Telecomunicações
08 março, 2022 às 13:43

Orange e MásMóvil avançam com fusão em Espanha. Número de operadores cai para três

As duas empresas anunciaram estar em negociações exclusivas para uma fusão. Sucesso da operação criará segunda maior telecom de Espanha. Mercado espanhol passará a contar apenas com três operadores.

A francesa Orange e a espanhola MásMóvil anunciaram esta terça-feira ter iniciado conversações exclusivas para uma fusão das operações no mercado espanhol, de acordo com um comunicado conjunto citado nos media espanhóis. A empresa que resultar da fusão será a segunda maior telecom do país, sendo uma joint venture partilhada em partes iguais (50%/50%) pela Orange e pela MásMóvil. As duas companhias preveem ter a empresa resultante da fusão a operar em 2023.

De acordo com o Cinco Días, a nova companhia valerá 19,6 mil milhões de euros. Esta avaliação tem em conta uma avaliação da Orange Espanha de 8,1 mil milhões e uma avaliação da MásMóvil de 11,5 mil milhões, sendo que a nova empresa junta a Orange Espanha, "que quase não tem dívidas", e uma MásMóvil com uma divida a rondar os 6,6 mil milhões, devido à estratégia agressiva de aquisições nos últimos anos.

O novo operador apenas ficará atrás da gigante Telefónica, em termos de capitalização de mercado. Segundo o El Confidencial, a joint venture terá cerca de 7,5 mil milhões de euros em receita, abaixo dos 12,4 mil milhões da Telefónica Espanha. A Telefónica tem uma capitalização bolsista de 22,7 mil milhões.

Não obstante, o mesmo jornal indica que a fusão da Orange com a MásMóvil resultará num operador com 7,1 milhões de clientes de rede fixos - mais do que os 5,96 milhões da Telefónica - e teria 20,2 milhões de clientes móveis, acima dos 18,98 milhões da Telefónica. Acresce uma rede de fibra ótica que chega a mais de 16 milhões de casas e 1,5 milhões de clientes de televisão paga.

Segundo o Cinco Días, a fusão é bem vista pelo mercado de telecomunicações espanhol, devido à redução do número de operadores em Espanha, que passará assim de quatro para três.

Se as negociações chegarem a bom porto, a Orange e a MásMóvil querem ter um acordo assinado até junho deste ano, prevendo ter a joint venture fechada no segundo trimestre de 2023, segundo o comunicado de ambas as companhias. A fusão terá, ainda, de receber luz verde dos reguladores, estando a Orange e a MásMóvil a serem assessoradas pelos bancos Lazard, Goldman Sachs e BNP Paribas, respetivamente.

O anúncio desta terça-feira terminou com meses de especulação sobre o futuro do mercado telco espanhol, surgindo a novidade numa altura em que se fala de consolidação nas telecomunicações também em Portugal, Itália e Reino Unido.

Esta operação também tem implicações em Portugal, onde a MásMóvil está presente através da Nowo, adquirida em novembro de 2020. Nos últimos dois anos, a MásMóvil chegou a mostrar interesse em adquirir a operação da Vodafone Espanha, um acordo que também poderia incluir a operação portuguesa, resultando numa diminuição do número de operadores em Portugal.