A Guarda Nacional Republicana sinalizou 45 563 idosos a viver sozinhos e/ou isolados nas áreas da sua responsabilidade. Este é o resultado de um recenseamento que os militares efetuaram durante o mês de outubro de 2017 e a que o DN teve acesso esta terça-feira.
Entre estas pessoas que são acompanhadas no âmbito do Programa Apoio 65 - Idoso em Segurança há quem viva "em situações de vulnerabilidade devido à sua condição física, psicológica ou outra que possa colocar a sua segurança em causa", frisa fonte oficial da Guarda ao DN.
De acordo com os dados disponibilizados pela Guarda, Vila Real foi o distrito onde foram recenseadas mais pessoas nesta situação: 4515. Guarda (4008) e Viseu (3776) são as regiões que se seguem nesta lista.
Este número, a que o DN teve acesso, representa uma ligeira subida em relação ao recenseamento de 2017 - 47 pessoas -, uma estabilização que interrompe o crescimento que foi existindo desde o primeiro ano em que este trabalho foi feito.
Desde mais de 45 mil cidadãos referenciados pela GNR, 23 mil residem sozinhos, 3945 estão isolados e 3123 são considerados de especial vulnerabilidade pois vivem isolados e sozinhos, como adiantou ao DN o major Pedro Ramos, chefe da repartição de prevenção criminal e policiamento comunitário da Guarda. Além destes casos há ainda cerca de 14 mil pessoas que integram "outras situações". Por exemplo, podem passar o dia num lar, mas à noite estão sozinho e por isso necessitam da atenção dos militares.
Depois do trabalho de recenseamento desta população, os elementos da GNR que integram este programa vão ter agora outra preocupação: trabalhar com os municípios e outras instituições para conseguir resolver situações de necessidades, sejam relacionadas com a saúde ou com apoio social destas pessoas, a exemplo do que vem sendo feito desde 2011. "Todos estão numa situação vulnerável, pode ser por estarem isolados, por questões familiares ou físicas", frisa em declarações ao DN o major Pedro Ramos
A primeira vez que a GNR fez este trabalho nas áreas da sua responsabilidade foi em 2011 e nessa altura foram detetadas 15 596 pessoas com mais de 65 anos a viver sozinhas e/ou isoladas, esse número foi sempre crescendo, o que também estará relacionado com a maior disponibilização de meios para efetuar o recenseamento e o maior alcance do mesmo.
As zonas do interior são aquelas onde mais idosos vivem sozinhos e/ou isolados e que necessitam de acompanhamento por parte dos militares da Guarda Nacional Republicana, que muitas vezes são conselheiros e o elo de ligação com as entidades de saúde e de apoio das regiões onde estas pessoas vivem.
Como é o caso de Aurora ou do casal Maria e Manuel Alves que são acompanhados por elementos da prevenção criminal e policiamento comunitário de Vila Franca de Xira e cujo trabalho o DN acompanhou no final de outubro.
Em ambos os casos, os militares conhecem as dificuldades das pessoas, as necessidades e ajudam a resolver problemas como a escolha de um lar ou centro de dia ou a lembrança de que é a altura de levar a vacina da gripe. Têm também os contactos telefónicos que servem para pedir ajuda ou, no caso dos elementos da Guarda, ligar para saber se há algum situação anormal.
Em muitas situações as visitas da GNR é das poucas que estas pessoas têm, como comprovou o DN nessa reportagem em que Aurora até esperava pelos militares junto à porta.
Estes dados da GNR só contabilizam as pessoas que estão na sua área de influência, a maior parte zonas rurais, deixando assim de fora as grandes cidades que estão sob responsabilidade da PSP.
E estão inseridos na população nacional com mais de 65 anos que o Instituto Nacional de Estatística estima poder chegar aos 2,8 milhões de pessoas em 2080.