Poder
01 agosto 2019 às 20h12

Mário Centeno retira candidatura ao FMI... pelo menos por agora

O anúncio foi feito na conta de Twitter do presidente do Eurogrupo.

Paula Freitas Ferreira e Ricardo Simões Ferreira

Mário Centeno, ministro das Finanças português e presidente do Eurogrupo, retirou-se pelo menos provisoriamente da corrida à liderança do Fundo Monetário Internacional, lê-se na sua conta de Twitter.

"Ao tentar encontrar um candidato para dirigir o FMI, como em outras decisões da UE, devemos lutar por um terreno comum. Quero ajudar a encontrar um consenso, por isso não farei parte desta fase do processo (votação de amanhã). Permaneço disponível para encontrar uma solução que seja aceitável para todos", escreveu Centeno, primeiro em inglês e depois num tuíte em português.

O que parecia ser o anúncio de retirada definitiva da corrida revela-se afinal algo um pouco mais complexo: Mário Centeno decide não ir a votos amanhã, no que é uma primeira ronda de votações. No entanto, se não for encontrado um consenso nesta altura, o atual ministro das Finanças português admite reentrar na corrida.

Esta sexta-feira os 28 ministros da Economia e das Finanças da União Europeia vão votar no nome que será o novo presidente do FMI. Se for possível reunir uma maioria qualificada em torno de um candidato -- 55% dos estados membros e 65% da população europeia -- o assunto ficará resolvido.

Se esse consenso não for possível, o processo continuará e Mário Centeno deixa em aberto a possibilidade de voltar então à corrida.

A hipótese de Centeno estar fora da corrida tinha já sido dada como certa na manhã da passada segunda-feira pela Bloomberg e pelo Financial Times que, citando duas fontes ligadas ao processo, davam conta que apenas três nomes já estavam a ser considerados, não sendo o atual ministro das Finanças um deles. Esta informação foi desmentida à tarde pelo governo francês -- segundo o qual nenhum nome tinha sido retirado -- mas seria já indicativa de que a candidatura do português não colhia apoios suficientes nesta fase.

Além de Mário Centeno, estavam na "short list" a diretora geral do Banco Mundial, a búlgara Kristalina Georgieva, o holandês Jeroen Dijsselbloem (ex-ministro das Finanças da Holanda e ex-presidente do Eurogrupo), Nadia Calvino (ministra espanhola da Economia) e Olli Rehn (governador do Banco Central da Finlândia).

Costa disse que era uma hipótese, não um objetivo

António Costa tinha admitido, numa entrevista à rádio Observador, a possibilidade de o ministro das Finanças vir a liderar o FMI. "É uma hipótese" a ser considerada "mas não é objetivo", defendeu, acrescentando que "neste momento é prematuro estar a fazer juízos de probabilidade".

O primeiro-ministro abordou também a hipótese de Mário Centeno ocupar uma pasta na futura equipa da Comissão Europeia na área da gestão do euro. A esse propósito, referiu já ter conversado com a nova presidente, a germânica Ursula Von der Leyen, tendo então ficado acordado que cada país apresentaria sempre dois nomes, um de cada género.

"Da nossa parte, foi dito [a Ursula Von der Leyen] quais as nossas preferências em matéria de responsabilidades na Comissão Europeia e que os nomes que apresentaríamos seria em função dos pelouros", esclareceu António Costa. E adiantou que, para Portugal, "era importante ter alguém a assumir uma função na área dos fundos europeus ou do orçamento".

Notícia atualizada às 20:55 esclarecendo o que significa esta decisão de Mário Centeno