Jornal Negócios

Pedro Santana Lopes 27 de Novembro de 2019 às 19:44
SNS: não tem volta a dar
Temos de nos libertar do preconceito ideológico que diz que o SNS é tendencialmente gratuito porque não é. Por ano, custa aos contribuintes, neste momento, mais de 11 mil milhões de euros.

A esquerda à esquerda do PS andou distraída até às eleições sobre o SNS. Depois das eleições, eis que o SNS volta à ribalta, e chegámos ao ponto, agora, de o tornar bandeira principal e de se dizer que o Ministério das Finanças é o grande culpado. Não é que seja mentira de todo, mas durante a campanha andaram a falar do ambiente e do planeta e dos planos B e dos animais e a dizerem-se sociais-democratas... Agora também veio o PS, através de um dueto, Carlos César e Ana Catarina Mendes, a dizerem que recebiam muitas queixas por causa do SNS. Pois, mas só falaram nas queixas depois das eleições. Façamos a justiça de reconhecer que António Costa já tinha dado por esse grande problema e anunciou no início da dita campanha que o SNS iria ser a prioridade do Governo nesta legislatura que agora começa.

Outros, como se sabe, andaram a falar das nacionalidades, e do racismo, e daqueles "avanços civilizacionais" que acham fundamentais para o mundo sem nexo com que sonham.

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Houve quem, cândida e ingenuamente escolhesse a saúde como tema principal a merecer o empenho do Estado e da sociedade. É evidente que é mais chamativo anunciar prisões perpétuas, afixar cartazes muito engraçados ou gravar uns vídeos revolucionários. Falar a sério de assuntos sérios, no mundo de hoje, não é fácil. Mas quero insistir: a questão da saúde em Portugal não se resolve injetando mais dinheiro público no SNS. Não sei quanto tempo irá durar até todos se convencerem de que o SNS tem de ser pago, e a única maneira é através dos seguros de saúde.

 

Por mais que mudem os governos, o resultado, mais ano menos ano, é sempre o mesmo, ou seja, falta dinheiro. Entra um governo novo, diz que transferiu mais dinheiro para cobrir os resultados negativos do tempo do governo anterior e depois quando chega ao fim do mandato do novo governo, chega-se à conclusão de que o resultado dos exercícios é tão ou mais negativo do que o da legislatura anterior. Não tem volta a dar. Temos de nos libertar do preconceito ideológico que diz que o SNS é tendencialmente gratuito porque não é. Por ano, custa aos contribuintes, neste momento, mais de 11 mil milhões de euros. Apesar disso, ainda não quiseram entrar no debate deste caminho e, provavelmente, isso acontecerá só quando rebentar a próxima crise. Até lá, os portugueses que precisem terão cada vez mais dificuldade em ser atendidos e tratados por um sistema que está falido.

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