Volt Portugal estreia-se em legislativas e quer eleger dois deputados

O partido quer garantir presença no Parlamento e está disponível para dialogar tanto com o PS como com o PSD, contudo afasta desde já qualquer tipo de aproximação ao Chega.

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O líder do Volt considera que já "seria bom" o partido eleger dois deputados LUSA/RODRIGO ANTUNES

O Volt Portugal (VP) vai candidatar-se às eleições legislativas antecipadas marcadas para 30 de Janeiro, estreando-se na “corrida” ao Parlamento, com o objectivo de eleger dois deputados e apresentando-se como um partido moderado do centro.

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O Volt Portugal (VP) vai candidatar-se às eleições legislativas antecipadas marcadas para 30 de Janeiro, estreando-se na “corrida” ao Parlamento, com o objectivo de eleger dois deputados e apresentando-se como um partido moderado do centro.

Em declarações à agência Lusa, o presidente deste partido que defende o federalismo europeu, Tiago de Matos Gomes, considerou que uma entrada do partido na Assembleia da República (AR) “já seria bom”, mas admitiu que o objectivo traçado é o de eleger “dois deputados”.

“Acho que o facto de terem sido eleitos deputados de três novos partidos para o Parlamento [em 2019] faz com que haja uma certa expectativa de que desta vez possa entrar outro, e que seja o Volt o próximo partido a entrar na AR”, disse.

O Volt Portugal – que quer concorrer ao maior número de círculos eleitorais possível – vai apresentar-se como “o partido das novas gerações”, um activo da sociedade que, na opinião do líder, “tem a liberdade condicionada em Portugal”, fruto dos actuais “protagonistas políticos e das políticas seguidas nos últimos anos”.

“Para o Volt é inadmissível que um jovem no Luxemburgo saia de casa dos pais aos 20 anos e em Portugal só consiga sair aos 30”, lamentou, apontando para “diferenças entre os vários estados da União Europeia, em que boa parte deles tem melhores condições para dar aos jovens e à população em geral”.

Ressalvando que o partido não negligencia as gerações mais velhas e a classe média, Tiago de Matos Gomes considerou também “inadmissível que o salário médio em Portugal seja um dos mais baixos de toda a Europa”.

O líder disse ver os actuais protagonistas políticos a discutir “o aumento das contribuições para a Segurança Social” e não “uma política de apoio a sério à natalidade, para que depois no futuro existam mais pessoas a contribuir”, por exemplo.

“Acho que as pessoas estão desiludidas com boa parte dos partidos políticos e com os partidos clássicos e é altura de pensar mais nas pessoas e menos na táctica política, como é costume. Isto sem ser populista, ou seja, que este descontentamento que existe, que está latente por um lado, está visível por outro, seja dirigido para partidos como o Volt, que é um partido moderado, do centro, e não para os extremos, nomeadamente para a extrema-direita como tem acontecido por toda a Europa e em Portugal também, pelo menos desde 2019”, defendeu.

O partido quer assim “dar uma nova visão para o país e para a Europa, uma outra alternativa, moderada, fora dos partidos tradicionais do centro que são o PS e o PSD”, admitindo querer ser “um partido charneira entre os partidos do centro”.

Caso consiga eleger representação no Parlamento e não exista uma maioria absoluta de nenhuma força política, Tiago de Matos Gomes diz que o Volt Portugal não negará falar com o partido em melhores condições de formar Governo, “seja PS, seja PSD”, traçando apenas uma linha vermelha: “O Volt não integrará nenhuma solução governativa que inclua, por exemplo, o Chega”.

O partido tem ainda que aprovar em conselho nacional o regulamento para o processo de primárias, através do qual escolherá os cabeça-de-lista para cada círculo eleitoral, prevendo que este processo esteja concluído “até ao final do mês”.

Tiago de Matos Gomes admitiu que é um desafio para um partido pequeno preparar-se em tão pouco tempo, mas adiantou que neste momento está também a ser finalizado o programa eleitoral, com contributos dos vários membros – que no total são actualmente 250.

O Volt Europa é um partido federalista e “pan-europeu” que surgiu internacionalmente como movimento em Março de 2017, como reacção ao “Brexit”, iniciado por um colectivo de estudantes nos EUA. Andrea Venzon é o fundador deste movimento, que já é partido político em vários países europeus, nomeadamente em Portugal, Alemanha, Bulgária, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália, Áustria, Luxemburgo, Dinamarca, França, Reino Unido ou Suécia.

O movimento, que surgiu em Portugal a 28 de Dezembro de 2017 e foi oficializado como partido político pelo Tribunal Constitucional em Junho de 2020, conta com um eurodeputado no Parlamento Europeu, Damian Boeselager, eleito pelo Volt Alemanha nas eleições de Maio de 2019.

O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 Janeiro de 2022 na sequência do "chumbo” do Orçamento do Estado do próximo ano, no Parlamento, em 27 de Outubro.

O Orçamento teve apenas o voto favorável do PS e os votos contra das bancadas do PCP, BE e PEV, além dos deputados da direita, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega. O PAN e as duas deputadas não inscritas abstiveram-se.

A perda do apoio parlamentar no Orçamento do Estado de 2022 foi um dos motivos invocados por Marcelo Rebelo de Sousa para justificar a dissolução do Parlamento e a antecipação das eleições.