"Eu sou Charlie", dizem manifestações em França e por todo o mundo

Milhares de pessoas saem às ruas para protestar contra o ataque ao Charlie Hebdo. Morreram 12 pessoas, incluindo o director e vários jornalistas do semanário satírico.

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Cerca de 45.000 pessoas juntaram-se em Paris, na Praça da República, segundo o jornal Le Figaro. Muitas trazem cartazes improvisados que dizem “Je suis Charlie” e velas. Por toda a França, deverá haver 100 mil pessoas na rua a expressar a sua indigação para com o atentado, segundo os cálculos mais recentes da polícia.

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Cerca de 45.000 pessoas juntaram-se em Paris, na Praça da República, segundo o jornal Le Figaro. Muitas trazem cartazes improvisados que dizem “Je suis Charlie” e velas. Por toda a França, deverá haver 100 mil pessoas na rua a expressar a sua indigação para com o atentado, segundo os cálculos mais recentes da polícia.

Em Rennes terão sido 13 mil pessoas na rua, em Lyon 15 mil, em Toulouse 10 mil, em Nantes 5000, Estrasburgo 4500, mas houve manifestações em muitas outras cidades, como Nancy, Grenoble, Tours, Marselha, Arras, Clermont-Ferrand, Poitiers, Bordéus.

O Presidente francês, François Hollande, decretou dia de luto nacional na quinta-feira, com um minuto de silêncio em todos os serviços públicos ao meio-dia. As bandeiras nacionais estarão a meia haste durante três dias. "Foram mortos desenhadores de grande talento, comentadores de grande talento. Marcaram com a sua insolência várias gerações de franceses", declarou o Presidente, numa comunicação ao país ao fim do dia. Na quinta-feira reunir-se-á com os presidentes da Assembleia Nacional e do Senado e também com os líderes dos grupos parlamentares.

Fora de França, há já concentrações em Liège, na Bélgica, em Berlim, Amesterdão, Madrid, Barcelona, Viena e Londres – onde algumas pessoas empunham canetas como armas, relata o Guardian. O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, juntou-se a uma manifestação frente à embaixada de França em Roma, para expressar a sua solidariedade. Evocou França como "símbolo da liberdade". "Somos todos franceses, porque pensamos que a liberdade é a única razão de ser da Europa e dos cidadãos europeus", afirmou citado pela AFP.

Em Portugal, está a ser organizada uma concentração junto à estátua dos Restauradores, em Lisboa, a partir das 18h30 de quinta-feira. O presidente da Câmara de Lisboa e secretário-geral do PS, António Costa, enviou uma mensagem de solidariedade à presidente da Câmara de Paris, a também socialista Anne Hidalgo. "Foi um atentado grave à liberdade criativa, à liberdade de expressão e, por isso, uma ameaça às liberdades em todo o mundo. Sublinha bem como o terrorismo e o medo têm como grande inimigo a liberdade", disse.

As identidades de alguns dos jornalistas e cartoonistas do semanário mortos no atentado foram já reveladas: o director e desenhador Stéphane Charbonnier, conhecido como "Charb", três outros cartoonistas, Jean Cabu, Georges Wolinski e Bernard Verlhac, conhecido como "Tignous". Morreu também um economista e colaborador fixo da publicação, Bernard Maris.

Philippe Val, que durante muitos anos foi director do Charlie Hebdo, falou na rádio France Inter sobre o que estava a sentir. "Sinto-me muito mal. Mataram todos os meus amigos. É um massacre assustador. Há que não permitir que se instale o silêncio", afirmou aos microfones da rádio.

O Papa condenou "com a maior firmeza" este atentado, disse o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi. A Rainha de Inglaterra enviou condolências ao Presidente Hollande e ao povo francês.

Para sábado, está a ser organizada uma grande manifestação comum dos partidos da esquerda em Paris, uma "marcha republicana", na qual o primeiro-ministro, Manuel Valls, convidou a participar Nicolas Sarkozy, recém-eleito líder do grande partido do centro-direita, a UMP.

Há apelos de autoridades religiosas muçulmanas a que os fiéis desta religião vão para a rua também expressar o seu desprezo por este atentado. O reitor da mesquita de Bórdeus, que está de visita ao Vaticano, foi um dos que fizeram esse apelo. “Os muçulmanos estão traumatizados, já não suportam mais. Esta maioria silenciosa vê-se feita refém por malucos. É preciso que os muçulmanos saiam à rua, de forma maciça, para exprimir a sua repugnância ao verem o Islão ser confiscado por estes loucos”, afirmou Tareq Oubrou, citado pelo Le Figaro.

Em Nova Iorque, o mayor Bill de Blasio apelou a que se fizesse um minuto de silêncio pelas vítimas do atentado. Na redacção de Paris da agência AFP, esse minuto de silêncio já se fez esta tarde. O mesmo fez o El País.