Jornal Negócios

Pedro Santana Lopes 06 de Novembro de 2019 às 20:35
Será igual?
O que Marcelo quereria era ter o apoio do PSD, do CDS, do PS, da IL, da ALIANÇA, do PAN, do BE e sabe-se lá mais de quem. Pois...mas será assim? Virá a ser assim? Já faltou mais para se saberem as respostas.

Presidente da República disse, por estes dias, que só decide sobre a recandidatura, daqui a onze meses. Tem dito "daqui a um ano" mas, perguntado por um jornalista arguto, precisou que se referia, de facto, ao próximo mês de outubro.

Os portugueses, saturados como estão de eleições e tudo aquilo que lhes diga respeito, ainda não interiorizaram que há eleições presidenciais daqui a um ano e muito pouco e que a pré-campanha começará daqui a uns meses.

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Tem sido referido que Marcelo Rebelo de Sousa gostaria de ter uma percentagem superior à que Mário Soares obteve na segunda candidatura 70,35% dos votos, ou seja, mais de dois terços. Para esse efeito, o atual Presidente teria de contar, na sua recandidatura, para além dos votos do centro direita, com o apoio do Partido Socialista. Como todos se lembrarão, Mário Soares, em 1991, teve o apoio do PSD, para além do Partido Socialista. Cavaco Silva era primeiro-ministro e decidiu ser mais vantajoso pôr o PSD fora dessa disputa eleitoral. Diga-se que, nas eleições legislativas de outubro desse mesmo ano, PSD e PS somaram, praticamente 80% dos votos. O CDS, por sua vez, teve cerca de 250 000 votos, 4,4%.

 

A questão sobre as Presidenciais não é saber se Marcelo se recandidatará pois já toda a gente percebeu que sim. A questão é saber quem mais disputará essas eleições. Falei no resultado do CDS, em 1991, exatamente para lançar a questão. Quando um candidato é dado como vencedor antecipado, os outros não têm medo de perder, porque a derrota é certa e todos sabem que assim é. Por isso mesmo, poderão dar-se várias tentações de diferentes pessoas, líderes partidários ou outros, de quererem fazer essa campanha e conseguirem o melhor resultado possível. Foi o que fez Basílio Horta, em 1991, com Mário Soares, tendo conseguido cerca de 14%, quase 700 000 votos. Em terceiro lugar, ficou Carlos Carvalhas que conseguiu uma percentagem, de 12%, também superior àquela que o PCP (8,8%) viria a obter nas tais legislativas de 6 de outubro do mesmo ano.

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Nessas eleições, Mário Soares teve, pois, um candidato à direita e outro à esquerda, (para além de Carlos Marques da UDP).

 

A diferença está em que Mário Soares era do Partido Socialista e, por isso, não foi estranho que alguém à direita viesse tentar ocupar o espaço que o PSD, de certo modo, deixara vago. Marcelo, é do PSD, teve na primeira candidatura o apoio do PSD e do CDS, pelo que será menos natural que surja uma candidatura do género da que Basílio protagonizou há 28 anos. De qualquer maneira, é bom ter presente que os tempos são diferentes, que o mundo e também a política estão mais incertos, que Marcelo é um Presidente fora do comum e que o sistema partidário está muito diferente. O que Marcelo quereria era ter o apoio do PSD, do CDS, do PS, da IL, da ALIANÇA, do PAN, do BE e sabe-se lá mais de quem. Pois...mas será assim? Virá a ser assim? Já faltou mais para se saberem as respostas.

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