />

Os fragmentos conservados situam-se junto à<br />

entrada numa área <strong>de</strong> 3,03 (E-O) x 2, 77 m (N-<br />

S).<br />

91


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

As lacunas nas zonas sem opus tessellatum<br />

não são suficientes para analisar as<br />

camadas <strong>de</strong> assentamento.<br />

Materiais<br />

Calcários: branco para o fundo; preto, ocre<br />

amarelo, terracota e vermelho escuro para<br />

os motivos.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Faixa <strong>de</strong> remate: 81 /dm 2; campo: 102 /dm 2,<br />

tesselas com 0,5 a 0,6 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Não existem elementos suficientes, mas é<br />

bastante plausível que o tapete fosse<br />

constituído por vários painéis, dos quais nos<br />

restam, hoje, fragmentos <strong>de</strong> um. É um<br />

trabalho cuidado com tesselas menores que<br />

nos outros mosaicos, bem aplicadas e com<br />

interstícios mínimos. Junto à entrada, a<br />

Ilustração utilizada<br />

faixa <strong>de</strong> remate foi executada em fiadas<br />

paralelas às do tapete para norte, até ao limite<br />

conservado do painel e, para sul, até ao ponto<br />

que se supõe ser o seu limiar. Destes pontos<br />

em diante, nota-se uma diferente estratégia na<br />

colocação das tesselas, em filetes<br />

perpendiculares à pare<strong>de</strong>. Apenas as duas<br />

últimas fiadas, junto à pare<strong>de</strong>, são colocadas<br />

horizontalmente. Ainda se po<strong>de</strong>m ver<br />

impressas na argamassa as tesselas que<br />

marcam o limite do painel A. A qualida<strong>de</strong> do<br />

trabalho também se reconhece nas faixas <strong>de</strong><br />

remate e contrasta com os restantes<br />

pavimentos do sítio, on<strong>de</strong> esta zona é<br />

normalmente <strong>de</strong>scurada e realizada com opus<br />

tessellatum menos <strong>de</strong>nso.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área conservada.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Consolidado in situ com cimento mo<strong>de</strong>rno.<br />

Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 17; Franco, 1943, p. 20; Hauschild, 1984, p. 98; Hauschild,<br />

Relatório, 1987, p. 4; Hauschild, Relatório, 1991, p. 7; Hauschild / Teichner, 2002, p. 23-24, fig. 19;<br />

Teichner, 2008, A38, p. 141-143, fig. 56, est. 17B.<br />

92


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> (29 cm) com quadrados policromáticos <strong>de</strong>nteados [vermelho<br />

escuro, ocre amarelo e preto]. Em frente da entrada, até ao limite norte, conservam-se três <strong>de</strong>sses<br />

quadrados. O arranque do primeiro, a sul, é a bordadura do painel do lado. Está <strong>de</strong>struído a sul e<br />

conserva-se em 27 x 20 cm a norte, com vestígios incompletos e um quadradinho <strong>de</strong>nteado. Filete<br />

duplo preto, faixa branca (9 cm) com filete <strong>de</strong>nticulado vermelho escuro <strong>de</strong> 4 tesselas (cf. Le Décor<br />

I, 2j).<br />

Painel A<br />

Composição centrada, num quadrado e em torno <strong>de</strong> um octógono flanqueado <strong>de</strong> 8<br />

rectângulos perpendiculares à diagonais e às medianas, <strong>de</strong> 8 meias estrelas <strong>de</strong> oito losangos<br />

laterais, contíguas e nos vértices do octógono e acantonando os rectângulos, <strong>de</strong>terminando<br />

triângulos laterais e em cantoneira, e quadrados nas diagonais (cf. Le Décor II, 394a). A composição<br />

foi <strong>de</strong>senhada com trança <strong>de</strong> dois cordões [ocre amarelo, vermelho escuro e rosa]. Os rectângulos<br />

que se conservam (34 cm) possuem trança <strong>de</strong>senhada com filete branco; <strong>vol</strong>uta vermelho escuro<br />

com dois enleios [preto e vermelho escuro] e linha <strong>de</strong> quatro triângulos [preto e vermelho escuro]<br />

num caixilho vermelho escuro. Nos losangos, há losangos menores pretos e vermelhos incluídos. O<br />

único quadrado que se conserva leva um nó <strong>de</strong> Salomão em fundo preto, <strong>de</strong>senhado a filete branco.<br />

O fragmento <strong>de</strong> mosaico que i<strong>de</strong>ntifica o limite do painel A, a norte, ainda conserva as<br />

bordaduras: parte da trança, filete <strong>de</strong>nteado vermelho, filete duplo preto, e uma faixa branca com<br />

cerca <strong>de</strong> 20,5 cm on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> ver meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um quadradinho <strong>de</strong>nteado idêntico aos da faixa a<br />

oeste. A localização <strong>de</strong>ste motivo induz a pensar numa faixa branca <strong>de</strong>, pelo menos, 40 cm com<br />

uma linha <strong>de</strong> quadradinhos a marcar o limite com o painel vizinho.<br />

Datação<br />

Com base em fragmentos <strong>de</strong> t. s. sudgálica e <strong>de</strong> lucernas, a data da construção da sala foi<br />

situada nos séc. II-III (Hauschild, Relatório, 1991, p. 7; fase D <strong>de</strong> Teichner, 2008, p. 118-119), não<br />

sendo porém clara a sequência cronológica da ocupação até ao período mais tardio, documentado<br />

por vários fragmentos <strong>de</strong> t. s. clara (cf. ibid.) Apesar da maioria dos paralelos estilísticos apontarem<br />

para os inícios do séc. III, o traçado carregado da composição parece antes aproximar-se dos<br />

mo<strong>de</strong>los mais tardios, do séc. IV.<br />

Aten<strong>de</strong>ndo às remo<strong>de</strong>lações que se conhecem para os outros compartimentos <strong>de</strong>ste sector,<br />

com os quais se <strong>de</strong>ve relacionar do ponto <strong>de</strong> vista funcional (cf. nº 28, 29 e 30, em particular), po<strong>de</strong><br />

93


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

colocar-se a hipótese <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um segundo pavimento, <strong>de</strong> meados do séc. IV, apesar da<br />

ausência <strong>de</strong> registo <strong>de</strong> um mosaico mais antigo como nos compartimentos vizinhos. O listelo <strong>de</strong><br />

mármore intercalado entre o mosaico e a soleira é idêntico ao que encontramos entre a exedra do<br />

peristilo e o mosaico da ala este, <strong>de</strong> meados do séc. IV (cf. nº 24).<br />

94


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1941.<br />

Tema<br />

Composição centrada <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong><br />

oito losangos, <strong>de</strong>terminando um quadrado<br />

central.<br />

Compartimento<br />

Sector B5, compartimento a: antecâmara <strong>de</strong><br />

uma sala com absi<strong>de</strong> (B5/b), com acesso a<br />

partir da ala este do peristilo (planta 20).<br />

Balneário segundo M. Lyster Franco (1943,<br />

p. 16).<br />

Dimensões do compartimento<br />

2, 76 x 3, 22 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

2,76 m (E-O) x 3,22 m (N-S).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Mosaico <strong>de</strong>scoberto em 1941 nas<br />

escavações realizadas por M. Lyster franco<br />

(1943, p. 18). A falta <strong>de</strong> documentação<br />

gráfica e/ou fotográfica <strong>de</strong>ssa época não<br />

permite uma avaliação abalizada da área<br />

32<br />

Estampas LXII e LXIII<br />

visível. O levantamento realizado por T.<br />

Hauschild apresenta a mesma área que hoje se<br />

conserva.<br />

Área conservada<br />

Um dos contrafortes cilíndricos da Casa Rural<br />

apoia directamente sobre o painel, ocultando a<br />

sua área central. É, por isso, muito provável<br />

que o mosaico se encontre <strong>de</strong>struído nessa<br />

zona. Frente à entrada para a sala anexa, a<br />

este, existe uma gran<strong>de</strong> lacuna que se<br />

prolonga sobre o lado sul. Outra lacuna, <strong>de</strong><br />

menores dimensões, <strong>de</strong>staca-se no ângulo<br />

noroeste do painel. Conserva-se cerca <strong>de</strong> 40 %<br />

<strong>de</strong>ste pavimento. Na faixa <strong>de</strong> remate, no<br />

ângulo noroeste, ainda se vêem alterações nas<br />

tesselas, aqui mais rosadas, indicando acção<br />

<strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> calor: uma braseira?<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível <strong>de</strong>terminá-la <strong>de</strong>vidos aos<br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos que selaram o suporte do<br />

mosaico.<br />

Materiais<br />

Calcário branco, preto, ocre vermelho, rosa<br />

pálido, rosa-salmão, sombra natural e ocre<br />

amarelo escuro.<br />

95


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Nas brancas: 65 / dm 2, com tesselas <strong>de</strong> 1,5<br />

cm <strong>de</strong> lado; nas restantes: 121 / dm 2, com<br />

tesselas <strong>de</strong> 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

As faixas <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> foram<br />

realizadas com linhas paralelas às pare<strong>de</strong>s.<br />

Não é possível <strong>de</strong>terminar com rigor o<br />

sentido e a estratégia <strong>de</strong> execução por se<br />

encontrar em gran<strong>de</strong> parte oculto/<strong>de</strong>struído<br />

Ilustração utilizada<br />

(?) sob o pilar da casa, contudo, parece-nos um<br />

tapete bem centrado, com faixas laterais bem<br />

distribuídas.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área visível.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

As lacunas foram preenchidas com argamassa<br />

<strong>de</strong> consolidação.<br />

Clichés Hauschild (DAI R155-68-6 e R76-83-14). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP<br />

2005). Foto MSP 2004.<br />

Bibliografia<br />

Franco, 1942, p. 17-19; Sá, 1959, p. 54-55; ARA II, nº 16, p. 208-209, fig. 285; Blázquez, 1994, fig.<br />

5, p. 190-191; Hauschild / Teichner, 2002, p. 24, fig. 20 e fig. 60; Teichner, 2004, p. 158-159;<br />

Teichner, 2008, A44, p. 154, fig. 66, est. 18C.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (36 cm frente à soleira, a oeste, 26 cm a este, 45 cm a<br />

sul) com cruzetas e, alternadamente, quadradinhos <strong>de</strong>nteados pretos, equidistantes <strong>de</strong> 55 a 60 cm<br />

(cf. Le Décor I, 4e). A oeste, dois quadradinhos e duas cruzetas; a norte, a faixa <strong>de</strong> remate é branca<br />

(57 cm) e não apresenta elementos <strong>de</strong>corativos. A este, po<strong>de</strong> ver-se um quadradinho <strong>de</strong>nteado<br />

preto com tessela central branca e, a sul, três quadradinhos e duas cruzetas. O filete duplo preto<br />

que emoldura o campo apresenta ângulos prolongados com filete <strong>de</strong>nteado preto rematado com<br />

borla. Vêem-se dois <strong>de</strong>sses elementos apenas a oeste.<br />

Composição <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong> oito losangos (58 cm <strong>de</strong> comprimento) <strong>de</strong>terminando um<br />

gran<strong>de</strong> quadrado no centro (cf. Le Décor II, est. 413a). As estrelas, das quais uma se conserva<br />

praticamente completa, com o centro formado por quatro tesselas brancas e losangos incluídos<br />

[alternadamente preto e vermelho]. Dos quadrados situados nos ângulos da composição, apenas se<br />

96


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

po<strong>de</strong>m ver dois (31 cm <strong>de</strong> lado): um no ângulo sudoeste, com quadrado <strong>de</strong> lados côncavos, sobre o<br />

vértice, formado através <strong>de</strong> quatro triângulos em oposição <strong>de</strong> cores [preto e vermelho] <strong>de</strong>terminando<br />

um quadrado branco no centro, com um quadradinho <strong>de</strong>nteado vermelho <strong>de</strong> centro branco; o<br />

segundo, no ângulo noroeste, com um nó <strong>de</strong> Salomão em quadrado <strong>de</strong> fundo preto (24 x 23 cm)<br />

[rosa e vermelho]. Nos pequenos quadrados, entre as estrelas, po<strong>de</strong>m ver-se quadrados côncavos<br />

sobre o vértice e ainda um nó <strong>de</strong> Salomão. Num dos rectângulos completamente conservado vê-se<br />

ainda uma trança.<br />

A <strong>de</strong>coração do quadrado central está completamente perdida. Apenas se vêem dois dos<br />

quadrados sobre o vértice nos espaços residuais criados pelas estrelas, <strong>de</strong>corados com quadrado<br />

<strong>de</strong> lados côncavos sobre o vértice, preto com quadradinho <strong>de</strong>nteado vermelho ou rosa escuro e<br />

centro com tessela branca. Apenas no que se situa a este, os ângulos foram <strong>de</strong>corados com<br />

triângulo policromático <strong>de</strong> base <strong>de</strong>nteada [rosa escuro, ocre, vermelho, ocre e rosa escuro].<br />

Do quadro central, vê-se uma pequena parte do ângulo su<strong>de</strong>ste, sob o pilar, que nos leva a<br />

pensar num motivo em entrançado ou apenas numa moldura em trança para esta zona.<br />

Os espaços residuais triangulares, criados pelas estrelas na linha <strong>de</strong> remate da<br />

composição, são preenchidos com triângulos policromáticos [vermelho e ocre] nos três<br />

conservados. Dos quatro rectângulos situados nas medianas, conserva-se apenas um completo, a<br />

este (pelo menos 54 x 32 cm), em fundo branco, <strong>de</strong>corado com uma trança em fundo preto (44,5 x<br />

16 cm), rosa escura e vermelha. No lado oposto, a oeste, é ainda visível parte do mesmo motivo<br />

<strong>de</strong>corativo e, a sul, apenas se vê um filete vermelho semicircular na pequena parte que se<br />

conserva. A norte, encontra-se sob a Casa Rural.<br />

Datação<br />

Estilisticamente, este mosaico po<strong>de</strong> datar-se do séc. III, não só no que à composição<br />

principal diz respeito, mas também na excessiva largura da bordadura ou na simplicida<strong>de</strong> do seu<br />

tratamento. Tendo em conta as observações já feitas no capítulo III, consi<strong>de</strong>ra-se que o mosaico foi<br />

realizado nos inícios do séc. III (fase D <strong>de</strong>finida por F. Teichner). F. Teichner data os mosaicos<br />

<strong>de</strong>ste sector do séc. IV, não justificando porém a sua cronologia (2004, p. 159).<br />

97


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1941.<br />

Tema<br />

Mosaico constituído por dois tapetes<br />

rectangulares e um absidal:<br />

Painel A, tapete rectangular: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> meandros <strong>de</strong> pares <strong>de</strong><br />

suásticas, <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta dupla, intercalados por<br />

quadrados e rectângulos.<br />

Painel B, tapete da cabeceira: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes,<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados realizados em<br />

meandro <strong>de</strong> suásticas.<br />

Painel C, absi<strong>de</strong>: kantharus com suástica e<br />

ramagem na absi<strong>de</strong>.<br />

Compartimento<br />

Sector B5, compartimento d: sala rematada<br />

com absi<strong>de</strong>, parcialmente coberta, a norte,<br />

pelo edifício do séc. XVIII (planta 20).<br />

Nymphaeum segundo Lyster Franco (1942,<br />

p. 19); sala do balneário segundo M. L.<br />

Santos (ARA II, p. 208); termas segundo<br />

Teichner (1997, fig. 6). A i<strong>de</strong>ntificação como<br />

sector termal foi suscitada pela existência<br />

da sala anexa sobre hipocausto situada a<br />

norte (B5/d). No entanto, essa hipótese foi<br />

afastada pela ausência <strong>de</strong> fornalha. Assim,<br />

33<br />

Estampas LXIV, LXV, LXVI, LXVIII, LXVIII e LXIX<br />

parece que a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sta sala como um<br />

espaço <strong>de</strong> recepção é perfeitamente aceitável<br />

tendo em conta as suas características<br />

arquitectónicas.<br />

Dimensões do compartimento<br />

7,16 x 2,70 m. A largura total não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminar-se com exactidão por se encontrar<br />

sob a pare<strong>de</strong> sul da Casa do séc. XVIII.<br />

Dimensões do mosaico<br />

A: 3,47 m min (E-O) [4, 17 m max na soleira] x<br />

2,70 m (N-S) [1,86 m min ]; B: 2,60 m (N-S) x<br />

2,20 m (E-O); C: 2, 55 m <strong>de</strong> base e 79 cm <strong>de</strong><br />

corda.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Mosaico <strong>de</strong>scoberto em 1941 nas escavações<br />

realizadas por M. Lyster Franco (1942, p. 18)<br />

cujo testemunho ilustra o estado <strong>de</strong><br />

conservação à época da <strong>de</strong>scoberta: “mosaico<br />

quasi intacto” (ibid.). Das fotografias que<br />

publica, pouco claras, po<strong>de</strong> ver-se que o<br />

mosaico apresentava já algumas áreas<br />

<strong>de</strong>struídas (id., fotos p. 16 e 17).<br />

98


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Área conservada<br />

A área central do painel A está bastante<br />

danificada, não invalidando porém a<br />

compreensão do esquema geral do<br />

mosaico. A pare<strong>de</strong> da casa do séc. XVIII<br />

oculta totalmente a bordadura norte do<br />

pavimento, bem como a do painel B. Esse,<br />

conserva-se parcialmente, pois uma gran<strong>de</strong><br />

lacuna na zona da ligação ao painel A<br />

mutila a área central do esquema, ainda que<br />

o possamos i<strong>de</strong>ntificar com clareza. A<br />

<strong>de</strong>struição <strong>de</strong>ve-se certamente aos<br />

trabalhos <strong>de</strong> conservação e restauro pois,<br />

no momento da <strong>de</strong>scoberta, o painel C está<br />

praticamente todo conservado (cf. Franco,<br />

1942, foto p. 17). Na absi<strong>de</strong>, apenas uma<br />

pequena parte do kantharus está danificada.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos selaram o suporte<br />

antigo, não sendo possível efectuar uma<br />

leitura das camadas <strong>de</strong> assentamento.<br />

Materiais<br />

Calcário branco, preto, vermelho escuro,<br />

rosa-salmão, ocre amarelo e ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona. Cerâmica no painel B (no<br />

meandro <strong>de</strong> suástica e numa moldura em<br />

trança).<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

A: na faixa oeste: 64 / dm 2 com tesselas <strong>de</strong><br />

1,5 cm <strong>de</strong> lado; no centro: 81 / dm 2 com<br />

tesselas <strong>de</strong> 1 cm <strong>de</strong> lado; nas suásticas: 121 /<br />

dm 2 com tesselas <strong>de</strong> 0,8 a 1 cm; B: 64 / dm 2; C:<br />

64 / dm 2.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Nos painéis A e B a estratégia <strong>de</strong> execução da<br />

faixa <strong>de</strong> remate obe<strong>de</strong>ceu ao esquema <strong>de</strong> duas<br />

linhas paralelas ao filete do esquema e <strong>de</strong>pois<br />

enchimento em fiadas perpendiculares. De uma<br />

forma geral, o esquema das suásticas foi<br />

realizado com cuidado, as tesselas estão bem<br />

alinhadas, com interstícios mínimos. Já, no<br />

centro e na faixa <strong>de</strong> remate, a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

execução é menor (cf. Densida<strong>de</strong> das<br />

tesselas). A ramagem a oeste foi também<br />

realizada com tesselas <strong>de</strong> maiores dimensões.<br />

A disposição do painel A parece correcta, mas<br />

a bordadura este sofreu a intrusão <strong>de</strong> uma<br />

pare<strong>de</strong> no ângulo sudoeste, que veio ocultar o<br />

ângulo externo da bordadura. A leste, esta não<br />

pô<strong>de</strong> ser realizada pelo que passou para o<br />

painel B. Dos pontos <strong>de</strong> vista estilístico, técnico<br />

e cromático, po<strong>de</strong>mos distinguir dois tipos <strong>de</strong><br />

trabalho:<br />

– O meandro <strong>de</strong> suásticas e rectângulos do<br />

painel A, <strong>de</strong> melhor execução.<br />

– O painel B, a absi<strong>de</strong>, ramagem, bordadura e<br />

faixa <strong>de</strong> remate, <strong>de</strong> menor qualida<strong>de</strong>.<br />

Restauros antigos<br />

Na faixa <strong>de</strong> remate do painel A, a sudoeste, a<br />

cerca <strong>de</strong> 54 cm do ângulo da pare<strong>de</strong> sudoeste<br />

e numa área <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> comprimento, é bem<br />

99


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

visível uma área <strong>de</strong> restauro antigo<br />

perceptível na quebra da estratégia <strong>de</strong><br />

execução da faixa branca. Em vez <strong>de</strong> serem<br />

colocados perpendicularmente, os filetes<br />

são paralelos à bordadura do tapete. Por<br />

outro lado, em vez <strong>de</strong> uma cruzeta, que<br />

estaria em falta, foram realizadas duas,<br />

Ilustração utilizada<br />

muito mais irregulares e muito próximas,<br />

<strong>de</strong>srespeitando a estratégia dos artistas<br />

anteriores.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

As lacunas foram preenchidas com argamassa<br />

<strong>de</strong> consolidação.<br />

Clichés Hauschild (DAI R155-68-6 e R76-83-14). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP<br />

2005). Foto MSP 2004.<br />

Bibliografia<br />

Franco, 1942, p. 17-19; Sá, 1959, nº 29, p. 54-55; ARA II, nº 16, p. 208-209, fig. 285; Blázquez,<br />

1994, fig. 5, p. 190-191 13 ; Hauschild / Teichner, 2002, p. 24, fig. 20 e fig. 60; Teichner, 2004, p. 158-<br />

159; Teichner, 2008, A45, p. 155, fig. 66, est. 18A, B e D.<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (21 a 24 cm) com nove cruzetas pretas a sul,<br />

irregularmente equidistantes (40 cm em quase todas, com excepção <strong>de</strong> duas a oeste, numa área <strong>de</strong><br />

restauro antigo) (cf. Le Décor I, 4e). A oeste, uma faixa com ramagem <strong>de</strong> <strong>vol</strong>utas (52 cm) vem<br />

<strong>de</strong>corar um espaço criado pelo constrangimento da pare<strong>de</strong>. Esta é composta por dois elementos:<br />

assente num pé em V invertido rosa-salmão com uma tessela rosa escuro e uma preta em cada<br />

lado da base do V, duas pétalas em forma <strong>de</strong> cálice, tratadas sucessivamente a preto, ocre<br />

vermelho e rosa-salmão, e uma flor-<strong>de</strong>-lis com duas folhas e uma pétala, central, maior (26 cm),<br />

com o mesmo tratamento cromático. Daqui arrancam duas <strong>vol</strong>utas em filete simples preto, visíveis<br />

apenas a sul: uma (36 cm <strong>de</strong> diâmetro) rematada com he<strong>de</strong>ra preta e ocre vermelho e a outra com<br />

múltiplas <strong>vol</strong>utas concêntricas (36 cm <strong>de</strong> diâmetro máximo), rematadas com duas tesselas. Três dos<br />

espaços residuais são preenchidos com quadradinho <strong>de</strong>nteado rosa-salmão com cruz preta.<br />

13 Ilustra e analisa sumariamente este mosaico que localiza, erradamente, na villa <strong>de</strong> Abicada.<br />

100


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Entre dois filetes pretos duplos, uma linha <strong>de</strong> pares tangentes <strong>de</strong> peltas adossadas<br />

alternadamente <strong>de</strong>itadas e erguidas (30 cm) emoldura o campo nos lados visíveis a este, sul e<br />

oeste (cf. Le Décor I, 57f). O ápice das peltas é rematado com meia florinha [ocre vermelho, rosa-<br />

salmão, preto] e todos os espaços residuais também são preenchidos com o mesmo motivo; faixa<br />

branca (5 cm).<br />

Encerrada por uma linha <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suástica <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta dupla com filete duplo externo<br />

(ocre amarelo e preto ou ocre vermelho e preto ou ainda rosa escuro e preto) <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>ve-se uma<br />

composição ortogonal <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> suásticas <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta dupla, quadrados e rectângulos<br />

(cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 193d) (47 cm <strong>de</strong> largura). As suásticas são <strong>de</strong>senhadas a filete triplo<br />

policromático [preto, ocre vermelho, rosa escuro e rosa-salmão]. A maioria dos quadrados e os<br />

rectângulos possuem molduras em trança <strong>de</strong> dois fios e são preenchidos com <strong>vol</strong>utas com enleios,<br />

xadrez <strong>de</strong>nteado, linha <strong>de</strong> cálices ou ainda entrançado. A sul, po<strong>de</strong> ainda ver-se um rectângulo (72<br />

x 35 cm, máximo conservado) com entrançado [ocre amarelo, rosa escuro, ocre vermelho e preto].<br />

A leste, vê-se parte muito reduzida <strong>de</strong> um rectângulo (80 x 34 cm, máximo visível) emoldurado com<br />

trança <strong>de</strong> cabos (9,5 cm) [rosa-salmão, ocre vermelho, rosa escuro e ocre amarelo] com uma linha<br />

<strong>de</strong> cálices dos quais resta apenas um, contornado a filete preto [ocre vermelho e ocre amarelo] com<br />

centro preto. A oeste, o rectângulo apresenta bordadura em trança semelhante ao anterior (70 x 36,<br />

máximo conservado). No campo interno, <strong>de</strong>struído em cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong>, ainda se po<strong>de</strong> ver um<br />

motivo com elementos em <strong>vol</strong>utas formando um 8 que se conserva em 26 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

[preto, ocre amarelo, rosa-salmão e rosa escuro]. Na área central, apesar <strong>de</strong> muito <strong>de</strong>struída, ainda<br />

se vê um rectângulo com bordadura em trança (43 x 36 cm) com seis (2x3) casas <strong>de</strong>nteadas no<br />

centro, tratadas a preto com quadradinho policromático [branco, ocre amarelo, preto e branco, ocre<br />

vermelho, preto] em oposição.<br />

Painel B<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (29 cm) com quatro cruzetas pretas visíveis apenas a sul,<br />

irregularmente equidistantes (37 a 40 cm) (cf. Le Décor I, 4e). A oeste, a mesma bordadura do<br />

painel A.<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes, <strong>de</strong>terminando quadrados (30 cm <strong>de</strong> lado),<br />

realizados em meandro <strong>de</strong> suásticas (cf. Le Décor I, est. 166b). Os espaços octogonais (54 x 56 cm)<br />

são <strong>de</strong>corados com quatro fusos dispostos em círculo (28 cm <strong>de</strong> diâmetro) contornados a filete<br />

duplo preto e preenchidos a rosa-salmão e ocre vermelho em oposição, com um quadradinho<br />

<strong>de</strong>nteado no centro e nas quatro medianas do círculo, em fundo branco.<br />

101


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel C<br />

De um kantharus situado ao centro da absi<strong>de</strong>, a cerca <strong>de</strong> 1,40 m do limite sul do esquema,<br />

com o pé adjacente ao filete que <strong>de</strong>senha a composição, saem dois ramos <strong>vol</strong>utas rematados com<br />

folhas <strong>de</strong> hera. O kantharus, <strong>de</strong> duas asas (61 cm <strong>de</strong> altura), assenta num pé em triângulo (20 cm<br />

<strong>de</strong> base), realizado em bicromia [rosa-salmão, ocre vermelho e preto]. O efeito convexo/côncavo<br />

das caneluras do bojo (29 cm) foi obtido através <strong>de</strong> filetes policromáticos [rosa-salmão, ocre<br />

vermelho, preto e branco] convergindo para o centro on<strong>de</strong> se forma um fuso preto com enchimento<br />

branco. Um filete preto separa o bojo do colo que, embora parcialmente <strong>de</strong>struído, <strong>de</strong>ixa-nos ver<br />

uma cruz suástica branca e contornada a ocre amarelo, rosa-salmão, rosa escuro, branco e preto,<br />

com um <strong>de</strong>nticulado branco no lado externo dos braços maiores.<br />

O lábio apresenta-se sob a forma <strong>de</strong> um filete <strong>de</strong>nticulado ocre amarelo e branco, seguido<br />

<strong>de</strong> filete <strong>de</strong>nteado ocre vermelho e rosa-salmão, seguindo-se um enchimento rosa-salmão e<br />

vermelho, antes do fecho do kantharus através <strong>de</strong> um filete preto côncavo que contorna o corpo do<br />

objecto. A boca do vaso não é <strong>de</strong>senhada.<br />

As asas são compostas por uma <strong>vol</strong>uta preta com enrolamento para baixo e uma pequena<br />

folha ocre vermelho. Um filete côncavo preto termina junto ao bojo em <strong>vol</strong>uta com enrolamento para<br />

cima e a pequena folha ocre vermelho no mesmo sentido.<br />

As ramagens laterais que brotam do kantharus ramificam-se em três novas ramagens em<br />

filete simples preto rematadas em simples folha policromática [vermelho e rosa-salmão] ou he<strong>de</strong>ra<br />

com mesmo tratamento.<br />

Datação<br />

Tendo em conta a e<strong>vol</strong>ução arquitectónica <strong>de</strong>ste compartimento e os elementos <strong>de</strong> carácter<br />

estilístico recolhidos, é <strong>de</strong> crer que o painel A tivesse sido colocado por <strong>vol</strong>ta dos inícios do séc. III,<br />

em época correspon<strong>de</strong>nte à fase D <strong>de</strong>finida por F. Teichner (2008, p. 118-119), enquanto o painel B<br />

foi realizado no momento da ampliação da sala, por <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong> meados do séc. IV segundo o autor<br />

supramencionado (2008, fig. 65B).<br />

102


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 80.<br />

Tema<br />

Composição <strong>de</strong> octógonos e quadrados<br />

adjacentes.<br />

Compartimento<br />

Sector B5, compartimento e: vestíbulo <strong>de</strong><br />

acesso à sala absidal B5/f, a partir da ala<br />

este do peristilo (planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A pare<strong>de</strong> oeste da Casa Rural assenta<br />

directamente sobre o pavimento, estando<br />

totalmente inacessível. Estão disponíveis<br />

apenas os dados/documentos das<br />

escavações <strong>de</strong> T. Hauschild e <strong>de</strong> F.<br />

Teichner.<br />

Dimensões do mosaico<br />

4,45 m x 3 m aproximadamente (Teichner,<br />

2004, fig. 5).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A área foi escavada e documentada por T.<br />

Hauschild (1980, p. 215, fig. 14, corte XIV).<br />

34<br />

Estampas XLXX e LXXI<br />

O <strong>de</strong>senho e a fotografia publicados são uma<br />

representação parcial do mosaico, ilustrando o<br />

ângulo nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>scoberto nas sondagens,<br />

hoje no interior da Casa Rural (cf. Hauschild,<br />

1980, fig. 17; Hauschild, 1994, fig. 58a). As<br />

fotos, preto e branco, parciais, do momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta disponíveis no DAI (est. LXX)<br />

permitem uma avaliação do tipo <strong>de</strong> mosaico no<br />

que diz respeito ao esquema e traços<br />

estilísticos, mas não dão uma visão <strong>de</strong> conjunto<br />

por não ter sido possível realizar uma<br />

escavação em área.<br />

Área conservada<br />

No ângulo nor<strong>de</strong>ste (<strong>de</strong>ntro da Casa Rural),<br />

conserva-se um troço do mosaico <strong>de</strong> 1,36 x<br />

0,91 m, sem gran<strong>de</strong>s sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição e no<br />

lado sudoeste (fora da Casa Rural) conserva-<br />

se outro troço com as mesmas dimensões,<br />

aproximadamente.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Por não ser possível ace<strong>de</strong>r ao mosaico, não<br />

pô<strong>de</strong> ser feita a caracterização da mesma.<br />

Materiais<br />

Calcários (?). Não existem fotografias a cores<br />

ou qualquer registo das mesmas.<br />

103


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Os arqueólogos responsáveis pelas<br />

escavações não indicaram as dimensões<br />

das tesselas. Por não ser possível ace<strong>de</strong>r<br />

ao mosaico, não pô<strong>de</strong> ser calculada.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O esquema parece pouco a<strong>de</strong>quado a um<br />

espaço ovalado, no entanto, não é invulgar<br />

encontrar esta aparente incoerência.<br />

Ilustração utilizada 14<br />

Hauschild, 1994 est. 58a. Fotos DAI R86-79-1 e R166-82-9.<br />

Bibliografia<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Hauschild, Relatório, 1983, 1984, 1985; Hauschild, 1980, p. 215, fig. 14, corte XIV; Hauschild, 1994,<br />

est. 58a; Hauschild / Teichner, 2002, p. 24; Teichner, 2004, p. 158-159; Teichner, 2008, A46, p. 155-<br />

156, fig. 66, est. 19B.<br />

Descrição<br />

(?)<br />

Na documentação disponível (est. LXX), po<strong>de</strong> ver-se, a nor<strong>de</strong>ste, uma faixa <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong> cuja cor não é possível i<strong>de</strong>ntificar, mas que não é branca. Segue-se um filete preto duplo,<br />

uma faixa branca, <strong>de</strong>pois, a composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos irregulares secantes e adjacentes,<br />

<strong>de</strong>terminando hexágonos e quadrados aqui a filete duplo preto (cf. Le Décor I, 169c). No remate do<br />

esquema, vê-se um trapézio, a este, com outros trapézios incluídos e, talvez, um filete <strong>de</strong>nteado no<br />

centro.<br />

A norte, é um hexágono oblongo, incompleto, com um seis-folhas incluído num hexágono<br />

branco, <strong>de</strong>stacando-se sobre um disco preto. Não é possível i<strong>de</strong>ntificar a <strong>de</strong>coração do único<br />

quadrado visível no <strong>de</strong>senho. A sudoeste, i<strong>de</strong>ntifica-se perfeitamente um nó <strong>de</strong> Salomão num dos<br />

quadrados da composição, um trapézio da zona <strong>de</strong> remate com bordadura em linha <strong>de</strong> trapézios<br />

adjacentes policromáticos. O único hexágono visível em cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da sua extensão mostra a<br />

14 Por razões alheias <strong>de</strong> carácter técnico, não foi possível efectuar o levantamento tessela a tessela preconizado pela<br />

missão MSP. O mosaico encontra-se sob a pare<strong>de</strong> oeste da Casa Rural, <strong>de</strong>vidamente protegido, mas inacessível.<br />

104


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

mesma bordadura do trapézio e inclui um hexágono com linha <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> re<strong>de</strong>ntes quadrados,<br />

policromáticos (cf. Le Décor I, 30h).<br />

Datação<br />

Os elementos estilísticos e a e<strong>vol</strong>ução arquitectónica do espaço (Teichner, 2008, fig. 65B)<br />

sustentam com segurança uma datação do mosaico em meados do séc. IV.<br />

105


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 80.<br />

Tema<br />

Um tapete rectangular com absi<strong>de</strong>:<br />

Painel A, tapete principal: composição<br />

centrada <strong>de</strong> estrela <strong>de</strong> oito pontas formada<br />

por dois quadrados entrelaçados.<br />

Painel B, absi<strong>de</strong>: linha <strong>de</strong> círculos<br />

entrelaçados com linha em ziguezague.<br />

Compartimento<br />

Sector B5, compartimento f: sala <strong>de</strong><br />

representação, dotada <strong>de</strong> um vestíbulo<br />

(B5/e) (planta 20). A absi<strong>de</strong> e a sala<br />

intermédia foram providas <strong>de</strong> suspensurae,<br />

porém, não havendo ligação à fornalha, é<br />

<strong>de</strong> excluir a i<strong>de</strong>ntificação como termas, mas<br />

sim uma simples elevação para conservar a<br />

seco os pavimentos (Hauschild / Teichner,<br />

2002, p. 24).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A: 3, 73 m (N-S) x 2,93 m (E-O, até à<br />

pare<strong>de</strong> da Casa Rural); B: absi<strong>de</strong>: 2,45 m<br />

<strong>de</strong> raio (até à pare<strong>de</strong> da Casa Rural) e 3, 82<br />

m <strong>de</strong> corda.<br />

Dimensões do mosaico<br />

35<br />

Estampas LXXII, LXXIII e LXXIV<br />

A: 3,73 x 1,70 m (área visível); B: 2,10 m <strong>de</strong><br />

raio e 3,48 m <strong>de</strong> corda.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Área escavada e documentada por T.<br />

Hauschild: corte 77 e 14 para o painel A e corte<br />

37 para o painel B (1980, p. 215, fig. 14, corte<br />

XIV; Relatório, 1985, p. 3, corte 66). É<br />

aproximadamente a mesma que hoje resta,<br />

ainda que algumas tesselas se tenham<br />

<strong>de</strong>sagregado aqui e ali. Já o próprio escavador<br />

regista o estado <strong>de</strong> dissolução <strong>de</strong>stas<br />

(Relatório, 1983, p. 5-6).<br />

Área conservada<br />

Ainda que o estado <strong>de</strong> conservação das<br />

tesselas seja muito irregular, conserva-se uma<br />

gran<strong>de</strong> parte do painel A, na área actualmente<br />

visível, com excepção do conjunto <strong>de</strong><br />

bordaduras e parte da composição no lado<br />

oeste que perfaz uma faixa <strong>de</strong> 3,73 m x 90 cm<br />

totalmente <strong>de</strong>struída. As bordaduras do lado<br />

sul encontram-se em elevado estado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>struição. Desconhecemos a área que se<br />

conserva sob os alicerces da pare<strong>de</strong> da Casa<br />

Rural. O painel B apresenta-se igualmente em<br />

106


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

mau estado, embora se reconheça<br />

perfeitamente a composição através das<br />

impressões das tesselas. São numerosas<br />

as áreas em que as tesselas já não existem,<br />

muitas outras estão fracturadas e os seus<br />

interstícios vácuos aceleram a<br />

<strong>de</strong>sagregação do tapete.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível observá-la.<br />

Materiais<br />

Calcários: preto, branco, cinzento-escuro,<br />

ocre amarelo, vermelho escuro.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

100 /dm 2 . Tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

No painel A, a multiplicação <strong>de</strong> diversas<br />

bordaduras po<strong>de</strong> levar-nos a pensar na<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colmatar as largas faixas<br />

laterais criadas por um motivo central, aqui<br />

quadrado, cujas dimensões foram pré<br />

Ilustração utilizada<br />

<strong>de</strong>finidas sem ter em conta o espaço a que se<br />

<strong>de</strong>stinava. As bordaduras comprimem a<br />

composição central, na mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

proporções que se verificou no mosaico da ala<br />

norte do peristilo (nº 40). A execução sofrível e<br />

a reduzida paleta <strong>de</strong> cores revelam a presença<br />

<strong>de</strong> artesãos pouco originais nas opções<br />

estéticas, mas com algum domínio na<br />

execução <strong>de</strong> tranças. Repare-se nos diversos<br />

pontos <strong>de</strong> união entre bordaduras ou ainda na<br />

execução dos ângulos, em ambos paineís.<br />

Restauros antigos<br />

T. Hauschild regista restauros <strong>de</strong> opus<br />

signinum na zona central do painel A. Segundo<br />

este, datariam <strong>de</strong> uma época romana tardia,<br />

quando se ergueram como reforço, estreitos<br />

muros <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong> tijolos e pedras junto<br />

às pare<strong>de</strong>s laterais (Relatório, 1983, p. 3).<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Lacunas e bordaduras foram rematadas com<br />

cimento.<br />

Clichés Hauschild (DAI R325-84-17; R166-82-9; R66-83-3; R86-79-1; R326-84-2; R326-84-4).<br />

Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MSP 2004, 2005.<br />

Bibliografia<br />

Hauschild, Relatório, 1983, 1984, 1985; Hauschild / Teichner, 2002, p. 24; Teichner, 2004, p. 158-<br />

159; Teichner, 2008, A47, p. 156-157, fig. 66, est. 19A e C.<br />

107


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com três filetes brancos, apenas visíveis a norte.<br />

Quatro bordaduras sucessivas:<br />

– Trança <strong>de</strong> dois cabos [ocre amarelo e vermelho escuro] (15 cm); faixa branca (7 cm);<br />

– Linha <strong>de</strong> meandro branco com ressaltos <strong>de</strong>siguais [ocre amarelo, preto] (cf. Le Décor I,<br />

31b) (11 cm); faixa branca (6 cm);<br />

– Guilhoché largo <strong>de</strong> alma curva (cf. Le Décor I, 74c), policromático [branco, ocre amarelo,<br />

vermelho escuro e preto] (24 cm); faixa branca (6 cm);<br />

– Linha <strong>de</strong> meandro fraccionado com fracções imbricadas (11 cm) [ocre amarelo e vermelho<br />

escuro] (cf. Le Décor I, variante 32j); faixa branca (6 cm).<br />

Composição centrada, inserida numa moldura a filete preto simples, possivelmente<br />

quadrada (2,02 m <strong>de</strong> lado visíveis a oeste), constituída por uma gran<strong>de</strong> estrela <strong>de</strong> oito pontas<br />

formada por dois quadrados entrelaçados (1,48 m <strong>de</strong> lado) em trança <strong>de</strong> dois fios (15 cm) (cf. Le<br />

Décor II, Variante 393a). Nos espaços residuais criados pelo motivo em estrela vê-se em cantoneira<br />

uma composição em aspa emoldurado por filete preto simples, com uma onda <strong>de</strong> seis peltas<br />

<strong>de</strong>senhadas a filete preto simples, com enchimento alternadamente ocre amarelo e vermelho escuro<br />

e ápice em borla vermelho escuro (naqueles que se conservam). As peltas a oeste estão totalmente<br />

<strong>de</strong>struídas, restando apenas o negativo da sua impressão. O mesmo motivo <strong>de</strong>via <strong>de</strong>corar o ângulo<br />

este, uma vez que ainda é bem visível o arranque <strong>de</strong> uma das peltas da onda.<br />

A sul, uma moldura em linha <strong>de</strong> meandro branco com ressaltos <strong>de</strong>siguais [vermelho escuro<br />

e preto] <strong>de</strong>cora um espaço similar, <strong>de</strong>vendo também existir idêntico a oeste. No centro da estrela,<br />

foi incluído um octógono (1 m <strong>de</strong> largura) com moldura em meandro branco fraccionado (10 cm)<br />

com fracções imbricadas [ocre amarelo e vermelho escuro]. Depois <strong>de</strong> uma faixa branca (6 cm), um<br />

octógono com fundo preto (68 cm <strong>de</strong> largura N-S), muito <strong>de</strong>struído, possuía um gran<strong>de</strong> florão<br />

compósito do qual ainda se po<strong>de</strong>m ver dois dos quatro cálices bífidos branco e vermelho escuro,<br />

assim como uma das quatro he<strong>de</strong>rae, vermelho escuro, nos intervalos das pétalas <strong>de</strong> lis, apontando<br />

ao centro (cf. Le Décor II, variante <strong>de</strong> 272b).<br />

Painel B<br />

branca (7 cm).<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (9 cm, máximo conservado); filete simples preto; faixa<br />

108


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bordadura em trança <strong>de</strong> dois cabos (14 cm) [ocre amarelo e vermelho escuro]. A mesma<br />

trança subdivi<strong>de</strong> o mosaico da absi<strong>de</strong> em dois painéis: um superior, em semicírculo (2,85 m <strong>de</strong><br />

diâmetro e 98 cm <strong>de</strong> raio), com um tratamento <strong>de</strong>corativo geométrico <strong>de</strong> sucessivas molduras: faixa<br />

branca (7 cm); linha <strong>de</strong> facções imbricadas (10 cm) [branco, ocre amarelo e vermelho escuro]; faixa<br />

branca (7 cm); trança <strong>de</strong> dois cabos (15 cm) [ocre amarelo e vermelho escuro]; faixa branca (6 cm);<br />

espaço em forma <strong>de</strong> quarto minguante com aspas policromáticas [branco, ocre amarelo, vermelho<br />

escuro e preto].<br />

O segundo painel, rectangular (2,90 m x 70 cm), apresenta quatro círculos adjacentes, mas<br />

não tangentes (71 cm <strong>de</strong> diâmetro), que se entrelaçam com duas tranças <strong>de</strong> dois cabos, em<br />

ziguezague, opostas. Cada círculo apresenta uma moldura em meandro branco fraccionado (11 cm<br />

<strong>de</strong> largura) [ocre amarelo, vermelho escuro e preto] nos nº 2 e 4. Nos 1 e 3 a moldura é <strong>de</strong> fracções<br />

imbricadas com o mesmo tratamento cromático. Nos espaços residuais foram colocados triângulos<br />

pretos, <strong>de</strong> base convexa.<br />

Datação<br />

Com base nos paralelos estilísticos e na caracterização arquitectónica, po<strong>de</strong> situar-se o<br />

mosaico nos meados do séc. IV.<br />

109


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, anos 80.<br />

Tema<br />

Um tapete rectangular e absi<strong>de</strong>:<br />

Painel A, tapete principal: opus tessellatum<br />

(?) <strong>de</strong>struído (?).<br />

Painel B, absi<strong>de</strong>: opus tessellatum residual.<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento a: sala absidal,<br />

orientada norte-sul, com funcionalida<strong>de</strong><br />

difícil <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar, cujo acesso se faz<br />

através <strong>de</strong> um estreito corredor <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ala<br />

este do peristilo (planta 21).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A: 6,08 m (E-O) x 4,34 m (N-S); B: 3,91 x<br />

3,44 m (3,44 x 1,24 m actualmente visível).<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento (?).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A zona da casa do séc. XVIII foi escavada<br />

por T. Hauschild e F. Teichner,<br />

aparentemente em terreno virgem <strong>de</strong><br />

36<br />

Estampa LXXV<br />

remeximentos que não sejam os das fundações<br />

do edifício mo<strong>de</strong>rno (corte 56, 66, 79, 79ª e 85).<br />

O painel A encontra-se totalmente soterrado<br />

sob a casa, <strong>de</strong>sconhecendo-se o seu estado <strong>de</strong><br />

conservação. O painel B já terá sido<br />

encontrado praticamente todo <strong>de</strong>struído.<br />

Área conservada<br />

Dois fragmentos da faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong><br />

da absi<strong>de</strong>, a norte (30 x 12 cm) e a este (50 x<br />

14 cm).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário: branco nos fragmentos conservados<br />

da faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

36 /dm 2 , com tesselas 2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nos fragmentos conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Remate com argamassa.<br />

110


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MSP 2005.<br />

Bibliografia<br />

Hauschild, Relatório, 1985, p. 3; Relatório, 1987, p. 4; Teichner, 2008, A49, p. 157 e 159.<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

Opus tessellatum <strong>de</strong>struído (?).<br />

Painel B<br />

Dois fragmentos monocromáticos da faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> conservados na absi<strong>de</strong>. O<br />

resto do mosaico está totalmente perdido.<br />

Datação<br />

Os dados disponíveis são insuficientes para estabelecer uma cronologia do pavimento com<br />

no estudo estilístico. Se o critério arquitectónico encontra fundamento na proposta <strong>de</strong> F. Teichner,<br />

então po<strong>de</strong>r-se-à equacionar uma datação por <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong> meados do séc. IV (2008, fig. 40).<br />

111


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Composição em coroa, num quadrado e em<br />

redor <strong>de</strong> um círculo, <strong>de</strong> oito arcadas laterais<br />

tangentes entre elas.<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento b: antecâmara do<br />

cubiculum, com acesso directo a partir da<br />

ala norte do peristilo (planta 21).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,31 x 4,20 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Em parte, recolocado na posição original<br />

após restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta<br />

16), re<strong>de</strong>scoberto durante as escavações <strong>de</strong><br />

T. Hauschild <strong>de</strong> 1983-1984 (Relatório, 1983,<br />

p. 6-7). Apresenta-se hoje em dia com a<br />

mesma área conservada <strong>de</strong>ssa época (cf.<br />

Clichés DAI).<br />

Área conservada<br />

37<br />

Estampas LXXVI e LXXVII<br />

A área <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do pavimento é bastante<br />

alargada, mormente na zona central e junto às<br />

duas soleiras. Talvez se conserve cerca <strong>de</strong> 60<br />

% do mosaico. Ainda assim, a <strong>de</strong>struição não<br />

invalida a compreensão da composição do<br />

esquema e seus elementos. São ainda visíveis<br />

gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> mosaico enegrecido por uma<br />

qualquer fonte <strong>de</strong> calor, que po<strong>de</strong> bem ter sido<br />

uma braseira. Estas vêem-se também junto ao<br />

muro este, mais ligeiramente, na bordadura do<br />

muro oeste e na zona do medalhão central.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Statumen: rocha base; rudus: terras argilosas e<br />

poucos inertes (25 cm); nucleus: argamassa <strong>de</strong><br />

cal com inertes <strong>de</strong> pequena dimensão – areão<br />

e cerâmica moída (Braga, 2000, p. 169).<br />

Materiais<br />

Calcário: preto (mesclado <strong>de</strong> cinzento-escuro e<br />

cinzento), branco e vermelho escuro.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Bordadura: 36 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1,5 a 2<br />

cm <strong>de</strong> lado; campo: 49 /dm 2, com tesselas com<br />

1,5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

112


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A dimensão correcta do quadrado da<br />

composição obrigou a faixas <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>siguais, ainda que seja mínima a<br />

diferença. O tapete foi, como é habitual,<br />

previamente centrado. Seguiu-se o<br />

preenchimento das faixas junto à pare<strong>de</strong><br />

com fiadas perpendiculares até às peltas e,<br />

daí até ao campo central, em fiadas<br />

paralelas ao muro.<br />

O enchimento do fundo dos módulos com<br />

quadrílobo merece também algumas<br />

consi<strong>de</strong>rações, pois, em vez <strong>de</strong> seguir o<br />

contorno do motivo, como é usual, o<br />

preenchimento foi feito perpendicularmente<br />

ao dorso da pelta. Também o<br />

preenchimento dos semicírculos das<br />

medianas não foi feito no sentido paralelo,<br />

mas na diagonal, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um contorno <strong>de</strong><br />

um a dois filetes. Não tendo sido efectuados<br />

levantamentos para restauro nestas zonas<br />

(cf. item restauros mo<strong>de</strong>rnos), temos<br />

alguma garantia <strong>de</strong> que não foram<br />

Ilustração utilizada<br />

adulteradas e se encontram verda<strong>de</strong>iramente in<br />

situ, situação que nem sempre se verifica e que<br />

po<strong>de</strong> interferir na compreensão do trabalho do<br />

mosaísta romano.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área original do opus<br />

tessellatum.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O pavimento foi alvo <strong>de</strong> restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

em dois momentos. O cimento portland e a<br />

gravilha aplicados nas lacunas datam da<br />

primeira intervenção na década <strong>de</strong> 80. Os<br />

mosaicos permaneceram no seu suporte<br />

original, mas foram feitas algumas<br />

consolidações do opus tessellatum (Braga,<br />

2000, p. 166). A empresa ERA-Arqueologia,<br />

Lda prece<strong>de</strong>u recentemente ao levantamento<br />

<strong>de</strong> duas placas na bordadura este e no<br />

semicírculo a oeste, on<strong>de</strong> as <strong>de</strong>pressões<br />

impediam a drenagem <strong>de</strong> águas (id., p. 169).<br />

Clichés Hauschild (R327-84-7, R328-84-6; R328-84-17). Levantamento tessela a tessela à escala<br />

1/1 (MSP 2005). Foto MSP 2004.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 20; Hauschild, Relatório, 1983, p. 3; 1984, 1985, p. 2-3;<br />

Teichner, Relatório, 1999; Braga, 2000, p. 168-169, compartimento 14d; Hauschild / Teichner, 2002,<br />

p. 25-26, fig. 21; Teichner, 2008, A51, p. 159 e 161, fig. 68, est. 20D e 21B.<br />

113


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (44 cm a oeste, 52 cm a sul, 58 cm a este e 53 cm a<br />

norte) <strong>de</strong>corada com uma onda <strong>de</strong> peltas, <strong>de</strong>senhadas a filete duplo preto em fundo branco, com<br />

ápice rematado por meia florinha (cf. Le Décor I, 58b), à excepção dos ângulos on<strong>de</strong> a pelta é<br />

rematada com borla (presume-se que também o eram as duas que se encontram <strong>de</strong>struídas, a sul).<br />

Numa moldura quadrada em filete duplo preto, foi inserida uma composição em coroa <strong>de</strong><br />

oito arcadas laterais e <strong>de</strong>siguais tangentes entre elas, em redor <strong>de</strong> um círculo (1,80 m <strong>de</strong> diâmetro)<br />

(cf. Le Décor II, variante <strong>de</strong> 314). As arcadas dos quatro ângulos são preenchidas, em oposição,<br />

com um quadrílobo <strong>de</strong> peltas (89 cm <strong>de</strong> largura máxima) com ápice em meia florinha, traçado<br />

simplesmente a filete duplo preto, em redor <strong>de</strong> um florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos contíguos, em<br />

lótus bífido (cf. Le Décor II, variante <strong>de</strong> 260a), também realizado a preto, e com um arranjo <strong>de</strong> duas<br />

he<strong>de</strong>rae afrontadas tangentes pelo vértice, contornada internamente com dois filetes brancos e<br />

centro vermelho, com <strong>vol</strong>utas laterais. Nas restantes quatro arcadas, situadas nas medianas do<br />

quadrado, apenas se vê uma grinalda <strong>de</strong> sete filetes <strong>de</strong>nteados alternadamente realizados a preto,<br />

branco e vermelho, com um filete preto <strong>de</strong>nteado preto em cada lado.<br />

Nos espaços residuais entre o círculo central e as arcadas foram colocados triângulos<br />

pretos e vermelhos, alternadamente, acentuando o efeito em estrela da composição. No gran<strong>de</strong><br />

medalhão central, <strong>de</strong>senhado a filete triplo preto, uma pequena composição centrada <strong>de</strong> quatro<br />

quadrados nas diagonais (49 cm <strong>de</strong> lado), em redor <strong>de</strong> um quadrado sobre o vértice, adjacentes ao<br />

quadrado central (54 cm <strong>de</strong> lado) e <strong>de</strong>terminando triângulos <strong>de</strong> base convexa, em efeito <strong>de</strong> cruz<br />

diagonal, a traço. No quadrado central, uma cruz diagonal em grinalda tricolor <strong>de</strong>nteado com<br />

triângulos <strong>de</strong>nteados policromáticos adjacentes pela base aos lados e, nos quadrados das<br />

diagonais, um florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos contíguos, em lótus bífido (cf. Le Décor II, variante<br />

<strong>de</strong> 260a). Finalmente, nos espaços triangulares, há simplesmente triângulos equiláteros pretos.<br />

Datação<br />

As escavações <strong>de</strong> T. Hauschild em 1984 não forneceram dados arqueológicos que<br />

permitissem uma datação segura, tendo este arqueólogo datado os mosaicos com base em critérios<br />

estilísticos: “…fazendo-se a comparação das formas dos mosaicos, po<strong>de</strong> dizer-se que pertenceram<br />

ao séc. III (Relatório, 1984, p. 9, corte 47 e 48, fig. 1 – planta das sondagens).<br />

O material arqueológico encontrado imediatamente sob o mosaico estabelece um terminus<br />

post quem no séc. II para as quatro salas <strong>de</strong>ste sector (Teichner, Relatório, 1999, p. 12). A<br />

reutilização <strong>de</strong> alguns tijolos neste nível <strong>de</strong> construção induz a situar a construção do mosaico<br />

114


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

aquando da renovação do peristilo (id., fig. 9 – perfil sul do corte 209). Quer o estudo estilístico,<br />

<strong>de</strong>signadamente a aplicação da linha <strong>de</strong> peltas com ápice em meia florinha, quer o estudo<br />

arquitectónico induzem a colocar o mosaico em data por <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong> fins do séc. III, na fase E <strong>de</strong>finida<br />

por F. Teichner (2008, p. 118-119).<br />

115


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: composição <strong>de</strong><br />

dois octógonos estrelados por quadrados e<br />

losangos adjacentes, <strong>de</strong>terminando<br />

losangos e triângulos.<br />

Painel B, tapete principal: Composição<br />

centrada com um octógono estrelado por<br />

rectângulos e quadrados alternadamente,<br />

tangentes.<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento c: cubiculum<br />

(planta 20).<br />

Dimensões do compartimento<br />

5,67 m (N-S, mais 23 cm até à soleira) x<br />

4,18 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento (sem faixa <strong>de</strong><br />

remate). A: 3,02 x 1,44 m; B: 3,02 x 3,04 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Em parte, recolocado na posição original<br />

após restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

38<br />

Estampas LXXVIII, LXXIX e LXXX<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Estácio da Veiga (planta 16),<br />

foi re<strong>de</strong>scoberto durante as escavações <strong>de</strong> T.<br />

Hauschild <strong>de</strong> 1983-1984 (Relatório, p. 7-8),<br />

apresenta-se com a mesma área conservada<br />

<strong>de</strong>ssa altura.<br />

Área conservada<br />

Da zona do lectus, resta-nos praticamente todo<br />

o pavimento, apenas uma pequena lacuna na<br />

pare<strong>de</strong> norte atinge a bordadura e a Sete-<br />

estrelo da composição. O mesmo não po<strong>de</strong><br />

dizer-se do resto do mosaico, pois aí as<br />

lacunas são consi<strong>de</strong>ráveis. Não invalidam a<br />

compreensão da composição no seu geral, pois<br />

a <strong>de</strong>coração é repetitiva, mas afectou o motivo<br />

central que já não po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar.<br />

Efectivamente, uma gran<strong>de</strong> parte da área<br />

central <strong>de</strong>ste tapete está totalmente <strong>de</strong>struída.<br />

No painel B, próximo do lectus, apresenta<br />

zonas enegrecidas pelo fogo.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Mesma que no nº 51, excepto o rudus, aqui<br />

com 30 a 40 cm (Braga, 2000, p. 169).<br />

Materiais<br />

Calcário: preto (mesclado <strong>de</strong> cinzento e<br />

cinzento-escuro), branco e vermelho escuro.<br />

116


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Bordadura: 36 /dm 2 com tesselas <strong>de</strong> 1,5 a 2<br />

cm <strong>de</strong> lado; campo: 49 /dm 2 com tesselas<br />

<strong>de</strong> 1,5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O mosaico foi construído a partir da<br />

inserção do painel principal (2,90 m <strong>de</strong> lado,<br />

aproximadamente 10 pés <strong>romanos</strong>),<br />

geralmente marcado através do traçado das<br />

diagonais <strong>de</strong> um quadrado num dos lados<br />

da sala (aqui, o lado sul). Este painel<br />

principal apresenta uma execução muito<br />

correcta do ponto <strong>de</strong> vista geométrico, sem<br />

erros visíveis. Todos os elementos são<br />

cuidadosamente realizados apesar da<br />

pobreza da paleta <strong>de</strong> cores e da baixa<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do opus tessellatum. O esquema<br />

Ilustração utilizada<br />

escolhido para o painel do lectus não se<br />

adaptou correctamente ao espaço disponível e<br />

foi necessário recorrer a uma linha <strong>de</strong><br />

triângulos para compensar essa área residual.<br />

A bordadura manteve-se com uma largura<br />

constante nos quatro lados, o que comprova<br />

uma certa planificação do espaço.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área original do opus<br />

tessellatum.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico sofreu os mesmos trabalhos <strong>de</strong><br />

restauro do nº41. Foram levantadas cerca <strong>de</strong><br />

10 placas neste pavimento (Braga, 2000, p.<br />

170, com localização dos cortes).<br />

Clichés Hauschild (R328-84-17). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2005). Foto<br />

MSP 2004.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 20; Braga, 2000, p. 167; Hauschild / Teichner, 2002, fig. 21;<br />

Hauschild, 2008, A52, p. 159 e 161, fig. 69, est. 20D e 21A.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> preta (6 cm); filete branco.<br />

Linha <strong>de</strong> losangos <strong>de</strong>itados e <strong>de</strong> quadrados curvilíneos sobre o vértice (48 cm), tangentes –<br />

três losangos nos lados maiores e dois nos menores, <strong>de</strong>senhados a filete branco (cf. Le Décor I,<br />

variante 22h). No interior dos losangos foram colocadas gran<strong>de</strong>s cruzetas brancas, nos quadrados,<br />

117


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

florinhas brancas e nos espaços residuais entre os elementos, meias cruzetas. Nos quatro ângulos<br />

foram colocadas quatro tesselas e uma borla, igualmente brancas. Segue-se filete duplo branco.<br />

O campo divi<strong>de</strong>-se em dois painéis emoldurados por filete duplo preto:<br />

Painel A<br />

Composição <strong>de</strong> dois octógonos estrelados por quadrados e losangos adjacentes,<br />

<strong>de</strong>senhados a filete, <strong>de</strong>terminando losangos e triângulos (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 175f). Os<br />

quadrados (irregulares, pois me<strong>de</strong>m 30 x 33 cm) levam alternadamente florões unitários <strong>de</strong> quatro<br />

flores <strong>de</strong> lótus bífido com ápice e gran<strong>de</strong> quadrado <strong>de</strong>nteado com xadrez policromático no centro<br />

(cf. Le Décor II, variante <strong>de</strong> 260a). Os quadrados (52 cm <strong>de</strong> lado) no centro dos octógonos foram<br />

<strong>de</strong>corados com florões semelhantes. Para compensar a <strong>de</strong>ficiente ordinatio, o mosaísta realizou<br />

uma linha <strong>de</strong> espinhas rectilíneas curtas (cf. Le Décor I, 11d) no lado oeste <strong>de</strong>ste painel (23 cm <strong>de</strong><br />

largura). Os losangos residuais criados pela composição levam outros incluídos a vermelho. Junto à<br />

linha <strong>de</strong> remate, estes tornam-se triângulos e são, ora pretos, ora vermelhos.<br />

Painel B<br />

Composição centrada num octógono estrelado por rectângulos e quadrados<br />

alternadamente, adjacentes, com losangos em cantoneira contíguos ao octógono e adjacentes aos<br />

quadrados e rectângulos, <strong>de</strong>terminando trapézios laterais (cf. Le Décor II, variante <strong>de</strong> 373e). O<br />

octógono central (1,26 m <strong>de</strong> largura total) apresenta moldura em trança <strong>de</strong> dois cabos (13 cm),<br />

tratada a vermelho. Da <strong>de</strong>coração interna nada po<strong>de</strong>mos registar a não ser uma borla que subsiste<br />

no canto su<strong>de</strong>ste do quadrado (67 cm <strong>de</strong> lado) a filete duplo preto inserido <strong>de</strong>ntro do octógono.<br />

Também se vê um dos quatro trapézios que preenchiam o espaço residual entre o quadrado e o<br />

octógono, vermelho. Os rectângulos (62 x 37 cm) levam uma trança tratada a vermelho em fundo<br />

preto (54 x 15 cm) e os quadrados (48 a 47 cm <strong>de</strong> lado) um nó <strong>de</strong> Salomão vermelho inserido num<br />

quadrado com os ângulos externos em borla tratada a preto e vermelho. Nos trapézios há dois<br />

pares <strong>de</strong> peltas afrontadas, com centro vermelho e meias florinhas vermelho e preto nos ápices. As<br />

extremida<strong>de</strong>s são em <strong>vol</strong>uta preta com remate em folha preta e vermelha.<br />

Nos quatro cantos da composição, po<strong>de</strong> ver-se uma moldura triangular <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> serra <strong>de</strong>nteados vermelhos (cf. Le Décor I, 10g), com filete <strong>de</strong>nteado <strong>de</strong> quatro a cinco tesselas<br />

vermelhas nas três extremida<strong>de</strong>s, em <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong> um kantharus com uma cruz suástica e <strong>vol</strong>utas<br />

laterais. Os quatro kantharoi (32 cm <strong>de</strong> altura) são <strong>de</strong>senhados a filete preto e apresentam uma cruz<br />

suástica vermelha (11 x 10 cm) e um conteúdo vermelho. As ramagens que brotam do kantharus,<br />

118


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> ambos lados, são rematadas com duas tesselas vermelhas e possuem pétalas bicolores [preto e<br />

vermelho]. O mosaísta realizou dois tipos <strong>de</strong> kantharoi que colocou em oposição:<br />

– Kantharus noroeste e su<strong>de</strong>ste: boca virada para o interior e base circular (6 cm <strong>de</strong><br />

diâmetro). Enchimento realizado com uma fiada <strong>de</strong> tesselas brancas. O bojo do vaso é carenado.<br />

– Kantharus sudoeste e nor<strong>de</strong>ste: boca virada para o exterior e base fusiforme. Enchimento<br />

reduzido porque leva duas fiadas <strong>de</strong> tesselas brancas. Contorno feito com duas fiadas <strong>de</strong> tesselas<br />

pretas. O centro da suástica é uma tessela branca e a folhagem é mais simples e rematada com<br />

meia florinha vermelha. O bojo do vaso é redondo.<br />

Datação<br />

A datação proposta assenta em critérios já apresentados e coadunam-se com o estudo<br />

arquitectónico. Assim, elementos como a bordadura <strong>de</strong> losangos e o tratamento das peltas em<br />

triângulos <strong>de</strong>nteados, são bem conhecidos nos fins do séc. III, época à qual é <strong>de</strong> atribuir o mosaico.<br />

119


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Quadrícula <strong>de</strong> bandas com quadrado <strong>de</strong><br />

intersecção, tratada em bicromia.<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento d: antecâmara <strong>de</strong><br />

um cubiculum, com acesso directo a partir<br />

da ala norte do peristilo (planta 21).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,48 x 3,86 (soleira a soleira).<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mesma que actualmente (cf. Hauschild,<br />

cliché DAI 328-84-17).<br />

Área conservada<br />

Conservam-se cerca <strong>de</strong> 80 % do pavimento.<br />

Porém, algumas lacunas importantes<br />

marcam o estado <strong>de</strong> conservação (cf.<br />

Braga, 2000, p. 167-168 para o estado <strong>de</strong><br />

39<br />

Estampas LXXXI e LXXXII<br />

conservação no momento dos restauros). Tal<br />

como no pavimento confinante, na faixa <strong>de</strong><br />

remate este po<strong>de</strong> ver-se uma mancha cinzenta<br />

azulada.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Statumen: rocha; rudus: terras argilosas e<br />

inertes dispersos (15 cm); nucleus: argamassa<br />

<strong>de</strong> cal com inertes <strong>de</strong> pequena dimensão<br />

(areão e cerâmica moída) (5 cm) (Braga, 2000,<br />

p. 169).<br />

Materiais<br />

Calcário: preto (mesclado <strong>de</strong> cinzento e<br />

cinzento-escuro) e branco para a composição.<br />

Cerâmica na faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Nas tesselas brancas: 36 /dm 2 ; nas tesselas<br />

pretas: 64 /dm 2 ; tesselas <strong>de</strong> cerâmica com 3<br />

cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Na faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> as tesselas foram<br />

colocadas na perpendicular em relação ao<br />

campo mosaístico. A execução geral do<br />

mosaico é bastante grosseira, irregular no<br />

traçado e muito simples no esquema. Apesar<br />

<strong>de</strong> centrado, os artesãos recorreram a cortes<br />

para integrar a malha mosaística. Na última<br />

120


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

linha, a oeste, o mosaísta não pô<strong>de</strong><br />

completar o módulo (56 cm) por falta <strong>de</strong><br />

espaço, pelo que eliminou a linha <strong>de</strong><br />

rectângulos e realizou <strong>de</strong> forma muito<br />

<strong>de</strong>ficiente a linha <strong>de</strong> quadrados (alguns<br />

<strong>de</strong>les nem possuem <strong>de</strong>coração interna).<br />

Este corte revela um sentido <strong>de</strong> execução<br />

<strong>de</strong> este para oeste. A bordadura <strong>de</strong><br />

escamas parece não ter sido afectada por<br />

esses acertos. O sentido <strong>de</strong> colocação das<br />

tesselas não é o mesmo em todos os<br />

quadrados: ora estão na vertical, ora na<br />

horizontal.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Os restauros antigos em opus signinum terão<br />

sido removidos aquando dos trabalhos <strong>de</strong><br />

conservação e restauro (cf. Hauschild,<br />

Relatório, 1991, p. 8). De outro tipo <strong>de</strong> restauro<br />

antigo não há registo.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

C. Beloto levantou partes do mosaico em 1990;<br />

P. Braga realizou também levantamentos para<br />

instalação <strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> drenagem (2000,<br />

p. 169-176, compartimento 14c).<br />

Fotos e levantamento Hauschild (DAI R74-83-4; R328-84-17). Levantamento tessela a tessela à<br />

escala 1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 20; Hauschild, Relatório, 1991, p. 8; Blázquez, 1994, p. 189-<br />

190, fig. 4 15 ; Braga, 2000, p.169-176, Hauschild / Teichner, 2002, fig. 38; Teichner, 2008, A53, p.<br />

161 e 164, fig. 70, est. 20D e 22B.<br />

Descrição<br />

Junto às pare<strong>de</strong>s, antes da faixa <strong>de</strong> remate e em toda a <strong>vol</strong>ta, po<strong>de</strong> ver-se uma linha <strong>de</strong><br />

tesselas em cerâmica que ficava coberta pelas argamassas parietais. Segue-se a faixa <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong> (29 cm a sul) com linha <strong>de</strong> quadradinhos <strong>de</strong>nteados pretos equidistantes <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 43 cm<br />

a este e a sul e 20 a 24 cm a norte e oeste (cf. Le Décor I, 5a).<br />

Bordadura com linha <strong>de</strong> escamas oblongas pretas <strong>de</strong>terminando ogivas brancas (cf. Le<br />

Décor I, 49a), <strong>de</strong>limitada exteriormente por um filete preto e um branco (25 cm).<br />

15 Apresenta erradamente este pavimento como proveniente <strong>de</strong> Abicada.<br />

121


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Quadrícula <strong>de</strong> bandas <strong>de</strong> quadrados e rectângulos (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 142,<br />

144,145). Os quadrados gran<strong>de</strong>s (31 cm <strong>de</strong> lado) possuem um quadrado <strong>de</strong>nteado preto com uma<br />

cruzeta branca, os menores (20 a 22 cm <strong>de</strong> lado), apenas um quadrado <strong>de</strong>nteado preto, ambos em<br />

fundo branco. Os rectângulos (31 x 22 cm), com larga moldura preta (6 cm) não têm <strong>de</strong>coração.<br />

Datação<br />

Tal como os nº s 37 e 38, o mosaico data <strong>de</strong> fins do séc. III.<br />

122


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Quadrícula <strong>de</strong> bandas com quadrado <strong>de</strong><br />

intersecção, tratada em bicromia.<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento e: cubiculum<br />

(planta 21).<br />

Dimensões do compartimento<br />

5,74 x 3, 89 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Recolocado na posição original após<br />

trabalhos <strong>de</strong> restauro.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mesma que actualmente (cf. foto<br />

Hauschild, DAI 328-84-17).<br />

Área conservada<br />

O mosaico encontra-se em razoável estado<br />

<strong>de</strong> conservação mercê dos restauros<br />

efectuados (cf. Braga, 2000, p. 166 o estado<br />

<strong>de</strong> conservação no momento dos restauros<br />

40<br />

Estampas LXXXIII e LXXXIV<br />

mo<strong>de</strong>rnos). A norte, per<strong>de</strong>u-se uma faixa <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 1,25 m <strong>de</strong> largura.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Statumen: rocha; rudus: terras argilosas e<br />

inertes dispersos; nucleus: argamassa <strong>de</strong> cal<br />

com inertes <strong>de</strong> pequena dimensão (areão e<br />

cerâmica moída) (Braga, 2000, p. 169).<br />

Materiais<br />

Calcários: preto (mesclado <strong>de</strong> cinzento e<br />

cinzento-escuro) e branco. Cerâmica na faixa<br />

<strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

49 /dm 2 nas tesselas calcárias. Tesselas <strong>de</strong><br />

cerâmica com 3 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Tal como o mosaico nº 39, a execução é<br />

grosseira e o esquema muito simples. O<br />

esquema era composto por 10 x 6 módulos<br />

quadrados <strong>de</strong> 56 x 56 cm (mesma dimensão do<br />

nº 39). Dos <strong>de</strong>z módulos existentes no sentido<br />

sul-norte, conservam-se oito completos e parte<br />

do nono. Ainda que razoavelmente centrado, o<br />

mosaísta foi inábil no cálculo dos módulos,<br />

vendo-se constrangido a reajustes que hoje<br />

são bem perceptíveis. Entre o sexto e o sétimo<br />

módulo, o artesão eliminou uma linha <strong>de</strong><br />

123


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

rectângulos/quadrados. Tratando-se <strong>de</strong> um<br />

cubiculum, é muito provável que o lectus<br />

escon<strong>de</strong>sse esta zona do tapete mosaístico.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Não existem. As áreas <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> azul cinza<br />

parecem correspon<strong>de</strong>r a áreas <strong>de</strong> incêndio ou<br />

marca <strong>de</strong> qualquer outra fonte <strong>de</strong> calor.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Braga, 2000, p. 169-176, compartimento 14 a .<br />

Fotos e levantamento Hauschild (Cliché DAI R328-84-17). Levantamento tessela a tessela à escala<br />

1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002 (22.1, 22.2).<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 20; Braga, 2000, p. 169-176; Hauschild / Teichner, 2002, p.<br />

25-26; Teichner, 2008, A54, p. 161 e 164, fig. 71, est. 20D e 22A.<br />

Descrição<br />

Junto às pare<strong>de</strong>s, antes da faixa <strong>de</strong> remate e em toda a <strong>vol</strong>ta, po<strong>de</strong> ver-se uma linha <strong>de</strong><br />

tesselas em cerâmica que ficava coberta pelas argamassas parietais, como no nº 39.<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> preta (43 cm), conservada a oeste, este e sul, com uma linha<br />

irregular <strong>de</strong> cruzetas <strong>de</strong>nteadas brancas (23 cm <strong>de</strong> largura) ou quadrados <strong>de</strong>nteados sobre o vértice<br />

realizados em xadrez bicolor (17 a 20 cm <strong>de</strong> lado) (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 4e).<br />

Quadrícula <strong>de</strong> bandas <strong>de</strong> quadrados e rectângulos (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 142,<br />

144,145). Os quadrados gran<strong>de</strong>s levam um quadrado curvilíneo sobre o vértice <strong>de</strong>senhado a filete<br />

preto duplo com florinha preta no centro. Os quadrados menores e os rectângulos não têm<br />

<strong>de</strong>coração.<br />

Datação<br />

O mosaico data <strong>de</strong> fins do séc. III.<br />

124


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Quadrícula bicolor <strong>de</strong> bandas com<br />

quadrados e rectângulos (?).<br />

Compartimento<br />

Sector B4, compartimento f: antecâmara <strong>de</strong><br />

um cubiculum (?). As estruturas<br />

arquitectónicas encontram-se sob a<br />

chamada área 21 da planta <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga (planta 16), mais tardia, que po<strong>de</strong>rá<br />

correspon<strong>de</strong>r a um terceiro compartimento<br />

<strong>de</strong> aposentos com acesso a partir da ala<br />

norte do peristilo, à semelhança dos nº s 39<br />

e 40 (planta 21).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Não é possível precisá-las no limite das<br />

escavações <strong>de</strong> T. Hauschild, mas na planta<br />

<strong>de</strong> Estácio da Veiga i<strong>de</strong>ntifica-se um gran<strong>de</strong><br />

conjunto <strong>de</strong> salas (sector 21) que, a sul, se<br />

sobrepõem ao pórtico do peristilo mais<br />

tardio.<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Fragmento in situ.<br />

41<br />

Estampa LXXXV<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Se o conjunto <strong>de</strong> salas <strong>de</strong>senhadas na planta<br />

<strong>de</strong> Estácio da Veiga são posteriores, então<br />

pouco <strong>de</strong>veria restar do mosaico no momento<br />

da <strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> 2,29 x 0,83 m no ângulo su<strong>de</strong>ste<br />

do compartimento.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcários: preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

49 /dm 2 .<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Não é possível analisá-la com base num<br />

fragmento <strong>de</strong> reduzidas dimensões.<br />

Restauros antigos<br />

Tesselas vermelhas nalguns pontos da faixa <strong>de</strong><br />

remate, nomeadamente junto da cruzeta do<br />

ângulo su<strong>de</strong>ste.<br />

125


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 21; Teichner, 2008, A55, p. 164, fig. 72.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> preta (59 cm a este e 53 cm a sul) com linha <strong>de</strong> cruzetas e<br />

quadrados <strong>de</strong>nteados com xadrez bicolor colocados alternadamente (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 4e).<br />

Quadrícula bicolor <strong>de</strong> bandas com quadrados e rectângulos (cf. nº s 39 e 40). Nenhum dos<br />

elementos que compõem o esquema se encontra integralmente preservados. Vê-se parte <strong>de</strong> três<br />

quadrados e dois rectângulos e, no ângulo externo, do campo uma borla branca.<br />

Datação<br />

O mosaico <strong>de</strong> fins do séc. III.<br />

126


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos sobrepostos, ambos<br />

<strong>de</strong>struídos.<br />

Compartimento<br />

Sector B3, compartimento a: triclinium<br />

rematado com absi<strong>de</strong> (planta 17).<br />

Dimensões do compartimento<br />

11,79 x 9,74 m; absi<strong>de</strong>: 6,03 m (corda) e<br />

2,20 m (flecha) à pare<strong>de</strong> preexistente (50<br />

cm <strong>de</strong> largura).<br />

Dimensões do mosaico<br />

É <strong>de</strong> crer que o mosaico cobria toda a<br />

superfície do compartimento, exceptuando a<br />

zona dos leitos, aqui em alvenaria.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

O mosaico está completamente <strong>de</strong>struído,<br />

apenas se encontram tesselas soltas<br />

espalhadas pelo chão e um fragmento<br />

aparentemente in situ no lado nor<strong>de</strong>ste da<br />

sala.<br />

42<br />

Estampa LXXXVI<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não existem informações da época da<br />

<strong>de</strong>scoberta que terá provavelmente <strong>de</strong>corrido<br />

nas escavações do séc. XIX, uma vez que o<br />

compartimento está perfeitamente <strong>de</strong>limitado<br />

na planta nº 25 <strong>de</strong> Estácio da Veiga.<br />

Área conservada<br />

O opus tessellatum per<strong>de</strong>u-se praticamente<br />

todo, restando apenas o seu testemunho num<br />

fragmento <strong>de</strong> tesselas brancas (75 x 64 cm),<br />

junto da pare<strong>de</strong> este, que <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r a<br />

uma faixa <strong>de</strong> remate. Ainda se vêem vestígios<br />

<strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong> assentamento com tesselas<br />

soltas e terra, a sul e no ângulo su<strong>de</strong>ste.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Impossível <strong>de</strong> analisar a partir dos escassos<br />

elementos disponíveis.<br />

Materiais<br />

Conserva-se in situ unicamente um calcário<br />

branco. Tesselas pretas e amarelas avulso.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

36/dm 2 , no fragmento conservado da faixa <strong>de</strong><br />

remate à pare<strong>de</strong>.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

127


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 22; Hauschild, 1964; Hauschild, Relatório, 1993, p. 6;<br />

Hauschild, Relatório, 1997, p. 4; Hauschild / Teichner, 2002, p. 26-28; Teichner, 2008, A64, p. 176-<br />

178, est. 25B.<br />

Descrição<br />

Do pavimento, resta unicamente um fragmento <strong>de</strong> opus tessellatum branco, na pare<strong>de</strong><br />

nor<strong>de</strong>ste, com uma boa parte da camada <strong>de</strong> assentamento que parece pertencer à última fase <strong>de</strong><br />

ocupação da sala, a avaliar pela cota a que se encontra. Já em 1987, T. Hauschild encontrou in situ,<br />

no ângulo nor<strong>de</strong>ste, um fragmento <strong>de</strong> mosaico (Relatório, 1993, p. 4). Registou ainda o achado <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas na zona em frente à absi<strong>de</strong> (id., p. 6, corte 112).<br />

De resto, apenas vestígios <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong> assentamento com tesselas soltas e terra, a<br />

sul (1,14 x 1,10 m) e no ângulo su<strong>de</strong>ste (3,67 x 1,70 m).<br />

Datação<br />

Os indícios arqueológicos resultantes <strong>de</strong> trabalhos recentes, indiciam a existência <strong>de</strong> duas<br />

fases <strong>de</strong> pavimentação em opus tessellatum, uma por <strong>vol</strong>ta dos fins do séc. III e outra nos meados<br />

do séc. IV, como se verificou no peristilo. Os vestígios <strong>de</strong> mosaico que subsistem pertenceram à<br />

fase <strong>de</strong> utilização mais tardia.<br />

128


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Painel quadrado cortando, no centro, uma<br />

composição <strong>de</strong> octógonos irregulares<br />

secantes e adjacentes pelos lados menores,<br />

tratada em meandro <strong>de</strong> suástica.<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento a: apodyterium<br />

das termas (planta 22).<br />

Dimensões do compartimento<br />

7,32 x 13,33 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Fragmentos in situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A sala encontra-se perfeitamente <strong>de</strong>limitada<br />

na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga, mas não<br />

existem informações sobre o momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta.<br />

43<br />

Estampas LXXXVII, LXXXVIII e LXXXIX<br />

Área conservada<br />

Um gran<strong>de</strong> fragmento (6,40 x 1,50 m) junto da<br />

pare<strong>de</strong> este e fragmentos isolados junto da<br />

pare<strong>de</strong> sul, no ângulo a sudoeste e noroeste.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não existem lacunas que permitam essa<br />

leitura.<br />

Materiais<br />

Calcários: preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64 p/ dm 2 , tesselas com 1,5 cm <strong>de</strong> largura.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong>, inusitadamente<br />

larga, foi realizada com fiadas paralelas aos<br />

muros.<br />

Restauros antigos<br />

É possível que as áreas remendadas com opus<br />

signinum correspondam a restauros antigos,<br />

pois encontramo-los também no tanque vizinho<br />

(nº 49).<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Remates em cimento.<br />

129


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos DGEMN (nº s 172653 e 1726436). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002).<br />

Foto MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 39; Hauschild / Teichner, 2002, p. 12, fig. 26; Teichner, 2008,<br />

B1, p. 188-191, fig. 87, est. 29A.<br />

Descrição<br />

Faixa branca (1,37 m) com duas linhas <strong>de</strong> florinhas ou cruzetas pretas alternadamente (cf.<br />

Le Décor I, 4e) e quadradinhos <strong>de</strong>nteados; filete duplo preto; faixa branca (20 cm) com linha <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra <strong>de</strong>nteados pretos (cf. Le Décor I, 10g).<br />

Painel quadrado cortando, no centro, uma composição <strong>de</strong> octógonos irregulares secantes e<br />

adjacentes pelos lados menores, tratada em meandro <strong>de</strong> suástica <strong>de</strong>senhado a filete duplo (cf. Le<br />

Décor II, 419e). Os hexágonos são preenchidos com um quadrado <strong>de</strong>nteado preto. Do quadro<br />

central, conserva-se apenas o ângulo nor<strong>de</strong>ste das bordaduras (três?), em filete duplo preto.<br />

Com excepção <strong>de</strong> oito nichos pavimentados com tijoleira, na pare<strong>de</strong> este, todos os<br />

restantes apresentam opus tessellatum branco até ao limite da pare<strong>de</strong>.<br />

Datação<br />

Este mosaico <strong>de</strong>ve pertencer à primeira fase das termas, ou seja, inícios do séc. III<br />

(Hauschild / Teichner, 2002, p. 29; Teichner, 2008, fase IIIa, p. 188).<br />

130


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1942.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos (?):<br />

a) Pavimento mais antigo: painel<br />

central interrompendo uma<br />

composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

estrelados.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

<strong>de</strong>struído (fauna marinha?).<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento b: frigidarium das<br />

termas (planta 22).<br />

Dimensões do compartimento<br />

12 x 9,50 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento (?).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Os fragmentos do mosaico a) foram<br />

levantados e recolocados na posição<br />

original. Desconhece-se o para<strong>de</strong>iro do<br />

pavimento b).<br />

44<br />

Estampas XC e XCI<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Não há registos do momento da <strong>de</strong>scoberta,<br />

apesar <strong>de</strong> bem <strong>de</strong>limitada na planta <strong>de</strong> Estácio<br />

da Veiga, a escavação do interior do<br />

compartimento parece não estar concluída<br />

(planta 16). M. Lyster Franco faz referência à<br />

existência <strong>de</strong> peixes nos mosaicos <strong>de</strong>sta sala,<br />

revelados aquando do <strong>de</strong>sentulhamento <strong>de</strong>sta<br />

zona (1942, p. 21).<br />

Área conservada<br />

Vários fragmentos do mosaico a) remontados<br />

em placas <strong>de</strong> betão numa área <strong>de</strong> 9,05 x 5,10<br />

m (este-oeste). Na meta<strong>de</strong> norte o mosaico<br />

está completamente <strong>de</strong>struído ao passo que a<br />

sul se conservam alguns fragmentos. No<br />

ângulo noroeste da sala conserva-se um<br />

fragmento (17 x 11 cm).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os vestígios <strong>de</strong> assentamento ainda se po<strong>de</strong>m<br />

ver em vários pontos da sala, mas não é<br />

possível caracterizá-la.<br />

Materiais<br />

a) Calcário: preto, branco, vermelho escuro,<br />

rosa-salmão e ocre amarelo; b) (?).<br />

131


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

a) 36 / dm 2. Tesselas com 1,5 cm <strong>de</strong> lado;<br />

b) (?).<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A escolha <strong>de</strong> uma bordadura com um<br />

motivo tão complexo, quanto carregado <strong>de</strong><br />

elementos <strong>de</strong>corativos secundários, revela<br />

bem a imponência do mosaico a). Foi<br />

possível estabelecer para a bordadura 25<br />

módulos <strong>de</strong> octógonos no sentido este-<br />

oeste. O ângulo actualmente conservado<br />

revela a precisão na ordinatio do esquema,<br />

apesar da menor mestria na execução do<br />

mosaico. Efectivamente, ressalta à vista a<br />

Ilustração utilizada<br />

exactidão com que é realizada a estrela <strong>de</strong> oito<br />

losangos, aconchegando na perfeição o ângulo<br />

do campo principal.<br />

Restauros antigos<br />

Restauros em opus signinum em vários locais<br />

da sala.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> restauro foram da<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C. Beloto que levantou<br />

porções <strong>de</strong> mosaico na sequência das<br />

sondagens <strong>de</strong> T. Hauschild, recolocadas no<br />

lugar original em 1986 (Hauschild, Relatório,<br />

1987, p. 1).<br />

Foto DGEMN (172746). Levantamento tessela a tessela à escala 1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 62; ARA II, nº 6, p. 206-207; Hauschild / Teichner, 2002, p. 30;<br />

Reis, 2004, p. 114; Teichner, 2008, B2, p. 191-193, fig. 89, est. 30A.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Faixa branca (26 cm a este e 30 cm a sul); filete preto duplo; faixa branca (7,3 cm); linha <strong>de</strong><br />

meandro <strong>de</strong> suástica <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta simples alternando com quadrados (cf. Le Décor I, 38c). Os<br />

quadrados (39 cm <strong>de</strong> lado) são <strong>de</strong>senhados a filete preto duplo e preenchidos com florinha branca<br />

em fundo vermelho.<br />

Faixa branca (8 cm); painel central interrompendo uma composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos<br />

estrelados tangentes por dois vértices, <strong>de</strong>terminando losangos e fazendo aparecer meias estrelas<br />

<strong>de</strong> oito losangos (cf. Le Décor II, 421b). Os octógonos (28 cm <strong>de</strong> lado) são preenchidos com<br />

quadrado (47 cm <strong>de</strong> lado) com entrançado [vermelho escuro e ocre amarelo] ou com florão unitário<br />

132


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong> quatro elementos não contíguos, em he<strong>de</strong>rae apontando ao centro, um quadrado curvilíneo preto<br />

sobre o vértice no centro e chavetas não adjacentes, dos quais se conservam dois (cf. Le Décor II,<br />

255h). Os quadrados em redor do octógono são preenchidos ora por um quadrado <strong>de</strong>nteado<br />

[vermelho escuro, rosa-salmão, preto] com tessela branca no centro, ora por quatro folhas, ora por<br />

nó <strong>de</strong> Salomão. Nos losangos foram incluídos pequenos losangos vermelho escuro.<br />

Do painel central pouco nos resta, apenas o ângulo su<strong>de</strong>ste com uma faixa branca <strong>de</strong> 8 cm<br />

e parte da bordadura em trança policromática <strong>de</strong> três cabos [rosa-salmão/branco e ocre<br />

amarelo/branco] (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 72d).<br />

Datação<br />

b) Pavimento mais recente<br />

Destruído.<br />

Os estratos inferiores ao mosaico foram datados do séc. I-II com base nos materiais<br />

arqueológicos encontrados (Hauschild, 1988, p. 3), <strong>de</strong>duzindo-se a construção das termas em<br />

época imediatamente posterior, no séc. III (cf. Datação nº 43). Os fragmentos que se conservam do<br />

pavimento mais antigo a) são estilisticamente compatíveis com esta datação arqueológica.<br />

Admitindo a existência <strong>de</strong> um pavimento mais recente b), <strong>de</strong>vemos colocá-lo no séc. IV, quiçá na<br />

mesma época em que se forra a piscina do pequeno frigidarium (nº 47).<br />

133


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento d: tepidarium<br />

(planta 22).<br />

Dimensões do compartimento<br />

4,34 x 3,91 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Provavelmente as mesmas do<br />

compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Conserva-se apenas a base <strong>de</strong><br />

assentamento numa porção visível no lado<br />

nor<strong>de</strong>ste.<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos MSP 2005.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

45<br />

Estampa XCII<br />

Po<strong>de</strong> ainda ver-se uma das tijoleiras que<br />

assentava sobre o hipocausto, sobre a qual se<br />

aplicaram as camadas <strong>de</strong> assentamento: rudus<br />

<strong>de</strong> pequenas pedras misturadas com uma<br />

argamassa <strong>de</strong> cal (4 cm), seguido do nucleus,<br />

rosa, com cerâmica moída (5 cm) e do leito <strong>de</strong><br />

cal sobre o qual assentavam as tesselas.<br />

Materiais<br />

(?)<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

Não existem.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

134


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 43; Teichner, 2008, B14, p. 202.<br />

Descrição<br />

Datação<br />

O mosaico encontra-se totalmente <strong>de</strong>struído.<br />

Na ausência <strong>de</strong> vestígios, não é possível estabelecer uma cronologia. No entanto, o<br />

pavimento parece correspon<strong>de</strong>r à construção inicial, ou seja, inícios do séc. III. Sobre este, foi<br />

posteriormente colocada uma espessa camada <strong>de</strong> opus signinum que terá levado à <strong>de</strong>struição do<br />

mosaico.<br />

135


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: totalmente<br />

<strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

fragmento <strong>de</strong> faixa <strong>de</strong> remate com<br />

linha <strong>de</strong> aspas opostas e bordadura<br />

em trança.<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento c: frigidarium das<br />

termas (planta 22) com piscina revestida<br />

com opus tessellatum (nº 47).<br />

Dimensões do compartimento<br />

6,08 x 5,65 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A sala encontra-se perfeitamente <strong>de</strong>limitada<br />

na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga, mas não<br />

46<br />

Estampas XCIII e XCIV<br />

existem informações sobre o momento da<br />

<strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

O mosaico a) encontra-se totalmente <strong>de</strong>struído.<br />

Do mosaico que se lhes sobrepôs, conservou-<br />

se um fragmento da bordadura e do arranque<br />

do campo ao longo do muro norte, até à<br />

entrada do apodyterium, situada a este. Junto<br />

da pare<strong>de</strong> este também se conserva parte da<br />

bordadura (1,28 m x 28 cm). Ao longo da<br />

pare<strong>de</strong> oeste, quer no lado do pedilúvio, coevo<br />

do pavimento mais antigo, quer no lado oposto,<br />

ainda se po<strong>de</strong> ver o arranque do mosaico e a<br />

sua base <strong>de</strong> assentamento. Na pare<strong>de</strong> norte,<br />

um fragmento (48 x 15 cm) marca a<br />

continuação da bordadura.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

O mosaico b) assenta sobre um pavimento<br />

anterior a), pelo que apenas uma camada <strong>de</strong><br />

argamassa rosada com cerca <strong>de</strong> 2,5 cm o<br />

consolida. Do pavimento a) ficou o suporte<br />

essencial: um nucleus <strong>de</strong> 5 a 6 cm, um rudus<br />

<strong>de</strong> 17 cm com seixos <strong>de</strong> pedras, terra e<br />

fragmentos <strong>de</strong> cerâmica.<br />

Materiais<br />

a) (?); b) calcários: branco para o fundo; preto e<br />

cinzento metalizado nas aspas; rosa pálido,<br />

136


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

ocre vermelho, ocre amarelo e amarelo na<br />

trança.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64 /dm 2 . Tesselas com 1 a 1,2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong>vido ao estado<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

A este, até ao tanque, assim como junto à<br />

pare<strong>de</strong> norte, existem ainda restos <strong>de</strong> uma<br />

argamassa alaranjada que cobriu certamente o<br />

mosaico em época tardia, colmatando assim as<br />

áreas <strong>de</strong>struídas.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Levantamento à escala 1/1 MSP 2002. Foto MSP 2002, 2004 e 2005.<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 42; Hauschild / Teichner, 2002, p. 29-30; Reis, 2004, p. 114;<br />

Teichner, 2008, B13, p. 199-202, fig. 94, est. 32B.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

(?)<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com linha <strong>de</strong> aspas opostas (26 cm <strong>de</strong> largura conservada),<br />

tangentes por um ângulo. As aspas (17 cm <strong>de</strong> altura por 9,5 cm da largura) são <strong>de</strong>senhadas a filete<br />

preto e preenchidas a cinzento metalizado (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 13a).<br />

Faixa branca (8 cm); trança policromática <strong>de</strong> dois fios [rosa pálido/ocre vermelho e ocre<br />

amarelo/amarelo] (12 cm). Da trança conserva-se uma área <strong>de</strong> 63 x 20 cm no ângulo nor<strong>de</strong>ste do<br />

tapete que inclui o início da composição principal formada por uma trança na diagonal e o início <strong>de</strong><br />

uma segunda paralela à prece<strong>de</strong>nte, não sendo possível todavia i<strong>de</strong>ntificá-la.<br />

137


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Datação<br />

O pavimento mais antigo a), <strong>de</strong>struído, <strong>de</strong>ve ter pertencido ao momento da edificação do<br />

conjunto termal, ou seja, inícios do séc. III (cf. Datação nº 43). O segundo pavimento b) correspon<strong>de</strong><br />

ao nível <strong>de</strong> utilização contemporâneo da piscina com os peixes (nº 47), <strong>de</strong> meados do séc. IV.<br />

138


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema 16<br />

Fauna marinha policromática disposta<br />

livremente no campo nas pare<strong>de</strong>s e<br />

<strong>de</strong>graus; florinhas geométricas no<br />

pavimento.<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento c: tanque do<br />

frigidarium das termas (planta 22),<br />

composto por umas escadas <strong>de</strong> quatro<br />

<strong>de</strong>graus (A), três pare<strong>de</strong>s (B, C, D) e um<br />

solo (E) revestidos com opus tessellatum.<br />

Compartimento nº 41 da Planta <strong>de</strong> Estácio<br />

da Veiga (planta 16).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A (escadas): <strong>de</strong>grau 1 – 1,97 x 0,22 x0,29<br />

m; <strong>de</strong>grau 2 – 1,97 x 0,30 x0,32 m; <strong>de</strong>grau 3<br />

– 1,97 x 0,31 x0,25 m; <strong>de</strong>grau 4 – 1,97 x<br />

0,35 x0,24 m; B (pare<strong>de</strong> norte) – 2,47<br />

(superior) /1,66 (base) x 1,24 m; C (pare<strong>de</strong><br />

leste) – 1,95 x1,23 m; D (pare<strong>de</strong> sul) – 2,48<br />

16 No âmbito dos trabalhos da equipa MSP, todas as<br />

medidas apresentadas na ficha foram levantadas por<br />

C. Viegas. Também lhe <strong>de</strong>vemos a primeira versão<br />

da <strong>de</strong>scrição que agora se apresenta revista e<br />

corrigida.<br />

47<br />

Estampas XCV, XCVI, XCVII, XCVIII, XCIX, C, CI e CII, 1<br />

(superior) /1,69 (base) x 1,22 m; E (pavimento)<br />

– 1,95 x 1,69 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas dimensões da piscina, à excepção<br />

do <strong>de</strong>grau 1, que não apresenta revestimento<br />

<strong>de</strong> opus tessellatum.<br />

Ainda há a registar um rebordo superior em<br />

torno do tanque com 16 cm <strong>de</strong> largura nos<br />

lados norte, este e sul.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A área que Estácio da Veiga terá encontrado<br />

conservada aquando da sua <strong>de</strong>scoberta parece<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente superior àquela que hoje é<br />

possível observar, fazendo prova disso os dois<br />

documentos da Colecção Pessoal <strong>de</strong> Estácio<br />

da Veiga no MNA: uma cópia do <strong>de</strong>senho nº<br />

25J do Catálogo das Plantas (est. XCVI, 1) e<br />

uma fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles (est. XCV, 1).<br />

O <strong>de</strong>senho nº 25J, da autoria <strong>de</strong> J. F. Tavares<br />

Bello, ilustra a pare<strong>de</strong> norte do mosaico. Não<br />

tendo tido acesso ao documento original que se<br />

encontra na posse <strong>de</strong> M. L. Santos (2007, fig.<br />

18), uma cópia preparada para publicação<br />

on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>m ver três peixes, um golfinho,<br />

algumas linhas <strong>de</strong> água e, junto ao solo, uma<br />

139


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

linha <strong>de</strong> três pares <strong>de</strong> conchas alternando<br />

com dois ouriços com um tratamento muito<br />

sumário e uma paleta <strong>de</strong> cores reduzida. A<br />

representação dos <strong>de</strong>graus no lado<br />

esquerdo do <strong>de</strong>senho indica que se trata da<br />

pare<strong>de</strong> norte da piscina, cujo mosaico se<br />

encontra hoje praticamente <strong>de</strong>struído, à<br />

excepção <strong>de</strong> uma cauda <strong>de</strong> peixe que se<br />

conserva no lado superior direito. A<br />

fotografia, <strong>de</strong> Xavier Meirelles, reproduzida<br />

sob a forma <strong>de</strong> gravura num periódico do<br />

séc. XIX (Rebello, 1882, p. 240; Oliveira,<br />

2007, fig. 13), mas publicada pela primeira<br />

vez no <strong>Portugal</strong> Romano <strong>de</strong> J. Alarcão<br />

(1973, p. 196 e 263, fig. 65), permite-nos<br />

completar o dossier <strong>de</strong> documentação<br />

relativo a este mosaico. A fotografia foi<br />

obtida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ângulo sudoeste do tanque e<br />

ilustra a pare<strong>de</strong> norte e cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da<br />

pare<strong>de</strong> este. Apesar <strong>de</strong> muito retocada no<br />

fundo branco e reconstituída na zona da<br />

barbatana pélvica do primeiro peixe e na<br />

mandíbula do golfinho on<strong>de</strong> incidia a<br />

sombra, na pare<strong>de</strong> norte, e <strong>de</strong> algumas<br />

linhas <strong>de</strong> água visíveis no <strong>de</strong>senho não o<br />

serem na fotografia, permite-nos completar<br />

a informação sobre a área que se<br />

conservava na pare<strong>de</strong> leste: dois peixes,<br />

uma mosca <strong>de</strong> água, dois bivalves, um<br />

ouriço e duas linhas <strong>de</strong> água Os dois<br />

documentos permitem-nos afirmar com<br />

alguma segurança que o mosaico do tanque<br />

estaria praticamente completo à época <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga que terá escolhido ilustrar o<br />

mais rico, no caso, o da pare<strong>de</strong> norte on<strong>de</strong><br />

existia um golfinho. Hoje, apenas se conserva a<br />

pare<strong>de</strong> sul, os <strong>de</strong>graus e o solo.<br />

Área conservada<br />

Com bastantes lacunas na meta<strong>de</strong> esquerda, o<br />

mosaico dos <strong>de</strong>graus conserva o número <strong>de</strong><br />

elementos suficientes para a sua compreensão.<br />

A pare<strong>de</strong> B apresenta-se conservada junto ao<br />

solo numa extensão <strong>de</strong> 1 m.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Nas lacunas existentes, po<strong>de</strong> ver-se que as<br />

pare<strong>de</strong>s B e C foram previamente picadas para<br />

se aplicar a camada <strong>de</strong> assentamento sobre a<br />

qual se acamaram as tesselas. Po<strong>de</strong> acreditar-<br />

se que o revestimento anterior do tanque não<br />

era <strong>de</strong> mosaico, quiçá <strong>de</strong> opus signinum. No<br />

solo (E) uma camada <strong>de</strong> opus signinum <strong>de</strong> 3<br />

cm <strong>de</strong> espessura serviu <strong>de</strong> assentamento ao<br />

mosaico, seguindo-se uma argamassa fina <strong>de</strong><br />

cal e areia.<br />

Materiais<br />

Calcário: preto, branco, cinzento metalizado,<br />

cinzento claro, castanho acinzentado, vermelho<br />

escuro, bege, salmão, rosa pálido.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

68 /dm 2.<br />

140


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A disposição dos diversos exemplares <strong>de</strong><br />

fauna marinha foi adaptada à<br />

disponibilida<strong>de</strong> do espaço, procurando criar<br />

a ilusão <strong>de</strong> um cardume com um sentido <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocação para a esquerda em todas as<br />

pare<strong>de</strong>s, em duas linhas, mais uma inferior<br />

<strong>de</strong> elementos secundários. A colocação do<br />

fundo branco na pare<strong>de</strong> sul que conserva o<br />

mosaico in situ revela uma estratégia<br />

interessante <strong>de</strong> organização do espaço. A<br />

área residual entre as três linhas <strong>de</strong> motivos<br />

apresenta uma execução em filetes<br />

paralelos como se o objectivo tivesse sido,<br />

em primeiro lugar, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> três<br />

gran<strong>de</strong>s zonas a <strong>de</strong>corar. Efectivamente,<br />

chamou a atenção a ausência <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

contorno dos peixes como habitualmente<br />

acontece e, esse facto, <strong>de</strong>ve-se<br />

precisamente à exiguida<strong>de</strong> do espaço<br />

disponível <strong>de</strong>pois do enquadramento feito<br />

com tesselas brancas em jeito <strong>de</strong> moldura.<br />

Aliás. O mesmo procedimento foi aplicado<br />

no sentido horizontal nos remates entre os<br />

painéis. Os peixes terão sido realizados<br />

numa segunda fase e, posteriormente,<br />

Ilustração utilizada<br />

colocados os elementos marinhos secundários<br />

nos espaços residuais. O enchimento final do<br />

fundo branco foi realizado <strong>de</strong> forma um pouco<br />

aleatória, no sentido vertical preferencialmente.<br />

Restauros antigos<br />

Na lacuna do espelho do <strong>de</strong>grau po<strong>de</strong> ver-se<br />

um restauro antigo em opus signinum numa<br />

área <strong>de</strong> 15 x 10 cm. No respectivo espelho<br />

parece ter havido um restauro do motivo <strong>de</strong><br />

florzinhas, embora o resultado seja pouco<br />

conseguido. No solo (5) são visíveis lacunas<br />

com revestimentos <strong>de</strong> opus signinum grosseiro<br />

on<strong>de</strong> os fragmentos <strong>de</strong> cerâmica atingem 1 a<br />

1,5 cm.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

São feitas intervenções amiú<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>signadamente <strong>de</strong> remate <strong>de</strong> lacunas, sendo<br />

bem visíveis as diferentes colorações dos<br />

cimentos aplicados. Em 2007, o tanque sofreu<br />

um importante trabalho <strong>de</strong> limpeza que permitiu<br />

a remoção dos líquenes, favorecendo a leitura<br />

dos motivos.<br />

Fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles da Colecção pessoal <strong>de</strong> Estácio da Veiga do MNA. Pereira, 2007, fig. 18.<br />

Fotos gerais e <strong>de</strong> pormenores MSP (2004-2007). Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005).<br />

141


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Rebello, 1882, nº138, p. 238 e 240; Kremer, 1999a, p. 510-513 e 516, fig. 1; Hauschild, Relatório<br />

1993; Oliveira, 2007, p. 155-157; Hauschild, 2007, p. 310, fig. 8 e 12b.<br />

Descrição<br />

Painel A (escadas)<br />

O <strong>de</strong>grau 1 é constituído por um silhar.<br />

O <strong>de</strong>grau 2 apresenta uma linha <strong>de</strong> espinhas rectilíneas curtas <strong>de</strong>nteadas pretas sobre<br />

fundo branco (cf. Le Décor I, 12a), da qual se conservam oito no ângulo sudoeste. No espelho <strong>de</strong>ste<br />

<strong>de</strong>grau po<strong>de</strong> ainda ver-se uma linha <strong>de</strong> seis florzinhas pretas (entre 12x16 cm e 16x16 cm)<br />

irregularmente dispostas (entre 6 a 10 cm <strong>de</strong> distância). Da primeira florzinha só se observa meta<strong>de</strong>,<br />

seguindo-se três completas e uma quarta, incompleta. A quinta e a sexta estão igualmente<br />

<strong>de</strong>struídas.<br />

No <strong>de</strong>grau 3, po<strong>de</strong> ver-se a mesma linha <strong>de</strong> espinhas no cobertor e, no espelho, a linha <strong>de</strong><br />

oito florzinhas irregularmente equidistantes. O seu estado <strong>de</strong> conservação é também inconstante.<br />

No <strong>de</strong>grau 4, a <strong>de</strong>coração é constituída por motivos marinhos tais como conchas e ouriços, assim<br />

como as linhas <strong>de</strong> representação da água: por or<strong>de</strong>m, <strong>de</strong> sul para norte, po<strong>de</strong>m ver-se, concha<br />

colocada horizontalmente ligada a uma segunda que ocupa já o espelho do mesmo <strong>de</strong>grau, linhas<br />

quebradas que representam a água, um ouriço (13 cm <strong>de</strong> diâmetro), linhas quebradas que<br />

representam a água, um bivalve colocado verticalmente e duas conchas. No espelho do mesmo<br />

<strong>de</strong>grau po<strong>de</strong> ver-se uma concha, dois segmentos <strong>de</strong> linha representando a água e, junto à lacuna,<br />

um novo segmento colocado verticalmente, no limite, à esquerda, <strong>de</strong> novo na horizontal.<br />

Painel B (pare<strong>de</strong> norte)<br />

O painel está praticamente todo <strong>de</strong>struído, à excepção <strong>de</strong> um ouriço-do-mar junto ao<br />

<strong>de</strong>grau 3 e uma porção <strong>de</strong> um peixe nadando para oeste no lado superior constituída por parte do<br />

ventre e o lobo inferior da barbatana caudal. O contorno do peixe é obtido através <strong>de</strong> filete triplo<br />

preto e o dorso tratado com tesselas cinzentas colocadas sobre o vértice. A parte inferior do mesmo<br />

é <strong>de</strong>lineada por filete duplo branco. Junto ao painel 3, registam-se quatro linhas pretas verticais<br />

formadas por filete duplo representando a água.<br />

Junto ao solo, à altura do espelho do <strong>de</strong>grau 4, po<strong>de</strong> ver-se um bivalve do qual apenas<br />

meta<strong>de</strong> se conserva. Está colocado verticalmente. Po<strong>de</strong>m ainda ver-se três linhas horizontais<br />

142


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

simulando o movimento da água. Duas linhas <strong>de</strong> círculo que parecem correspon<strong>de</strong>m a porções <strong>de</strong><br />

ouriços completam a <strong>de</strong>coração visível hoje em dia.<br />

Painel C (pare<strong>de</strong> este)<br />

Os vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum localizam-se nas margens da pare<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> ver-se a parte inferior<br />

<strong>de</strong> um ouriço, duas lapas verticais incompletas das quais apenas a parte inferior se conserva, uma<br />

mosca <strong>de</strong> água, a meta<strong>de</strong> superior <strong>de</strong> um segundo ouriço e três linhas perpendiculares e duas<br />

horizontais representando o movimento da água.<br />

A faixa que se conserva à direita do painel, junto à aresta, apresenta sucessivamente <strong>de</strong><br />

cima para baixo: quatro tesselas que formam a extremida<strong>de</strong> do elemento que representa a água e<br />

outro elemento <strong>de</strong> difícil i<strong>de</strong>ntificação e o que parece constituir o lobo inferior da barbatana caudal<br />

<strong>de</strong> um peixe, já que se conservam apenas as tesselas do contorno exterior.<br />

Depois, conserva-se outro elemento representando a água e ainda um elemento não<br />

i<strong>de</strong>ntificável. Toda a zona superior do mosaico está <strong>de</strong>struída, mas é perceptível a continuida<strong>de</strong> da<br />

faixa no rebordo superior (18 cm <strong>de</strong> largura), certamente em trança como a que se conserva na<br />

pare<strong>de</strong> 3.<br />

Painel D (pare<strong>de</strong> sul)<br />

Trata-se da pare<strong>de</strong> em melhor estado <strong>de</strong> conservação, apesar <strong>de</strong> uma lacuna no rebordo<br />

superior (65 x30 cm). Nessa zona, conserva-se uma trança <strong>de</strong> dois cordões, policromática (14 cm<br />

<strong>de</strong> largura) [rosa, bege, branco e preto]. Na pare<strong>de</strong> propriamente dita po<strong>de</strong>m ver-se cinco peixes <strong>de</strong><br />

duas espécies diferentes alternadamente: peixes <strong>de</strong> dominante cinzenta (robalos) e peixes <strong>de</strong><br />

dominante rosa (garoupa), <strong>de</strong> idênticas dimensões e nadando em cardume para a esquerda. A<br />

preocupação em representar <strong>de</strong> forma realista os exemplares ictiológicos revela-se no grau <strong>de</strong><br />

pormenor que o mosaista procurou imprimir ao seu trabalho. Nos espaços residuais, vêem-se as<br />

linhas <strong>de</strong> representação do movimento da água: uma linha horizontal, duas linhas verticais e duas<br />

linhas horizontais, bem como ouriços.<br />

O peixe A é um robalo (71 x 29 cm) e foi <strong>de</strong>senhado com filete preto simples <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

primeira barbatana até à barbatana caudal, <strong>de</strong>pois a filete duplo nas barbatanas ventral e anal. O<br />

opérculo é tratado com filete curvo castanho acinzentado e o olho como um disco branco<br />

contornado por filete preto <strong>de</strong> tesselas muito pequenas e ainda uma tessela preta no centro. A<br />

mandíbula, curva, foi obtida com tesselas rectangulares <strong>de</strong> dimensões mais reduzidas. No corpo, a<br />

linha lateral foi obtida através <strong>de</strong> um filete <strong>de</strong> tesselas pretas sobre o vértice, <strong>de</strong>marcando a zona da<br />

143


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

barriga em gradação <strong>de</strong> tons cinzento metalizado claro até ao rosa pálido, em filete paralelos,<br />

criando um efeito <strong>de</strong> contraste com a execução da parte superior com tesselas sobre o vértice, em<br />

jeito <strong>de</strong> escamas.<br />

O peixe B, uma garoupa (70 cm x 29 cm <strong>de</strong> largura máxima conservada), está parcialmente<br />

<strong>de</strong>struído na zona da cabeça. O contorno superior é <strong>de</strong>senhado a vermelho escuro e o inferior a<br />

preto, incluindo o traçado das barbatanas. O opérculo é tratado a vermelho escuro e toda a zona<br />

superior do corpo do peixe é tratada em tons <strong>de</strong> vermelho e rosa escuro, colocadas em linhas<br />

paralelas, embora sinusói<strong>de</strong>s na cabeça e, progressivamente, sobre o vértice na zona da cauda. A<br />

zona da barriga apresenta o mesmo tratamento do peixe A. O olho obe<strong>de</strong>ce também ao mesmo<br />

princípio plástico do peixe A, embora <strong>de</strong> dimensões mais reduzidas.<br />

Por se encontrar junto ao <strong>de</strong>grau, o peixe C é <strong>de</strong> dimensões mais reduzidas (51,5 x 27 cm).<br />

Apresenta o mesmo tratamento plástico do peixe B, embora a dominante rosa domine sobre o<br />

vermelho. A linha lateral do peixe é formada por filete <strong>de</strong> tesselas vermelhas sobre o vértice.<br />

escuro.<br />

O peixe D (70 x 33 cm) é idêntico ao peixe C, com domínio do tom vermelho sobre o rosa<br />

O peixe E (62 x 26 cm) é uma reprodução do peixe A, embora se nota uma maior qualida<strong>de</strong><br />

na execução, patente na menor dimensão das tesselas utilizadas. A cauda apresenta tesselas <strong>de</strong> 8<br />

x 3 mm e na cabeça, 2 x 5 mm.<br />

Os espaços residuais são preenchidos com os mesmos elementos marinhos que se<br />

encontram nos mosaicos nº 23, 49 e 50. Por um lado, vêm-se conchas, ora isoladas, ora unidas,<br />

<strong>de</strong>senhadas a preto e tratadas a rosa escuro e claro. A sua disposição, horizontal ou vertical, é<br />

<strong>de</strong>terminada pela disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espaço, embora contribua para criar a sensação <strong>de</strong> dinamismo<br />

que se verifica no meio aquático real. O movimento da água é representado através dos segmentos<br />

<strong>de</strong> filetes duplos pretos. O motivo em V, habitualmente <strong>de</strong>signado por “mosca <strong>de</strong> água”, encontra-se<br />

a espaços entre os peixes, mas também os ouriços <strong>de</strong>senhado através <strong>de</strong> filete preto, com a parte<br />

central em tonalida<strong>de</strong>s rosa.<br />

Os elementos marinhos distribuem-se da seguinte forma:<br />

– Linhas <strong>de</strong> água: no topo, entre a parte inferior do peixe A (colocado na vertical); sobre o<br />

peixe A, junto à cabeça e corpo (colocados na horizontal); sob o peixe A junto à barbatana anal e<br />

sob a caudal; acima do peixe B, junto à barbatana caudal e dorsal; entre a cauda do peixe C e o<br />

<strong>de</strong>grau em pedra; à frente do peixe D, sob a cabeça e junto à esquina da pare<strong>de</strong> 2 (colocado na<br />

vertical); entre o peixe D e E (colocado na vertical) e sob o peixe E (colocado na horizontal). Estes<br />

144


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

elementos encontram-se sobretudo no terço inferior da pare<strong>de</strong> e apresentam diferentes dimensões<br />

(entre 11,5 cm e 50 cm)<br />

– Ouriços: entre o peixe D e E. Os ouriços têm um diâmetro médio <strong>de</strong> 12 cm.<br />

– Moscas <strong>de</strong> água: apresentam dimensões médias entre 24 e 17 cm.<br />

– Conchas: sobre o peixe D (colocada na vertical). As conchas apresentam dimensões<br />

diversas (entre os 19 x 12 cm e os 24 x 13 cm).<br />

Painel E (pavimento)<br />

O pavimento do tanque conserva-se numa reduzida extensão <strong>de</strong> 60 x 26 cm e apresenta<br />

uma composição ortogonal <strong>de</strong> florzinhas pretas sobre fundo branco. Originariamente, era<br />

constituído por sete linhas <strong>de</strong> florzinhas com sete a oito elementos por linha.<br />

Datação<br />

Primeira meta<strong>de</strong> do séc. IV.<br />

145


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> escamas<br />

bicolores.<br />

Compartimento<br />

Sector C, compartimento j: latrinas (planta<br />

22).<br />

Dimensões do compartimento<br />

5,52 x 1,89 m (até à soleira).<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

O mosaico já era conhecido no tempo <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga que <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong>senho<br />

com o nº 25 K (Veiga, 1877-1878), hoje<br />

<strong>de</strong>saparecido. Esta lacuna documental não<br />

permite uma avaliação da área visível no<br />

Ilustração utilizada<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta.<br />

Área conservada<br />

48<br />

Estampas CII 2, CIII e CIV<br />

Fragmento conservado em 2,31 x 2,04 m.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível caracterizá-la.<br />

Materiais<br />

Calcário: preto, branco e cinzento metalizado.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

81 /dm 2 nas tesselas brancas e 64 /dm 2 nas<br />

pretas.<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2002). Foto MSP 2002.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

As escamas foram realizadas no sentido<br />

norte/sul, ignorando o contorno circular da<br />

pare<strong>de</strong> norte, facto que prova a anteriorida<strong>de</strong><br />

da sala e do seu mosaico.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não existem.<br />

146


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Veiga, 1880, p. 65, compartimento nº 50; Chaves, 1937, p. 60; ARA II, nº 10, p. 207; Teichner, 2008,<br />

B25, p. 205-207, fig. 97, est. 35A, B e D.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> cinzento-escuro (16 cm a sul, 18 cm em redor da base e 8 cm a<br />

oeste), faixa branca (7 cm).<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> escamas bicolores (cf. Le Décor I, est. 217d), <strong>de</strong>senhadas a filete<br />

preto e preenchidas a cinzento (altura das escamas: 20 a 22 cm). Conservam-se nove escamas no<br />

sentido norte-sul e 8,5 no sentido este-oeste, pois na linha <strong>de</strong> remate, a este da base, as escamas<br />

foram truncadas. A norte da base verifica-se uma falha no enchimento.<br />

Datação<br />

O mosaico terá pertencido a uma fase antiga das termas, quiçá as primeiras, instaladas nos<br />

inícios do séc. III.<br />

147


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fauna marinha disposta em linha nas<br />

pare<strong>de</strong>s e fundo:<br />

Painel A (pare<strong>de</strong> sul): fauna marinha;<br />

Painel B (pare<strong>de</strong> norte): fauna marinha;<br />

Painel C (pavimento): <strong>de</strong>struído;<br />

Painel D (pare<strong>de</strong> exterior sul): trança<br />

policromática.<br />

Compartimento<br />

Sector D, espaço g: fonte semicircular<br />

situada frente ao templo.<br />

Dimensões do compartimento<br />

Pare<strong>de</strong> sul: 3,07 x 0,89 m (altura máxima<br />

conservada);<br />

Pare<strong>de</strong> norte: 3, 55 x 0,35 m (altura máxima<br />

conservada);<br />

Pavimento: 3,07 m <strong>de</strong> corda x 1,50 m <strong>de</strong><br />

flecha.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Desconhecendo-se a altura total da fonte e<br />

as suas características arquitectónicas, é<br />

difícil calcular a real dimensão que o<br />

mosaico possuía. Po<strong>de</strong>ria ter coberto<br />

49<br />

Estampas CV, CVI, CVII, CVIII e CIX<br />

parcialmente a fonte, <strong>de</strong>signadamente a zona<br />

do receptáculo da água.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ. Para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>sconhecido do mosaico do<br />

pavimento da fonte.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Conhecemos três ilustrações do pavimento da<br />

fonte realizadas aquando dos trabalhos <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga: o “<strong>de</strong>senho do fundo <strong>de</strong><br />

mosaico da piscina hemicyrcular, marcada com<br />

o nº 12 na planta do Milreu” (Pereira, 2007, fig.<br />

17) cuja cópia se encontra no MNA (est. CVI,<br />

1); dois croquis, um publicado por Brito Rebello<br />

“segundo <strong>de</strong>senho do sr. Estácio da Veiga”,<br />

como se po<strong>de</strong> ler na legenda (Rebello, 1885, p.<br />

264), e um segundo, publicado por M.ª L.<br />

Estácio da Veiga Santos “segundo <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

Brito Rebello” (Santos, 1972, fig. 278). Com<br />

algumas diferenças (vi<strong>de</strong> Oliveira, 2007, p. 149-<br />

150) os <strong>de</strong>senhos ilustram o mosaico do<br />

pavimento (painel C). Das pare<strong>de</strong>s, não existe<br />

qualquer registo gráfico, provando que já se<br />

encontrariam muito <strong>de</strong>struídas à época em que<br />

foram encontradas.<br />

Área conservada<br />

Conserva-se a painel A numa altura máxima <strong>de</strong><br />

89 cm e mínima <strong>de</strong> 61 cm. Quanto ao mosaico<br />

148


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

que a revestiu, apenas subsiste uma<br />

pequena faixa na base da pare<strong>de</strong>, com uma<br />

altura variável, entre os 45 e 12 cm.<br />

O mosaico do painel B, bastante <strong>de</strong>struído,<br />

não ultrapassa os 70 cm <strong>de</strong> área<br />

conservada, sendo a mínima <strong>de</strong> 15 a 35 cm.<br />

Em diversos locais observam-se marcas<br />

profundas do instrumento utilizado para<br />

remover o mosaico, atingindo a tijoleira da<br />

estrutura da fonte. A forma arredondada <strong>de</strong><br />

algumas <strong>de</strong>ssas marcas parece <strong>de</strong>monstrar<br />

que se recortou em <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado motivo <strong>de</strong> interesse, aqui,<br />

certamente um peixe. Do pavimento apenas<br />

um reduzida parte da trança se conservou.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A <strong>de</strong>struição do mosaico em diversos locais<br />

permite compreen<strong>de</strong>r a técnica <strong>de</strong><br />

assentamento do mosaico sobre a pare<strong>de</strong>.<br />

Assim, foi colocada uma camada <strong>de</strong> opus<br />

signinum fino, cujas partículas <strong>de</strong> cerâmica<br />

são bem calibradas e não ultrapassam 1<br />

mm <strong>de</strong> secção, sobre o aparelho do muro.<br />

Esta camada <strong>de</strong> 3 cm foi coberta por uma<br />

argamassa <strong>de</strong> cal e areia fina on<strong>de</strong> se<br />

assenta o opus tessellatum. É a mesma<br />

técnica <strong>de</strong> assentamento do mosaico do<br />

podium.<br />

Materiais<br />

Calcário: preto, branco, cinzento metalizado,<br />

cinzento claro, ocre vermelho, rosa-salmão,<br />

bege esver<strong>de</strong>ado, rosa pálido, ocre amarelo.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

68 /dm 2 .<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os parcos vestígios que restam in situ não são<br />

totalmente esclarecedores, no entanto, tendo<br />

em conta o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Estácio da Veiga, é<br />

provável que a execução se organizasse em<br />

linhas, em jeito <strong>de</strong> cardume. Quer fosse no<br />

mesmo sentido, quer em sentidos opostos,<br />

como parece indicar o <strong>de</strong>senho, po<strong>de</strong>mos<br />

admitir uma prévia <strong>de</strong>finição das faixas a<br />

<strong>de</strong>corar como se verificou no mosaico nº 47.<br />

Nos diminutos fragmentos in situ constata-se<br />

que o preenchimento do fundo foi realizado<br />

com filetes brancos paralelos colocados no<br />

sentido horizontal. Uma linha contornou o peixe<br />

que se preserva in situ.<br />

Restauros antigos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam nos fragmentos<br />

conservados.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Em 2007, a fonte sofreu um importante trabalho<br />

<strong>de</strong> limpeza que permitiu a remoção dos<br />

líquenes, favorecendo a leitura dos motivos.<br />

149


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Cópia <strong>de</strong> uma aguarela in Veiga, 1877-1878, nº 25D (MNA, EV, Cx. 1, capa 8, nº 28). Levantamento<br />

à escala 1/1 MSP 2002. Foto MSP 2002, 2004 e 2005. Rebello, 1885, p. 264; Santos, 1972, fig. 278;<br />

Pereira, 2007, fig. 17.<br />

Bibliografia<br />

Rebello, 1885, nº 249, p. 263-264; Franco, 1943, p. 14-15; ARA II, p. 206, fig. 278; Hauschild, 1964;<br />

1980; 1984-88; 1997; Oliveira, 2007, p. 149, fig. 8; Hauschild, 2007, p. 312, fig. 13; Teichner, 2008,<br />

p. 256-258.<br />

Descrição<br />

Painel A (pare<strong>de</strong> interior – sul)<br />

Bordadura inferior <strong>de</strong>struída. Conserva-se a primeira fiada <strong>de</strong> motivos marinhos contituída<br />

por segmentos <strong>de</strong> filetes duplos pretos colocados horizontalmente representando a água (27 a 33<br />

cm <strong>de</strong> comprimento), em conjuntos <strong>de</strong> três a quatro elementos, e ouriços policromáticos (8 a 11 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro). Ainda subsistem, <strong>de</strong> oeste para este, dois conjuntos <strong>de</strong> quatro elementos <strong>de</strong> água e<br />

dois conjuntos <strong>de</strong> três elementos. Dos ouriços, apenas um se conserva intacto, subsistindo seis<br />

exemplares parcialmente <strong>de</strong>struídos.<br />

Painel B (pare<strong>de</strong> interior – norte)<br />

Bordadura inferior constituída por um filete preto triplo, praticamente conservado em toda a<br />

extensão. Embora muito <strong>de</strong>struído, ainda se vê uma linha <strong>de</strong> cinco elementos <strong>de</strong>signados<br />

vulgarmente por mosca <strong>de</strong> água, completos. Um sexto elemento, a oeste, apenas conserva o<br />

remate em V. Uma segunda linha <strong>de</strong> motivos era constituída por ouriços, dos quais se po<strong>de</strong>m ver<br />

três exemplares parcialmente <strong>de</strong>struídos.<br />

Na meta<strong>de</strong> oeste do painel, subsiste o único exemplar <strong>de</strong> fauna marinha, ainda que<br />

incompleto. Trata-se <strong>de</strong> um peixe <strong>de</strong> dominante rosa. O contorno inferior da barriga a filete cinzento<br />

metalizado simples <strong>de</strong>senha ainda as barbatanas peitoral e anal, assim como a parte inferior da<br />

cabeça e parte da barbatana caudal. O corpo do peixe foi obtido com uma série <strong>de</strong> filetes <strong>de</strong><br />

tesselas sobre o vértice, numa gradação <strong>de</strong> tons rosa mais escuro no dorso [rosa-salmão] e mais<br />

claro no ventre do peixe [rosa pálido]. O opérculo e a linha média do corpo foram <strong>de</strong>senhados com<br />

tesselas ocre vermelho. Um fino filete côncavo <strong>de</strong> tesselas cinzento metalizado <strong>de</strong>senha a<br />

150


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

mandíbula do peixe. Uma tessela cinzento metalizado, afeiçoada nas arestas para lhe dar um<br />

aspecto arredondado, marca o olho.<br />

Painel C (pavimento)<br />

In situ, conserva-se um pequeno fragmento da trança policromática que cercava o<br />

pavimento [rosa pálido/rosa-salmão, bege esver<strong>de</strong>ado/ocre amarelo]. Da <strong>de</strong>coração central do<br />

painel não restam vestígios, mas o <strong>de</strong>senho nº 25D (est. CVI, 1) permite-nos compreen<strong>de</strong>r a<br />

<strong>de</strong>coração original. Apresenta sete linhas <strong>de</strong> peixes alternadamente cinzentos e rosas, intercaladas<br />

com linhas <strong>de</strong> ouriços-do-mar e moscas <strong>de</strong> água, ou linhas <strong>de</strong> água, alternadamente, tratadas a<br />

rosa, ocre e cinzento.<br />

Painel D (pare<strong>de</strong> exterior – sul)<br />

Trança policromática <strong>de</strong> três fios [rosa pálido/rosa-salmão, bege esver<strong>de</strong>ado/ocre amarelo<br />

escuro, cinzento claro/rosa pálido].<br />

Painel E (pare<strong>de</strong> exterior – nor<strong>de</strong>ste)<br />

Na pare<strong>de</strong> exterior do lado nor<strong>de</strong>ste, subsistem fragmentos muito diminutos <strong>de</strong><br />

revestimento em opus tessellatum com uma bordadura em filete duplo preto e meias florinhas<br />

pretas.<br />

Datação<br />

A fonte é contemporânea do templo (D), sendo a execução dos mosaicos <strong>de</strong> datar na<br />

mesma faixa cronológica, ou seja, meados do séc. IV (cf. Datação nº 50)<br />

151


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1877-1878.<br />

Tema 17<br />

Fauna marinha policromática disposta<br />

livremente no campo no podium, em sete<br />

pare<strong>de</strong>s:<br />

Painel A (pare<strong>de</strong> este das escadas): fauna<br />

marinha;<br />

Painel B (pare<strong>de</strong> nor<strong>de</strong>ste): fauna marinha<br />

e pé humano;<br />

Painel C (pare<strong>de</strong> este): <strong>de</strong>struído;<br />

Painel D (absi<strong>de</strong> sul): <strong>de</strong>struído;<br />

Painel E (pare<strong>de</strong> oeste): fauna marinha,<br />

cena mitológica e embarcação;<br />

Painel F (pare<strong>de</strong> noroeste): fauna marinha;<br />

Painel G (pare<strong>de</strong> oeste das escadas): fauna<br />

marinha.<br />

Escadas <strong>de</strong> acesso ao templo: mosaico<br />

<strong>de</strong>struído;<br />

Fonte no interior da cella: mosaico<br />

<strong>de</strong>struído.<br />

17 No âmbito dos trabalhos da equipa MSP, todas as<br />

medidas apresentadas na ficha foram levantadas por<br />

C. Viegas. Também lhe <strong>de</strong>vemos a primeira versão<br />

da <strong>de</strong>scrição que agora se apresenta revista e<br />

corrigida.<br />

50<br />

Estampas CX, CXI, CXII, CXIII, CXIV, CXV, CXVI, CXVII,<br />

CXVIII, CXIX, CXX, CXXI, CXXII, CXXIII, CXXIV e CXXV<br />

Compartimento<br />

Sector D - templo <strong>de</strong>dicado ao culto às águas:<br />

pare<strong>de</strong>s exteriores do podium, escadas e fonte<br />

interior (planta 23).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A pare<strong>de</strong> do podium é constituída por uma<br />

faixa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 66,47 m <strong>de</strong> extensão ao<br />

longo <strong>de</strong> sete pare<strong>de</strong>s, com um máximo <strong>de</strong> 1 m<br />

<strong>de</strong> altura. Para as dimensões <strong>de</strong> cada pare<strong>de</strong>,<br />

vejam-se as dimensões do mosaico.<br />

A fonte central é representada na planta <strong>de</strong><br />

Estácio da Veiga (Rebello, 1881, p. 190), mas<br />

não substiram quaisquer vestígios.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Dimensões máximas conservadas<br />

Painéis in situ<br />

Painel A: 2,55 x 0,85 m; painel B: 4,80 x 0,86<br />

m; painel C: 16,52/15,65 x 0,84 m; painel D:<br />

18,50 x 0,84 m; painel E: 16,92 x 0,84 m; painel<br />

F: 4,68 x 0,80 m e painel G: 2,50 x 0,82 m.<br />

Os mosaicos das escadas e da fonte estão<br />

totalmente <strong>de</strong>struídos.<br />

Fragmentos <strong>de</strong> museus<br />

1. 50 x 19 cm; 2. 19,5 x 17 cm; 3. 20,5 x 18 cm;<br />

4. 72 x 26,5 cm; 5. 1,49 x 0,41 m; 6. 48 x 30<br />

cm; 7. 49 x 30,5 cm; 8. 1,11 x 0,26 x 0, 33 m; 9.<br />

152


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

41,5 x 29,5 cm; 10. 39 x 39 cm; 11: 24 x 14<br />

cm; 12: 34 x 18 cm.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ. À excepção do painel D, totalmente<br />

<strong>de</strong>struído, os restantes painéis apresentam<br />

vestígios <strong>de</strong> opus tessellatum.<br />

Fragmentos <strong>de</strong> museus<br />

MNA: 1. Inv. nº 18677; 2. Inv. nº 18678; 3.<br />

Inv. nº 18680; 4. Inv. nº 18686; 5. Inv. nº<br />

18689; 6. Inv. nº 18693; 7. Inv. nº 18699; 8.<br />

Inv. nº 18700; 9. Inv. nº 18701; 10. Inv. nº<br />

18704;<br />

MMSR: 11. Inv. nº 4226;<br />

Centro <strong>de</strong> interpretação da villa <strong>de</strong> Milreu<br />

(Estói): 12. s/ nº <strong>de</strong> inv.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Os elementos disponíveis para<br />

compreen<strong>de</strong>r a área conservada no<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga são muito diminutos, embora T.<br />

Hauschild refira que a maioria dos muros<br />

que se vêem actualmente tenha sido<br />

<strong>de</strong>scoberta por aquele arqueólogo (1980-<br />

1984, p. 124 e 126). As fotografias antigas<br />

do arquivo <strong>de</strong> Estácio da Veiga ilustram o<br />

templo, <strong>de</strong>signadamente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lado sul e<br />

permitem visualizar o <strong>vol</strong>ume da construção<br />

no séc. XIX. Uma construção mo<strong>de</strong>rna<br />

nesse lado, sul, só seria removida nos anos<br />

40 por M. Lyster Franco. Assim, ao tempo<br />

<strong>de</strong> Estácio da Veiga estariam exposta a<br />

pare<strong>de</strong> oeste e este, embora não haja provas<br />

quanto à segunda. Efectivamente, o texto que<br />

Brito Rebello publica em 1881 (p. 190) diz que<br />

“os muros do claustro inferior G <strong>de</strong>nunciaram<br />

internamente um rico revestimento <strong>de</strong> precisos<br />

mosaicos <strong>de</strong> variados ornatos, especialmente<br />

<strong>de</strong> peixes, molluscos, monstros marinhos,<br />

etc…”, sendo que a letra G correspon<strong>de</strong><br />

precisamente às pare<strong>de</strong>s este, oeste e sul<br />

como se po<strong>de</strong> ver na planta do templo que o<br />

mesmo artigo dá a conhecer. A certeza quanto<br />

à exposição da pare<strong>de</strong> oeste do podium é<br />

segura uma vez que X. Meirelles tirou fotografia<br />

<strong>de</strong> dois monstros marinhos afrontados (est.<br />

CXI, 1), hoje <strong>de</strong>struídos, que foram também<br />

objecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho (est. CXI, 2). A parte<br />

superior dos dois corpos estaria já <strong>de</strong>struída no<br />

momento da <strong>de</strong>scoberta como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong><br />

das palavras <strong>de</strong> Brito Rebello (1882, p. 238).<br />

Por outro lado, os diversos fragmentos que se<br />

encontram no MNA eram certamente<br />

provenientes <strong>de</strong>stas duas pare<strong>de</strong>s que Estácio<br />

da Veiga pô<strong>de</strong> ver nos fins do séc. XIX. É<br />

provável que uma boa parte do mosaico<br />

estivesse conservada, mas o estado <strong>de</strong> ruína e<br />

abandono a que o monumento esteve votado<br />

durante anos foi um chamariz ao furto <strong>de</strong><br />

porções <strong>de</strong> mosaicos, não sendo hoje possível<br />

restituir a área original.<br />

Toda a zona norte do templo foi <strong>de</strong>simpedida<br />

por T. Hauschild nos anos 70 e <strong>de</strong>vem-se-lhe<br />

os primeiros registos fotográficos. Não terá<br />

havido tanta <strong>de</strong>struição uma vez que os<br />

153


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>pósitos térreos eram seculares e os<br />

painéis A, B, F e G se preservaram melhor.<br />

No entanto, uma das fotografias <strong>de</strong> T.<br />

Hauschild permite verificar pelo menos uma<br />

situação grave <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição recente na<br />

cabeça do golfinho do painel F (est. CXVIII).<br />

O fragmento 11 terá sido recolhido em 1894<br />

e <strong>de</strong>scrito por A. Santos Rocha (1905, p.<br />

157), no entanto, as fotografias <strong>de</strong> X.<br />

Meirelles, datadas <strong>de</strong> um período<br />

compreendido entre 1878 e 1881 (cf.<br />

Oliveira, 2007, p. 148), já não apresentam<br />

os membros posteriores do icticentauro.<br />

Não conhecemos as condições do achado<br />

<strong>de</strong> A. Santos Rocha, pelo que é difícil<br />

explicar as razões subjacentes a esta<br />

constatação. Recolha <strong>de</strong> superfície?<br />

O fragmento 12 foi removido durante os<br />

trabalhos <strong>de</strong> T. Hauschild e, não tendo sido<br />

ainda objecto <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> restauro,<br />

conserva a mesma área do momento em<br />

que foi encontrado.<br />

Área conservada<br />

In situ: O painel A encontra-se praticamente<br />

todo <strong>de</strong>struído, tendo-se conservado<br />

unicamente o limite inferior do mosaico<br />

numa extensão <strong>de</strong> 2,31 x 0,47 m (altura<br />

máxima), a norte, junto à base, e no<br />

restante painel uma faixa com uma altura <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 18 cm. Do painel B conservam-se<br />

dois troços. Um <strong>de</strong> 1,63 x 0,18 m, no qual<br />

apenas se conservou a trança policromática<br />

<strong>de</strong> dois cordões que contorna todo o friso e um<br />

pé feminino junto à trança. O segundo troço<br />

apresenta maiores dimensões e conserva-se<br />

na sua altura máxima (84 cm) e numa extensão<br />

máxima <strong>de</strong> 2,50 m. O canto inferior direito do<br />

painel encontra-se também <strong>de</strong>struído por uma<br />

lacuna <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 1,10 x 0,85 m. O painel C<br />

apresenta lacuna em toda a zona superior. A<br />

trança policromática conserva-se em porções<br />

muito <strong>de</strong>siguais ao longo da pare<strong>de</strong>. Assim,<br />

ainda subsistem três porções <strong>de</strong> mosaico: uma<br />

com 1,25 m <strong>de</strong> comprimento, outra com 1,20 m<br />

e uma terceira com cerca <strong>de</strong> 70 cm <strong>de</strong><br />

comprimento e 31 cm <strong>de</strong> altura máxima. Do<br />

painel D, correspon<strong>de</strong>nte à absi<strong>de</strong> do templo<br />

não conserva nenhuma parte do campo,<br />

apenas pontualmente se po<strong>de</strong>m ver restos da<br />

trança policromática ou o seu negativo na<br />

argamassa <strong>de</strong> assentamento que aqui e ali se<br />

foi conservando. O painel E está também muito<br />

<strong>de</strong>struído tendo-se preservado <strong>de</strong> forma muito<br />

irregular a bordadura em trança policromática e<br />

um troço correspon<strong>de</strong>nte à área on<strong>de</strong> se<br />

encontraria os monstros marinhos afrontados,<br />

aqui numa extensão <strong>de</strong> 4,07 m, <strong>de</strong> que se<br />

conserva hoje apenas a trança policromática e<br />

uma parte muito reduzida do campo on<strong>de</strong> se<br />

po<strong>de</strong> ver uma porção do enrolamento do<br />

ictiocentauro e a zona inferior da pata, bem<br />

como os contornos inferiores das figuras. No<br />

MMSR encontra-se um fragmento com uma<br />

pata do icticentauro (11) e no Centro <strong>de</strong><br />

154


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

interpretação encontra-se um fragmento<br />

(12) que correspon<strong>de</strong> à crina do leão-<br />

marinho.<br />

O painel F é o que se conserva melhor,<br />

numa extensão <strong>de</strong> 3,53 m e numa altura <strong>de</strong><br />

80 cm. A parte <strong>de</strong>struída no lado oeste não<br />

ultrapassa os 80 cm <strong>de</strong> altura e uma<br />

extensão <strong>de</strong> 2,20 m. No painel G conserva-<br />

se numa extensão máxima <strong>de</strong> 2,33 m e<br />

numa altura <strong>de</strong> 80 cm. Po<strong>de</strong>m ver-se<br />

algumas lacunas tais como a do lado sul (66<br />

x 65 cm). Uma segunda lacuna po<strong>de</strong> ver-se<br />

na extremida<strong>de</strong> norte do painel (1,56 m x<br />

0,80 m), on<strong>de</strong> se conserva apenas o limite<br />

inferior.<br />

Fragmentos <strong>de</strong> museus<br />

10 fragmentos foram trazidos por Estácio da<br />

Veiga para o Museu do Algarve e são hoje<br />

acervo do MNA. Não terá havido <strong>de</strong>struição<br />

dos fragmentos, uma vez que foram<br />

<strong>de</strong>vidamente emoldurados como era<br />

costume fazer-se no séc. XIX. Em 2005<br />

foram apresentados ao público com novos<br />

suportes.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A argamassa que liga a alvenaria do muro<br />

do podium é constituída por cal e areia.<br />

Sobre este terá sido aplicada uma camada<br />

<strong>de</strong> opus signinum fino on<strong>de</strong> assenta o<br />

mosaico. A espessura <strong>de</strong>sta camada é <strong>de</strong> 5<br />

cm no painel A; 3,5 cm no painel B e D; 5<br />

cm no painel B e C; 3 cm no painel E; 4 cm no<br />

painel F e 2 cm no painel G. Uma camada<br />

esbranquiçada e muito fina cobre os<br />

interstícios.<br />

Os fragmentos do MNA foram assentes em<br />

resina epóxida aquando dos recentes trabalhos<br />

<strong>de</strong> restauro, tendo perdido o seu assento<br />

original. O assentamento do fragmento do<br />

MMSR é impossível <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar por se<br />

encontrar inserido em caixilho <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. O<br />

fragmento da crina do leão-marinho do Centro<br />

<strong>de</strong> interpretação assenta sobre uma pedra: 5<br />

mm <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong> base sobre a pedra,<br />

nucleus <strong>de</strong> 3 cm <strong>de</strong> argamassa alaranjada e<br />

leito <strong>de</strong> cal, correspon<strong>de</strong>nte às dimensões<br />

verificadas in situ no painel a que pertence.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco, preto, ver<strong>de</strong>-azeitona,<br />

cinzento-escuro, cinzento, cinzento claro, ocre<br />

vermelho, rosa escuro, rosa-salmão, bege<br />

esver<strong>de</strong>ado, rosa claro, rosa pálido, ocre<br />

amarelo escuro, amarelo, amarelo claro.<br />

Referência a tesselas <strong>de</strong> vidro colorido<br />

(Rebello, 1881, nº 96, p. 190; Hauschild,<br />

Relatório, 1987, p. 5) e tesselas com folha <strong>de</strong><br />

ouro (Hauschild, Relatório, 1987, p. 5).<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

103/dm 2. As tesselas do fragmento com crina<br />

<strong>de</strong> leão possuem 1 cm <strong>de</strong> lado, à excepção das<br />

pretas com 0,5 cm.<br />

155


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Dado o elevado estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do<br />

mosaico em toda a sua extensão, é difícil<br />

compreen<strong>de</strong>r a estratégia <strong>de</strong> execução,<br />

embora seja possível alguma interpretação<br />

pertinente com base nos diversos<br />

elementos disponíveis. Assim, a execução<br />

<strong>de</strong> uma trança <strong>de</strong>limitando o painel afigura-<br />

se como um bom meio para centrar os<br />

diversos motivos do campo numa faixa <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 80 cm <strong>de</strong> altura, por mais <strong>de</strong> 66 m<br />

<strong>de</strong> extensão. Os vestígios conservados<br />

permitem-nos <strong>de</strong>duzir que não houve uma<br />

preocupação obsessiva pela sequência<br />

rigorosa das espécies, numa tentativa <strong>de</strong><br />

recriar a realida<strong>de</strong> do ambiente marinho. A<br />

sensação <strong>de</strong> movimento é dada pelo<br />

tratamento ondiforme dos peixes e<br />

golfinhos, mais ou menos acentuado, assim<br />

como pela sua posição, ora ascen<strong>de</strong>nte, ora<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, em sentidos diversos. A forma<br />

como os artesãos mosaístas colocaram as<br />

tesselas mostra que foram primeiro<br />

realizados peixes e golfinhos, seguidos dos<br />

diversos elementos secundários, tais como<br />

os ouriços, os bivalves, as linhas <strong>de</strong> água e<br />

as mosacas <strong>de</strong> água. Percebe-se que estes<br />

diversos elementos marinhos eram<br />

contornados com duas a três fiadas <strong>de</strong><br />

tesselas, antes <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>rem ao<br />

enchimento do fundo branco. O tratamento<br />

do fundo apresenta duas técnicas. No painel<br />

B, foi realizado em jeito <strong>de</strong> escamas,<br />

sobretudo na meta<strong>de</strong> superior, dando um<br />

movimento mais acentuado ao conjunto<br />

iconográfico, aparentemente um dos mais<br />

ricos, já que se situava em posição frontal ao<br />

transeunte. Nos restantes painéis, o<br />

enchimento foi feito em fiadas paralelas,<br />

contorno em sentidos diversos os diferentes<br />

motivos. Das opções iconográficas e respectiva<br />

execução, verifica-se alguma rigi<strong>de</strong>z na<br />

realização do motivo e monotonia na sequência<br />

figurativa nos painéis A e G por razões que se<br />

pren<strong>de</strong>m com a sua menor exposição visual,<br />

embora a procura <strong>de</strong> algum equilíbrio se ateste<br />

na reprodução <strong>de</strong> quatro espécies em cada um<br />

dos supracitados painéis. Como já salientámos,<br />

o painel B apresenta uma execução técnica<br />

que se revela nos <strong>de</strong>talhes da colocação das<br />

tesselas e na realização do golfinho. A<br />

presença do pé feminino reforça esta análise,<br />

comprovando a existência <strong>de</strong> iconografia<br />

mitológica elabora. Os dois longos painéis<br />

laterais do podium (C e E) também<br />

documentam iconografia mitológica, mas o<br />

estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição dos vestígios não permite<br />

consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> relevo quanto à estratégia <strong>de</strong><br />

execução. Apenas <strong>de</strong> realçar que no painel C a<br />

criatura milológica <strong>de</strong> que se conserva o<br />

enrolamento ocupava uma posição central no<br />

painel, enquanto no painel E, estas criaturas se<br />

situavam primeiro terço, a norte. Não sabemos<br />

se razões estratégicas assim o <strong>de</strong>terminaram<br />

ou se resultaram <strong>de</strong> qualquer outra opção. J.<br />

156


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lancha salienta a importância do contexto arquitectónico – uma galeria – na justificação<br />

na colocação dos diversos elementos.<br />

Destinavam-se a ser contemplados por<br />

qualquer um dos lados por on<strong>de</strong> entrasse o<br />

visitante (Lancha, 2008, p. 95). O painel que<br />

melhor se conserva, o F, em posição <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> exposição visual, aparentemente,<br />

reduziu o repertório iconográfico a fauna<br />

marinha, sendo porém certo que os artesãos<br />

procuraram o equilíbrio da composição não<br />

só na colocação do golfinho em posição<br />

aproximadamente central, como também na<br />

Ilustração utilizada<br />

dimensão dos diversos peixes representados.<br />

Nada sabemos do mosaico que cobriu a<br />

absi<strong>de</strong> (painel D), a sul, por se encontrar<br />

totalmente <strong>de</strong>struído, assim como das<br />

escadas <strong>de</strong> acesso à cela e da fonte interior.<br />

A estratégia <strong>de</strong> execução cromática será<br />

analisada em <strong>de</strong>talhe no capítulo II, 3.2.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem na área conservada.<br />

Fotos gerais e <strong>de</strong> pormenores MSP (2004-2007). Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005).<br />

Fotografia <strong>de</strong> Xavier Meirelles da Colecção pessoal <strong>de</strong> Estácio da Veiga do MNA.<br />

Aguarelas <strong>de</strong> Leite Ribeiro (Veiga, 1877-1878, nº 25A, 25B e 25C).<br />

Bibliografia<br />

Salgado, 1786, p. 87; Lopes, 1848, p. 28; Rebello, 1881, nº 96, p. 190; Rebello, 1882, nº 138, p. 238<br />

e 240; Rocha, 1905, p. 157; Franco, 1943, p. 10-14; Hauschild, 1964; ARA II, p. 204-206 e 209, fig.<br />

276, 277, 277A e 284; Hauschild, 1984, p. 101-104; Hauschild, 1994; Hauschild, 1997, p. 409;<br />

Kremer, 1999a, p. 510-513 e 516, fig. 2 e 3; Graen, 2004, 2005a, 2005c; Oliveira, 2007, p. 2007, p.<br />

146-149, fig. 2-7; Hauschild, 2007, p. 312-315; Teichner, 2008, p. 250-268.<br />

Descrição<br />

Painéis in situ<br />

Uma trança <strong>de</strong> dois cabos (11 cm <strong>de</strong> largura), policromática [ocre amerelo/amarelo claro e<br />

ocre vermelho/vermelho escuro] <strong>de</strong>limita em cima e em baixo o campo on<strong>de</strong> e<strong>vol</strong>uem diversas<br />

espécies marinhas e seres mitológicos. Esta trança conserva-se muito irregularmente nas sete<br />

pare<strong>de</strong>s, em melhor estado na parte inferior, já que praticamente não subsistiu a superior, à<br />

excepção dos painéis B e F. Também no painel D praticamente <strong>de</strong>sapareceu em toda a sua<br />

extensão.<br />

157


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

A <strong>de</strong>scrição dos diversos elementos figurativos inicia-se pelo lado este do podium, fazendo-<br />

se por painel, i<strong>de</strong>ntificado com letras capitais, e por espécies marinhas (peixes, golfinhos e criaturas<br />

marinhas), i<strong>de</strong>ntificadas com algarismos, sempre da esquerda para a direita.<br />

Painel A<br />

A área conservada é muito reduzida e limitada à zona inferior do painel. Po<strong>de</strong>m ver-se a<br />

zona da barriga <strong>de</strong> quatro peixes nadando <strong>de</strong> forma ascen<strong>de</strong>nte e oblíqua (dois virados para a<br />

esquerda e dois virados para a direita), assim como alguns segmentos <strong>de</strong> filetes duplos pretos<br />

representando o movimento da água. No canto inferior direito conservou-se parte da trança<br />

policromática <strong>de</strong> dois cordões fixando os limites do campo figurativo: na base, numa extensão <strong>de</strong><br />

3,54 m e, na parte superior, com um comprimento <strong>de</strong> 17 cm, apresentando lacuna <strong>de</strong> 54 cm. Após<br />

esta lacuna, conserva-se numa extensão <strong>de</strong> 1,68 m e só a parte superior em mais 29 cm.<br />

O peixe 1, <strong>de</strong>sloca-se em sentido ascen<strong>de</strong>nte e oblíquo para a esquerda. Deste, apenas se<br />

conservou a meta<strong>de</strong> inferior do corpo <strong>de</strong>senhado por filete preto formando as barbatanas ventral e<br />

anal, assim como parte da cauda. O corpo é tratado a tesselas cinzneto claro. Ainda se po<strong>de</strong> ver o<br />

opérculo com tesselas salmão, da mesma cor das que se encontram na parte da cauda <strong>de</strong>senhada<br />

a filete ocre vermelho. Da barriga, branca, vêem-se também dois a três filetes.<br />

O peixe 2 apresenta-se no mesmo sentido do 1, conservando-se apenas os dois filetes<br />

pretos que constituem o limite inferior da barriga do peixe e cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> da cauda.<br />

O peixe 3 <strong>de</strong>sloca-se no sentido oposto, também em sentido ascen<strong>de</strong>nte e oblíquo, e<br />

conserva o contorno inferior da barriga, preto, assim como uma pequena parte da cauda tratada a<br />

cinzento escuro-escuro e cinzento claro.<br />

O peixe 4 apresenta a mesma inclinação e orientação do 3. Conserva-se o contorno da<br />

barriga <strong>de</strong> dois filetes cinzento-escuro e a parte inferior da barbatana caudal, tratada a ocrte<br />

vermelho e rosa pálido. Do corpo, conserva-se cerca <strong>de</strong> 1/3 em comprimento e po<strong>de</strong> ainda ver-se a<br />

linha média realizada através <strong>de</strong> tesselas sobre o vértice salmão e o dégradé rosa pálido até à linha<br />

que marca a zona da barriga, esta em filetes paralelos brancos. Da cabeça, apenas resta o opérculo<br />

ocre vermelho e vestígios das dos raios braquióstegos, rosa pálido, salmão e cinzento claro.<br />

A representação da água é visível sob o peixe 3, incompleta sob o 4 e junto ao limite do painel entre<br />

este último e o filete preto da trança. Trata-se <strong>de</strong> linhas quebradas formadas por filete duplo preto<br />

horizontal e vertical.<br />

158


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel B<br />

Apenas se conservam dois troços do mosaico. O primeiro (1,63 x 0,18 m), à esquerda,<br />

conserva apenas a trança policromática inferior e, do campo, um pé feminino junto ao limite inferior<br />

(apenas um filete branco separa o pé da trança). O pé, <strong>de</strong> perfil e com 11,2 cm <strong>de</strong> comprimento,<br />

está <strong>vol</strong>tado para a direita e foi <strong>de</strong>senhado por um filete <strong>de</strong> tesselas ocre vermelho e tratado com<br />

tom salmão escuro e claro. As tesselas são <strong>de</strong> dimensão mais reduzida em relação às do campo,<br />

muitas <strong>de</strong>las rectangulares (7 x 3 mm). O espaço disponível para a representação da figura é <strong>de</strong> 60<br />

cm. A hipótese <strong>de</strong> uma nereida cavalgando sobre um golfinho, como é comum encontrar nestes<br />

conjuntos iconográficos marinhos, po<strong>de</strong> ser uma proposta séria <strong>de</strong> análise. A 40 cm <strong>de</strong>ste pé, po<strong>de</strong><br />

ver-se o limite inferior do peixe 1, <strong>de</strong>senhado a filete simples preto, com as barbatanas ventrais e<br />

anais.<br />

No troço <strong>de</strong> mosaico <strong>de</strong> maiores dimensões (1,06 x 0,84 m) po<strong>de</strong>m ver-se a cauda <strong>de</strong> um<br />

peixe (2), um peixe completo (3) e um golfinho (4) nadando para a esquerda, em sentido<br />

ascen<strong>de</strong>nte e oblíquo. Do peixe 2, conserva-se apenas a barbatana caudal <strong>de</strong>senhada com filete<br />

preto, com o lobo superior tratado a cinzento-escuro com tesselas sobre o vértice e o inferior com<br />

tesselas brancas.<br />

O peixe 3, um robalo em posição idêntica ao peixe 2, é também <strong>de</strong>senhado por filete preto<br />

e cinzento-escuro, salientando as barbatanas. A parte do corpo foi executada com tesselas cinzento<br />

e ver<strong>de</strong>-azeitona, colocadas sobre o vértice, em jeito <strong>de</strong> escamas, sendo a linha média do corpo<br />

<strong>de</strong>senhada com filete <strong>de</strong> tesselas pretas, também sobre o vértice. A gradação dos tons acentua-se<br />

na zona da barriga, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tons cinzento claro ao branco, agora em filetes direitos. Na cabeça, o<br />

sentido dos filetes é condicionado pelo traçado do opérculo ocre vermelho, assim como da<br />

barbatana peitoral. A mandíbula foi executada com tesselas rectangulares pretas e o olho, circular,<br />

também, com uma tessela quadrada no centro, em fundo branco.<br />

Do golfinho 4, nadando no sentido dos peixes anteriores, conserva-se a cabeça e talvez<br />

cerca <strong>de</strong> dois terços do corpo. A parte superior da cabeça (uma barbatana?) foi <strong>de</strong>senhada com<br />

filete ocre vermelho, seguidas <strong>de</strong> filete duplo branco, e filete duplo preto na zona da barriga. A maior<br />

parte do corpo é tratada em faixas <strong>de</strong> tesselas direitas, sucessivamente cinzento-escuro e ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona. A transição para a zona da barriga, mais clara, faz-se através <strong>de</strong> filete <strong>de</strong>nteado rosa<br />

pálido e <strong>de</strong>pois filetes brancos. Na cabeça, a mandíbula foi bem vincada com tesselas ocre<br />

vermelho, seguidas <strong>de</strong> rosa-salmão e branco. Os <strong>de</strong>ntes foram obtidos com tesselas triangulares <strong>de</strong><br />

dimensões mais reduzidas cinzento-escuro, sublinhado exteriormente com filete cinzento claro. O<br />

159


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

<strong>de</strong>senho do olho é amendoado e foi executado com pequenas tesselas rectangulares. Uma tessela<br />

preta em fundo branco marca a íris.<br />

Entre os peixes, po<strong>de</strong>m ver-se outros elementos marinhos, <strong>de</strong>signadamente dois ouriços e<br />

uma mosca <strong>de</strong> água. O fundo, branco, é tratado em escamas.<br />

Painel C<br />

São escassas as porções <strong>de</strong> mosaico que se conservam neste lado do podium,<br />

circunscrevendo-se praticamente à bordadura em trança policromática. De resto, conserva-se a<br />

zona da barriga <strong>de</strong> três peixes. No primeiro troço conservado (2,18 x 0, 35 m), o peixe 1 <strong>de</strong>sloca-se<br />

para a direita, na diagonal, em sentido ascen<strong>de</strong>nte. Deste exemplar apenas se conservou o filete<br />

preto que <strong>de</strong>limitava a barriga, com as barbatanas anal e caudal. O lobo superior da barbatana<br />

caudal apresenta contorno ocre vermelho, seguido <strong>de</strong> rosa escuro e cinzento, sendo o contorno<br />

inferior <strong>de</strong>senhado a filete preto. À direita, conserva-se um bivalve.<br />

O segundo troço conservado situa-se na zona inferior do painel (2,83 x 0,35 m) e regista um<br />

um motivo em espiral (2) que correspondia à cauda <strong>de</strong> um qualquer monstro marinho, hoje<br />

praticamente todo <strong>de</strong>struído e um peixe (3), à sua direita, nadando na horizontal para a direita. O<br />

enrolamento conservado (2) apresenta-se tratado em gradação <strong>de</strong> cinzentos (do escuro para o<br />

claro, até ao branco). O peixe 3 localiza-se junto à trança policromática inferior. Conserva apenas a<br />

meta<strong>de</strong> inferior da barriga, com a linha média do corpo em filete preto <strong>de</strong> tesselas sobre o vértice,<br />

num corpo tratado a cinzento, com as suas barbatanas ventral e anal, bem como o lobo inferior da<br />

barbatana caudal, em filete preto duplo.<br />

Do terceiro troço conservado (1,40 x 0,25 m) apenas subsiste a trança policromática e o<br />

limite inferior <strong>de</strong> um bivalve.<br />

Painel D<br />

O painel está inteiramente <strong>de</strong>struído.<br />

Painel E<br />

Os vestígios <strong>de</strong> fauna marinha in situ são muito diminutos, conservando-se apenas a<br />

bordadura em trança numa extensão apreciável <strong>de</strong> 2,08 m, num primeiro troço. Após uma lacuna,<br />

i<strong>de</strong>ntifica-se uma porção <strong>de</strong> mosaico com parte da trança inferior e o registo <strong>de</strong> um enrolamento<br />

constituído por quatro filetes cinzentos e um elemento constituído por filete duplo branco com<br />

contorno inferior cinzento e remate ocre amarelo. Esta porção muito diminuta atesta a proveniência<br />

160


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

da cena registada em <strong>de</strong>senho e fotografia no séc. XIX, sob os cuidados <strong>de</strong> Estácio da Veiga.<br />

Efectivamente, os vestígios do enrolamento pertencem às espirais do corpo <strong>de</strong> um ictiocentauro. O<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> J. Leite Ribeiro (est. CXI, 2) e a fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles (est. CXI, 1) mostram, à<br />

esquerda, um ictiocentauro do qual se conservou tronco, visto <strong>de</strong> frente, com peitorais musculados,<br />

e espirais rematadas por uma barbatana caudal idêntica à do golfinho do muro F. O corpo do<br />

monstro marinho é <strong>de</strong>lineado por filete duplo cinzento-escuro. Na zona superior do dorso vêem-se<br />

três barbatanas à direita, em triângulo. Embora parcialmente conservados, é possível i<strong>de</strong>ntificar os<br />

membros superiores e os objectos que segurava nas mãos. Assim, na mão direita, segurava uma<br />

nebris e, na esquerda, um cabo que po<strong>de</strong>rá ter pertencido a um vexillum, um remo ou um pedum<br />

(objectos que se documentam nos seus congéneres hispânicos), pois o remate encontra-se<br />

<strong>de</strong>struído, como é comum encontrar-se neste tipo <strong>de</strong> iconografia. À direita, em posição frontal,<br />

i<strong>de</strong>ntifica-se um leão-marinho pela juba <strong>vol</strong>umosa ocre amarela. Po<strong>de</strong> ver-se a parte inferior da<br />

cabeça e mandíbula, as patas dianteiras <strong>de</strong>senhadas a preto e preenchidas a tesselas cinzento-<br />

escuro. O corpo apresenta um tratamento muito semelhante ao do ictiocentauro.<br />

Da comparação entre o <strong>de</strong>senho e a fotografia do séc. XIX resultaram observações<br />

interessantes que foram já apresentadas no IV Encontro <strong>de</strong> Arqueologia <strong>de</strong> Silves, em homenagem<br />

a Estácio da Veiga, dispensando-se aqui essa análise (Oliveira, 2007, p. 147-149). O fragmento do<br />

MMSR (11) ilustrando uma pata com casco <strong>de</strong> equí<strong>de</strong>o é, por força da ilustração <strong>de</strong> Leite Ribeiro,<br />

<strong>de</strong> atribuir a um ictiocentauro, afastando a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tritão que se atribuía com base na<br />

fotografia <strong>de</strong> X. Meirelles, on<strong>de</strong> os membros inferiores não se atestam. Por outro lado, uma análise<br />

atenta do fragmento que se encontra <strong>de</strong>positado no Centro <strong>de</strong> Interpretação (12) levou-nos a<br />

i<strong>de</strong>ntificá-lo como parte da juba do leão-marinho.<br />

Daqui para diante conserva-se uma extensão <strong>de</strong> 2,02 x 0,08 m. Depois, o muro conserva-se<br />

apenas ao nível das fundações.<br />

Painel F<br />

A iconografia retoma o tema dos peixes, em número <strong>de</strong> seis, e um golfinho em posição<br />

central. Entre estes, em cima e em baixo, po<strong>de</strong>m ver-se ouriços com tonalida<strong>de</strong>s variadas e<br />

bivalves, na horizontal e na vertical. O elemento que representa o movimento da água localiza-se<br />

sob o golfinho. Além <strong>de</strong>ste, regista-se um segundo exemplar na extremida<strong>de</strong> direita do painel,<br />

colocado na horizontal. A trança policromática que <strong>de</strong>limita o campo conserva-se numa extensão<br />

assinalável, <strong>de</strong> ambos os lados, superior e inferior.<br />

161


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

O peixe 1 (57 x 22 cm) é uma garoupa, <strong>de</strong>sloca-se para a esquerda, na diagonal, em<br />

sentido ascen<strong>de</strong>nte. Foi <strong>de</strong>senhado com tesselas ocre vermelho no dorso, cauda, opérculo e<br />

barbatana peitoral, sendo <strong>de</strong>pois pretas na zona da barriga. As tesselas do corpo, sobre o vértice,<br />

são <strong>de</strong> dominante rosa pálido, rosa escuro e ocre vermelho, constituindo uma das principais<br />

características do tratamento plástico dado aos peixes <strong>de</strong> Milreu. Vêem-se duas linhas <strong>de</strong> tesselas<br />

vermelhas, sobre o vértice, na linha média do corpo. Na cabeça, a boca foi <strong>de</strong>senhada com tesselas<br />

rectangulares, mais reduzidas, sublinhada com filete rosa pálido. O olho é formado por um círculo<br />

preto, com tessela preta central em fundo branco.<br />

O peixe 2 (66 x 61 cm) é um robalo, <strong>de</strong>sloca-se no mesmo sentido do anterior e é muito<br />

semelhante no tratamento ao B3, com ligeiras diferenças que é pertinente ressalvar. A cabeça foi<br />

<strong>de</strong>senhada por tesselas cinzentas e a linha que <strong>de</strong>fine a mandíbula também apresenta uma<br />

configuração diferente. A linha média do corpo é formada por tesselas pretas sobre o vértice.<br />

Sensivelmente ao centro da composição, a 1,26 m do ângulo, à esquerda e 2,66 m do extremo à<br />

direita, vê-se o golfinho 3 (79 x 23 m), nadando para a esquerda, com os mesmos traços gerais do<br />

exemplar da mesma espécie do B4, aqui quase completo, se exceptuarmos uma pequena lacuna na<br />

cabeça. O animal foi <strong>de</strong>senhado com tesselas pretas e o tratamento do corpo foi feito com<br />

sucessivas linhas paralelas dando assim uma aproximação realista à pele do golfinho, em contraste<br />

com os peixes dotados <strong>de</strong> escamas. Do ponto <strong>de</strong> vista cromático, nota-se a preocupação com uma<br />

gradação <strong>de</strong> tons: terço superior cinzento-escuro, terço médio cinzento e castanho-escuro, e terço<br />

inferior claro (branco e rosa pálido). Destaca-se a primeira e a segunda barabatanas dorsais,<br />

<strong>de</strong>senhadas com um filete <strong>de</strong> tesselas ocre vermelho, assim como as mandíbulas e a cauda<br />

tripartida que têm a mesmo cor, seguida <strong>de</strong> filete <strong>de</strong> tesselas <strong>de</strong> tom mais claro. Ao contrário do B4,<br />

o olho <strong>de</strong>ste é circular, <strong>de</strong>senhado através <strong>de</strong> um filete preto com 1,2 cm <strong>de</strong> diâmetro, idêntico aos<br />

dos restantes peixes. Os <strong>de</strong>ntes são semelhantes aos do B4, mas este parece levar algo mais na<br />

sua mandíbula, pois regista-se aí um filete <strong>de</strong> tesselas pretas <strong>de</strong> difícil interpretação, talvez<br />

simplesmente mal executados.<br />

O peixe 4 (61,5 x 16 cm) possui morfologia idêntica ao B3 e, <strong>de</strong> um modo geral, idêntico<br />

aos peixes cinzentos dos restantes painéis do podium. A diferença situa-se ao nível da configuração<br />

da primeira e segunda barbatana dorsal que são únicas e não em série <strong>de</strong> duas como no exemplar<br />

supracitado. Dirige-se no mesmo sentido dos restantes animais, mas nadando em sentido<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.<br />

O peixe 5 (55 x 20 cm, máximas conservadas) reproduz a mesma espécie do peixe 1, com<br />

a mesma paleta <strong>de</strong> cores: uma garoupa. O tratamento do corpo em xadrez <strong>de</strong> tons salmão, rosa<br />

162


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

escuro e rosa pálido imprime a este exemplar um cunho especial, <strong>de</strong>stacando-se pela execução<br />

mais cuidada em relação ao seu congénere.<br />

Segue-se outro robalo, 6 (44 x 15 cm), nadando sob a garoupa 5, em sentido oposto, em<br />

posição paralela à trança policromática que limita inferiormente o painel. Apresenta o mesmo<br />

tratamento do peixe 2.<br />

Embora se conserve apenas dois terços do peixe, correspon<strong>de</strong>ntes ao corpo, o salmonete 7<br />

é singular pelas suas reduzidas dimensões (16 x 6 cm). Contornado inferiormente por filete preto <strong>de</strong><br />

tesselas rectangulares, conservado até à barbatana anal, o corpo foi tratado em gradação <strong>de</strong> cores,<br />

branco e rosa pálido no ventre, salmão e ocre vermelho no dorso e barbatana caudal. Duas<br />

pequenas barbatanas dorsais ocre vermelho completam a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ste exemplar.<br />

Painel G<br />

Embora bastante <strong>de</strong>struído, uma vez que nenhuma espécie se conservou completa, é<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar a localização e respectiva i<strong>de</strong>ntificação das diversas espécies presentes: três<br />

peixes e um golfinho. Completam a iconografia marinha outros elementos comuns aos painéis<br />

anteriores e visíveis na meta<strong>de</strong> direita do painel: três ouriços policromáticos, incompletos, um<br />

bivalve e duas linhas <strong>de</strong> água.<br />

Do peixe 1, um robalo (?), conserva-se apenas a cauda, atestando um sentido <strong>de</strong> nado<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, oblíquo, para a esquerda. A cauda, <strong>de</strong> contorno preto, é tratado a bege esver<strong>de</strong>ado,<br />

rosa e ocre amarelo no lobo inferior e preto no superior.<br />

A segunda espécie representada é um golfinho (2), <strong>de</strong> que se conserva unicamente a parte<br />

superior da cabeça. Desloca-se para a direita, em posição ligeiramente oblíqua e sentido<br />

ascen<strong>de</strong>nte. Reconhece-se uma barbatana na parte superior da cabeça <strong>de</strong>senha a filete ocre<br />

vermelho. O olho apresenta um tratamento idêntico ao do F3. Avaliando o espaço disponível entre o<br />

peixe 1 e o 3, é <strong>de</strong> crer que o golfinho aprsentava dimensões bastante menores dos seus<br />

congéneres <strong>de</strong>scritos acima, <strong>de</strong>signadamente o B4 e o F3.<br />

É visivelmente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões a espécie (3) que se segue ao golfinho pois, embora<br />

<strong>de</strong>struído na cabeça e cauda, estima-se que po<strong>de</strong>ria atingir os 70 cm <strong>de</strong> comprimento (conservam-<br />

se actualmente cerca <strong>de</strong> 43 cm). O peixe <strong>de</strong>sloca-se para a esquerda, em posição direita. Embora o<br />

tratamento geral se aproxime dos robalos, com matizes <strong>de</strong> base cinzenta, a dimensão do exemplar<br />

po<strong>de</strong> sugerir outra i<strong>de</strong>ntificação cuja proposta é dificultada pela ausência da cabeça. O corpo é<br />

<strong>de</strong>senhado por filete duplo preto, contornando as barbatanas anais, caudal e dorsais. Duas linhas<br />

médias no corpo, uma preta e, outra, rosa pálido, <strong>de</strong>stacam-se no corpo ver<strong>de</strong>-azeitona, tratado<br />

163


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

com tesselas sobre o vértice. Uma linha <strong>de</strong> tesselas triangulares brancas marca a transição para a<br />

zona da barriga, tratada com três filetes brancos <strong>de</strong> tesselas direitas.<br />

A quarta espécie (4), situada no canto inferior direito do painel, <strong>de</strong>slocando-se para a<br />

direita, em posição paralela à bordadura inferior, em trança policromática, correspon<strong>de</strong> a um robalo<br />

(41 x 31 cm conservados). Conserva-se apenas um terço do corpo e a cauda. O tratamento é<br />

idêntico ao peixe anterior (3), embora haja a <strong>de</strong>stacar o prolongamento da linha média do corpo,<br />

rosa pálido, até ao lobo inferior da barbatana caudal.<br />

Fragmentos do MNA<br />

Fragmento 1 (inv. nº 18677)<br />

Três ouriços policromáticos [preto, ocre vermelho, salmão, rosa pálido, ocre amarelo, ocre<br />

amarelo claro e branco] remontados num suporte comum que, aparentemente, não parece<br />

correspon<strong>de</strong>rem à sua posição original. O ouriço central é <strong>de</strong> maiores dimensões.<br />

Fragmento 2 (inv. nº 18678)<br />

Um ouriço tratado a preto, salmão, rosa pálido, branco e cinzento.<br />

Fragmento 3 (inv. nº 18680)<br />

Cauda <strong>de</strong> um robalo tratada a cinzento-escuro, ver<strong>de</strong>-azeitona, branco e cinzento claro na<br />

transição entre o dorso e a barriga. Conserva-se ainda parte <strong>de</strong> uma barbatana anal.<br />

Fragmento 4 (inv. nº 18686)<br />

Robalo completo nadando horizontalmente para a esquerda. Provavelmente o exemplar<br />

reproduzido no <strong>de</strong>senho nº 25A (Veiga, 1877-1878). Embora com tons mais esver<strong>de</strong>ados,<br />

brilhantes, <strong>de</strong>vido às diferentes condições <strong>de</strong> conservação em ambiente fechado, o peixe apresenta<br />

as mesmas características técnicas dos congéneres conservados in situ, <strong>de</strong>signadamente, o do<br />

painel B. Trata-se muito provavelmente do exemplar <strong>de</strong>senhado por Leite Ribeiro (Veiga, 1877-<br />

1878, nº 25A). Um exemplar da mesma espécie foi reproduzido noutra estampa, po<strong>de</strong>ndo tratar-se<br />

do mesmo robalo (Veiga, 1877-1878, nº 25C).<br />

Fragmento 5 (inv. nº 18689)<br />

A bordadura inferior em trança policromática <strong>de</strong> dois cabos [ocre vermelho e ocre<br />

amarelo/amarelo claro e branco] confirma a proveniência do fragmento do muro do templo. O<br />

164


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

fragmento conserva porções <strong>de</strong> fauna marinha, <strong>de</strong>signadamente, a cauda <strong>de</strong> um peixe <strong>de</strong> tons<br />

rubros, o manto <strong>de</strong> uma lula, também tratada em tons rubros [ocre vermelho, ocre amarelo e rosa<br />

pálido], um peixe nadando em posição oblíqua ascen<strong>de</strong>nte para a esquerda a zona do ventre <strong>de</strong> um<br />

peixe cujo corpo foi tratado com tesselas sobre o vértice salmão e branco (em jeito <strong>de</strong> xadrez <strong>de</strong><br />

uma tessela), e ainda a zona inferior da boca <strong>de</strong> um terceiro peixe (boca e arranque do opérculo),<br />

no extremo direito do fragmento. Uma linha <strong>de</strong> água formada por cinco segmentos <strong>de</strong> linhas,<br />

sublinha o movimento do segundo peixe.<br />

Fragmento 6 (inv. nº 18693)<br />

Exemplar único <strong>de</strong> uma espécies não i<strong>de</strong>ntificada in situ acompanhado <strong>de</strong> um molusco cujo<br />

tratamento também é singular. O peixe nada para a esquerda, em posição ligeiramente obliqua e<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte. O seu tratamento, em xadrez gradual <strong>de</strong> cinzento acastanhado, ocre amarelo e ocre<br />

vermelho recorda o salmonete. A boca e o olha apresentam gran<strong>de</strong> similitu<strong>de</strong> na execução, com<br />

finas tesselas pretas, assim como o opérculo, embora realizado com vermelho mais escuro. É, <strong>de</strong><br />

facto, no tratamento do corpo, em filetes direitos, e não sobre o vértice, assim como na cauda, aqui<br />

arredondada, contrariamente às restantes espécies documentadas. Em baixo, à direita, um<br />

mexilhão entreaberto foi <strong>de</strong>senhado com contorno vermelho escuro. Uma linha <strong>de</strong> tesselas brancas<br />

triangulares, em fundo preto, cria um certo efeito <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e revelam preocupação pela<br />

representação naturalista do molusco. Não oferece dúvidas que se trata do exemplar reproduzido<br />

num dos <strong>de</strong>senhos da colecção <strong>de</strong> Estácio da Veiga do MNA (Veiga, 1877-1878, nº 25C).<br />

Fragmento 7 (inv. nº 18699)<br />

Conserva uma lula inteira nadando na vertical, <strong>de</strong>senhada com filete preto e tratada em<br />

gradação <strong>de</strong> tons ver<strong>de</strong>-azeitona e branco no manto e na cabeça ovalada. Os cinco tentáculos<br />

foram representados através <strong>de</strong> filete simples preto, ondulantes. Estão truncados, não se tendo<br />

conservado os remates. Merece ainda <strong>de</strong>stque o tratamento dos olhos, em pequenas tesselas,<br />

como nos peixes.<br />

Fragmento 8 (inv. nº 18700)<br />

Não tendo sido possível encontrar o para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>ste fragmento no MNA, a <strong>de</strong>scrição baseia-se na<br />

única fotografia disponível. Conservam-se dois peixes inteiros, em posição <strong>de</strong> nado ascen<strong>de</strong>nte em<br />

V, com as caudas contíguas. À esquerda, uma dourada retoma o mo<strong>de</strong>lo já documentado no painel<br />

165


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

F e, à direita, um robalo idêntico aos exemplares por diversas vezes aqui citados, <strong>de</strong>signadamente o<br />

do fragmento 4.<br />

Fragmento 9 (inv. nº 18701)<br />

A porção reduzida da bordadura em trança policromática que se conserva na parte inferior<br />

do fragmento atesta a proveniência da pare<strong>de</strong> do podium. Representa uma pequena embarcação<br />

da qual se conserva a popa em cerca <strong>de</strong> três quartos. O casco, contornado a filete vermelho, é<br />

tratado em filetes paralelos em três faixas <strong>de</strong>limitadas por filete simples vermelho e preenchidas a<br />

duplo filete ocre amarelo entre filetes rosa-salmão. Na zona <strong>de</strong> fractura do fragmento documentam-<br />

se ainda parte dos dois remos da embarcação, em filete simples ocre amarelo, interrompidos junto<br />

ao bordo da embarcação.<br />

Na popa, po<strong>de</strong> ver-se o lobo inferior da barbatana caudal <strong>de</strong> um peixe <strong>de</strong> dominante rosa,<br />

nadando par a direita. A barbatana é <strong>de</strong>senhada por um filete <strong>de</strong> tesselas rectangulares muito<br />

estreitas pretas, seguido <strong>de</strong> filete duplo vermelho. Segue-se uma gradação <strong>de</strong> tons rosa-<br />

salmão/rosa pálido que correspon<strong>de</strong> ao tratamento dado ao corpo dos peixes já <strong>de</strong>scrito nos painéis<br />

in situ.<br />

Fragmento 10 (inv. nº 18704)<br />

Conservam-se porções <strong>de</strong> dois peixes nadando paralelamente, embora em sentido opostos,<br />

cujas espécies já se documentaram in situ: uma dourada e um robalo. Da dourada, nadando para a<br />

esquerda, resta-nos parte inferior da cabeça, em tons salmão e rosa pálido, com boca, olho e<br />

opérculo. Também se conservou parte do ventre branco com contorno preto e a barbatana ventral.<br />

Do robalo conservou-se cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do corpo. Reproduz o mesmo tipo do fragmento 4.<br />

Fragmento 11<br />

A. Santos Rocha (1905, p. 157) <strong>de</strong>screveu-o como uma “perna d’uma cabra proveniente<br />

das termas romanas <strong>de</strong> Milreu”. M. L. Santos, muito oportunamente, consi<strong>de</strong>ra que antes se <strong>de</strong>ve<br />

tratar <strong>de</strong> uma “pata <strong>de</strong> um animal marinho do tipo do tritão”, muito semelhante ao do muro C do lado<br />

G’ do edifício nº 11 <strong>de</strong> S. P. Estácio da Veiga (ARA II, nº 17, p. 209), ou seja, o templo.<br />

O fragmento apresenta uma pata <strong>de</strong> equí<strong>de</strong>o constituída pelo casco, quartela, boleto, canela, joelho<br />

e parte do antebraço. É <strong>de</strong>bruada a preto e preeenchida a cinzento num fundo branco.<br />

Fragmento 12<br />

166


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Pela paleta <strong>de</strong> cores que apresenta, <strong>de</strong> dominante ocre amarelo, e pelo suporte em pedra,<br />

é <strong>de</strong> supor que provém da crina do leão-marinho do painel E.<br />

Outros registos <strong>de</strong> mosaicos do templo<br />

Do mosaico das escadas, apenas conhecemos uma referência <strong>de</strong> meados do séc. XIX a<br />

“mosaicos na escadaria <strong>de</strong> acesso” ao templo, em “quatro ou cinco <strong>de</strong>graus”, sem mais <strong>de</strong>talhes<br />

(Lopes, 1848, p. 28). Provavelmente, nada já existiria quando Estácio da Veiga chegou ao local.<br />

A fonte interna, hoje totalmente <strong>de</strong>struída teria, segundo Brito Rebello (1881, nº 96, p. 190),<br />

“mosaicos <strong>de</strong> vidros corados no interior da cella” que se acharam em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> espalhados<br />

na zona en<strong>vol</strong>vente. Não dispomos <strong>de</strong> mais informações.<br />

Datação<br />

T. Hauschild apresentou argumentos para datar o templo <strong>de</strong> meados do séc. IV (Hauschild,<br />

1984-88, p. 142-147).<br />

167


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, 1983.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: mosaico<br />

bicolor <strong>de</strong>struído.<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

composição <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong><br />

oito losangos <strong>de</strong>terminando dois<br />

quadrados.<br />

Compartimento<br />

Sector F, compartimento a: sala <strong>de</strong> um<br />

pequeno edifício a este do ninfeu.<br />

Desconhece-se a função do compartimento,<br />

mas, uma vez que está separada da villa<br />

pela rua, pertence certamente a outra casa<br />

(planta 24). Esta estaria relacionada com o<br />

alojamento dos escravos.<br />

Dimensões do compartimento<br />

3,17 x 3,11 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

51<br />

Estampas CXXVI e CXXVII<br />

Recolocado na posição original após restauros<br />

mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A área foi re<strong>de</strong>scoberta por T. Hauschild em<br />

1983 (cf. Relatório, p. 5). Em 1991 o mesmo<br />

arqueólogo realizou nova escavação sob o<br />

mosaico a fim <strong>de</strong> analisar as camadas <strong>de</strong><br />

assentamento e nessa ocasião terá i<strong>de</strong>ntificado<br />

um mosaico mais antigo <strong>de</strong>baixo da<br />

argamassa, do qual restaram tesselas pretas e<br />

brancas (Relatório, 1991, p. 8).<br />

Área conservada<br />

As partes conservadas do pavimento b), muito<br />

recortadas, perfazem talvez cerca <strong>de</strong> 50 % da<br />

superfície total e são suficientes para<br />

proporcionar uma correcta reconstituição do<br />

esquema.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Assenta em terreno natural (Hauschild,<br />

Relatório, 1983, p. 5).<br />

Materiais<br />

a) Calcário (?): preto e branco; b) calcário:<br />

cinzento metalizado, branco, ocre amarelo e<br />

ocre vermelho e cerâmica (?).<br />

168


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

64 /dm 2, tesselas <strong>de</strong> 1 a 1,2 cm <strong>de</strong> lado..<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O esquema foi muito bem centrado <strong>de</strong> modo<br />

que não há motivos truncados<br />

abruptamente. A escolha das dimensões<br />

a<strong>de</strong>quadas para cada um dos elementos<br />

explica a regularida<strong>de</strong> dos motivos. É<br />

também <strong>de</strong> realçar a opção por um filete<br />

bicolor (preto e ocre) para <strong>de</strong>limitar o tapete.<br />

As diferentes opções <strong>de</strong>corativas para as<br />

bordaduras justificam-se precisamente por<br />

esse motivo. Primeiro, centrou-se o tapete,<br />

criando bordaduras <strong>de</strong> larguras irregulares,<br />

Ilustração utilizada<br />

às quais foi necessário, posteriormente,<br />

adaptar as ramagens.<br />

Restauros antigos<br />

Não são actualmente visíveis quaisquer<br />

restauros, no entanto, é possível que eventuais<br />

remendos em opus signinum tenham sido<br />

removidos aquando do levantamento do<br />

mosaico em época mo<strong>de</strong>rna.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O mosaico foi levantado por C. Beloto e<br />

restaurado no Museu Monográfico <strong>de</strong><br />

Conímbriga e recolocado na posição original<br />

em 1991.<br />

Desenho e reconstituição in Teichner, 1997, fig. 7 e est. 9a; Hauschild / Teichner, 2002, fig. 39.<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2002). Fotos MSP 2002.<br />

Bibliografia<br />

Hauschild, 1983, p. 8; Hauschild, 1991, p. 7-8; Teichner, 1997, p. 122-125; Hauschild / Teichner,<br />

2002, p. 43; Teichner, 2008, F1, p. 247-248, fig. 124, est. 50C.<br />

Descrição<br />

a) Mosaico mais antigo<br />

Destruído.<br />

b) Mosaico mais recente<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> <strong>de</strong>struída.<br />

Bordadura norte (33 cm) com ornato <strong>de</strong> ramagem (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 64b) e)<br />

conservada ao longo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 2,01 m. O fragmento <strong>de</strong> ramagem situado actualmente no eixo do<br />

ângulo nor<strong>de</strong>ste parece estar <strong>de</strong>scentrado para este. Esta é <strong>de</strong>senhada por filete simples preto com<br />

169


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

uma folha cordiforme preta no interior <strong>de</strong> cada <strong>vol</strong>uta [ora ocre amarela, ora vermelha]. A norte,<br />

nota-se o início <strong>de</strong> uma gavinha <strong>de</strong> tesselas ocre amarelo virando à esquerda.<br />

Bordadura este (17,5 cm <strong>de</strong> largura e 99 cm <strong>de</strong> comprimento conservados na meta<strong>de</strong> sul)<br />

com ornato <strong>de</strong> ramagem <strong>de</strong> <strong>vol</strong>utas menores do que as anteriores [ora ocre amarelo, ora preto].<br />

Nada resta nas restantes bordaduras.<br />

Campo <strong>de</strong>limitado a filete preto triplo [um filete ocre amarelo ou vermelho e dois pretos];<br />

faixa branca (10,5 cm); filete preto duplo. Composição <strong>de</strong> quatro estrelas <strong>de</strong> oito losangos tangentes<br />

acantoadas por quatro pequenos quadrados, <strong>de</strong>terminando dois gran<strong>de</strong>s quadrados (cf. Le Décor I,<br />

variante <strong>de</strong> 173b), <strong>de</strong>senhada a filete duplo preto. O único quadrado que se conserva parcialmente<br />

(63 cm <strong>de</strong> lado) é preenchido por xadrez ocre amarelo e vermelho (casas <strong>de</strong> 10 cm <strong>de</strong> lado). Dos<br />

pequenos quadrados acantoados às estrelas restam poucos motivos conservados: uma bobina<br />

ponteaguda ocre amarela, um octógono oblongo <strong>de</strong> oito lados curvilíneos (parcialmente<br />

conservado), um quadrado curvilíneo vermelho e outro ocre amarelo (parcialmente conservados).<br />

Na linha <strong>de</strong> remate da composição vêem-se ainda rectângulos preenchidos com motivos<br />

geométricos dos quais se conservam, a norte, um elemento formado por duas escamas afrontadas<br />

[semi amarela e preta e outra semi ocre amarelo e vermelha]; a este, o mesmo motivo realizado a<br />

vermelho; a sul, um quatro folhas ocre amarelo com um par <strong>de</strong> peltas adossadas, <strong>de</strong>senhadas a<br />

preto e preenchidas a ocre amarelo, <strong>de</strong>terminando he<strong>de</strong>rae afrontadas.<br />

Datação<br />

O mosaico mais antigo a) está datado por critério arqueológico do séc. II (Hauschild, 1991,<br />

p. 8). Em relação ao pavimento mais recente b), as afinida<strong>de</strong>s estilísticas com os mosaicos<br />

hispânicos parecem apontar para uma datação entre os fins do séc. II e os inícios do séc. III.<br />

170


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Milreu, entre 1877-1878 e nos anos 80.<br />

Tema<br />

Fragmentos diversos sem proveniência<br />

<strong>de</strong>terminada:<br />

I: Fragmentos <strong>de</strong> motivos geométricos e<br />

vegetalistas;<br />

II: Fragmentos <strong>de</strong> tranças;<br />

III: Fragmentos <strong>de</strong> outro tipo<br />

(monocromáticos e figurativos).<br />

Dimensões dos fragmentos <strong>de</strong> mosaicos<br />

I1: 9,5 x 7 cm; I2: 8 x 4,5 cm; I3: 7 x 5 cm;<br />

II1: 7 x 7,5 cm; II2: 8 x 6,7 cm; II3: 10,5 x 5<br />

cm; II4: 12 x 8 cm; II5: 8 x 6,5 cm; II6: 6 x 4<br />

cm; II7: 9 x 5,5 cm.<br />

III1: 5,6 x 5,5 cm; III2: 7,5 x 5 cm; III3: 12 x<br />

10 cm; III4: 5 x 6 cm; III5: 7 x 4 cm; III6. 10 x<br />

8 cm.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

I1, I2: MMSR s/ nº <strong>de</strong> inv; I3: MNA inv. nº<br />

19136;<br />

II1: MMSR inv. nº 4695; II2, II3, II4, II5, II6,<br />

II7: MMSR s/ nº <strong>de</strong> inv;<br />

III1: MMSR inv. nº 4701; III2: MMSR inv. nº<br />

4702; III3 e III4: MMSR s/ nº <strong>de</strong> inv; III5:<br />

MNA inv. nº 19139; III6: MNA inv. nº 15979.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

52<br />

Estampas CXXVIII e CXXIX<br />

I1: leito <strong>de</strong> cal quase imperceptível, nucleus <strong>de</strong><br />

1,5 cm constituído por bastante cal, pouca<br />

cerâmica e alguns grãos <strong>de</strong> areia., I2 e I3: leito<br />

<strong>de</strong> cal com 0,2 cm, nucleus esbranquiçado<br />

constituído por bastante cal, cerâmica muito<br />

moída e alguns grãos <strong>de</strong> areia (1 a 2 cm).<br />

II1: ainda se po<strong>de</strong> ver o nucleus original, com<br />

cerca <strong>de</strong> 1,5 cm; II2 e II3: leito <strong>de</strong> cal quase<br />

imperceptível, nucleus <strong>de</strong> 1,5 cm constituído<br />

por bastante cal, pouca cerâmica e alguns<br />

grãos <strong>de</strong> areia; II4, II5, II6, II7: vi<strong>de</strong> I2.<br />

III1: leito <strong>de</strong> cal invulgarmente espesso com 5 a<br />

6 mm; III2: leito <strong>de</strong> cal quase imperceptível,<br />

nucleus alaranjado com 1 a 1,2 cm constituído<br />

por fragmentos <strong>de</strong> cerâmica bem visíveis e<br />

pequenas pedras; III3 e III4: assentamento<br />

muito grosseiro com nucleus <strong>de</strong> 1,7 cm,<br />

constituído por argamassa rosada com nódulos<br />

<strong>de</strong> cal e pedras visíveis a olho nu, com pouca<br />

cerâmica; III5: conservam-se 4 a 5 cm da<br />

camada <strong>de</strong> assentamento sobre pedra (?) dos<br />

quais 0,2 a 3 cm correspon<strong>de</strong>m ao nucleus. O<br />

rudus é rosa com fragmentos <strong>de</strong> cerâmica; III6:<br />

suporte <strong>de</strong>struído.<br />

Materiais<br />

Calcário.<br />

I1: preto, branco, cinzento, rosa; I2: preto,<br />

branco e ver<strong>de</strong>; I3: preto e branco.<br />

171


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

II1: preto, branco e rosa; II2: preto, branco,<br />

cinzento, rosa e ocre; II3: preto, branco,<br />

vermelho, cinzento e ocre; II4: preto, branco<br />

e ver<strong>de</strong>; II5: preto, branco e vermelho; II6:<br />

preto, branco; II7: preto, branco, vermelho e<br />

cinzento claro.<br />

III1: preto, branco e cinzento; III2: branco;<br />

III3: preto, branco, vermelho, amarelo e<br />

ver<strong>de</strong>; III4: preto, branco, vermelho; III5:<br />

branco, ocre vermelho, cinzento<br />

avermelhado; III6: preto, branco, rosa e<br />

vermelho.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

I1, I2 e I3: tesselas com 1 cm.<br />

II1: 49/dm 2 , tesselas com 1, 5 cm; II2:<br />

tesselas com 0,7 a 1 cm; II3, II4, II5, II6, II7:<br />

tesselas com 1 cm.<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos MSP (2004-2005).<br />

Bibliografia<br />

I1, I2, I3, II2, II3, II4, II5, II6, II7, III3, III4, III5 e III6: Inéditos.<br />

II1, III1, III2: Rocha, 1907, p. 147.<br />

Descrição<br />

I: Motivos geométricos e vegetalistas<br />

Fragmento 1<br />

III1 e III2: tesselas com 0,7 a 1 cm; III3 e III4:<br />

tesselas com 1 cm; III5: tesselas do fundo com<br />

0,8 cm e tesselas rectangulares com 0,3 cm <strong>de</strong><br />

lado; III6: tesselas com 0,8 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada com base em<br />

pequenos fragmentos.<br />

Restauros antigos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam nos fragmentos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam nos fragmentos.<br />

Parte central <strong>de</strong> um florão <strong>de</strong> quatro elementos: duas folhas fusiformes [base vermelha e<br />

ponta preta] ainda visível, em parte, numa das duas folhas e provavelmente duas he<strong>de</strong>rae<br />

apontando ao centro com o mesmo tratamento cromático. Po<strong>de</strong> ver-se a ponta da he<strong>de</strong>ra preta e<br />

duas tesselas vermelhas do resto da folha. O centro é uma tessela preta.<br />

172


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Fragmento 2<br />

Fragmento <strong>de</strong> dois fusos em fundo preto, <strong>de</strong>senhados a branco, com fuso ver<strong>de</strong> incluído.<br />

Fragmento 3<br />

Num fundo branco <strong>de</strong> tesselas, colocadas em jeito <strong>de</strong> cunha contornando uma figura<br />

in<strong>de</strong>terminada, <strong>de</strong>staca-se um filete cinzento, quiçá <strong>de</strong> uma bordadura, e um vértice <strong>de</strong> um motivo<br />

constituído por tesselas pretas.<br />

II: Tranças<br />

Fragmento 1<br />

Filete duplo preto, filete triplo branco, parte <strong>de</strong> uma trança ou entrançado tratada a rosa (5,5<br />

cm <strong>de</strong> largura conservada).<br />

cinzentas.<br />

Fragmento 2<br />

Parte <strong>de</strong> uma trança [cinzento, rosa e ocre].<br />

Fragmento 3<br />

Fragmento <strong>de</strong> uma trança tratada em policromia [vermelho, ocre e cinzento].<br />

Fragmento 4<br />

Faixa branca (3,5 cm) e trança (7cm <strong>de</strong> largura conservados) [preto, branco e esver<strong>de</strong>ado].<br />

Fragmento 5<br />

Trança policromática [preto, branco e vermelho]<br />

Fragmento 6<br />

Trança [preto e branco].<br />

Fragmento 7<br />

Fragmento <strong>de</strong> motivo em trança tratada a vermelho, com inclusão <strong>de</strong> algumas tesselas<br />

173


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

III: Outros motivos<br />

Fragmento 1<br />

Fragmento <strong>de</strong> opus tessellatum branco constituído por quatro filetes paralelos e, num quinto<br />

filete, três tesselas [preta e cinzenta] e duas brancas.<br />

Fragmento 2<br />

Fragmento monocromático branco constituído por cinco filetes paralelos e cinco<br />

perpendiculares. Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um fragmento <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> on<strong>de</strong> é muito<br />

vulgar i<strong>de</strong>ntificar esta disposição do opus tesselatum.<br />

Fragmento 3<br />

O fragmento parece pertencer à proa <strong>de</strong> um navio (?). Um filete vermelho, talvez duplo,<br />

sublinha o casco e a proa é tratada também a vermelho, com cinco tesselas pretas. Um filete<br />

branco, seguido <strong>de</strong> filete amarelo, filete esver<strong>de</strong>ado e finalmente preto <strong>de</strong>finem o corpo do navio.<br />

Fragmento 4<br />

Opus tessellatum policromático informe.<br />

Fragmento 5<br />

Cinco filetes brancos; três filetes [ocre vermelho, cinzento avermelhado e ocre amarelo], um<br />

filete franco <strong>de</strong> tesselas rectangulares (5 mm <strong>de</strong> largura); quatro filetes [ocre vermelho, dois cinzento<br />

avermelhado e ocre amarelo], um filete branco <strong>de</strong> tesselas rectangulares, três filetes [ocre vermelho,<br />

cinzento avermelhado e ocre vermelho] e um filete branco.<br />

Fragmento 6<br />

Um filete preto, seguido <strong>de</strong> um a dois filetes rosa com três tesselas brancas <strong>de</strong> permeio e<br />

um filete vermelho constituem parte <strong>de</strong> um tema figurativo. Reconhecem-se ainda quatro filetes<br />

brancos que contornavam a figura e o arranque <strong>de</strong> quatro filetes dispostos perpendicularmente em<br />

relação aos do contorno que formavam o enchimento do fundo.<br />

174


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Datação<br />

Dado o estado fragmentário em que se encontram os exemplares e a ausência <strong>de</strong> dados<br />

arqueológicos e/ou arquitectónicos, não é possível estabelecer qualquer datação. Po<strong>de</strong> apenas<br />

salientar-se que a introdução da policromia em Milreu data dos inícios do séc. III, o que estabelece<br />

um terminus post quem para os fragmentos policromáticos. Não se registando no sítio mosaicos<br />

posteriores aos meados do séc. IV, po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se esta data um terminus ante quem.<br />

175


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos secantes e<br />

adjacentes;<br />

Painel B, tapete principal: quadrícula <strong>de</strong><br />

filetes triplos <strong>de</strong>nteados.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 1: Cubiculum (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Para<strong>de</strong>iro <strong>de</strong>sconhecido.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Desconhece-se a área visível no momento<br />

da <strong>de</strong>scoberta, no entanto, o <strong>de</strong>senho não<br />

apresenta quaisquer lacunas e por essa<br />

razão po<strong>de</strong> <strong>de</strong>duzir-se que estaria completo.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

53<br />

Estampa CXXX<br />

Calcários (?): branco, azul ardósia e amarelo<br />

(ARA I, p. 174). As cores atribuídas pela autora<br />

estão em conformida<strong>de</strong> com os tons aplicados<br />

na aguarela nº 28A.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Não é possível calcular com base num<br />

<strong>de</strong>senho.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O opus tessellatum nas faixas <strong>de</strong> remate dos<br />

lados maiores está <strong>de</strong>senhado <strong>de</strong> forma<br />

perpendicular ao muro, ao contrário dos lados<br />

menores on<strong>de</strong> as tesselas estão <strong>de</strong>senhadas<br />

longitudinalmente. Não sabemos dizer se é<br />

uma representação fiel do original ou uma<br />

opção do <strong>de</strong>senhador.<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

(?)<br />

176


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Desenho original <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello nº 28A (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 1).<br />

Bibliografia<br />

Pinto, 1934, p. 168-169; Chaves, 1936, p. 56; Sá, 1959, n. 47, p. 47; Machado, 1970, p. 9; ARA II, nº<br />

1, p. 174, fig. 248.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>zassete quadradinhos <strong>de</strong>nteados não contíguos<br />

nos lados maiores apenas (cf. Le Décor I, 5a).<br />

Um filete preto duplo emoldura o campo formado por dois painéis justapostos:<br />

Painel A<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes nos lados maiores,<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados e hexágonos oblongos, <strong>de</strong>senhada a filete duplo preto (cf. Le Décor I,<br />

variante <strong>de</strong> 169c). Nos quadrados, o opus tessellatum é <strong>de</strong>senhado <strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>nsa,<br />

apresentando uma florinha preta <strong>de</strong> quatro tesselas.<br />

preto duplo.<br />

Painel B<br />

Bordadura em <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra (cf. Le Décor I, 10a); faixa branca com quatro filetes; filete<br />

Composição em quadrícula <strong>de</strong> filetes triplos [ocre/branco/ocre] <strong>de</strong>nteados, aqui com asas<br />

<strong>de</strong>coradas alternadamente com cruz fuselada e cruz gamada (?) (cf. Le Décor I, 124c).<br />

Datação<br />

A ausência <strong>de</strong> dados arqueológicos dificulta o estabelecimento <strong>de</strong> datação segura. Com<br />

base em critérios estilísticos, M. Cristina Sá datou o conjunto dos fins do séc. IV (1959, p. 50). Os<br />

paralelos hispânicos da composição em quadrícula indicam, <strong>de</strong> facto, uma cronologia <strong>de</strong>ntro do séc.<br />

IV. O recurso ao esquema à base <strong>de</strong> octógonos é também indicador da mesma cronologia.<br />

177


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Meandro formando longos rectângulos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 2: cubiculum (?) (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

(?)<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

No <strong>de</strong>senho produzido aquando da<br />

<strong>de</strong>scoberta não são assinaladas quaisquer<br />

áreas <strong>de</strong>struídas, pelo que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong><br />

Ilustração utilizada<br />

54<br />

Estampa CXXXI<br />

que o mosaico estaria completo nesse<br />

momento.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?): preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Desenho original <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello nº 28B (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1).<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 56; ARA II, nº 2, p. 174-175, fig. 249.<br />

(?)<br />

178


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com linha <strong>de</strong> cruzetas não contíguas em filete <strong>de</strong>nticulado em<br />

cruz diagonal (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 4e) alternando com travessão <strong>de</strong>nteado oblíquo <strong>de</strong> cinco<br />

tesselas nos lados maiores e ramagem nos lados menores. Faixa preta.<br />

O esquema é constituído por uma linha <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> seis longos re<strong>de</strong>ntes formando<br />

rectângulos (não documentado pelo Décor).<br />

Datação<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos verosímil a contemporaneida<strong>de</strong> do conjunto <strong>de</strong> mosaicos encontrados<br />

por Estácio da Veiga na Quinta <strong>de</strong> Amendoal (nº 53-60), aceita-se uma cronologia situada no séc.<br />

IV (vi<strong>de</strong> nº 53).<br />

179


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados<br />

Painel B, tapete principal: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> círculos tangentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados côncavos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 3: cubiculum (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

(?)<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Afora uma cova <strong>de</strong> 1 m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />

assinalada na margem inferior da<br />

reprodução do <strong>de</strong>senho original com 28C e<br />

que também se encontra na planta nº 28, o<br />

55<br />

Estampa CXXXII<br />

<strong>de</strong>senho do mosaico não apresenta mais<br />

lacunas.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Uma observação atenta dos <strong>de</strong>senhos revela<br />

algumas particularida<strong>de</strong>s na orientação do<br />

traçado das tesselas. É o único elemento <strong>de</strong><br />

que dispomos para po<strong>de</strong>r, ainda que<br />

pon<strong>de</strong>radas as observações, i<strong>de</strong>ntificar esses<br />

pormenores.<br />

Materiais<br />

Calcários (?): branco, azul ardósia, cinzento,<br />

amarelo e vermelho arroxeado (Sá, 1959, p.<br />

48).<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Não é possível calcular com base num<br />

<strong>de</strong>senho.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

180


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

Desenho original <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello nº 28C (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 3) e<br />

reprodução do original com anotações em margem (MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 3 1 ).<br />

Bibliografia<br />

Vasconcelos, 1913, p. 624, fig. 338; Sá, 1959, nº 17, p. 48; Chaves, 1936, p. 56; ARA II, nº 3, p.<br />

175, fig. 250.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com três florinhas apenas no lado maior do lectus (oeste ?) e<br />

ramagem (cf. Le Décor I, 64a) nos restantes três lados. O fundo, provavelmente branco, é<br />

representado através <strong>de</strong> doze filetes <strong>de</strong> tesselas. A ramagem é simples e os remates são <strong>de</strong>corados<br />

com três tipos <strong>de</strong> pequenos elementos <strong>de</strong>corativos, situados nas zonas mais expostas visualmente,<br />

a saber, as pare<strong>de</strong>s à esquerda da entrada e a que ficava <strong>de</strong> frente: ramos com duas he<strong>de</strong>rae,<br />

quatro meias florinhas e cinco gavinhas <strong>de</strong>scontínuas tratadas a preto e colocadas <strong>de</strong> forma ritmada<br />

e coerente.<br />

Um filete duplo preto emoldura os dois painéis justapostos.<br />

Painel A<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> oito octógonos adjacentes <strong>de</strong>terminando quadrados <strong>de</strong>senhada a<br />

filete preto duplo (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 163a). Os quadrados são realizados a amarelo ocre. Os<br />

seis octógonos externos são levam uma cruz suástica <strong>de</strong>senhada a filete preto simples com o<br />

centro <strong>de</strong>corado com um quadrado direito realizado em xadrez bicolor [rosa e preto], enquanto os<br />

dois octógonos centrais são <strong>de</strong>corados com uma cruz grega <strong>de</strong> remates amarelos ocre e centro<br />

branco. No remate da composição, os octógonos são seccionados para dar lugar a trapézios,<br />

<strong>de</strong>corados com uma pequena he<strong>de</strong>ra preta com ponta virada para fora nos lados menores e com<br />

um pequeno elemento vegetal formado por dois V, nos lados maiores.<br />

181


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel B<br />

Filete duplo cinzento; bordadura <strong>de</strong> rectângulos <strong>de</strong> 5 x 4 tesselas alternadamente rosa e<br />

branco (cf. Le Décor I, 19e).<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> 5 x 6 círculos tangentes <strong>de</strong>terminando quadrados côncavos<br />

<strong>de</strong>senhado a filete preto (cf. Le Décor I, 231b). Nos círculos alternam dois tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>coração. Um<br />

módulo com fundo preto com um florão branco <strong>de</strong> quatro folhas lobulares e um quadrado <strong>de</strong>nteado<br />

sobre o vértice no centro [preto/rosa/branco e centro amarelo ocre]. Deste grupo, apenas um<br />

octógono apresenta um polígono <strong>de</strong> lados côncavos. O outro módulo apresenta, em fundo branco,<br />

um florão composto por uma folha central fusiforme [preto e rosa] com duas pétalas <strong>de</strong> cinta<br />

curvada em cada um dos lados [rosa e cinzento] e com duas <strong>vol</strong>utas opostas no topo.<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 54).<br />

182


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Composição centrada <strong>de</strong> rectângulos<br />

concêntricos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 4: cubiculum (?) (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

Dimensões totais <strong>de</strong>sconhecidas.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Um fragmento no MNA (inv. nº 18696).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Exceptuando a lacuna circular, não foi<br />

<strong>de</strong>senhada qualquer outra parte <strong>de</strong>struída,<br />

pelo que se <strong>de</strong>duz que o mosaico estaria<br />

completo na época em que foi <strong>de</strong>scoberto.<br />

Ilustração utilizada<br />

Área conservada<br />

42 x 39 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?): preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

56<br />

Estampa CXXXIII<br />

110 /dm 2 ; tesselas com 1 a 1,1 cm <strong>de</strong> lado no<br />

fragmento do MNA.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O fragmento do MNA foi retirado do caixilho em<br />

ma<strong>de</strong>ira e recebeu suporte ligeiro em 1988<br />

(Abraços, 1999).<br />

Desenho original <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello nº 28D (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 4).<br />

Foto MNA (inv. nº 18696) e <strong>de</strong>senho tessela a tessela MSP (2005).<br />

183


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 56; ARA II, nº 5, p. 175; Machado, 1970, p. 32; Abraços, 1999, p. 366; Oliveira /<br />

Viegas, 2005, p.69.<br />

Descrição<br />

Faixa branca com linha <strong>de</strong> cruzetas (cf. Le Décor I, 4e).<br />

Composição centrada <strong>de</strong> sete rectângulos concêntricos inseridos numa moldura rectangular<br />

preta (não documentada pelo Décor).<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 54).<br />

184


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Dois painéis geométricos justapostos:<br />

Painel A, área do lectus: Composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrados;<br />

Painel B, tapete principal: Composição<br />

centrada.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 6: cubiculum (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

O <strong>de</strong>senho mostra claramente uma gran<strong>de</strong><br />

área <strong>de</strong>struída em mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> do<br />

tapete principal. Essa <strong>de</strong>struição parece ter<br />

ocorrido em dois momentos diferentes tendo<br />

em conta a diferente forma da sua<br />

57<br />

Estampa CXXXIV<br />

representação. Com efeito, a área castanha,<br />

com nuances que parecem representar um solo<br />

em terra, assinala uma área <strong>de</strong>struída em<br />

época antiga e a lacuna circular preenchida a<br />

cinzento-escuro representa os buracos abertos<br />

em época mo<strong>de</strong>rna para plantação <strong>de</strong> árvores,<br />

como aliás se verifica em outros mosaicos<br />

<strong>de</strong>ste sítio.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?): preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

(?)<br />

185


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Desenho original <strong>de</strong> J. F. Tavares Bello nº 28E (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 6).<br />

Bibliografia<br />

Chaves, 1936, p. 56; Sá, 1959, nº 19, p. 49; ARA II, nº 4, p. 175, fig. 251.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> sem <strong>de</strong>coração. Campo com dois painéis justapostos.<br />

Painel A<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> oito octógonos adjacentes <strong>de</strong>terminando quadrados (cf. Le Décor<br />

I, variante <strong>de</strong> 163a) <strong>de</strong>senhada a filete, com <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> quadradinhos <strong>de</strong>nteados nos octógonos,<br />

apenas.<br />

Painel B<br />

Composição centrada com um octógono preenchido com <strong>de</strong>coração vegetalista que não é<br />

possível <strong>de</strong>screver pormenorizadamente, mas que correspon<strong>de</strong> a um gran<strong>de</strong> florão compósito cujo<br />

número <strong>de</strong> elementos não é possível <strong>de</strong>terminar (oito ou doze ?), assim como o número <strong>de</strong> corolas<br />

(duas pelo menos), mas que seguramente apresentava quatro elementos em he<strong>de</strong>rae com limbo<br />

apontando ao centro.<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 54).<br />

186


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> uma composição em<br />

quadrícula <strong>de</strong> fusos tangentes que criam<br />

quatro folhas.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 7: funcionalida<strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>terminada (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

O <strong>de</strong>senho ilustra um fragmento <strong>de</strong> um<br />

canto do mosaico que po<strong>de</strong> induzir a pensar<br />

que este se encontrava já bastante<br />

Ilustração utilizada<br />

58<br />

Estampa CXXXV, 1<br />

<strong>de</strong>struído no momento da <strong>de</strong>scoberta, já que os<br />

limites do compartimento estão bem <strong>de</strong>finidos<br />

na planta <strong>de</strong> Estácio da Veiga.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?): preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Desenho original nº 28G (veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 7) e reprodução do original<br />

com anotações em margem (MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 7 1 )<br />

(?)<br />

187


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Pinto, 1934, p. 168-169; Chaves, 1936, p. 56; Sá, 1959, nº 20, p. 49; ARA II, p. 176.<br />

Descrição<br />

Bordadura com ramagem muito simples, preta. Filete duplo preto.<br />

Composição em quadrícula <strong>de</strong> fusos tangentes que criam quatro folhas (cf. Le Décor I, 131b).<br />

Po<strong>de</strong>m ver-se dois quadrifólios completos e meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> um terceiro.<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 54).<br />

188


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Fragmentos <strong>de</strong> uma composição ortogonal<br />

<strong>de</strong> círculos secantes que <strong>de</strong>terminam quatro<br />

folhas pretos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 8: funcionalida<strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>terminada (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

O <strong>de</strong>senho ilustra um fragmento <strong>de</strong> um<br />

canto do mosaico que po<strong>de</strong> induzir-nos a<br />

pensar que este se encontrava já bastante<br />

Ilustração utilizada<br />

59<br />

Estampa CXXXV, 1<br />

<strong>de</strong>struído no momento da <strong>de</strong>scoberta mas, ao<br />

contrário do anterior, o compartimento não foi<br />

totalmente escavado pelo que se <strong>de</strong>sconhece<br />

se haveria mais fragmentos.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?): preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Desenho original nº 28G (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 7) e reprodução do original<br />

com anotações em margem (MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 7 1 )<br />

(?)<br />

189


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Pinto, 1934, p. 168-169; Chaves, 1936, p. 56; ARA II, p. 176.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca formada por cinco filetes, seguida <strong>de</strong> duplo filete preto.<br />

Composição <strong>de</strong> círculos secantes que criam quatro folhas pretos e <strong>de</strong>terminam quadrados<br />

côncavos (cf. Le Decor I, 237a).<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 54).<br />

190


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Quinta <strong>de</strong> Amendoal, 1878.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> mosaico com linha <strong>de</strong><br />

florinhas e quadradinhos.<br />

Compartimento<br />

Compartimento 9: corredor (?) (planta 25).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

Tal como nos nº s 58 e 59,o <strong>de</strong>senho<br />

reproduz um pequeno fragmento do<br />

mosaico que leva a acreditar que este<br />

estaria praticamente todo <strong>de</strong>struído no<br />

Ilustração utilizada<br />

60<br />

Estampa CXXXV, 2<br />

momento em que Estácio da Veiga o<br />

encontrou, até porque a área escavada no<br />

compartimento 9 é consi<strong>de</strong>rável.<br />

Área conservada<br />

Destruído (?).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

Calcário (?) preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Não é possível calcular.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Desenho original nº 28G (Veiga, 1877-1878; MNA, EV, Cx. 1, Capa 1, nº 6) e reprodução do original<br />

com anotações em margem (EV, Cx. 1, Capa 1, nº 7 1)<br />

(?)<br />

191


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Pinto, 1934, p. 168-169; Chaves, 1936, p. 56; Sá, 1959, nº 20, p. 49.<br />

Descrição<br />

Fragmento <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> constituída por um filete duplo branco, filete<br />

simples preto e linha <strong>de</strong> quadradinhos <strong>de</strong>nteados com florinha simples incluída (conservam-se dois)<br />

alternando com cruzeta não contígua (cf. Le Décor I, 4e); segue-se filete duplo preto e faixa branca<br />

na zona da fractura.<br />

Datação<br />

Séc. IV (vi<strong>de</strong> nº 53).<br />

192


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Vale <strong>de</strong> Carneiros, 1899.<br />

Tema<br />

Mosaico(s) <strong>de</strong>struído(s).<br />

Compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído (?).<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

-<br />

Bibliografia<br />

Botto, Glossário, p. 42; ARA II, p. 171<br />

Descrição<br />

Datação<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

Destruído.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

(?)<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

(?)<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

(?)<br />

61<br />

193


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Esquina das ruas Infante D. Henrique e<br />

Ventura Coelho, em Faro, Maio <strong>de</strong> 1976.<br />

Tema 18<br />

Painel quadrado com cabeça do Oceano e<br />

os Ventos em cantoneira, cortando uma<br />

composição ortogonal <strong>de</strong> hexágonos<br />

tangentes por dois vértices, <strong>de</strong>terminando<br />

quadrados e estrelas <strong>de</strong> quatro pontas; as<br />

estrelas com quadrado sobre o vértice no<br />

centro e os hexágonos com florões<br />

variadose, e uma inscrição em tabula<br />

ansata.<br />

Compartimento<br />

Desconhece-se o edifício a que pertenceu o<br />

mosaico. Aponta-se para umas termas ou<br />

schola.<br />

Dimensões do compartimento<br />

9,40 x 3,40 m<br />

Dimensões do mosaico<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

18 As dimensões constantes na ficha foram<br />

levantadas por J. Lancha no quadro da missão MSP,<br />

que é autora da respectiva ficha no CMRP II2 (no<br />

prelo).<br />

Estampas CXXXVI, CXXXVII, CXXXVIII, CXXXIX, CXL, CXLI, CXLII e CXLIII<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Em exposição numa sala do MMF.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

62<br />

A área central da inscrição encontrava-se<br />

<strong>de</strong>struída limitando a leitura do texto, assim<br />

como o ângulo inferior esquerdo do tapete.<br />

Também pouco resta da ramagemque ornava a<br />

bordadura, apenas no lado direito restam<br />

vestígios <strong>de</strong> dois enrolamentos.No painel<br />

geométrico anexo à inscrição, a lacuna atingiu<br />

o primeiro florão à esquerda e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sétima<br />

linha <strong>de</strong> florões, <strong>de</strong>struída até ao eixo central,<br />

até à zona da barba do Oceano, incluindo os<br />

dois Ventos acantonados, o mosaico não<br />

resistiu ao tempo. Na cabeça do Oceano, que<br />

se conserva em bom estado geral, não se<br />

conservaram os dois golfinhos junto à barba,<br />

dos quais apenas se po<strong>de</strong>m ver as barbatanas<br />

dorsais. Algumas lacunas pontuais se <strong>de</strong>tectam<br />

nos diversos motivos, sendo <strong>de</strong> realçar as que<br />

atingem as tesselas <strong>de</strong> vidro nos olhos e<br />

bigo<strong>de</strong> do Oceano. A secção inferior do<br />

medalhão está totalemente <strong>de</strong>struída, mas os<br />

dois ventos acantonados no quadro central<br />

encontram-se bem preservados. Do painel<br />

geométrico superior, estão <strong>de</strong>struídas as duas<br />

linhas <strong>de</strong> florões junto ao remate do tapete,<br />

assim como as bordaduras <strong>de</strong>ssa zona.<br />

194


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Área conservada<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>struíram os<br />

suportes originais aquando do levantamento<br />

em 1976.<br />

Materiais<br />

Calcário: Fundo branco e preto nas linhas<br />

principais; Oceano: preto, chocolate,<br />

chocolate carmesim, ocre vermelho,<br />

Vermelho cereja, violeta claro, rosa, rosa<br />

pálido, castanho claro esver<strong>de</strong>ado, ocre<br />

amarelo, ocre amarelo-torrado, laranja <strong>de</strong><br />

crómio, ver<strong>de</strong>-azeitona escuro e branco<br />

creme; Ventos: preto, chocolate, chocolate<br />

carmesim, vermelho escuro, vermelho<br />

veneziano, salmão, ocre amarelo, rosa e<br />

branco creme; nos florões: preto, cinzento<br />

azulado, ver<strong>de</strong>-azeitona, ocre amarelo, ocre<br />

amarelo-torrado, salmão, violeta claro e<br />

rosa pálido.<br />

Vidro: Oceano: azul-turquesa, azul<br />

ultramarino, azul <strong>de</strong> Delft, azul claro; nos<br />

ventos: azul-turquesa, azul ultramarino, azul<br />

escuro e azul cobalto.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

115/dm 2, tesselas com 0,5 a 1 cm <strong>de</strong> lado<br />

no Oceano; 110/dm 2, tesselas com 1 cm <strong>de</strong><br />

lado nos Ventos; tesselas <strong>de</strong> 0,5 cm no<br />

fundo do quadro central.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A correcta disposição dos diversos painéis que<br />

compõem o mosaico revela uma prévia divisão<br />

do espaço, nas suas linhas principais. O painel<br />

central, quadrado, <strong>de</strong>terminou as dimensões<br />

dos restantes painéis. A extremida<strong>de</strong> do nariz<br />

do <strong>de</strong>us Oceno correspon<strong>de</strong> ao ponto <strong>de</strong><br />

intersecção das medianas mostrando o rigor do<br />

planeamento. Os dois painéis geométricos,<br />

rectangulares, foram calculados <strong>de</strong> forma a<br />

evitar a o seu corte abrupto. As dimensões<br />

equilibradas e constantes das bordaduras<br />

rematam um tapete <strong>de</strong> notável execução.<br />

Revelando-se sábios na distribuição dos<br />

espaços, os mosaístas optaram por uma<br />

folhagem para <strong>de</strong>corar uma faixa mais larga<br />

situada à entrada.<br />

A estratégia na execução dos rostos do <strong>de</strong>us<br />

Oceano e dos ventos constitui matéria <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>staque no capítulo refrente à paleta <strong>de</strong> cores.<br />

Restauros antigos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam actualmente.<br />

Eventualmente, terão sido removidos aquando<br />

dos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Aquando do seu levantamento, em 1976, o<br />

mosaico foi cuidadosamente limpo através <strong>de</strong><br />

processos mecânicos, a fim <strong>de</strong> remover a terra<br />

e as concreções calcárias que o cobriam.<br />

Também se fixaram os estuques pintados da<br />

pare<strong>de</strong>, para que não caíssem no momento do<br />

195


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

levantamento. A superfície do mosaico foi<br />

coberta com uma gaze e uma tela fixadas<br />

com uma emulsão vinílica, mais fraca na<br />

área do medalhão central. Depois <strong>de</strong> bem<br />

seco, o pavimento foi serrado em várias<br />

placas, seguindo as linhas principais do<br />

<strong>de</strong>senho para evitar cortes no meio das<br />

figuras. Em redor do mosaico, foram abertas<br />

valas para <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r o mosaico da terra e,<br />

após a completa secagem da emulsão, com<br />

auxílio <strong>de</strong> lâminas <strong>de</strong> ferro colocadas entre<br />

o tapete <strong>de</strong> tesselas e o nucleus, foi-se<br />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo o mosaico. Cada placa foi<br />

posteriormente colocada sobre um estrado<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, a fim <strong>de</strong> retirarem a tela e a<br />

gaze, limpar a emulsão, para ser<br />

encaixotada e seguir para o museu.<br />

Antes <strong>de</strong> ser remontado no espaço que lhe<br />

estava <strong>de</strong>stinado, foi melhorado o seu<br />

aspecto, restaurando as pequenas lacunas<br />

e disfarçando as gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong>struídas.<br />

Reutilizando as tesselas antigas ou talhando<br />

Ilustração utilizada<br />

novos cubos <strong>de</strong> pedra nos mesmos calcários<br />

dos originais, os técnicos reconstituíram as<br />

pequenas falhas, assim como as linhas<br />

principais que estavam <strong>de</strong>struídas. Os<br />

interstícios foram preenchidos com caseinato<br />

<strong>de</strong> cálcio. Nas gran<strong>de</strong>s zonas on<strong>de</strong> não era<br />

possível completar os motivos <strong>de</strong>struídos foi<br />

aplicada uma argamassa <strong>de</strong> cal, areia e Vinavil,<br />

com cor muito semelhante à do fundo do<br />

mosaico.<br />

Finalmente, as placas foram assentes num<br />

suporte <strong>de</strong> resina e colocadas sobre uma<br />

estrutura rígida em favo <strong>de</strong> papel Kraft. A<br />

remontagem foi realizada no espaço on<strong>de</strong>,<br />

ainda hoje, po<strong>de</strong>mos apreciar o mosaico. Para<br />

se manter bem fixo, as placas foram ligadas<br />

umas às outras com tubos <strong>de</strong> latão. O toque<br />

final foi dado com uma cola misturada com cal<br />

que se passou nos intervalos das tesselas e as<br />

gran<strong>de</strong>s zonas <strong>de</strong> restauro com argamassa<br />

foram coloridas com tinta vinílicas.<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2001). Foto vertical (MSP/MMF/Pavone 2003). Fotos <strong>de</strong><br />

pormenores MSP (2003).<br />

Bibliografia<br />

Rosa, 1976; Alarcão, 1980; Lancha, 1984a, p. 58-61; Lancha, 1985; Encarnação, 1986;<br />

Encarnação, IRCP, nº 35; Gómez, 1997, FAR 1, p. 181-185; Lancha, 2004, p. 413-414, fig. 1 e 2;<br />

Lancha, 2008, p. 75-84, fig. 40-56; Viegas, 2009, p.113-121.<br />

196


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Faixa branca (20 cm); ramagem conservada parcialmente (53 cm <strong>de</strong> largura) no lado que<br />

constituía a entrada no compartimento (Le Décor I, variante <strong>de</strong> 64b); filete duplo preto; faixa branca<br />

(8 cm); linha <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> serra brancos em fundo preto com 16 cm <strong>de</strong> largura (Le Décor I, 10g);<br />

filete duplo preto; faixa branca (8 cm); filete duplo preto.<br />

0,41 m).<br />

Inscrição em tabula ansata inserida em rectângulo <strong>de</strong>senhado a filete duplo preto (2,48 x<br />

Texto da inscrição:<br />

C. CAL. PVR. NI. VS [...] NVS. ET. GVI. BI. VS. QUINTI.<br />

LI. A. NVS. ET. L.AT.TI [...] S. ET. MVER. RIVS. CE. MI. NVS. /<br />

SOL [VM] TES. SEL. LAS [TRAVER] RVNT. ET. DO. NA. R [VN] T.<br />

Tradução:<br />

Caius Calpurnius (…)nus e Caius Vibius Quintilianus e Lucius Attius (…)us<br />

e Marcus Verrius Geminus mandaram executar o solo e as tesselas.<br />

Composição centrada com motivo axial interrompendo o esquema (cf. Le Décor II, 419e):<br />

painel quadrado com cabeça do Oceano e os Ventos em cantoneira, cortando uma composição<br />

ortogonal, <strong>de</strong>senhada a filete duplo preto, <strong>de</strong> hexágonos tangentes por dois vértices, <strong>de</strong>terminando<br />

quadados e estrelas <strong>de</strong> quatro pontas; as estrelas com quadrado sobre o vértice no centro e os<br />

hexágonos com florões variados (cf. Le Décor I, 186e).<br />

A composição geométrica divi<strong>de</strong>-se em dois painéis (A e B) com <strong>de</strong>zassete florões em cada<br />

um <strong>de</strong>les, cinco dos quais totalmente <strong>de</strong>struídos no painel B. A composição é <strong>de</strong>senhada a filete<br />

duplo preto. As estrelas <strong>de</strong> quatro pontas apresentam um quadrado sobre o vértice no centro com<br />

florão <strong>de</strong> quatro pétalas em dardos pretas incluído. Os quadrados ostentam nó <strong>de</strong> Salomão<br />

policromático, alternando as cores da paleta dos florões.<br />

Painel A<br />

a1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada em<br />

gradação <strong>de</strong> cores ocre amarelo, salmão e rosa pálido, e quatro em pétala biconvexa ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona <strong>de</strong> ponta preta, com centro em círculo com cinco florinha <strong>de</strong> cinco tesselas pretas incluída<br />

(Le Décor II, 268b).<br />

197


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

a2: florão unitário <strong>de</strong> quatro pares <strong>de</strong> <strong>vol</strong>utas afrontadas <strong>de</strong>senhadas a filete preto simples,<br />

preto e salmão, com quatro triângulos equiláteros <strong>de</strong> base <strong>de</strong>nteada rosa pálido e ocre amarelo no<br />

centro, em oposição.<br />

b1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada em<br />

gradação <strong>de</strong> cores rosa alaranjado, cinzento e preto, e quatro em pétala biconvexa larga e<br />

recurvada, com centro em círculo com cinco florinhas <strong>de</strong> cinco tesselas pretas incluída (variante <strong>de</strong><br />

Le Décor II, 268b).<br />

b2: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em haste <strong>de</strong> filete simples<br />

<strong>de</strong>nteado rematado com cálice ver<strong>de</strong>-azeitona e preto, e quatro em pétala biconvexa rosa pálido,<br />

ocre amarelo, salmão, <strong>de</strong> ponta ver<strong>de</strong>-azeitona e preta, com centro em círculo com tesselas rosa<br />

pálido incluída (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 268c).<br />

b3: florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos não contíguos, em oposição, dois em pétala<br />

lanceolada salmão e rosa pálido e dois em lótus trífido preto (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 260a).<br />

c1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona e preto, e quatro em cálice <strong>de</strong> folha preta e ponta ver<strong>de</strong>-azeitona, com pétala lanceolada<br />

incluída ocre amarela e salmão, com centro em círculo com tessela preta incluída (variante <strong>de</strong> Le<br />

Décor II, 267c).<br />

c2: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em cálice bífido rosa pálido e<br />

salmão, com ápice ver<strong>de</strong>-azeitona e preto, e quatro em fuso salmão e rosa pálido, com círculo preto<br />

central (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 259e).<br />

pálido.<br />

d1: cf. b1, pétala biconvexa preto e ver<strong>de</strong>-azeitona e pétala fuselada rosa alaranjado e rosa<br />

d2: cf. d1, com troca <strong>de</strong> cores nos elementos.<br />

d3: florão composto por duas peltas afrontadas com <strong>vol</strong>utas pretas e enchimento ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona prolongando-se no ápice, círculo preto central e rematadas nas extremida<strong>de</strong>s por he<strong>de</strong>ra<br />

com ponta virada ao centro em gradação rosa-salmão ocre amarelo e rosa pálido (sem paralelo no<br />

Décor II).<br />

e1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada em ver<strong>de</strong>-<br />

azeitona e preto, e quatro em pétala fuselada larga e recurvada rosa pálido, rosa alaranjado e preto,<br />

com centro em círculo com cinco florinhas <strong>de</strong> cinco tesselas pretas incluída (variante <strong>de</strong> Le Décor II,<br />

268b).<br />

198


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

e2: florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos ligados apontando ao centro em filete simples preto<br />

e ver<strong>de</strong>-azeitona, em cálice <strong>de</strong> <strong>vol</strong>utas, com he<strong>de</strong>ra salmão e rosa pálido, com círculo central preto<br />

com florinha <strong>de</strong> cinco tesselas rosas (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 260c).<br />

f1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala biconvexa preto e<br />

ver<strong>de</strong>-azeitona e quatro em palmeta simples <strong>de</strong> haste ver<strong>de</strong>-azeitona e folha salmão, com círculo<br />

central cobrindo os elementos e quadradinhos <strong>de</strong>ntado preto e salmão (sem paralelo no Décor II).<br />

f2: florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos não contíguos, em cálice bífido rosa pálido e salmão,<br />

com ápice ver<strong>de</strong>-azeitona e preto, com círculo preto central e triangulos <strong>de</strong> base <strong>de</strong>nteada pretos<br />

nos quatro espaços residuais entre os cálices (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 259e).<br />

f3: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em he<strong>de</strong>ra apontada ao centro<br />

salmão, rosa pálido e ocre amarelo, quatro em pétala fuselada ocre amarelo, ver<strong>de</strong>-azeitona e<br />

preto, com círculo preto com tessela central preta (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 267a).<br />

g1: parcialmente <strong>de</strong>struído. Talvez um seis-folhas.<br />

g2: parcialmente <strong>de</strong>struído. Talvez igual a h2.<br />

Painel B<br />

h1: florão unitário <strong>de</strong> seis elementos não contíguos, em pétala fuselada alternadamente<br />

preto e rosa pálido (Le Décor II, 257b).<br />

h2: ver b1.<br />

i1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala biconvexa <strong>de</strong> ponta<br />

salmão, quatro em pétala lanceolada, giratória, preto e cinzento, com círculo preto com florinha <strong>de</strong><br />

cinco tesselas pretas (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 268b).<br />

i2: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada ocre<br />

amarelo e salmão, quatro em <strong>vol</strong>utas pretas com tessela preta, e centro em círculo preto com<br />

florinha <strong>de</strong> cinco tesselas pretas (sem paralelo no Décor II).<br />

i3: ver f3.<br />

j1: ver b1.<br />

j2: florão unitário <strong>de</strong> quatro elementos em pétala <strong>de</strong> acanto salmão e ocre amarelo, com<br />

centro recobrindo os elementos, em círculo preto com florinha <strong>de</strong> cinco tesselas pretas (sem<br />

paralelo no Décor II).<br />

l1: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada preto e<br />

cinzento, quatro em he<strong>de</strong>ra concava, ocre amarelo e salmão, com círculo preto com florinha <strong>de</strong><br />

cinco tesselas pretas (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 268b).<br />

199


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

preto.<br />

l2: variante <strong>de</strong> d3. Sem <strong>vol</strong>utas nem prolongamento do ápice da pelta.<br />

l3: variante <strong>de</strong> f1. Pétala biconvexa preto, salmão e ocre amarelo, raminho <strong>de</strong> três folhas<br />

m1: florão compósito <strong>de</strong> seis elementos ligados, quatro em cálice bífido rosa pálido e<br />

salmão, com ápice preto e pé ocre amarelo, e dois em pelta preta, com círculo preto e tessela<br />

central (variante <strong>de</strong> Le Décor II, 260a).<br />

m2: florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em pétala fuselada ocre<br />

amarelo e salmão, quatro em <strong>vol</strong>utas pretas afrontadas, ligadas por filete salmão ou ocre amarelo,<br />

com círculo preto e três tesselas salmão (não documentado pelo Décor II).<br />

n1, n2, n3, o1 e o2: <strong>de</strong>struídos.<br />

Quadro central<br />

O quadro central (2,95 x 2,45 m) inclui um medalhão <strong>de</strong> 2,38 m <strong>de</strong> diâmetro constituído por<br />

filete preto duplo, faixa branca (4 cm), trança <strong>de</strong> dois cabos policromática (9,5 cm) e uma linha<br />

quebrada <strong>de</strong> fusos em oposição <strong>de</strong> cores ocre amrelo e salmão, <strong>de</strong>ixando entrever semi círculos (Le<br />

Décor I, 45f) e combinado com uma linha <strong>de</strong> peltas em oposição <strong>de</strong> cores da mesma paleta (15,5<br />

cm), <strong>de</strong>pois filete duplo preto. O rosto do <strong>de</strong>us Oceano (1,05 x0,81 m) ocupa o centro do medalhão<br />

e, em cantoneira, por cima à esquerda e à direita, um vento personificado. Os dois ventos dos<br />

cantos inferiores estão <strong>de</strong>struídos.<br />

Ventos<br />

O Vento situado à esquerda do Oceano é um jovem rapaz, visto <strong>de</strong> perfil, com cabelo<br />

ondulado salpicado <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ixas pretas, chocolate, vermelho veneziano e ocre amarelo. As duas<br />

asinhas, realizadas com vidro azul [turquesa, ultramarino, escuro e cobalto] e já muito <strong>de</strong>struídas,<br />

recordam a sua condição. Com uma testa pequena, um nariz curto e um maxilar bem <strong>de</strong>finido,<br />

po<strong>de</strong>rá representar Zéfiro ou Eurus. O vento à direita, com uma barbicha pontiaguda e um rosto<br />

mais severo, foi realizado com mais cuidado. Os cabelos e a barba foram obtidos com tesselas <strong>de</strong><br />

diversos coloridos [preto, chocolate, vermelho escuro, ocre amarelo e rosa]. As asas são tratadas<br />

com a mesma paleta <strong>de</strong> Zéfiro. O seu ar grave e um nariz aquilino fazem <strong>de</strong>le um vento terrífico.<br />

Deve tratar-se <strong>de</strong> Bóreas.<br />

200


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Oceano<br />

O <strong>de</strong>us, representado a três quartos, é tratado como um homem maduro, com barba e<br />

soberbo bigo<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sviando o olhar, muito expressivo, para a esquerda. Uma tessela preta num<br />

fundo <strong>de</strong> vidro azul claro evi<strong>de</strong>ncia essa expressivida<strong>de</strong>. Por entre a farta cabeleira <strong>de</strong> caracóis,<br />

realçados com ma<strong>de</strong>ixas coloridas [preto, chocolate, chocolate carmesim, violeta claro, castanho<br />

claro esver<strong>de</strong>ados e ocre amarelo], entrevê-se um par <strong>de</strong> pinças <strong>de</strong> caranguejo [preto, chocolate,<br />

vermelho cereja, salmão, ocre amarelo e laranja <strong>de</strong> crómio] e dois pares <strong>de</strong> antenas <strong>de</strong> lagosta<br />

colocadas simetricamente [chocolate, vermelho cereja e laranja <strong>de</strong> crómio]. A combinação <strong>de</strong> cores<br />

em tesselas <strong>de</strong> calcários diversos é notável. As sobrancelhas, franzidas, chocolate e preto,<br />

acentuam o seu ar severo. O vidro azul [turquesa, ultramarino e e Delft] no bigo<strong>de</strong> vem completar<br />

esta belíssima e rica paleta <strong>de</strong> cores. Junto ao pescoço, <strong>de</strong> um lado e do outro, apenas se<br />

conservam as barbatanas dorsais dos dois golfinhos [castanho claro esver<strong>de</strong>ado] que o<br />

acompanhavam, já que o mosaico está totalmente <strong>de</strong>struído do queixo para baixo.<br />

Datação<br />

Segundo J. Lancha, o mosaico é <strong>de</strong> datar <strong>de</strong> fins do séc. II ou inícios do séc. III com base<br />

em critérios estilísticos. O estudo das cerâmicas associadas permitiu a C. Viegas confirmar esta<br />

cronologia (2009, p. 117-118 e 121).<br />

201


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Dois pavimentos <strong>de</strong> opus tessellatum<br />

sobrepostos:<br />

a) Pavimento mais antigo: <strong>de</strong>struído<br />

(?).<br />

b) Pavimento mais recente:<br />

Painel A, soleira este: meandro <strong>de</strong><br />

suásticas <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta simples e quadrados;<br />

Painel B, tapete principal: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> quatro pontas<br />

tangentes.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento B1: vestíbulo <strong>de</strong><br />

acesso ao peristilo na galeria este (planta<br />

27). O mosaico mais antigo, actualmente<br />

situado 8 cm abaixo do mosaico b), é visível<br />

na lacuna à esquerda, <strong>de</strong>sconhecendo-se o<br />

tipo <strong>de</strong> compartimento que <strong>de</strong>corava.<br />

Dimensões do compartimento<br />

a) (?); b) A: 3,37 x 0,57 m; B: 4,42 x 2,54 m;<br />

C: 4,16 x 0,50 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

a) (?); b) A: 3,37 x 0,57 m; B: 4,42 x 2,54 m;<br />

C: (?).<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

a) e b) In situ.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

63<br />

Estampa CXLIV<br />

A mancha gráfica da planta <strong>de</strong> J. L. Matos<br />

(1971, planta: quad. K/12, a’, b), indica-nos<br />

com rigor a área <strong>de</strong>scoberta e conservada<br />

nessa época. Uma parte consi<strong>de</strong>rável do<br />

campo estava conservada.<br />

Parte conservada<br />

Segundo E. Arsénio, apenas se conserva a<br />

bordadura do mosaico mais antigo a) a cerca<br />

<strong>de</strong> 8 cm, sob o mosaico mais recente b),<br />

encontrando-se totalmente <strong>de</strong>struído o seu<br />

tapete principal.<br />

Registam-se duas lacunas nas extremida<strong>de</strong>s<br />

norte e sul da soleira este do mosaico b). A<br />

área original conservada <strong>de</strong>ssa soleira é muito<br />

reduzida e limita-se a uma faixa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10<br />

cm muito irregular. A maior parte do mosaico<br />

que hoje em dia se vê resulta dos restauros<br />

efectuados por E. Arsénio.<br />

Do tapete, conserva-se cerca <strong>de</strong> 70 % da área<br />

original, sendo a restante também obra <strong>de</strong><br />

restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

a) (?); b) É visível a camada <strong>de</strong> argamassa <strong>de</strong><br />

assentamento com 10 cm <strong>de</strong> espessura na<br />

202


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

soleira este e 8,5 cm no tapete principal. Na<br />

soleira oeste, o nucleus ainda é visível na<br />

bordadura (lado sul) com uma espessura <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 8,5 a 10 cm. Esta camada <strong>de</strong><br />

preparação assenta directamente no<br />

pavimento anterior, que ainda po<strong>de</strong>mos ver<br />

no corte tesselas brancas um filete preto<br />

duplo (numa área <strong>de</strong> 29 x 9 cm).<br />

Materiais<br />

a) (?); b) calcário: preto e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

a) 76 /dm 2 , tesselas com 1 a 1,5 cm <strong>de</strong><br />

lado; b) A: 60 /dm 2 , tesselas com 1cm <strong>de</strong><br />

lado; B: 94 /dm 2 , tesselas pretas entre 0,8 a<br />

1,2 cm e brancas entre 1 e 1,5 cm.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

a) (?); b) Os restauros efectuados no painel<br />

principal B por E. Arsénio não contrariaram<br />

a estratégia seguida pelos mosaístas<br />

<strong>romanos</strong>, mantendo o mosaico muito fiel ao<br />

original. Sem ser um trabalho <strong>de</strong> fina<br />

execução, quer a soleira, quer o tapete,<br />

foram centrados com correcção e realizados<br />

com bastante rigor. Não houve necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> truncar motivos, nem <strong>de</strong> alterar<br />

excessivamente o módulo das estrelas que<br />

compõem o esquema. Simples no<br />

tratamento cromático e na estrutura, a<br />

composição proporciona um pavimento<br />

elegante, ao gosto clássico. A sua bordadura<br />

apresenta um pequeno ajuste nos lados<br />

maiores. Com efeito, a oeste, o mosaísta<br />

realizou vinte e uma escamas e, a este, apenas<br />

vinte. Uma compensação mínima, praticamente<br />

imperceptível. Nos lados menores, a execução<br />

é justa (onze escamas). Realce ainda para o<br />

pormenor do arranjo dos ângulos e a<br />

alternância ritmada do pequeno motivo no<br />

centro dos quadrados brancos que confirmam a<br />

sensibilida<strong>de</strong> estética dos artistas para<br />

soluções discretas e sóbrias.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem, pois terão sido removidos<br />

aquando dos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

a) (?); b) o restauro mo<strong>de</strong>rno cobre cerca <strong>de</strong> 60<br />

% da superfície total da soleira este. Ainda<br />

assim, a parte conservada permitiu a<br />

reconstituição da composição, salvo na<br />

extremida<strong>de</strong> norte, on<strong>de</strong> se vê a repetição do<br />

motivo do quadrado quando, na verda<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>veria alternar com a suástica. A utilização <strong>de</strong><br />

tesselas antigas e mo<strong>de</strong>rnas na execução dos<br />

restauros dificulta por vezes a distinção entre<br />

zonas antigas e mo<strong>de</strong>rnas. No tapete principal<br />

os restauros localizam-se na faixa <strong>de</strong> remate à<br />

pare<strong>de</strong> e na moldura.<br />

203


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 <strong>de</strong> uma estrela e parte da bordadura (MSP<br />

1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Matos, 1971, p. 212; Matos, 1984, p. 138; Matos, 1997, p. 388, fig. 4; Lancha / Carrez, 2003, p. 123-<br />

124, fig. 4; Teichner, 2008, A3, p. 292, fig. 157, est. 61A e B.<br />

Descrição<br />

a) Pavimento mais antigo<br />

Tesselas brancas com um filete duplo preto visível numa área <strong>de</strong> 29 x 9 cm, à esquerda da<br />

entrada, <strong>de</strong>limitando o tapete ou formando bordadura.<br />

b) Pavimento mais recente<br />

Painel A<br />

Faixa branca (13 cm) seguida <strong>de</strong> meandro <strong>de</strong> suásticas <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta simples que alternam com<br />

quadrados <strong>de</strong>senhados através <strong>de</strong> filete duplo preto, em fundo branco (cf. Le Décor I, 38c). Os<br />

quadrados são <strong>de</strong>corados com cruzetas, salvo o extremo direito que, mercê <strong>de</strong> restauros mo<strong>de</strong>rnos,<br />

levou um rectângulo preto.<br />

Painel B<br />

Faixa branca (5 cm a norte; 15 cm a sul e 21 cm a oeste) seguida <strong>de</strong> bordadura <strong>de</strong><br />

escamas oblongas pretas em fundo branco (cf. Le Décor I, 49a) entre dois filetes triplos pretos.<br />

Faixa branca. Filete duplo preto.<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> quatro pontas tangentes, <strong>de</strong>terminando losangos<br />

erguidos e <strong>de</strong>itados (cf. Le Décor I, 184b). O esquema <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>ve-se em duas linhas <strong>de</strong> quatro<br />

estrelas. Dentro das estrelas inscrevem-se gran<strong>de</strong>s quadrados direitos brancos (39 cm <strong>de</strong> lado),<br />

alternadamente <strong>de</strong>corados com uma florinha geométrica ou um pequeno quadrado <strong>de</strong>nteado pretos.<br />

Os espaços residuais consistem em losangos com cerca <strong>de</strong> 42 cm <strong>de</strong> comprimento máximo, sem<br />

<strong>de</strong>coração. Nos ângulos, as escamas são elegantemente tratadas em fuso bicolor (ponta preta e<br />

corpo branco).<br />

204


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Datação<br />

O pavimento mais antigo (a) po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r ao período das primeiras gran<strong>de</strong>s<br />

remo<strong>de</strong>lações da villa, no séc. III (Teichner, 2008, p. 293, fig. 153, fase IIIa). Não existem elementos<br />

suficientes para uma datação mais incisiva. Quanto ao mosaico b), se consi<strong>de</strong>rarmos como factor<br />

<strong>de</strong> pon<strong>de</strong>ração cronológica o estudo estilístico, não po<strong>de</strong> datar-se <strong>de</strong> época anterior ao séc. III. Uma<br />

proposta <strong>de</strong> datação na primeira meta<strong>de</strong> do séc. IV parece-nos coerente não só ao nível estilístico,<br />

como também ao nível arquitectónico (Lancha / Carrez, 2003, p. 123).<br />

205


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Duas soleiras e um gran<strong>de</strong> tapete<br />

geométrico:<br />

Painel A, soleira este: <strong>de</strong>struído.<br />

Painel B, tapete principal: painel quadrado<br />

central interrompendo uma quadrícula <strong>de</strong><br />

bandas com círculos tangentes circunscritos<br />

às casas e pequenos círculos na<br />

intersecção.<br />

Painel C, soleiras oeste: dois painéis com<br />

composição <strong>de</strong> linhas quebradas <strong>de</strong> filete<br />

simples, em arco-íris.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento C1: vestíbulo da<br />

entrada este da residência e soleira <strong>de</strong><br />

acesso ao peristilo (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A: 4,42 x 0,50 m; B: 6,07 x 5,84 m; C: 4,47 x<br />

0,91 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

A: 4,42 m x 0,50 m; B: 5,84 x 5,84 m (dim.<br />

Totais) e 1,89 x 1,89 m (quadro central); C:<br />

4, 57 m x 0,91 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

64<br />

Estampa CXLV<br />

In situ, com intensos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mancha gráfica da planta <strong>de</strong> J. L. Matos<br />

(1971, planta: quad. K/12, b’; J/12, a’; K/13, b’ e<br />

J/13, a’) ilustra bem o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição do<br />

pavimento no momento em que foi <strong>de</strong>scoberto.<br />

Apenas no canto sudoeste, uma área <strong>de</strong> cerca<br />

<strong>de</strong> 4 x 4 m junto às pare<strong>de</strong>s, e sete fragmentos<br />

dispersos pelo resto do compartimento foram<br />

representados. O mosaico foi parcialmente<br />

<strong>de</strong>struído em época árabe por uma<br />

canalização.<br />

Parte conservada<br />

Conserva-se em 15 % da área total do tapete<br />

principal B. Provavelmente permanece assente<br />

sobre argamassa antiga. Das soleiras C<br />

conservam-se cerca <strong>de</strong> 20 % do painel norte e<br />

cerca <strong>de</strong> 50 % do painel sul.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A camada <strong>de</strong> assentamento encontra-se<br />

coberta pelo cimento <strong>de</strong> consolidação aplicado<br />

nas orlas do pavimento.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco, rosa, cinzento-escuro, ocre<br />

amarelo e ainda ocre vermelho na soleira.<br />

206


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

A: (?); B: 71 /dm 2, tesselas com 1 a 1,2 cm<br />

<strong>de</strong> lado; C: 79 /dm 2, tesselas com 0, 6 a 0,8<br />

cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A reduzida área original que se conserva<br />

dificulta a análise da estratégia. Porém, se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos que os restauros <strong>de</strong> E.<br />

Arsénio foram bastante correctos<br />

relativamente ao original, po<strong>de</strong> afirmar-se<br />

que o mosaico foi bem planeado em função<br />

do espaço disponível, por sinal, um<br />

compartimento quadrado, que certamente<br />

facilitou o trabalho do artesão que proce<strong>de</strong>u<br />

ao traçado base do pavimento.<br />

Restauros antigos<br />

No tapete principal são visíveis, a norte,<br />

dois restauros antigos em opus signinum<br />

Ilustração utilizada 19<br />

grosseiro: um a oeste (1,52 x 0,96 m) e outro a<br />

este (1,59 x 0, 80 m). A soleira C, a norte,<br />

apresenta um restauro antigo com linhas<br />

perpendiculares em relação à faixa <strong>de</strong> ligação<br />

aos muros (14 x 4 cm). A sul, subsistem<br />

vestígios <strong>de</strong> um restauro antigo também em<br />

opus signinum (4 x 3 cm) do qual se observam<br />

duas camadas distintas, relativamente<br />

grosseiras. A camada mais recente veio<br />

colmatar uma lacuna <strong>de</strong> 14 x 13 cm.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

São muito abundantes e abrangem a quase<br />

totalida<strong>de</strong> do pavimento. Numerosas tesselas<br />

antigas colocadas por E. Arsénio completam o<br />

esquema, tornando difícil a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>sses<br />

restauros. A soleira oeste foi apenas<br />

consolidada.<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979 (ângulo sudoeste do tapete e soleira). Fotos MSP 1994<br />

Bibliografia<br />

Matos, 1997, p. 388 e 391, fig. 4; Teichner, 2008, A12, p. 297-299, fig. 159, est. 61A e C.<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

19 Os restauros mo<strong>de</strong>rnos esten<strong>de</strong>m-se por todo o mosaico, sendo muitas vezes difícil distinguir o tapete original das<br />

intervenções e, por esta razão, enten<strong>de</strong>u-se como prescindível a realização do levantamento gráfico, tendo em<br />

consi<strong>de</strong>ração os objectivos que norteiam a metodologia (cf. cap. I, 2.3.2.).<br />

207


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Soleira totalmente <strong>de</strong>struída.<br />

Painel B<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> conservada a sul (17 cm) e a oeste (8 cm).<br />

Linha <strong>de</strong> quadrados adjacentes (57 cm <strong>de</strong> largura) formados por quatro rectângulos<br />

<strong>de</strong>senhados a filete cinzento duplo em torno <strong>de</strong> um quadrado (57 cm <strong>de</strong> lado) (cf. Le Décor I, 95a).<br />

Cada rectângulo inclui um segundo [rosa ou ocre vermelho], com contorno cinzento-escuro <strong>de</strong> um<br />

filete simples. O quadrado central, também <strong>de</strong>senhado a filete cinzento simples, inclui um segundo<br />

cinzento claro. Segue-se uma faixa branca (6 cm).<br />

Bordadura em trança (40 cm) <strong>de</strong> quatro cabos policromática [branco, cinzento claro,<br />

cinzento escuro, ocre amarelo, ocre vermelho e rosa] sobre fundo cinzento (cf. Le Décor I, 73e).<br />

Segue-se uma faixa branca (4 cm).<br />

O tapete, que possuía provavelmente um quadro central, é <strong>de</strong>limitado exteriormente por um<br />

filete preto duplo e consiste numa quadrícula <strong>de</strong> bandas, em fundo rosa escuro, com círculos<br />

tangentes circunscritos às casas (6 x 5 fiadas E/O e N/S) e pequenos círculos na intersecção (cf. Le<br />

Décor I, 147b). Os círculos são <strong>de</strong>lineados por um filete cinzento simples com um quadrado<br />

<strong>de</strong>senhado por um filete preto duplo, num fundo branco. Em cada um dos lados externos <strong>de</strong>sse<br />

quadrado foi adossada meia florinha rosa e cinzento. Os motivos que preenchem os quadrados<br />

foram restaurados, restando apenas três originais, situados no ângulo sudoeste do compartimento.<br />

Os gran<strong>de</strong>s círculos apresentam motivos variados (a partir do ângulo sudoeste):<br />

– Quadrado com encanastrado - motivo reconstituído em época mo<strong>de</strong>rna;<br />

– Coxim <strong>de</strong>senhado através <strong>de</strong> um filete cinzento simples incluindo um segundo triplo, rosa;<br />

o interior é realizado como um quadrado côncavo cinzento com quadrado direito rosa<br />

incluído em redor <strong>de</strong> uma tessela central branca. Nos espaços residuais das medianas foi<br />

inserido um semicírculo concêntrico policromático [rosa, branco, cinzento e ocre amarelo].<br />

– Quadrado com encanastrado executado [rosa, ocre amarelo, branco e cinzento]; aqui, a<br />

meia florinhas apenas se encontram em duas medianas externas do quadrado;<br />

– Florão compósito <strong>de</strong> oito elementos não contíguos, quatro em he<strong>de</strong>ra bicolor apontando<br />

ao centro e quatro em pétalas fuseladas, aqui o centro cobrindo as folhas (cf. Le Décor II,<br />

variante <strong>de</strong> 267a) e 273 b). As he<strong>de</strong>rae são tratadas a cinzento-escuro e rosa ou cinzento-<br />

escuro e ocre amarelo. As combinações <strong>de</strong> cor <strong>de</strong>viam alternar no motivo original. As quatro<br />

pétalas fuseladas [alternadamente cinzento escuro e rosa ou cinzento escuro e ocre<br />

amarelo], possuem um botão central timbrado com uma florinha rosa em redor <strong>de</strong> uma<br />

208


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

tessela cinzenta. Um filete bicolor [rosa e cinzento escuro], com folhas cinzentas no eixo<br />

das he<strong>de</strong>rae, serpenteia em <strong>vol</strong>ta do florão;<br />

– Quadrado com encanastrado (motivo reconstituído em época mo<strong>de</strong>rna);<br />

– Quadrado com coxim (motivo reconstituído em época mo<strong>de</strong>rna);<br />

– Quadrado com encanastrado (motivo reconstituído em época mo<strong>de</strong>rna);<br />

– Florão (motivo reconstituído em época mo<strong>de</strong>rna).<br />

Os restantes motivos encontram-se praticamente <strong>de</strong>struídos.<br />

Os pequenos círculos situados na intersecção dos gran<strong>de</strong>s são timbrados com quadrado ou<br />

círculo <strong>de</strong>nteado [rosa e cinzento-escuro ou ocre amarelo e cinzento-escuro]. No ângulo sudoeste,<br />

um arco <strong>de</strong> círculo levou um quadrado <strong>de</strong>nteado cinzento e branco no qual se encaixa um segundo,<br />

ocre amarelo. No ângulo noroeste do quadrado cinzento, encontra-se um quarto <strong>de</strong> florinha cinzenta<br />

e rosa.<br />

Na linha <strong>de</strong> remate, <strong>de</strong> um lado e do outro dos gran<strong>de</strong>s círculos, há arcos <strong>de</strong> círculo com<br />

meia florinha rosa e cinzento-escuro.<br />

O painel central (1,70 m <strong>de</strong> lado) encontra-se totalmente <strong>de</strong>struído, mas ainda se vê a<br />

moldura em filete cinzento duplo e parte <strong>de</strong> uma trança <strong>de</strong> dois cabos policromáticos [amarelo, rosa<br />

e cinzento] sobre fundo cinzento. Os dois fragmentos grosseiramente restaurados em época<br />

mo<strong>de</strong>rna que se encontram no centro não estão in situ.<br />

Painel C<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> cinzenta, <strong>de</strong>ixando em negativo as pedras <strong>de</strong> ângulo, hoje<br />

perdidas, (39 cm a sul, com largura mínima <strong>de</strong> 20 cm), <strong>de</strong>stacando dois painéis: a sul (1,53 m x 39<br />

cm) e a norte (1,42 m x 39 cm), simétricos <strong>de</strong> um lado e do outro <strong>de</strong> um quadrado central (55 x 52<br />

cm), composto por faixa branca (6 cm), filete duplo cinzento, filete triplo branco e filete cinzento<br />

simples. Um esquema <strong>de</strong> linhas quebradas, em filete simples, produzindo um efeito <strong>de</strong> arco-íris<br />

[cinzento, rosa, amarelo e branco] (cf. Le Décor II, 199b) preenche os dois painéis (27 cm <strong>de</strong><br />

largura).<br />

Datação<br />

209


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

O grupo <strong>de</strong> paralelos para a bordadura do tapete não ultrapassa o séc. III, embora a<br />

composição principal se documente na Hispânia até ao séc. IV e os elementos que a preenchem se<br />

conhecerem nos séc. III e IV. O mosaico <strong>de</strong>ve, por isso, datar-se <strong>de</strong> meados do séc. III.<br />

65<br />

Estampas CXLVI e CXLVII, 1<br />

210


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Três paineís geométricos:<br />

Painel A, ala este: quadrícula <strong>de</strong> faixas com<br />

quadrados <strong>de</strong> intersecção.<br />

Painel B, ala sul: composição <strong>de</strong> ganizes<br />

policromáticas.<br />

Painel C, ala oeste: <strong>de</strong>struída.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento D: peristilo (planta<br />

27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

A: 5,46 x 2,96; B: 11,95 x 2,66 m; C: 11,80 x<br />

2,30 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

A: 5,46 x 2,96 m; B: 11,95 x 2,66 m; C:<br />

<strong>de</strong>struído.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Recolocado no lugar <strong>de</strong> origem, remontado<br />

em diversas placas <strong>de</strong> betão.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

A planta <strong>de</strong> L. Matos (1971) assinala um<br />

longo fragmento <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 1 m <strong>de</strong><br />

largura ao longo do muro exterior da ala sul<br />

B e dois fragmentos na ala este A.<br />

Parte conservada<br />

Conservam-se 5 % da ala sul e um pouco<br />

menos <strong>de</strong> 20 % da ala este.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A: Onze painéis colocados sobre placas <strong>de</strong><br />

betão armada com 1,10 x 1,08 m, das quais<br />

<strong>de</strong>z se encontram reposicionados no local<br />

original; B: Uma longa placa <strong>de</strong> 11,95 m e uma<br />

placa <strong>de</strong> 1,10 x 1,06 m; C: (?).<br />

Materiais<br />

Calcário: branco para o fundo; preto, cinzento,<br />

rosa e vermelho para o tratamento dos diversos<br />

motivos da ala este; rosa e cinzento para as<br />

ganizes da ala sul.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

A: 74 /dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 1 a 1,2 cm <strong>de</strong> lado;<br />

B: 68 /dm 2 ; C: (?).<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

No estado actual em que conhecemos o<br />

mosaico, é muito ousado assinalar as linhas<br />

estratégicas do mosaísta romano. Porém,<br />

acreditando na fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> das remontagens<br />

feitas por E. Arsénio po<strong>de</strong>mos, pelo menos,<br />

estabelecer o módulo da quadrícula que teria<br />

cerca <strong>de</strong> 82 cm. As certezas quanto à<br />

existência <strong>de</strong> três módulos na largura não são<br />

seguras. Aliás, à primeira vista até nos pareceu<br />

211


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

uma remontagem pouco correcta pois ela<br />

<strong>de</strong>ixou uma larga faixa (1,67 m) junto ao<br />

tanque, no lado este, sem pavimento. Tê-lo-<br />

ia ou não na época romana? A faixa em<br />

questão comportaria muito bem mais dois<br />

módulos. A união feita nos quadrados sobre<br />

o vértice parece no entanto correcta. No<br />

comprimento total da ala, é possível aceitar<br />

a existência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 módulos,<br />

perfazendo 8,21 m a área da composição<br />

(<strong>de</strong>scontando do comprimento total as<br />

bordaduras e a composição <strong>de</strong> ganizes). A<br />

execução é visivelmente mais cuidada no<br />

campo do que na bordadura, como é<br />

habitual. Parece ainda original a estratégia<br />

na realização da bordadura: cinco fiadas<br />

paralelas à pare<strong>de</strong> seguidas do meandro<br />

cujo fundo é <strong>de</strong> execução <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada<br />

on<strong>de</strong> as tesselas são irregularmente<br />

dispostas em fiadas ora verticais, ora<br />

horizontais. O mesmo já não aconteceu no<br />

campo on<strong>de</strong>, apesar da reduzida paleta, se<br />

evi<strong>de</strong>ncia algum cuidado na feitura do opus<br />

Ilustração utilizada<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, A30, p. 302-303, fig. 160-161, est. 62A.<br />

Descrição<br />

tessellatum, sem no entanto se tratar <strong>de</strong> um<br />

trabalho notável.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem. Terão sido removidos aquando<br />

dos restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Na ala sul, 95 % do pavimento foi restaurado<br />

por E. Arsénio <strong>de</strong> forma idêntica ao original,<br />

usando tesselas antigas e mo<strong>de</strong>rnas. Estas<br />

i<strong>de</strong>ntificam-se facilmente pela sua dimensão,<br />

com cerca <strong>de</strong> 1,5 a 2 cm <strong>de</strong> lado. O pavimento<br />

em placas <strong>de</strong> betão armado (1,10x1,08 m) foi<br />

remontado sobre cimento mo<strong>de</strong>rno.<br />

Na ala este não há reconstituições importantes,<br />

apenas alguns retoques pontuais que não<br />

alteram o esquema original. Foi também<br />

remontado em placas <strong>de</strong> betão. A localização<br />

dos painéis parece mais ou menos correcta<br />

com alguns <strong>de</strong>sacertos na zona <strong>de</strong> acesso ao<br />

compartimento C1.<br />

212


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca (20 cm), seguida <strong>de</strong> faixa branca com meandro <strong>de</strong><br />

ressaltos quadrados (cf. Le Décor I, 30d) <strong>de</strong>senhada por filete duplo rosa, com uma florinha bicolor<br />

[cinzento e rosa] em torno <strong>de</strong> uma tessela branca em cada ressalto e filete duplo preto (57 cm <strong>de</strong><br />

largura na ala este e 50 cm na ala sul).<br />

Painel A<br />

Quadrícula <strong>de</strong> faixas <strong>de</strong>senhadas a filete simples, com quadrado <strong>de</strong> intersecção com<br />

<strong>de</strong>coração geométrica (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 143a, 144 e 145), <strong>de</strong>terminando três fiadas <strong>de</strong><br />

quadrados gran<strong>de</strong>s (na largura). Os quadrados maiores, com bordadura rosa e preta <strong>de</strong> quatro<br />

filetes, são alternadamente preenchidos com nós <strong>de</strong> Salomão inscritos num quadrado preto,<br />

quadrados sobre o vértice com quadradinho <strong>de</strong>nteado policromático no centro e quadrados com os<br />

lados côncavos, igualmente sobre o vértice. Os rectângulos adjacentes inscrevem alternadamente<br />

outros rectângulos <strong>de</strong> lados direitos com borlas pretas nos vértices ou losangos. Na zona <strong>de</strong> remate<br />

da composição, a este, os rectângulos e os quadrados são <strong>de</strong>corados com quadrados <strong>de</strong>nteados<br />

sobre o vértice, com uma cruz branca no centro.<br />

Os quadrados e os losangos são emoldurados através <strong>de</strong> quatro filetes [preto, rosa,<br />

vermelho e preto]. Os quadrados menores são preenchidos com quadradinho <strong>de</strong>nteado [cinzento e<br />

rosa] em fundo branco, sobre o vértice. Os quadrados maiores são <strong>de</strong>corados com três motivos (um<br />

por fiada): na primeira fiada, a este, com quadrados <strong>de</strong> lados direitos sobre o vértice, <strong>de</strong>senhados<br />

através <strong>de</strong> dois filetes rosa, com um quadrado <strong>de</strong>nteado da mesma cor, contorno cinzento e tessela<br />

branca no centro; na fiada central, com nós <strong>de</strong> Salomão policromáticos [preto, branco, vermelho e<br />

rosa] inserido num quadrado direito preto; na terceira fiada, a oeste, com quadrados côncavos sobre<br />

o vértice realizados com a mesma cor da respectiva moldura. Na linha <strong>de</strong> remate da composição, a<br />

oeste, os rectângulos incluem outros, como no resto do campo.<br />

A segunda bordadura situa-se sensivelmente a meio da composição e é, em tudo, idêntica<br />

àquela que se situa a este.<br />

Painel B<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> ganizes adjacentes (cf. Le Décor I, 221c), <strong>de</strong>lineadas a filete<br />

cinzento duplo, seguido <strong>de</strong> filete rosa duplo. Numa faixa ao longo <strong>de</strong> todo o lado sul, o motivo<br />

alterna com uma fiada <strong>de</strong> escamas (cf. Le Décor I, 221g). Cada ganiz me<strong>de</strong> 14 cm <strong>de</strong> largura na<br />

área mais estreita e 33 cm <strong>de</strong> comprimento máximo.<br />

Painel C<br />

213


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Datação<br />

Destruído.<br />

Esta quadrícula <strong>de</strong> faixas afasta-se do seu mo<strong>de</strong>lo itálico do séc. II, aproximando-se antes<br />

dos exemplos tardios, nomeadamente os pavimentos <strong>de</strong> Thuburbo Maius. Estes, conjugados com<br />

os também tardios paralelos da composição <strong>de</strong> ganizes, justificam uma datação no séc. IV, talvez<br />

nos seus inícios tendo em conta a datação mais tardia <strong>de</strong> Oeiras e Djebel Oust, ou mesmo <strong>de</strong><br />

Quinta das Longas. Do ponto <strong>de</strong> vista arquitectónico, o peristilo remonta aos meados do séc. II<br />

(Teichner, 2008, fig. 153, fase II), encontrando-se em uso até aos finais da Antiguida<strong>de</strong>, pelo que<br />

uma datação nos inícios do séc. IV coaduna-se com a última fase <strong>de</strong> ocupação romana da casa.<br />

66<br />

214


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento K1: sala hexagonal<br />

<strong>de</strong> um torreão (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

-<br />

Dimensões do mosaico<br />

-<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Destruído.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Ilustração utilizada<br />

-<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, A63, p. 316-317est. 66B.<br />

Descrição<br />

Datação<br />

Destruído.<br />

(?)<br />

Parte conservada<br />

-<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

(?)<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

(?)<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

-<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

-<br />

O torreão teria sido edificado por <strong>vol</strong>ta do séc. III (Teichner, 2009, fig. 153B, fase III).<br />

67<br />

Estampa CXLVII, 2<br />

215


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> bordadura em ramagem.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento F1/k: gran<strong>de</strong><br />

espaço aberto situado no sector oeste da<br />

casa, dando acesso ao compartimento F2<br />

(planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

-<br />

Dimensões do mosaico<br />

-<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

-<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, A22, p. 300-302.<br />

Descrição<br />

Parte conservada<br />

Conserva-se um pequeno fragmento <strong>de</strong> 50 x 33<br />

cm, adossado à pare<strong>de</strong> sul do compartimento.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

O assentamento original conserva-se com<br />

cerca <strong>de</strong> 3 cm <strong>de</strong> nucleus.<br />

Materiais<br />

Calcário branco e preto.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

92/dm 2 , com tesselas <strong>de</strong> 0,8 a 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

-<br />

Restauros antigos<br />

Não existem.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Consolidações pontuais.<br />

216


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Trata-se <strong>de</strong> um fragmento <strong>de</strong> uma bordadura <strong>de</strong> ramagem <strong>de</strong>senhada por um filete preto<br />

simples, com o início <strong>de</strong> duas gavinhas à esquerda e à direita (3 tesselas pretas), assim como um<br />

segundo filete no centro <strong>de</strong> uma <strong>vol</strong>uta <strong>de</strong> círculo central constituído por uma tessela preta <strong>de</strong> 1,5<br />

cm <strong>de</strong> lado. As tesselas brancas do fundo da zona da <strong>vol</strong>uta são dispostas <strong>de</strong> forma concêntrica.<br />

Datação<br />

A exígua dimensão do fragmento conservado e o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição em que se encontra<br />

o sector constituem constrangimentos ao estabelecimento <strong>de</strong> uma datação. Segundo F. Teichner, a<br />

estrutura associada ao mosaico estaria <strong>de</strong>finida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a fase II, ou seja, meados do séc. II,<br />

mantendo-se após a reestruturação da villa no séc. III, na fase III (Teichner, 2008, fig. 153). É<br />

possível que o mosaico corresponda a qualquer uma <strong>de</strong>stas fases.<br />

217


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1963.<br />

Tema<br />

Composição <strong>de</strong> cruzes <strong>de</strong> pétalas fuseladas<br />

formando uma quadrícula.<br />

Compartimento<br />

Sector I, compartimento F2: frigidarium das<br />

pequenas termas privadas, com cerca <strong>de</strong><br />

2/3 da sua área ocupados por um tanque<br />

com absi<strong>de</strong> revestido com opus sectile<br />

(planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

6,91 x 4,74 m (lado este) e 4,96 m (lado<br />

oeste).<br />

Dimensões do mosaico<br />

4,60 x 2,17 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Foi o primeiro mosaico a ser <strong>de</strong>scoberto no<br />

local no dia 11 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1963<br />

(Farrajota / Paço, 1966, p. 69, fig. 9-10). A<br />

foto geral publicada pelos <strong>de</strong>scobridores foi<br />

obtida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lado sul do compartimento<br />

68<br />

Estampas CXLVIII e CXLIX<br />

no momento da <strong>de</strong>scoberta e ilustra a mesma<br />

área que se conserva hoje em dia, sendo<br />

facilmente i<strong>de</strong>ntificadas as diversas lacunas e<br />

os limites da <strong>de</strong>struição. O sulco que ainda se<br />

observa na área conservada no sentido este-<br />

oeste foi provocado pelo tractor segundo os<br />

autores (1966, p. 73). Assim, conservava-se<br />

uma área <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40% com lacunas<br />

pontuais no fundo branco. A área oeste<br />

encontra-se já totalmente <strong>de</strong>struída.<br />

Parte conservada<br />

2,17 m <strong>de</strong> comprimento máximo conservado<br />

(norte/sul) que correspon<strong>de</strong> a cerca <strong>de</strong> 1/3 da<br />

superfície (concentrando-se na parte este) no<br />

mosaico A. Registam-se vestígios <strong>de</strong> incêndio<br />

no sétimo módulo (<strong>de</strong> norte a sul) e na área<br />

central, junto ao lado este, com cerca <strong>de</strong> 30 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

A camada <strong>de</strong> assentamento do mosaico<br />

conservou-se parcialmente, sendo possível<br />

observar o negativo das tesselas nalguns<br />

locais.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco e preto.<br />

218


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

69/dm 2, com tesselas <strong>de</strong> 8 mm a 1,8 cm <strong>de</strong><br />

lado. Na moldura branca as tesselas<br />

me<strong>de</strong>m cerca <strong>de</strong> 0,7 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Na execução do pavimento, os mosaístas<br />

avançaram <strong>de</strong> norte para sul, como o indica<br />

a redução progressiva dos dois últimos<br />

módulos para se adaptarem ao espaço<br />

Ilustração utilizada<br />

disponível. O módulo a norte me<strong>de</strong> 0,34 cm,<br />

enquanto a sul se reduz para 0,23 cm.<br />

Restauros antigos<br />

Muito circunscritos às lacunas no fundo branco,<br />

preenchidas com opus signinum grosseiro.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Remate e consolidação do contorno.<br />

Desenho E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 (MSP 1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Farrajota / Paço, 1966, p. 73, fig. 9-10; Lancha / Carrez, 2003, p. 129, fig. 10; Reis, 2004, nº 067, p.<br />

120-121; Oliveira / Viegas, 2005, p. 58-60, fig.3; Teichner, 2008, A50, p. 310, fig. 164, est. 65A.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> ligação aos muros preta, mais estreita no lado sul (6 cm) do que a este (10 cm).<br />

Segue-se um filete branco triplo (3 cm <strong>de</strong> largura) e um filete preto duplo.<br />

O tapete apresenta uma composição ortogonal, bastante elegante, <strong>de</strong> cruzes <strong>de</strong> pétalas<br />

fuseladas pretas sobre fundo branco, tendo ao centro uma tessela negra colocada sobre o vértice<br />

(seis módulos <strong>de</strong> comprimento). As quatro pétalas formam florinhas não contíguas que produzem<br />

um efeito <strong>de</strong> quadrícula (cf. Le Décor, variante <strong>de</strong> 125e). No prolongamento das pétalas, uma<br />

tessela colocada sobre o vértice, continua a linha, no ponto <strong>de</strong> junção entre duas pétalas.<br />

Datação<br />

A datação proposta para a edificação do frigidarium é para P. Reis os meados do séc. III<br />

(Reis, 2004, p. 120), proposta que não se diferencia daquela que recentemente F. Teichner propôs,<br />

a saber, séc. III (Teichner, 2008, p. 310, fase IIIa). Do ponto <strong>de</strong> vista estilístico, o mosaico enquadra-<br />

se nos mo<strong>de</strong>los em voga no mesmo século, sendo prova disso os paralelos apontados no estudo<br />

estilístico.<br />

219


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1971.<br />

Tema<br />

Mosaico <strong>de</strong>struído.<br />

Compartimento<br />

Sector I, espaço j: corredor <strong>de</strong> acesso ao<br />

triclinium, com absi<strong>de</strong> a sul parcialmente<br />

<strong>de</strong>struída na meta<strong>de</strong> este (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

5,54 x 1,15 m (absi<strong>de</strong> centrada parcialmente<br />

<strong>de</strong>struída).<br />

Dimensões do mosaico<br />

A presença <strong>de</strong> vestígios da camada <strong>de</strong><br />

assentamento <strong>de</strong>monstra que todo o solo da<br />

área da absi<strong>de</strong> era pavimentado com opus<br />

tessellatum, não sendo ainda improvável<br />

que o corredor também o fosse.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Camada <strong>de</strong> assentamento in situ.<br />

Ilustração utilizada<br />

Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, A36.5, p. 304-305.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Parte conservada<br />

69<br />

Conserva-se apenas a camada <strong>de</strong><br />

assentamento numa área <strong>de</strong> 75 x 4 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

(?)<br />

Materiais<br />

(?)<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

-<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

(?)<br />

Restauros antigos<br />

-<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

-<br />

220


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Datação<br />

-<br />

Pavimento <strong>de</strong>struído.<br />

221


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estampas CL, CLI, CLII e CLIII<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1964 e 1971.<br />

Tema<br />

Três soleiras com <strong>de</strong>coração geométrica.<br />

Tapete composto por quatro painéis (A, B,<br />

C1 e C2) dispostos em T (invertido) + U<br />

(sem base):<br />

Painel A: <strong>de</strong>struído;<br />

Painel B: composição <strong>de</strong> octógonos,<br />

Painel C1: composição <strong>de</strong> círculos<br />

secantes;<br />

Painel C2: composição <strong>de</strong> círculos e<br />

quadrados adjacentes;<br />

Painel D: Absi<strong>de</strong> em opus tessellatum (?)<br />

(<strong>de</strong>struído).<br />

Compartimento<br />

Sector I, c, compartimento G1: triclinium<br />

rematado com absi<strong>de</strong> (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Total: 7,80 x 7,70 m.<br />

Soleira: 5,65 x 0, 55 m (total); intercolúnios<br />

da ábsi<strong>de</strong>: 1,41/1,30/1,36 m (este-oeste);<br />

absi<strong>de</strong>: 5, 53 m (corda) e 2, 50 m (flecha).<br />

Dimensões do mosaico<br />

Total: 7,80 x 7,70 m.<br />

70<br />

Soleiras: 87 x 55 cm (este), 52 x 30 cm (oeste),<br />

<strong>de</strong>struída no centro.<br />

Tapete: A (barra e parte superior da haste):<br />

6,62 x 1,23 min. a 2,90 máx. m; B (haste do T):<br />

3,75 x 3,69 m; C1 (oeste): 5,03 x 1,43 m; C2<br />

(este): 5,20 x 1,43 m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ, com excepção <strong>de</strong> uma placa do painel B<br />

no Museu <strong>de</strong> sítio.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Terá sido o segundo mosaico a ser <strong>de</strong>scoberto<br />

por Afonso do Paço e José Farrajota, em 1964<br />

(1966, p. 73, fig. 11-12), no entanto, não é<br />

possível <strong>de</strong>finir com rigor a área conservada<br />

nessa ocasião uma vez que as duas fotografias<br />

publicadas registam apenas pormenores do<br />

painel C1, hoje ainda conservados in situ.<br />

Na planta das escavações realizadas na<br />

década <strong>de</strong> 70, L. Matos assinala fragmentos<br />

muito reduzidos, dispersos pelo compartimento<br />

(1971, planta): soleira este, fragmento da<br />

bordadura ao longo da pare<strong>de</strong> este, um<br />

fragmento com sentido norte-sul do painel C1<br />

(este), cinco pequenos fragmentos do painel<br />

C2 (oeste) e ainda o ângulo sudoeste da<br />

pare<strong>de</strong>.<br />

222


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Parte conservada<br />

Cerca <strong>de</strong> 10 % da área, três fragmentos das<br />

soleiras, os negativos das placas e os<br />

calços em mármore no espaço intercolunar,<br />

uma ínfima parte da camada <strong>de</strong><br />

assentamento da absi<strong>de</strong> e a própria absi<strong>de</strong>.<br />

A pequena dimensão das tesselas po<strong>de</strong> ter<br />

estado na origem da fácil <strong>de</strong>sagregação do<br />

opus tessellatum.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Ainda é visível a camada <strong>de</strong> assentamento<br />

com impressões <strong>de</strong> tesselas nalguns locais<br />

do suporte antigo. O nucleus é <strong>de</strong> 2 cm e o<br />

rudus <strong>de</strong> 3 cm. Na soleira, a camada <strong>de</strong><br />

assentamento conserva-se, mas a sua<br />

espessura não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada.<br />

Materiais<br />

Calcário: ocre amarelo, ocre vermelho, rosa<br />

claro, rosa, rosa escuro, cinzento, preto e<br />

branco.<br />

Ilustração utilizada<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

Tapete (bordaduras e campo): 245 /dm 2, com<br />

tesselas <strong>de</strong> 0,4 a 0,5 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Restantes áreas: 61 /dm 2, com tesselas <strong>de</strong> 1 a<br />

2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

No painel C2 a composição está bem adaptada<br />

ao espaço disponível, apresentando uma<br />

sequência <strong>de</strong> três círculos maiores alternando<br />

com dois menores. Pelo contrário, no painel C1<br />

verifica-se que a distância entre os círculos<br />

diminui <strong>de</strong> sul para norte, sendo estes últimos<br />

mais próximos, o que implica que os quadrados<br />

se transformem em losangos no remate da<br />

composição, a norte.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem nas áreas conservadas.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os restauros são pontuais. O mosaico foi<br />

consolidado in situ, conservando a camada <strong>de</strong><br />

assentamento antiga. Talvez a soleira, no lado<br />

este, esteja refeita.<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 (MSP 1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Farrajota / Paço, 1966, p. 73, fig. 11-12; Lancha / Carrez, 2003, p. 128-129, fig. 8 e 9; Teichner,<br />

2008, A37, p. 305-306, fig. 162, est. 63 e 64A.<br />

223


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Descrição<br />

Composição em T+U típica <strong>de</strong> um triclinium, com inusitada disposição do painel da barra do<br />

T, aqui situado à entrada do compartimento e não ao fundo criando um T+U invertido. Os<br />

pavimentos do compartimento organizam-se da seguinte forma:<br />

incluído;<br />

– Três soleiras das quais se conserva uma constituída por um rectângulo com losango<br />

– Tapete composto por quatro painéis distintos: A, barra horizontal do T e uma parte da<br />

base, <strong>de</strong>struído; B, haste do T com uma composição <strong>de</strong> octógonos; C1, painel oeste com uma<br />

composição <strong>de</strong> círculos secantes; C2, painel este com uma composição <strong>de</strong> círculos e quadrados<br />

adjacentes;<br />

– Absi<strong>de</strong>: opus tessellatum (?), <strong>de</strong>struído;<br />

Soleiras<br />

Das três soleiras existentes na época romana, conserva-se em boa parte a do lado este.<br />

Consiste num losango <strong>de</strong>itado (43 cm <strong>de</strong> lado) <strong>de</strong>senhado por um filete preto duplo inscrito num<br />

rectângulo <strong>de</strong>senhado por um filete preto. É o único losango que se conserva inteiro, com uma<br />

florinha a branco, rosa claro e preto. Nos espaços residuais foram colocados quatro círculos<br />

<strong>de</strong>senhados por filete preto. O fragmento oeste, muito <strong>de</strong>struído, apresenta o mesmo motivo. O<br />

terceiro fragmento, no centro, mostra parte <strong>de</strong> uma trança.<br />

Tapete<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> conservada nalguns pontos dos quatro lados do tapete (47 e 50<br />

cm) com onda <strong>de</strong> peltas <strong>de</strong>senhadas por filete preto duplo com interior rosa e meia florinha preto e<br />

rosa escuro no ápice (cf. Décor I, variante <strong>de</strong> 58 b). Nos ângulos sudoeste e nor<strong>de</strong>ste o esquema<br />

adapta-se à geometria do compartimento: a pelta dispôs-se na diagonal e o espaço do<br />

prolongamento é bastante reduzido em relação ao resto da composição. No ângulo su<strong>de</strong>ste, o<br />

espaço, restringido pelo acrescento do muro, foi preenchido com quatro quadrados <strong>de</strong>nteados [rosa<br />

escuro e preto] com uma tessela branca no centro. No mesmo fragmento, po<strong>de</strong>mos ver o arranque<br />

<strong>de</strong> uma pelta que faz parte da faixa sul, assim como cinco tesselas pretas no ângulo da bordadura<br />

do painel A do mosaico.<br />

O tapete encontra-se bastante <strong>de</strong>struído, salvo a moldura composta por uma trança<br />

policromática <strong>de</strong> dois cabos [preto, branco, ocre amarelo, rosa e ocre vermelho].<br />

224


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Painel A<br />

A barra do T está praticamente toda <strong>de</strong>struída, tendo apenas subsistido algumas tesselas in<br />

situ. Do filete preto da moldura, restam cerca <strong>de</strong> vinte tesselas no ângulo nor<strong>de</strong>ste, cinco tesselas<br />

no ângulo su<strong>de</strong>ste e no ângulo sudoeste cerca <strong>de</strong> 3 cm. Alguns indícios permitem ainda i<strong>de</strong>ntificar a<br />

<strong>de</strong>coração da moldura em trança: quatro tesselas pertencentes ao ângulo interior oeste, assim<br />

como seis tesselas no ângulo nor<strong>de</strong>ste da barra do T (numa pequena área <strong>de</strong> 5,5 x 2 cm)<br />

encontram-se in situ. Estas últimas foram <strong>de</strong> inestimável importância pois permitiram localizar com<br />

precisão o limite entre a barra e a haste do T. No ângulo noroeste, os negativos <strong>de</strong> tesselas na<br />

argamassa <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong>ram-nos a largura da bordadura – 15 cm.<br />

Junto à trança, conservam-se numa extensão máxima <strong>de</strong> 55 x 10,5 cm dois semicírculos<br />

com meia florinha rosa claro.<br />

Painel B<br />

Faixa branca (5 cm). Primeira moldura em guilhoché policromático <strong>de</strong> alma curva (21 cm)<br />

<strong>de</strong>struído a oeste, mas conservado no lado este, e realizado a preto, cinzento claro, rosa escuro,<br />

rosa claro, ocre vermelho e branco (cf. Le Décor I, 74c). Conserva-se numa extensão <strong>de</strong> 3,16 m a<br />

este.<br />

Apenas no flanco este, po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar uma segunda moldura (11 cm <strong>de</strong> largura e 1, 55<br />

m <strong>de</strong> comprimento conservados) sem filete no interior, constituída por um meandro <strong>de</strong> ressaltos<br />

ocre vermelho, <strong>de</strong>limitado por um filete preto (Décor I, variante <strong>de</strong> 30c). Esta área foi executada com<br />

tesselas <strong>de</strong> dimensões muito menores do que as dos painéis <strong>de</strong>scritos e conserva-se in situ numa<br />

extensão <strong>de</strong> 1,60 m. Segue-se filete preto duplo, faixa branca (5 cm), uma terceira moldura em<br />

trança policromática <strong>de</strong> dois cabos [ocre vermelho, rosa claro, cinzento e preto] em fundo preto (6<br />

cm), faixa branca (2 cm) e a quarta moldura em trança policromática <strong>de</strong> dois cabos (conservada em<br />

1, 35 m <strong>de</strong> comprimento) faz já parte da composição principal do painel com uma composição à<br />

base <strong>de</strong> octógonos, <strong>de</strong>senhada precisamente com trança <strong>de</strong> dois cabos. Desse painel conserva-se<br />

uma pequena parte in situ (85 x 19 cm) que não permite uma i<strong>de</strong>ntificação segura. Na linha <strong>de</strong><br />

remate <strong>de</strong>ssa composição po<strong>de</strong>mos ver um octógono truncado com elemento vegetalista (meio<br />

florão?) composto por um semicírculo [rosa e preto] <strong>de</strong>limitado por um filete preto incluindo um<br />

triângulo <strong>de</strong>nteado ocre vermelho, branco e preto, com duas folhas fusiformes laterais<br />

policromáticas. Ainda se vê a extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma folha, talvez uma he<strong>de</strong>ra, e duas folhas laterais.<br />

O painel <strong>de</strong>positado no museu do sítio (1,12 x 0,65 m) pertencia ao ângulo nor<strong>de</strong>ste<br />

(segundo informação <strong>de</strong> E. Arsérnio) e foi praticamente todo refeito. Reconhecem-se lhe as<br />

225


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

molduras atrás <strong>de</strong>scritas e no espaço triangular criado pela composição no ângulo um motivo<br />

vegetal. Este parece-nos uma tentativa tosca <strong>de</strong> E. Arsénio em realizar um florão do tipo <strong>de</strong>scrito<br />

para o campo. Se o círculo e as duas folhas são aceitáveis na sua estrutura, o mesmo não se po<strong>de</strong><br />

dizer nem para o tratamento cromático nem para a he<strong>de</strong>ra que realizou. A bobina <strong>de</strong>nteada que<br />

ocupa um paralelogramo supostamente criado pelo esquema também não nos parece original.<br />

Aliás, se o esquema é efectivamente à base <strong>de</strong> octógonos, o <strong>de</strong>senho que E. Arsénio assemelha-se<br />

muito mais a uma composição <strong>de</strong> estrelas <strong>de</strong> oito pontas. Trata-se certamente o espírito inventivo<br />

do restaurador que, neste caso, não seguiu o original.<br />

No lado norte do compartimento, po<strong>de</strong> ver-se um segundo fragmento <strong>de</strong> bordadura em<br />

trança em posição original.<br />

Da composição, pouco resta. Todavia, a presença <strong>de</strong> impressões <strong>de</strong> tesselas na<br />

argamassa <strong>de</strong> assentamento permitem restituir o esquema: tratava-se <strong>de</strong> uma composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> octógonos adjacentes, <strong>de</strong>terminando quadrados (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 164b),<br />

<strong>de</strong>senhado por trança <strong>de</strong> dois cabos [ocre vermelho, rosa claro, cinzento e preto].<br />

Painel C1<br />

Composição floral <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s e pequenos círculos secantes, não contíguos, <strong>de</strong>senhados a<br />

filete preto, <strong>de</strong>ixando entrever octógonos <strong>de</strong> lados côncavos no interior dos gran<strong>de</strong>s círculos e<br />

bobinas nos pequenos (cf. Le Décor I, 151e). Os octógonos são compostos por quatro sinos em<br />

cruz diagonal, com a base orientada para o centro do círculo, <strong>de</strong>senhando um octógono <strong>de</strong> lados<br />

côncavos em redor <strong>de</strong> um nó <strong>de</strong> Salomão [cinzento, branco e rosa claro]. No interior dos sinos<br />

existe uma <strong>de</strong>coração vegetal <strong>de</strong> duas folhas lanceoladas <strong>de</strong> um lado e do outro <strong>de</strong> um botão<br />

circular central, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partem, igualmente, dois caules simétricos com folhas lanceoladas rosa.<br />

Nas bobinas há dois sinos adossados, ligados através <strong>de</strong> um botão <strong>de</strong>senhado a filete<br />

preto. Duas folhas lanceoladas estão ligadas ao botão. Nos espaços formados pela intersecção dos<br />

dois círculos secantes encontram-se meias florinhas cinzento e rosa. Ao centro, existe um fuso<br />

disposto na vertical que inclui um rectângulo <strong>de</strong>nteado cinzento e rosa com o centro branco. Na<br />

linha <strong>de</strong> remate da composição formam-se meias escamas que incluem meias florinhas <strong>de</strong>nteadas<br />

rosa e preto.<br />

Painel C2<br />

Composição ortogonal <strong>de</strong> círculos e quadrados dispostos sobre o vértice adjacentes<br />

<strong>de</strong>terminando bobinas (cf. Le Décor I, 156a). Cada círculo possui quatro peltas adossadas em cruz<br />

226


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

diagonal, formando uma cruz <strong>de</strong> Santo André dois pares <strong>de</strong> peltas adjacentes e opostas<br />

simetricamente. As bobinas incluem um motivo vegetal formado por um botão central com duas<br />

folhas lanceoladas <strong>de</strong> um lado e do outro <strong>de</strong> um botão central, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partem igualmente dois<br />

caules simétricos com folhas lanceoladas rosa.<br />

A interrupção da composição corta os motivos ao meio. No semi círculos encontram-se<br />

meios botões circulares com flor-<strong>de</strong>-lis [cinzento e rosa] com meio botão preto com um triângulo<br />

<strong>de</strong>nteado [cinzento e rosa]. Nos triângulos encontramos peltas a preto e rosa ou triângulos sobre o<br />

vértice <strong>de</strong> cor rosa, <strong>de</strong>senhados por um filete duplo <strong>de</strong> tesselas pretas. De um lado e do outro das<br />

peltas é visível um triângulo <strong>de</strong>nteado preto e rosa. Nas peltas que se encontram no interior dos<br />

círculos junto ao ápice observam-se meias florinhas [preto e ocre vermelho].<br />

No extremo norte da composição, o espaço residual foi preenchido com uma florinha,<br />

sendo, a este, apenas uma meta<strong>de</strong>. No ângulo sudoeste é visível um quarto <strong>de</strong> círculo com meia<br />

florinha no interior.<br />

Painel D<br />

Apenas uma pequena parte da camada <strong>de</strong> assentamento se conserva junto da pare<strong>de</strong> da<br />

absi<strong>de</strong>. Talvez se tratasse <strong>de</strong> revestimento em opus tessellatum.<br />

Datação<br />

Os paralelos citados no estudo estilístico, mormente os norte africanos on<strong>de</strong> se filia<br />

directamente o pavimento, permitem consi<strong>de</strong>rar como válida uma cronologia situada por <strong>vol</strong>ta <strong>de</strong><br />

princípios do séc. IV.<br />

227


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, 1972.<br />

Tema<br />

Opus tessellatum monocromático.<br />

Compartimento<br />

Sector II, compartimento D3: pequeno<br />

tanque <strong>de</strong> água fria situado no lado este da<br />

natatio das gran<strong>de</strong>s termas, com escadas<br />

<strong>de</strong> acesso (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

2,67 x 2,16 m no solo; 1,28 x 0,55 m nos<br />

<strong>de</strong>graus; 1,25 m <strong>de</strong> altura.<br />

Dimensões do mosaico<br />

O mosaico ocupa toda a área do solo do<br />

tanque.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mesma que actualmente.<br />

Ilustração utilizada<br />

Foto MSP 1994.<br />

Parte conservada<br />

71<br />

Estampa CLIV<br />

Conserva-se cerca <strong>de</strong> 90 % do mosaico<br />

original.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

O pavimento foi colocado <strong>de</strong>pois dos<br />

revestimentos murais.<br />

Materiais<br />

Calcário branco.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

109/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 6 a 8 mm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O tapete foi construído através da colocação <strong>de</strong><br />

linhas paralelas ao muro.<br />

Restauros antigos<br />

Pontuais.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos realizados por E.<br />

Arsénio circunscrevem-se a pequenas áreas e<br />

consistiram em material branco puro que se<br />

distingue perfeitamente do material original. A<br />

maior é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 56 x 31 cm, contando-se<br />

ainda onze pequenos pontos dispersos.<br />

228


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, C5, p. 329, fig. 179, est. 70A.<br />

Descrição<br />

Opus tessellatum branco em toda a área do solo do tanque constituído por tesselas<br />

dispostas regularmente.<br />

Datação<br />

O estudo arquitectónico aponta para época tardo-imperial, fase III (Teichner, 2008, p. 325) e<br />

é consentâneo com o perfil técnico do mosaico.<br />

229


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, anos 90 (?).<br />

Tema<br />

Cena marinha bicolor.<br />

Compartimento<br />

Sector VI: pequeno tanque situado a oeste<br />

das Gran<strong>de</strong>s Termas (planta 27). Esta<br />

estrutura aquática pertenceu a uma fonte<br />

ou, segundo F. Teichner, a um triclinium<br />

aberto, <strong>de</strong> Verão, integrando o edifício<br />

termal (2005, p. 88) ou ninfeu (Teichner,<br />

2008, p. 343).<br />

Dimensões do compartimento<br />

Não é possível <strong>de</strong>terminar, por se encontrar<br />

em boa parte <strong>de</strong>struído e sob <strong>de</strong>nso<br />

canavial.<br />

Dimensões do mosaico<br />

90 cm <strong>de</strong> largura. Não é possível<br />

estabelecer o comprimento total do<br />

mosaico.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

72<br />

Estampas CLV e CLVI<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Descoberto em 1991, foi escavada a área<br />

actualmente visível.<br />

Parte conservada<br />

A parte norte está <strong>de</strong>struída conservando-se<br />

hoje cerca <strong>de</strong> 80% da superfície do mosaico<br />

(1,70 X 0,90 m).<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não é possível <strong>de</strong>terminar.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco para o fundo e preto para o<br />

tratamento das figuras.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

55/dm 2 , tesselas com 1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Os diversos exemplares <strong>de</strong> fauna marinha<br />

foram dispostos irregularmente em três planos<br />

distintos, com algum <strong>de</strong>sequilíbrio na sua<br />

distribuição e certa rigi<strong>de</strong>z nas formas. Apenas<br />

uma linha <strong>de</strong> preenchimento do fundo é<br />

constante em todo o perímetro interior do<br />

painel. Os diversos sentidos seguidos no<br />

enchimento do fundo branco, ora horizontal na<br />

meta<strong>de</strong> direita, ora vertical na meta<strong>de</strong><br />

esquerda, mostram uma certa improvisação na<br />

230


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

distribuição dos vários exemplares<br />

marinhos. O mosaísta dispunha dos<br />

diferentes mo<strong>de</strong>los que foi reproduzindo,<br />

tendo talvez iniciado o seu trabalho pelo<br />

plano central no qual colocou um golfinho e<br />

dois peixes em linha, numa tentativa <strong>de</strong><br />

organizar o espaço disponível. A seguir, terá<br />

provavelmente acrescentado os restantes<br />

elementos, mas foi <strong>de</strong>ixando gran<strong>de</strong>s áreas<br />

em branco porque calculou mal a área<br />

ocupada por cada um: o polvo aparece no<br />

Ilustração utilizada<br />

plano inferior entalado entre a bordadura um<br />

dos peixes, o murex do plano superior está<br />

quase encostado ao mesmo peixe e o tri<strong>de</strong>nte<br />

vem bater na barbatana do golfinho.<br />

Restauros antigos<br />

Não existem.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Consolidação da moldura nos lados norte e<br />

oeste.<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 (MSP 1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, D, p. 343-344, fig. 186, est. 68B.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> ligação branca, com cerca <strong>de</strong> 4 cm <strong>de</strong> largura. O tapete é <strong>de</strong>limitado por uma<br />

bordadura <strong>de</strong> 6,5 cm <strong>de</strong> largura, constituída por um filete <strong>de</strong>nteado (<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> 2 x 2 tesselas<br />

negras) seguido <strong>de</strong> um filete preto sobre fundo branco.<br />

Num campo rectangular (1,54 x 0,62 m) <strong>de</strong>stacam-se diversos exemplares <strong>de</strong> fauna<br />

marinha tratada a preto em fundo branco organizados em três planos distintos, mas irregulares. No<br />

plano inferior, na meta<strong>de</strong> direita da cena, um polvo nadando para a direita, como se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> da<br />

sua inclinação (36,25 cm <strong>de</strong> comprimento máximo). Os seus seis tentáculos são curtos, sobretudo<br />

os que vêm encostar à bordadura, e representados através <strong>de</strong> filetes pretos simples ligeiramente<br />

ondulados como se espera <strong>de</strong> um movimento aquático. Também o seu corpo é realizado a preto. A<br />

cabeça, pequena e suavemente alongada, <strong>de</strong>staca-se com um contorno preto que dá realce ao<br />

fundo branco. Dois olhos quase imperceptíveis foram realizados com tesselas brancas na parte<br />

inferior da cabeça, aqui preta. O polvo foi o único a ser realizado <strong>de</strong> frente, os restantes elementos<br />

são apresentados <strong>de</strong> perfil. A meta<strong>de</strong> esquerda do primeiro plano está praticamente toda <strong>de</strong>struída<br />

e só se vê parte muito reduzida <strong>de</strong> um qualquer outro exemplar marinho (?), parte essa constituída<br />

231


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

por um filete preto encurvado, colocado no mesmo eixo da cabeça do polvo, com a qual, aliás,<br />

apresenta gran<strong>de</strong> semelhança.<br />

Num plano intermédio, mais rico, vemos três exemplares marinhos <strong>de</strong> perfil, nadando para<br />

a esquerda. Á direita, um golfinho, <strong>de</strong>bruado a filete preto simples <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a boca, barriga, até à<br />

cauda (43,50 <strong>de</strong> comprimento máximo). O dorso foi acentuado com um filete preto mais espesso,<br />

duplo. A boca, <strong>de</strong> traço simples, está entreaberta. O olho foi encostado ao dorso e realizado com<br />

um círculo <strong>de</strong> tesselas pretas com uma tessela branca central. As barbatanas são sumárias: duas<br />

ventrais, uma peitoral bifurcada e a dorsal mais acentuada. O opérculo é representado com um arco<br />

<strong>de</strong> círculo a filete preto ligando o dorso ao peito. Finalmente a cauda rebatida para cima, na sua<br />

forma canónica, é rematada em forma <strong>de</strong> foice com um triângulo preto central, em jeito <strong>de</strong> ápice.<br />

À frente do golfinho, um peixe representado <strong>de</strong> perfil nada para o plano inferior. Este, <strong>de</strong> corpo<br />

amendoado (28,70 cm <strong>de</strong> comprimento máximo), apresenta o contorno inferior a filete preto, até à<br />

zona <strong>de</strong> arranque da barbatana dorsal, com duas pequenas barbatanas (uma pélvica e uma anal).<br />

O olho obe<strong>de</strong>ce ao tipo mais comum <strong>de</strong> círculo <strong>de</strong> tesselas pretas, em fundo branco, com tessela<br />

central preta. A região dorsal é acentuada através <strong>de</strong> um filete duplo preto e uma barbatana <strong>de</strong> seis<br />

raios curtos. De igual modo, são cinco raios curtos que marcam a zona da cauda. No corpo, o<br />

tratamento é muito sumário. Apenas quatro tesselas marcam a linha lateral e a barbatana peitoral é<br />

<strong>de</strong>senhada por um filete em V. Finalmente, o opérculo foi representado através <strong>de</strong> um filete simples<br />

ligeiramente convexo <strong>de</strong>finindo o limite entre a cabeça e o corpo. Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> uma dourada.<br />

Já o terceiro peixe do plano intermédio (36,76 cm <strong>de</strong> comprimento máximo) apresenta uma<br />

forma rígida acentuada pelo filete preto inferior que lhe contorna o peito e serve <strong>de</strong> barbatana anal.<br />

Tal como no peixe anterior, é através <strong>de</strong> um filete duplo que o dorso sai reforçado. As barbatanas<br />

dorsais surgem a espaços irregulares formadas por quatro filetes curtos. Na cabeça, três tesselas<br />

dispostas em V assinalam o olho. O opérculo é obtido da mesma forma do peixe anterior, com um<br />

filete convexo, mas a barbatana peitoral é reduzida a duas tesselas. Não apresenta linha lateral no<br />

corpo. Quer a cauda, arredondada, quer o corpo longuiforme mostram que se trata <strong>de</strong> uma espécie<br />

diferente da anterior. Po<strong>de</strong> tratar-se <strong>de</strong> um robalo.<br />

No plano superior, po<strong>de</strong>m ver-se três elementos secundários do mundo marinho. À<br />

esquerda, um tri<strong>de</strong>nte cujo cabo parte do ângulo da bordadura seguindo a linha mediana do<br />

rectângulo é <strong>de</strong>senhado a filete simples preto (33 cm <strong>de</strong> comprimento máximo). Os <strong>de</strong>ntes laterais<br />

formam ângulos rectos e o central é o prolongamento do cabo. Segue-se um molusco gastrópo<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> corpo retorcido, que po<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a um murex (20,21 cm <strong>de</strong> comprimento máximo). De<br />

entre os vários subtipos conhecidos, este correspon<strong>de</strong> àquele que não apresenta espinhos e possui<br />

232


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

um canal sifonal. Finalmente, po<strong>de</strong> ver-se no mesmo plano um bivalve representado <strong>de</strong> perfil,<br />

<strong>de</strong>senhado com filete simples preto (14,65 cm <strong>de</strong> comprimento máximo) com duas tesselas<br />

salientes no lado direito que representam o pé.<br />

Datação<br />

Segunda meta<strong>de</strong> do século III, tendo em conta os elementos <strong>de</strong> carácter estilístico.<br />

233


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, anos 80.<br />

Tema<br />

Dois paineís geométricos:<br />

Painel A, soleira: <strong>de</strong>struída;<br />

Painel B, tapete principal: composição<br />

ortogonal <strong>de</strong> círculos secantes<br />

<strong>de</strong>terminando quadrifólios e <strong>de</strong>limitando<br />

quadrados <strong>de</strong> lados côncavos.<br />

Compartimento<br />

Sector III, compartimento C3: átrio central<br />

<strong>de</strong> distribuição para os restantes<br />

compartimento da casa conhecida como<br />

“casa pequena” (planta 27). A su<strong>de</strong>ste, a<br />

instalação <strong>de</strong> uma lareira em época tardia<br />

sobre o mosaico confirma as utilizações<br />

posteriores que adulteraram a<br />

funcionalida<strong>de</strong> do espaço.<br />

Dimensões do compartimento<br />

7,26 X 5,65 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

As mesmas do compartimento.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

73<br />

Estampas CLVII, CLVIII e CLIX<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerca <strong>de</strong> 50% do mosaico apresenta lacunas,<br />

na soleira e em praticamente toda a meta<strong>de</strong><br />

norte do pavimento.<br />

Parte conservada<br />

Conserva-se cerca <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dos tapetes<br />

geométricos numa área <strong>de</strong> 5,76 X 3,10 m.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não foi possível <strong>de</strong>terminar.<br />

Materiais<br />

Calcário bege amarelado, cinzento, ocre<br />

vermelho, branco e preto e mármore rosa claro<br />

e branco.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

57/dm 2 , tesselas <strong>de</strong> 0,5 a 1,8 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

O fundo da composição foi realizado em<br />

mármore rosa, excepto para uma superfície <strong>de</strong><br />

1,81 x 0,96 m no lado este, parte sul, on<strong>de</strong> se<br />

encontra mármore ou calcário branco. O motivo<br />

<strong>de</strong>sta mudança po<strong>de</strong> pren<strong>de</strong>r-se com a falta <strong>de</strong><br />

tesselas, a presença <strong>de</strong> outro mosaísta, ou<br />

mesmo um engano. Não se exclui a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se tratar <strong>de</strong> um restauro<br />

234


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

antigo. Da mesma forma, numa das<br />

primeiras folhas dos círculos à entrada não<br />

correspon<strong>de</strong> à sequência realizada no resto<br />

do pavimento quando <strong>de</strong>veria ter sido<br />

executada a bege amarelado, o seu<br />

contorno foi iniciado em cinzento, embora<br />

tenha sido corrigido o erro e o<br />

preenchimento tenha sido realizado com a<br />

cor correcta. Do mesmo modo, a separação<br />

das duas cores nas pequenas folhas<br />

cordiformes no interior dos círculos cinzento<br />

na base e vermelho na extremida<strong>de</strong>, por<br />

vezes, na terceira fiada no sentido<br />

longitudinal, com a mesma combinação<br />

cromática. A disposição dos nós <strong>de</strong><br />

Salomão e dos florões não obe<strong>de</strong>ce a<br />

nenhum critério, sendo o acaso a<br />

<strong>de</strong>terminar a escolha do mesmo.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

Apresenta alguns restauros em opus signinum:<br />

dois a su<strong>de</strong>ste (4 x 4 cm e 17 x 1 cm) e dois a<br />

oeste, quase no centro do tapete (1,12 x 0,60<br />

m e 35 x 6 cm). Outro restauro diferente na<br />

técnica po<strong>de</strong> ser visto no ângulo su<strong>de</strong>ste,<br />

próximo da soleira, e na bordadura norte, na<br />

primeira pelta a oeste, à esquerda, com<br />

tesselas em cerâmica. A lacuna foi preenchida<br />

com tesselas <strong>de</strong> cerâmica amareladas pela<br />

acção do calor.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Po<strong>de</strong> ver-se um restauro mo<strong>de</strong>rno no lado<br />

sudoeste, com a possível <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong> um<br />

fragmento, em época islâmica, para cobrir um<br />

orifício.<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 (MSP 1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Matos, 1994, p. 142; Lancha, 2003-2, p. 133; Teichner, 2008, F3, p. 359-360, fig. 202, est. 79B e<br />

81A.<br />

Descrição<br />

Painel A<br />

A soleira (5,76 x 3,10 m) encontra-se totalmente <strong>de</strong>struída.<br />

Painel B<br />

O tapete principal possui uma bordadura com 70 cm <strong>de</strong> largura, salvo a este com 77 cm.<br />

Esta faixa é constituída por uma variante do motivo da onda <strong>de</strong> peltas com ápice prolongado por<br />

235


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

duas <strong>vol</strong>utas, rematado em gavinhas ocre vermelho, que se <strong>de</strong>staca sobre o fundo bege<br />

esver<strong>de</strong>ado ou cinzento, alternadamente. As peltas são <strong>de</strong>senhadas por filete duplo rosa claro e<br />

incluem sucessivamente uma segunda, ocre vermelho, e enchimento bege esver<strong>de</strong>ado no lado sul e<br />

este, e cinzento nos lados norte e oeste. As <strong>vol</strong>utas, rematadas <strong>de</strong> forma simétrica no ápice, são<br />

<strong>de</strong>senhadas com filete branco no arranque e <strong>de</strong>pois vermelho. A bordadura prolonga-se em todo o<br />

redor, salvo na entrada este do mosaico.<br />

No ângulo noroeste o esquema <strong>de</strong> peltas adapta-se ao espaço e forma uma única gran<strong>de</strong><br />

pelta com o ápice em flor-<strong>de</strong>-lis cuja folha central, lanceolada, é vermelha, <strong>de</strong> ponta branca. Nas<br />

duas folhas laterais, as cores alternam em função da anterior. As folhas do ângulo su<strong>de</strong>ste<br />

apresentam-se cordiformes no ápice, <strong>de</strong> tonalida<strong>de</strong> rosa, com dois caules rosa <strong>de</strong> um lado e do<br />

outro do motivo central.<br />

A composição do tapete é formada por círculos secantes <strong>de</strong>terminando quadrifólios e<br />

<strong>de</strong>limitando quadrados <strong>de</strong> lados côncavos, com tesselas nos pontos <strong>de</strong> tangência (cf. Le Décor I,<br />

variante <strong>de</strong> 239 d). As folhas são alternadamente bege esver<strong>de</strong>ado e cinzento. Os quadrados <strong>de</strong><br />

lados côncavos inscrevem quer um quadrado cinzento com nó <strong>de</strong> Salomão policromático [ocre<br />

vermelho, cinzento, e branco] ou um florão com quatro folhas cordiformes em torno <strong>de</strong> um botão<br />

circular cinzento, central. As flores são bicolores [ocre vermelho e cinzentas]. Não existe uma<br />

alternância regular entre os nós <strong>de</strong> Salomão e os florões.<br />

Na linha <strong>de</strong> interrupção do motivo, os espaços residuais a oeste e a sul são preenchidos por<br />

quadrados <strong>de</strong>nteados bicolores [cinzento e ocre vermelho] e diferentes motivos vegetais como<br />

folhas cordiformes, flores <strong>de</strong> lótus e folhas.<br />

Datação<br />

O estudo estilístico permite situar o mosaico nos meados do séc. III, datação que se<br />

coaduna com o faseamento arquitectónico <strong>de</strong>finido por F. Teichner (2008, p. 357, fase II).<br />

236


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Cerro da Vila, anos 80.<br />

Tema<br />

Dois tapetes geométricos justapostos:<br />

Painel A, tapete principal: Composição<br />

centrada com um octógono estrelado por<br />

rectângulos e quadrados alternadamente,<br />

tangentes.<br />

Painel B, área do lectus: linha <strong>de</strong> octógonos<br />

secantes realizados em meandro <strong>de</strong><br />

suástica com tirsos nos hexágonos longos.<br />

Compartimento<br />

Sector III, compartimento C4: cubiculum da<br />

habitação (planta 27).<br />

Dimensões do compartimento<br />

5,80 x 4,22 m.<br />

Dimensões do mosaico<br />

Total: 5,80 x 4,22 m. A: 3,79 x 4,22 ou 4,76<br />

m incluindo a soleira da entrada; 2,95 x 2,87<br />

m no quadro central; B: 1,99 x 4,16 a 4,22<br />

m.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

In situ.<br />

74<br />

Estampas CLX, CLXI e CLXII<br />

Parte visível aquando da <strong>de</strong>scoberta<br />

Nos anos 80, apresentava a mesma área que<br />

actualmente.<br />

Parte conservada<br />

Gran<strong>de</strong> lacuna ao centro do tapete A, diante da<br />

soleira e sobre o lado oeste do compartimento.<br />

Igualmente, no ângulo su<strong>de</strong>ste e sul dos lados<br />

norte e parte sul do painel B. O pavimento<br />

apresenta <strong>de</strong>formações significativas em toda a<br />

superfície on<strong>de</strong> se observam também vestígios<br />

<strong>de</strong> incêndio.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Nucleus <strong>de</strong> 2 a 3 cm <strong>de</strong> espessura mínima,<br />

constituído por uma amálgama <strong>de</strong> fragmentos<br />

<strong>de</strong> cerâmica e <strong>de</strong> tesselas en<strong>vol</strong>vidas por<br />

argamassa.<br />

Materiais<br />

A: Calcário: preto, ocre vermelho e mármore<br />

branco (?); B: cerâmica: ocre amarelo e<br />

calcário: branco.<br />

Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tesselas<br />

A: 96/dm 2, tesselas com 7 mm a 1,2 cm <strong>de</strong><br />

lado; B: 52/dm 2, tesselas com 5 mm a 1,8 cm<br />

<strong>de</strong> lado.<br />

237


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Verifica-se que o tapete A se prolonga até<br />

ao muro norte, sob as camadas <strong>de</strong> estuque<br />

pintado, chegando este a sobrepor-se a<br />

uma parte do motivo <strong>de</strong> ornatos <strong>de</strong><br />

folhagem do mosaico, escon<strong>de</strong>ndo-o.<br />

A execução do pavimento B começou pelo<br />

lado oeste. A linha <strong>de</strong> octógonos apresenta<br />

três <strong>de</strong>stes motivos secantes e adjacentes,<br />

em meandro <strong>de</strong> suástica, interrompidos no<br />

lado este. A impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar os<br />

quatro hexágonos alongados, com os<br />

respectivos tirsos, levou o mosaísta a optar<br />

por aumentar o último tirso a este (mais 50<br />

cm que os outros), assim como os restantes<br />

motivos, para uma melhor adaptação do<br />

motivo ao espaço disponível.<br />

Ilustração utilizada<br />

Restauros antigos<br />

No painel B, um restauro antigo mais<br />

importante <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>ve-se numa extensão <strong>de</strong><br />

85 x 17 cm, situada a nor<strong>de</strong>ste. Neste local o<br />

<strong>de</strong>senho foi refeito <strong>de</strong> forma idêntica, com<br />

tesselas rosa claro. Outro restauro encontra-se<br />

a este (65 x 16 cm) e é menos cuidada. A<br />

lacuna foi simplesmente preenchida com<br />

tesselas em calcário preto sem ter em conta o<br />

<strong>de</strong>senho.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Consolidações in situ.<br />

Desenho <strong>de</strong> E. Arsénio 1979. Levantamento à escala 1/1 (MSP 1994). Fotos MSP 1994.<br />

Bibliografia<br />

Teichner, 2008, F4, p. 360-361, fig. 203, est. 80.<br />

Descrição<br />

soleira).<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> com 35 cm a oeste; 28 cm a norte e 11 cm a este (39 cm na<br />

Painel A<br />

O tapete, <strong>de</strong> 3,44 x 4 m, situa-se no lado norte do compartimento e apresenta duas<br />

molduras sucessivas. A primeira, <strong>de</strong> 30 cm <strong>de</strong> largura (excluindo o filete cinzento) <strong>de</strong>sen<strong>vol</strong>ve-se<br />

nos lados oeste e norte e, a este, apenas na soleira <strong>de</strong> entrada. Apresenta uma ramagem <strong>de</strong><br />

he<strong>de</strong>rae [cinzento e ocre vermelho] sobre fundo branco (cf. Le Décor I, variante <strong>de</strong> 64d). Os<br />

238


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

pequenos caules enrolados que partem <strong>de</strong> um lado e do outro do caule principal são rematados por<br />

uma folha cordiforme, numa folha <strong>de</strong> hera ou, simplesmente, sem qualquer folha.<br />

A segunda bordadura, com 50 cm <strong>de</strong> largura (incluindo o filete cinzento), ocupa os lados este, norte<br />

e oeste. É constituída por uma linha <strong>de</strong> meandros <strong>de</strong> suásticas <strong>de</strong> <strong>vol</strong>ta simples com rectângulos<br />

<strong>de</strong>itados <strong>de</strong> 67 cm <strong>de</strong> largura (cf. Le Décor I, 38b) <strong>de</strong>senhados por um duplo filete cinzento e ocre<br />

vermelho sobre fundo branco. Cada rectângulo possui um segundo, cinzento no seu interior on<strong>de</strong> se<br />

inclui uma trança <strong>de</strong> dois cordões policromática [ocre vermelho e branco] sobre fundo negro.<br />

O tapete propriamente dito, é uma composição centrada, num quadrado e em redor <strong>de</strong> um<br />

octógono flanqueado <strong>de</strong> oito rectângulos perpendiculares às diagonais e às medianas, <strong>de</strong> oito meias<br />

estrelas <strong>de</strong> oito losangos laterais contíguas entre elas e nos vértices do octógono central e<br />

acantonando os rectângulos, <strong>de</strong>terminando triângulos laterais e em cantoneira, assim como<br />

quadrados nas diagonais (cf. Le Décor II, 394a). A <strong>de</strong>coração da área central não se conservou,<br />

mas o levantamento permitiu-nos i<strong>de</strong>ntificar um ângulo da moldura que correspon<strong>de</strong> a um octógono.<br />

Cada losango das estrelas inclui um outro, menor, preenchido alternadamente a ocre vermelho ou a<br />

preto. Cada quadrado inclui também um outro, preto, on<strong>de</strong> se inscreve um nó <strong>de</strong> Salomão<br />

policromático [branco, ocre vermelho e negro] e um quadrado côncavo vermelho nos dois<br />

exemplares conservados. Os dois triângulos em cantoneira que se conservam apresentam<br />

diferentes motivos <strong>de</strong> preenchimento: no ângulo nor<strong>de</strong>ste, po<strong>de</strong> ver-se um quarto <strong>de</strong> círculo<br />

<strong>de</strong>senhado a preto serve <strong>de</strong> base a uma folha fuselada bicolor flanqueada por dois caules bífidos e,<br />

no ângulo noroeste, também sobre um quarto <strong>de</strong> círculo <strong>de</strong>senhado a preto, uma folha cordiforme<br />

preta e ocre vermelho, com ponta virada para fora, e <strong>vol</strong>utas laterais.<br />

Os oito rectângulos (67 x 35 cm) que flanqueiam o octógono central, dos quais se<br />

conservam sete, incluem um outro, <strong>de</strong>senhado por um filete com re<strong>de</strong>ntes, alternadamente preto ou<br />

ocre vermelho, à excepção do que se situa a este. Este último possui uma moldura <strong>de</strong> escamas<br />

alternadamente ocre vermelho e negro. Todos os rectângulos incluem uma trança <strong>de</strong> dois cordões<br />

policromática [ocre vermelho e branco] sobre fundo preto.<br />

Painel B<br />

Faixa <strong>de</strong> ligação aos muros, em tesselas <strong>de</strong> cerâmica ocre amarelo dispostas<br />

perpendicularmente aos muros, <strong>de</strong> 31 cm <strong>de</strong> largura ao longo dos lados sul e oeste (possui apenas<br />

13 cm <strong>de</strong> largura no lado este). Po<strong>de</strong>m observar-se, a sul e a oeste, pequenos quadrados brancos<br />

<strong>de</strong>nteados, colocados sobre o vértice, em torno <strong>de</strong> uma tessela bege, dispostos em intervalos<br />

regulares (<strong>de</strong> 50 a 55 cm).<br />

239


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

O campo (3,73 x 1,66 m) é composto por uma linha <strong>de</strong> octógonos secantes realizados em<br />

meandro <strong>de</strong> suástica <strong>de</strong>senhados por um duplo filete branco, sobre fundo bege (cf. Le Décor I,<br />

171d). A intersecção dos octógonos forma hexágonos alongados que incluem um tirso rematado<br />

com uma he<strong>de</strong>ra. O fundo dos hexágonos apresenta uma disposição singular das suas tesselas:<br />

são colocadas em diagonal, em relação ao filete <strong>de</strong> tesselas brancas dos tirsos, o que não suce<strong>de</strong><br />

nas restantes áreas.<br />

Datação<br />

Apesar da perenida<strong>de</strong> da composição do tapete principal até épocas mais tardias, a<br />

presença dos tirsos no painel B permite afinar a proposta cronológica <strong>de</strong> F. Teichner para as<br />

estruturas (2008, fase II, meados do período imperial). Assim, uma datação nos meados do séc. III<br />

está <strong>de</strong> acordo com a arquitectura e o estilo.<br />

240


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Loulé Velho, 1868 (?).<br />

Tema<br />

Fragmentos com <strong>de</strong>coração geométrica.<br />

Compartimento<br />

Compartimento in<strong>de</strong>terminado do edifício<br />

termal i<strong>de</strong>ntificado por A. <strong>de</strong> Aragão (ARA I,<br />

p. 153). Desenho e <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> Estácio da<br />

Veiga, nº 22 (perdido?).<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

1. MNA: inv. nº 18679; 2. MNA: inv. nº<br />

15117A; 3. MNA: inv. nº 15117B; 4. MNA:<br />

inv. nº 15117C; 5. MNA: inv. nº 15117D.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

1. 31 x 24,5 cm; 2-5. Muito reduzidos.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

75<br />

Estampa CLXIII, 1 e 2<br />

Os restauros mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>struíram o suporte<br />

original.<br />

Materiais<br />

1. Calcário: preto, branco, ocre vermelho,<br />

cinzento e rosa; 2-5. Calcário branco.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

120 /dm 2 , tesselas com 1,2 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

Apesar <strong>de</strong> os restauros terem afectado a<br />

posição original das tesselas do fragmento 1,<br />

ainda se observa com clareza que o motivo foi<br />

realizado antes do enchimento do fundo, pois<br />

este foi contornado por três filetes brancos.<br />

Este enchimento foi feito um pouco ao acaso.<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

O fragmento 1 foi objecto <strong>de</strong> restauro em 1988,<br />

na oficina <strong>de</strong> restauro do Museu Monográfico<br />

<strong>de</strong> Conimbriga (C. Beloto), tendo sido<br />

montados sobre suporte <strong>de</strong> resina epóxida.<br />

241


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Ilustração utilizada<br />

1. Machado, 1970, p. 21; Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005: CV e FA). Foto MNA 2005.<br />

2-5. Martins, 1988, foto 58.<br />

Bibliografia<br />

1. Aragão, 1868, p. 2704; Machado, 1970, nº 9, p. 21; ARA, I, p. 153; Reis, 2004, 068, p. 121.<br />

2-5. Martins, 1988, p. 162, foto 58.<br />

Descrição<br />

Fragmento 1<br />

Figura geométrica circular constituída (20 cm <strong>de</strong> diâmetro) por círculos concêntricos: filete<br />

simples preto, filete simples branco, quádruplo filete ocre vermelho, filete simples branco, filete<br />

simples preto e tessela central branca; dois filetes pretos simples truncados, em jeito <strong>de</strong> raios. Na<br />

zona <strong>de</strong> fractura do fragmento po<strong>de</strong> ainda ver-se parcialmente uma florinha ocre vermelha com<br />

tessela central carmim. A tessela cinzenta e a rosa, ambas isoladas noutras zonas <strong>de</strong> fractura do<br />

fragmento, po<strong>de</strong>m correspon<strong>de</strong>r a outras florinhas similares.<br />

Datação<br />

uma datação.<br />

Fragmento 2, 3, 4, 5<br />

Fragmentos monocromáticos.<br />

Não existem dados arquitectónicos, arqueológicos ou estilísticos que permitam atribuir-lhes<br />

242


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Loulé Velho, (?).<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> opus tessellatum com<br />

<strong>de</strong>coração figurativa.<br />

Compartimento<br />

Trata-se <strong>de</strong> um achado avulso, cuja<br />

proveniência arquitectónica se <strong>de</strong>sconhece.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MML: inv. nº 1.6.1147<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Área conservada<br />

18,5 x 9,7 max a 4,5 min cm.<br />

Ilustração utilizada<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

76<br />

Estampa CLXIII, 3 e 4<br />

O opus tessellatum assenta directamente num<br />

nucleus <strong>de</strong> 1,5 cm constituído por argamassa<br />

acastanhada com areia e pequenos nódulos <strong>de</strong><br />

cal.<br />

Materiais<br />

Calcário: branco, preto, ocre amarelo, laranja,<br />

vermelho e castanho.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

Tesselas maiores com 5 mm <strong>de</strong> lado e as<br />

menores, rectangulares, com 5 x 2 mm; altura<br />

<strong>de</strong> 4 mm.<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Fotos MSP 2005.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

-<br />

Restauros antigos<br />

Não existem no fragmento<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

-<br />

243


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Bibliografia<br />

Luzia, 2004, p. 43-131 (com bibliografia completa sobre o sítio e ilustração do fragmento <strong>de</strong> mosaico<br />

na foto 61).<br />

Descrição<br />

Fragmento <strong>de</strong> mosaico policromático <strong>de</strong> tema figurativo não i<strong>de</strong>ntificável, po<strong>de</strong>ndo tratar-se<br />

eventualmente <strong>de</strong> uma túnica.<br />

Datação<br />

Os elementos disponíveis não permitem estabelecer uma datação.<br />

244


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Retorta, 1877-1878.<br />

Tema<br />

Fragmento <strong>de</strong> mosaico geométrico bicolor.<br />

Compartimento<br />

Desconhece-se a proveniência.<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

(?)<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

MNA: inv. Nº 18755.<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

(?)<br />

Ilustração utilizada<br />

Levantamento à escala 1/1 (MSP 2005). Foto MNA 2004.<br />

Bibliografia<br />

Área conservada<br />

Fragmento <strong>de</strong> 45 x 26,5 cm.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

conservam parcialmente dois quadrados (?) traçados a filete duplo preto em fundo branco. A uma<br />

245<br />

(?)<br />

Materiais<br />

77<br />

Estampa CLXIV, 1 e 2<br />

Calcário: branco no fundo; preto nos filetes.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

110 /dm 2 . Tesselas com 1,1 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

-<br />

Restauros antigos<br />

Não se registam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Machado, 1971, nº 8, p. 20 il.; ARA II, p. 136, fig. 233-A; Santos, 2005, p. 40 il.; Ca<strong>de</strong>te, 2007, p.<br />

401-403, fig. 19-20.<br />

Descrição<br />

-<br />

Fragmento <strong>de</strong> mosaico com esquema geométrico, quiçá uma quadrícula, uma vez que se


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

faixa branca <strong>de</strong> largura irregular (7,5 cm e 5 cm) segue uma bordadura (?) sob a forma <strong>de</strong> um filete<br />

preto duplo num lado e faixa preta <strong>de</strong> que se conservam três filetes, no outro. A faixa preta (8,3 cm<br />

<strong>de</strong> largura) perpendicular ao filete duplo preto <strong>de</strong>sta bordadura marca o arranque <strong>de</strong> uma outra<br />

figura geométrica.<br />

Datação<br />

Os elementos <strong>de</strong> carácter estilístico não permitem estabelecer uma datação, porém, a<br />

cronologia do mosaico nº 78, proveniente do mesmo local, <strong>de</strong> inícios do séc. V, coaduna-se com o<br />

tipo <strong>de</strong> mosaico a que pertenceu este fragmento.<br />

246


<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

_________________________________________________________________________<br />

Lugar e data da <strong>de</strong>scoberta<br />

Retorta, 1970.<br />

Tema<br />

Dois paineís geométricos justapostos:<br />

Painel A, tapete principal: composição <strong>de</strong><br />

octógonos adjacentes e secantes.<br />

Painel B, painel <strong>de</strong> alongamento: composição<br />

<strong>de</strong> octógonos adjacentes e secantes.<br />

Compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do compartimento<br />

(?)<br />

Dimensões do mosaico<br />

Os dois fragmentos que se conservam não<br />

permitem <strong>de</strong>duzir as dimensões totais dos<br />

dois painéis que compunham o pavimento.<br />

Ainda assim, é possível apresentar como<br />

dimensões máximas conservadas para o<br />

painel principal (A), cerca <strong>de</strong> 2,34 x 2,01 m. A<br />

largura do painel <strong>de</strong> alongamento (B) está<br />

inteiramente conservada no fragmento 2 – 56<br />

cm – mas apenas se conserva num<br />

comprimento <strong>de</strong> 86 cm.<br />

Local <strong>de</strong> conservação<br />

Museu Municipal <strong>de</strong> Albufeira.<br />

78<br />

Estampas CLXIV, 3 e CLXV<br />

Área visível no momento da <strong>de</strong>scoberta<br />

A mesma que actualmente. As dimensões<br />

apresentadas pelo Pe Azevedo (1970, p. 117)<br />

são aproximadamente as mesmas.<br />

Área conservada<br />

Dois fragmentos: 1. 3,12 x 1,09 m; 2. 2,10 x<br />

1,70 m.<br />

Técnica <strong>de</strong> assentamento<br />

Não é possível i<strong>de</strong>ntificá-la, uma vez que o<br />

mosaico se encontra assente numa estrutura<br />

em exposição no Museu Municipal <strong>de</strong><br />

Albufeira.<br />

Materiais<br />

Calcário: preto, branco, ocre amarelo,<br />

cinzento esver<strong>de</strong>ado claro e vermelho escuro.<br />

Densida<strong>de</strong> das tesselas<br />

40/dm 2 . Tesselas com 1,4 cm <strong>de</strong> lado.<br />

Estratégia <strong>de</strong> execução<br />

A técnica <strong>de</strong> execução é <strong>de</strong> fraca qualida<strong>de</strong>,<br />

grosseira e mal esquadriada, especialmente<br />

nos diversos elementos secundários que<br />

preenchem a composição, realizados à mão<br />

livre. A sequência <strong>de</strong>stes elementos é<br />

totalmente aleatória, não havendo qualquer<br />

intenção <strong>de</strong> equilíbrio na sua distribuição<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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pelos diversos espaços. O painel <strong>de</strong><br />

alongamento parece correspon<strong>de</strong>r a um<br />

acrescento cuja finalida<strong>de</strong> não nos é possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar sem as correspon<strong>de</strong>ntes estruturas<br />

arquitectónicas. É <strong>de</strong> execução igualmente<br />

muito <strong>de</strong>ficiente, sobressaindo a execução do<br />

esquema a filete duplo, bicolor.<br />

Ilustração utilizada<br />

Foto MSP 2008.<br />

Bibliografia<br />

Restauros antigos<br />

Não se i<strong>de</strong>ntificam.<br />

Restauros mo<strong>de</strong>rnos<br />

Restauro e remontagem por E. Arsénio.<br />

Sá, 1959, p. 44-45; Azevedo, 1970, p. 117; foto 6; Martins, 1988, p. 145-148, foto 47; Ca<strong>de</strong>te, 2007,<br />

p. 403; Ca<strong>de</strong>te, 2008, p. 66-68, fig. 40-42 e 64-65.<br />

Descrição<br />

Faixa <strong>de</strong> remate à pare<strong>de</strong> branca <strong>de</strong> largura irregular (11 e 20 a 25 cm no fragmento 1 e 11 cm no<br />

fragmento 2. No fragmento 1, po<strong>de</strong>m ver-se em dois ou três pontos da faixa pequenos aglomerados<br />

<strong>de</strong> tesselas pretas que po<strong>de</strong>m correspon<strong>de</strong>r a florinhas, <strong>de</strong>sagregadas após restauros mo<strong>de</strong>rnos.<br />

Painel A<br />

Composição <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes (cf. Le Décor I, 169c), <strong>de</strong>senhada a filete<br />

simples preto, com <strong>de</strong>coração muito sóbria <strong>de</strong> hexágonos incluídos com tratamentos muito diversos,<br />

ora totalmente pretos, ora apenas <strong>de</strong>lineados a preto (pontualmente, a cinzento esver<strong>de</strong>ado claro),<br />

ora preenchidos a ocre amarelo ou vermelho escuro. A diagonal do octógono é <strong>de</strong> 61 cm. Os<br />

quadrados, <strong>de</strong> 21 cm <strong>de</strong> lado, apresentam também tratamento muito diversificado: pequeno<br />

elemento geométrico constituído por dois segmentos <strong>de</strong> filete preto, rectângulo preto ou<br />

quadradinho <strong>de</strong>nteado preto.<br />

Painel B<br />

Linha <strong>de</strong> octógonos secantes e adjacentes (cf. Le Décor I, 28a), <strong>de</strong>senhada a filete duplo<br />

preto e vermelho escuro, com hexágonos <strong>de</strong>lineados a preto incluídos, muito irregulares.<br />

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<strong>Mosaicos</strong> <strong>romanos</strong> <strong>de</strong> <strong>Portugal</strong>: o Algarve Oriental<br />

Vol. I – Texto<br />

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Datação<br />

O fragmento foi datado por Cristina Sá da segunda meta<strong>de</strong> do séc. II (1959, p. 44-45). No<br />

pequeno <strong>de</strong>sdobrável do museu, da responsabilida<strong>de</strong> do Serviço Educativo e <strong>de</strong> Divulgação da<br />

Câmara Municipal <strong>de</strong> Albufeira, o mosaico é datado do séc. IV (p. 6). Perante a ausência <strong>de</strong><br />

qualquer dado arqueológico, é com base no estudo estilístico que propomos uma datação tardia –<br />

inícios do séc. V.<br />

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